Discurso durante a 62ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Indignação com o bloqueio, pelo Governo Federal, de verbas para as áreas de Saúde, Educação e Ciência e Tecnologia.

Alerta para a recém-lançada Caderneta da Gestante pelo Ministério da Saúde, em que constam procedimentos considerados obsoletos.

Autor
Jorge Kajuru (PODEMOS - Podemos/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Ciência, Tecnologia e Informática, Educação, Governo Federal, Orçamento Público, Saúde:
  • Indignação com o bloqueio, pelo Governo Federal, de verbas para as áreas de Saúde, Educação e Ciência e Tecnologia.
Mulheres, Saúde:
  • Alerta para a recém-lançada Caderneta da Gestante pelo Ministério da Saúde, em que constam procedimentos considerados obsoletos.
Publicação
Publicação no DSF de 02/06/2022 - Página 44
Assuntos
Economia e Desenvolvimento > Ciência, Tecnologia e Informática
Política Social > Educação
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Orçamento Público
Política Social > Saúde
Política Social > Proteção Social > Mulheres
Indexação
  • CRITICA, BLOQUEIO, GOVERNO FEDERAL, RECURSOS ORÇAMENTARIOS, ORÇAMENTO, DESTINAÇÃO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), SAUDE PUBLICA, MINISTERIO DA EDUCAÇÃO (MEC), EDUCAÇÃO, MINISTERIO DA CIENCIA TECNOLOGIA E INOVAÇÕES (MCTI), CIENCIA E TECNOLOGIA.
  • CRITICA, CADERNETA, GESTANTE, MULHER, CRIAÇÃO, MINISTERIO DA SAUDE (MS), METODO, PROCEDIMENTO, PARTO.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - GO. Para discursar.) – Meus únicos patrões, seu empregado público Jorge Kajuru volta a esta tribuna abraçando os Senadores e as Senadoras presentes, amigos, colegas, amigo – e amigo de fato – Presidente Rodrigo Pacheco.

    Tendo a saúde e a educação como prioridades, eu não poderia deixar passar em branco a última ação do Governo Bolsonaro contra setores vitais ao país.

    Os dois Ministérios, ao lado do da Ciência e Tecnologia, foram os mais afetados pelo recente bloqueio de verbas no orçamento deste ano, segundo levantamento realizado pela Instituição Fiscal Independente do Senado Federal. Uma medida administrativa usual.

    Como apontou hoje, em editorial, o jornal O Globo, o bloqueio orçamentário o jornal O Globo, o bloqueio orçamentário poderia ser algo corriqueiro desde que, abro aspas: "não misturasse três das características mais deletérias da gestão Jair Bolsonaro: o descaso com as necessidades reais do país, o oportunismo eleitoreiro e as obsessões ideológicas", fecho aspas.

    Vou falar apenas de saúde, Senadora Zenaide Maia, sobre o que deveria ser preservado de contingenciamento orçamentário, por uma razão absolutamente óbvia e ululante, como diria o genial dramaturgo Nelson Rodrigues. A pandemia do novo coronavírus, que atingiu mais de 31 milhões de brasileiros e provocou a morte de 666 mil compatriotas não foi embora. Ainda nos ronda, causando sobressaltos. Enfrentamos um surto de dengue com o número de casos, em cinco meses de 2022, superior ao registrado em todo o ano passado. E não podemos esquecer a necessidade de reforçar a vigilância sanitária devido ao ressurgimento de doenças como sarampo, catapora, caxumba, rubéola. E, cá entre nós, mais plausível seria manter dinheiro para a saúde do que assegurar recursos de orçamento secreto, de claros objetivos eleitoreiros, Senador irmão Styvenson Valentim.

    O problema na saúde vai além do corte de verbas. Recentemente, o Ministério chamou a atenção por ter divulgado uma caderneta da gestante, recebida com críticas de vários setores pela defesa de práticas obsoletas, como a episiotomia, o corte no períneo para ampliar o canal na hora do parto, um procedimento contraindicado pela Organização Mundial da Saúde em 90% dos casos. A cartilha ainda defende a amamentação como método contraceptivo nos seis primeiros meses de vida do bebê, uma tese que não tem mais sustentação científica e, por muitos especialistas, não caberia mais num documento oficial da área de saúde.

    Por fim, o mais grave de tudo é que, no lançamento da cartilha, o Secretário de Atenção Primária à Saúde, Raphael Câmara, defendeu a realização da manobra de Kristeller, pressão feita no útero da gestante para forçar a saída do bebê, prática que, hoje em dia, segundo os estudiosos, pouco ajuda no nascimento e ainda pode causar diversos danos ao bebê e à mãe segundo os especialistas.

    Raphael Câmara foi de encontro à recomendação do próprio Ministério da Saúde, que, em documento de 2017...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - GO) – ... intitulado Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto Normal, foi peremptório, abro aspas: "A manobra de Kristeller não deve ser realizada. Entre os especialistas, há consenso de que, hoje, a prática é reconhecida como uma forma de violência obstétrica.

    Pergunto e fecho: será que merecemos tamanha regressão?

    Pátria amada, saúde e Deus!

    Agradecidíssimo, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/06/2022 - Página 44