Pronunciamento de Chico Rodrigues em 01/06/2022
Discurso durante a 62ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Destaque para a necessidade de se garantir, pelo Governo Federal, a segurança alimentar da população brasileira. Defesa da ampliação do comércio internacional para disponibilizar maior oferta de alimentos ao mundo.
- Autor
- Chico Rodrigues (UNIÃO - União Brasil/RR)
- Nome completo: Francisco de Assis Rodrigues
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Assistência Social,
Assuntos Internacionais,
Governo Federal:
- Destaque para a necessidade de se garantir, pelo Governo Federal, a segurança alimentar da população brasileira. Defesa da ampliação do comércio internacional para disponibilizar maior oferta de alimentos ao mundo.
- Publicação
- Publicação no DSF de 02/06/2022 - Página 66
- Assuntos
- Política Social > Proteção Social > Assistência Social
- Outros > Assuntos Internacionais
- Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
- Indexação
-
- ENFASE, NECESSIDADE, GARANTIA, GOVERNO FEDERAL, SEGURANÇA, ALIMENTAÇÃO, POPULAÇÃO, COMBATE, FOME, BRASIL, AGRONEGOCIO, PANDEMIA, NOVO CORONAVIRUS (COVID-19), CONFLITO, GUERRA, RUSSIA, UCRANIA, SITUAÇÃO, FECHAMENTO, PORTO, CHINA.
- DEFESA, AMPLIAÇÃO, COMERCIO EXTERIOR, AUMENTO, DISPONIBILIDADE, OFERTA, ALIMENTAÇÃO, MUNDO, FERTILIZANTE, AGRONEGOCIO, ESTRATEGIA, PRODUÇÃO, ALIMENTO HUMANO, BRASIL, NECESSIDADE, GOVERNO FEDERAL.
O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - RR. Para discursar.) – Sras. e Srs. Senadores, desde abril do ano passado, venho alertando sobre a tragédia da fome que grassa em nosso país, atingindo cerca de 20 milhões de brasileiros nos meses finais de 2020, segundo pesquisa da Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional. Sabemos que esse quadro se agravou significativamente de lá para cá. Esse é um grave problema, principalmente se considerarmos que o Brasil está entre os três maiores produtores de alimentos do planeta. Sabemos também que o problema da fome é estrutural e recorrente, o que é inaceitável na condição de terceiro maior produtor de alimentos do mundo.
Nossa economia tem no agronegócio um dos seus mais importantes vetores econômicos, e a possibilidade de crescimento é imensurável, sobretudo se considerarmos as oportunidades decorrentes desse difícil momento em que o conflito bélico entre a Rússia e a Ucrânia e a volta da pandemia da covid na China impactam negativamente o sistema internacional de abastecimento,
A guerra traz consequências graves, pois o modelo econômico vigente em nível internacional, caracterizado por um processo de globalização econômica inédito na história de humanidade, gerou profunda interdependência nos processos produtivos nacionais. Nesse modelo de globalização, a paz é necessária para a manutenção do abastecimento global. Todos os processos produtivos, desde a elaboração de projetos, negociação, sistema financeiro e, sobretudo, logística, são impactados negativamente pela guerra, e esse impacto negativo altera fortemente o estilo de vida das pessoas.
A essa tragédia social e econômica se acrescentam os nefastos efeitos da pandemia da covid-19, que mudou todo o funcionamento do mundo do trabalho e trouxe consequências ainda não totalmente mapeadas, e tampouco sabemos se a pandemia está ou não sob controle. O que sabemos é que o nosso modo de viver mudou, e os problemas antigos se agravaram, entre eles, como já disse reiteradas vezes, a fome. A fome humilha e a fome mata!
Chama muito a atenção a questão do atual lockdown na China. Estão fechados portos, e o acesso a cidades importantes para o comércio internacional, como Pequim e Xangai, tem sido muito restritivo. Por isso, na China, o desemprego atinge níveis recordes em 31 grandes cidades; o setor de serviços se retraiu, e o de tecnologia também enfrenta problemas.
Toda a cadeia de suprimentos baseada na economia portuária em nível internacional está sendo afetada por essa ação do governo chinês de enfrentamento à pandemia, o chamado covid zero. São milhares de navios estacionados, afetando toda a dinâmica comercial do planeta.
