Discurso durante a 67ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Considerações sobre o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista Dom Phillips no Vale do Javari, Estado do Amazonas. Críticas à política ambiental do Governo Federal.

Autor
Jorge Kajuru (PODEMOS - Podemos/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Governo Federal, Meio Ambiente, Segurança Pública:
  • Considerações sobre o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira e do jornalista Dom Phillips no Vale do Javari, Estado do Amazonas. Críticas à política ambiental do Governo Federal.
Publicação
Publicação no DSF de 14/06/2022 - Página 22
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Meio Ambiente
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas > Segurança Pública
Indexação
  • COMENTARIO, DESAPARECIMENTO, JORNALISTA, DOM PHILLIPS, SERVIDOR, FUNDAÇÃO NACIONAL DO INDIO (FUNAI), BRUNO PEREIRA, TERRA INDIGENA DO VALE DO JAVARI, ESTADO DO AMAZONAS (AM).
  • CRITICA, ATUAÇÃO, GOVERNO FEDERAL, MEIO AMBIENTE, CITAÇÃO, EXONERAÇÃO, DELEGADO, POLICIA FEDERAL, EX-MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE (MMA).
  • COMENTARIO, CRIAÇÃO, ORGÃO CONSULTIVO, CRIME, MEIO AMBIENTE, COORDENAÇÃO, MINISTERIO DO MEIO AMBIENTE (MMA), AUSENCIA, PARTICIPAÇÃO, SERVIDOR, INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVAVEIS (IBAMA), INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE (ICMBIO), INSTITUTO DE PESQUISAS ESPACIAIS (INPE).

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - GO. Para discursar.) – É o assunto do mundo: o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo e do jornalista britânico Dom Phillips no Vale do Javari, apontada como a região da Amazônia com a maior concentração de indígenas isolados do mundo. O desaparecimento se deu no dia 5. Hoje, oito dias depois, o Presidente da República declarou, abro aspas: "Os indícios levam a crer que fizeram alguma maldade com eles", fecho aspas. Uma situação constrangedora para o Brasil, por causa do drama humano e ainda pelo caráter simbólico. É quase o corolário de uma política caracterizada pelo desmonte dos órgãos ambientais e pela leniência com madeireiros, grileiros e garimpeiros ilegais, que proliferam na Amazônia.

    As autoridades terão de explicar ao mundo por que e como se deu o provável assassinato de Bruno e Dom. Mas nós brasileiros precisamos saber mais. Por que, por exemplo, teriam sido ignorados os ofícios com denúncias de irregularidades, enviados entre fevereiro e maio, pela União dos Povos Indígenas do Vale do Javari, ao Ministério Público Federal, à Polícia Federal, à Funai, à Força Nacional de Segurança Pública.

    Precisam também ser esclarecidos o assassinato a tiros, em setembro de 2019, do colaborador da Fundação Nacional do Índio Maxciel Pereira dos Santos e a exoneração, na Funai, de Bruno Araújo do cargo de Coordenador-Geral de Índios Isolados e de Recente Contato, em 2019. Isso, depois de ele participar de uma operação que destruiu balsas de garimpo ilegal no Vale do Javari. Tal situação lembra a exoneração do Delegado Alexandre Saraiva da Superintendência da Polícia Federal no Amazonas, depois de apreender contrabando de madeira e enviar ao STF notícia-crime contra o então Ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles, aquele que, em abril de 2020, sugeriu passar a boiada, isto é, mudar o regramento ambiental enquanto a imprensa se preocupava com a pandemia do novo coronavírus.

    Para concluir, a boiada segue passando. O Governo Bolsonaro acaba de criar Câmara Consultiva Temática para avaliar dados sobre desmatamento e incêndios florestais, com o objetivo, abro aspas, de "diferenciar crimes ambientais de outras atividades, utilizando bases de dados oficiais já existentes", fecho aspas. O curioso é que a câmara, coordenada pelo Ministério do Meio Ambiente, terá representantes da Agricultura, Defesa, Economia e Justiça, mas não inclui, Presidente Pacheco, profissionais do Ibama, do ICMBio e do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

    Fecho. Pergunta que se impõe: será que vem por aí alguma tentativa oficial de maquiar números do desmatamento às vésperas da eleição?

    É isso. O amor ao meu país, pátria amada Brasil, e a gratidão ao meu Estado de Goiás. Agradecidíssimo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/06/2022 - Página 22