Discurso durante a 71ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o número exorbitante de brasileiros que estão passando fome diariamente no País. Manifestação sobre a precariedade do atendimento aos cidadãos que buscam auxílio junto à Previdência Social. Necessidade da elaboração de proposição legislativa que possibilite a redução da extrema pobreza no Brasil.

Autor
Zenaide Maia (PROS - Partido Republicano da Ordem Social/RN)
Nome completo: Zenaide Maia Calado Pereira dos Santos
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Regime Geral de Previdência Social:
  • Preocupação com o número exorbitante de brasileiros que estão passando fome diariamente no País. Manifestação sobre a precariedade do atendimento aos cidadãos que buscam auxílio junto à Previdência Social. Necessidade da elaboração de proposição legislativa que possibilite a redução da extrema pobreza no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 22/06/2022 - Página 17
Assuntos
Política Social > Proteção Social > Desenvolvimento Social e Combate à Fome
Política Social > Previdência Social > Regime Geral de Previdência Social
Indexação
  • PREOCUPAÇÃO, ORADOR, FOME, POBREZA, POPULAÇÃO CARENTE, BRASIL.
  • CRITICA, ATENDIMENTO, POPULAÇÃO, RESPONSABILIDADE, PREVIDENCIA SOCIAL, IMPOSIÇÃO, OBRIGATORIEDADE, REVISÃO, EXAME MEDICO, PESSOA COM DEFICIENCIA, RESULTADO, ATRASO, TRATAMENTO DE SAUDE, TRATAMENTO MEDICO, SISTEMA UNICO DE SAUDE (SUS).
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, INEXISTENCIA, PROJETO, CRIAÇÃO, EXPANSÃO, EMPREGO, RENDA, POPULAÇÃO.

    A SRA. ZENAIDE MAIA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PROS - RN. Para discursar. Por videoconferência.) – Sr. Presidente, colegas Senadores e todos que estão nos assistindo, pode parecer repetitivo o que eu venho falando aqui, mas trata-se de fome, Presidente: são mais de 33 milhões de brasileiros e brasileiras que não comeram hoje, não tiveram alimentos hoje e há alguns dias.

    E a segunda coisa diante da qual não dá para este Senado calar é: mais de 1 milhão de pessoas estão na fila da Previdência Social tentando conseguir algo a que elas têm direito. Tem gente que faz um ano que espera e já até desistiu. Essa fila já vem se acumulando desde aquela famosa medida provisória que era aquela Operação Pente Fino: eles mandaram os pacientes, mesmo aqueles pacientes considerados inaptos permanentemente por uma junta médica, voltarem para o médico de origem, a grande maioria com problemas neurológicos – eu estou falando dos pacientes que estão com doenças incapacitantes, não estou falando nem de idosos em extrema pobreza. Esses pacientes voltaram para uma fila do SUS, e são pedidos exames especializados, e eles passam um ano sem conseguir uma ressonância magnética, uma tomografia computadorizada, e essas pessoas estão sem o benefício de prestação continuada. Pessoas com deficiência: quase 2 milhões! Para outras que passaram por procedimentos médicos, como algumas cirurgias, a empresa deu 15 dias, que é a responsabilidade da empresa, mas o médico exige que elas passem dois meses afastadas dependendo da patologia. Tem gente em cima da cama. Nem a empresa paga nem a pessoa pode voltar ao trabalho, e são mais pessoas que se somam sendo humilhadas. Isso é uma humilhação, isso é uma crueldade muito grande! Esse número de famintos no Brasil, não tenham dúvida... São quase 2 milhões na fila da Previdência atrás de um benefício a que eles têm direito por lei! Vamos falar aqui de lei: direito por lei, mas se faz qualquer acordo neste país para não dar o benefício a que essas pessoas têm direito, e elas se somam a esses 33 milhões de homens, mulheres e crianças que estão com fome. Isso tem...

    Eu fico chamando aqui a atenção: tem alguma pauta mais importante neste país do que resolver a fome, tentar apresentar um projeto para enfrentar o desemprego, gerar emprego e renda? Nós temos uma patologia muito grande neste país, crônica, a desigualdade social, que está levando a isso aqui.

    Como um país não pode apresentar um projeto em que o Governo apresente um projeto de geração de emprego e renda? Não existe milagre, nenhum país sai de uma crise econômica sem o governo investir, gente. Não é fazendo ajuste fiscal e deixando os bancos extorquirem as famílias brasileiras com juros de quase 400% ao ano que a gente vai sair dessa crise.

    É como se não estivesse vendo, o Governo não estivesse vendo pessoas debaixo de viadutos famintas. Eu estou falando dos famintos, das pessoas na extrema pobreza e que o Governo – peço para deixar completar o meu raciocínio – não pode botar a culpa só na pandemia. Em dezembro de 2019, a gente já tinha 13,5 milhões na extrema pobreza.

    Então, com todo respeito a V. Exas., meus colegas, eu acho que não existe uma pauta mais importante do que reduzir, tirar esse povo da fome e da extrema pobreza.

    Obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 22/06/2022 - Página 17