Recentemente, Sr. Presidente e nobres colegas, o Presidente do maior fundo de investimento mundial, o Vanguard, que gerencia mais de US$8 trilhões, Sr. Larry Fink, declarou que esse modelo de globalização encerrou seu ciclo e que a economia internacional caminha para a definição de um novo tipo de organização. E isso pode significar, caros colegas, inúmeros conflitos políticos e até mesmo guerras, fenômenos recorrentes na história da humanidade; isso pode significar, caros colegas, que esses conflitos de uma forma gravíssima se estendam, inclusive, por outras partes do planeta.
Sr. Presidente e nobres colegas, o Senhor Presidente Jair Bolsonaro revelou, em pronunciamento em Uberaba, que a Organização Mundial do Comércio solicitou que o Brasil produzisse mais alimentos devido à crise de segurança alimentar que se avizinha. Esta é uma grande oportunidade de expandir o abastecimento de mercados internacionais para o nosso país, mas isso não deve deixar de ser um paradoxo, um paradoxo absurdo, uma vez que 20% da nossa população passa fome!
Não podemos deixar de aproveitar economicamente essa oportunidade de negócios para nossa economia, mas isso só pode ser feito se o Governo atuar para reduzir a fome dentro do próprio território nacional.
Precisamos, Sr. Presidente, tornar o Brasil um player realmente respeitável em nível internacional, aumentando sua capacidade de produzir alimentos exponencialmente.
A nossa dependência de fertilizantes decorre de erros estratégicos cometidos no passado, com o não investimento suficiente na produção de fertilizantes, de casos conhecidos em todo o nosso país, insumos básicos para o crescimento do agronegócio, mesmo sabendo que o Brasil precisava se tornar independente de importação de tais produtos indispensáveis para o crescimento da nossa agricultura com elevada tecnologia.
Sr. Presidente, é hora de o Brasil dar uma guinada promissora rumo ao desenvolvimento. O mundo caminha, conforme alertam vários líderes importantes, como o Presidente dos Estados Unidos e o nosso Presidente, que a segurança alimentar é fundamental para garantir a paz e a sobrevivência humana.
(Soa a campainha.)
O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - RR) – O Brasil precisa urgentemente transformar a questão alimentar em assunto de Estado, e não meramente de governo, que muda conforme interesses circunstanciais.
É evidente que o país precisa de um plano estratégico de segurança alimentar. O Brasil precisa de um plano estratégico de segurança alimentar que contemple toda a cadeia produtiva direta e indiretamente.
Se isso for feito com inteligência estratégica e vontade política, o Brasil poderá se tornar uma potência econômica em menos de uma década, ao tempo em que resolve o problema da fome inclusive no território nacional.
Sr. Presidente Rodrigo Pacheco, sugiro que constitua, em nível de Senado Federal, um grupo de trabalho para apresentar, em 90 dias, um esboço de plano estratégico a ser debatido de uma forma profunda e rapidamente nesta Casa e transformado em lei para imediata implementação.
Sei das urgências que V. Exa. tem que cumprir como Presidente do Senado e do Congresso Nacional, mas a questão da segurança alimentar e todos seus desdobramentos políticos, econômicos e sociais devem, a meu ver, estar no topo de suas prioridades. E também dos Poderes Executivo e Judiciário.
O mundo caminha rapidamente para uma crise global sem precedentes no que tange à segurança alimentar. Insisto, no que tange à segurança alimentar, que tem passado ao largo de discussões inclusive de Governo e do Parlamento. A fome é uma das piores tragédias que sofre a humanidade, se não a pior. E o nosso país pode fazer diferença nesse cenário.
(Soa a campainha.)
O SR. CHICO RODRIGUES (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - RR) – Portanto, Sr. Presidente, gostaria, mais uma vez, de deixar registrada aqui, nesse meu pronunciamento, a preocupação com a crise alimentar que vivem o nosso país e o mundo.
E obviamente esta Casa legislativa tem esse poder de indução, inclusive de composição com o Governo Federal, para apresentar projetos, propostas que possam ser assimiladas pelo Governo da República e diminuir os efeitos nefastos dessa fome pela qual passam o Brasil e a humanidade.
Eram essas as minhas palavras, Sr. Presidente.