Discurso durante a 67ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) por proferir decisões como a que levou à cassação do Deputado Estadual Fernando Francischini, do Estado do Paraná. Defesa de um novo sistema de escolha dos Ministros do STF amparado na meritocracia, afastando supostas escolhas partidárias.

Autor
Alvaro Dias (PODEMOS - Podemos/PR)
Nome completo: Alvaro Fernandes Dias
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atuação do Judiciário, Poder Judiciário:
  • Críticas ao Supremo Tribunal Federal (STF) por proferir decisões como a que levou à cassação do Deputado Estadual Fernando Francischini, do Estado do Paraná. Defesa de um novo sistema de escolha dos Ministros do STF amparado na meritocracia, afastando supostas escolhas partidárias.
Publicação
Publicação no DSF de 14/06/2022 - Página 27
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Judiciário
Organização do Estado > Poder Judiciário
Indexação
  • CRITICA, DECISÃO JUDICIAL, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), CASSAÇÃO, MANDATO PARLAMENTAR, FERNANDO FRANCISCHINI, DEPUTADO ESTADUAL, ESTADO DO PARANA (PR), COMENTARIO, ALTERAÇÃO, PRISÃO, SEGUNDA INSTANCIA, ANULAÇÃO, SENTENÇA JUDICIAL, OPERAÇÃO LAVA JATO, SUSPEIÇÃO, JUIZ FEDERAL, SERGIO MORO.
  • DEFESA, ALTERAÇÃO, MODELO, ESCOLHA, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), AUSENCIA, INDICAÇÃO, NATUREZA POLITICA.

    O SR. ALVARO DIAS (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, na semana passada, deveria ter me pronunciado em relação a uma decisão do Supremo Tribunal Federal, e não tive a oportunidade. Por isso, Senador Kajuru, volto hoje à tribuna para dizer que, muitas vezes, discordamos de decisões do Supremo Tribunal Federal. É evidente que toda decisão judicial deve ser cumprida, mas pode ser contestada também quando dela discordamos.

    Discordei frontalmente da decisão que levou à cassação o Deputado Fernando Francischini, do Paraná. Conquistou enorme votação dos paranaenses e foi retirado da Assembleia Legislativa com a utilização de um expediente que, embora não seja especialista, não considero válido: a lei retroagindo para alcançar e punir. Foi o que ocorreu.

    Eu lamento e me solidarizo com o Deputado.

    Mas não é apenas dessa decisão de que discordamos, tantas outras.

    Eu poderia me referir, por exemplo, ao dia triste em que o Supremo Tribunal Federal, por seis a cinco, acabou com a possibilidade da prisão em segunda instância, alterando a convicção que prevaleceu durante anos e que levou à prisão inúmeros marginais neste país.

    Além dessa, poderia citar a anulação de sentenças no âmbito da Operação Lava Jato e mesmo a suspeição do ex-Juiz Sergio Moro.

    Foram decisões com a quais não concordamos.

    E somos cobrados. Senadores são cobrados. E por que somos cobrados? Porque imaginam que temos poderes para interferir nas ações do Supremo Tribunal Federal, com o processo de impeachment, por exemplo.

    Mas eu creio que, acima disso, o papel do Legislativo é propor um novo sistema de escolha para os ministros dos tribunais superiores, porque a suspeição que perdura é consequência da indicação política. Por exemplo, o PT indicou 7 dos 11 Ministros. Obviamente, quando você anula sentenças que envolvem um líder petista, fica a impressão de que houve suspeição, de que houve interesse. Exatamente a suspeição existe em razão da indicação política.

    Para eliminar essa suspeição, a alternativa é a mudança desse sistema de escolha. E o que nós propomos? Que se estabeleça, em vez da indicação política, a força da meritocracia.

    Numa eleição de lista tríplice, o Ministério Público elege um, o Judiciário elege outro e a advocacia elege outro, o Presidente da República escolhe um dos três e remete ao Senado Federal para sabatina e deliberação.

    Por mais correta que seja a decisão de Ministro do Supremo Tribunal Federal, sempre há a suspeição, exatamente porque houve a indicação política.

(Soa a campainha.)

    O SR. ALVARO DIAS (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PR) – Certamente, com a nomeação pela meritocracia, nós estaremos eliminando essa suspeição, e o Supremo Tribunal Federal, que é uma instituição essencial ao Estado de direito democrático, restabelecerá a plenitude da respeitabilidade.

    Certamente, nós eliminaremos essa descrença generalizada que há hoje no país em relação ao Supremo Tribunal Federal, e isso não faz bem ao Estado de direito e à democracia.

    Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/06/2022 - Página 27