Discurso durante a 79ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Satisfação com a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico, requerida por S. Exa., que visa investigar o crime organizado e o narcotráfico.

Autor
Eduardo Girão (PODEMOS - Podemos/CE)
Nome completo: Luis Eduardo Grangeiro Girão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Segurança Pública:
  • Satisfação com a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do Narcotráfico, requerida por S. Exa., que visa investigar o crime organizado e o narcotráfico.
Publicação
Publicação no DSF de 08/07/2022 - Página 22
Assunto
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas > Segurança Pública
Matérias referenciadas
Indexação
  • COMEMORAÇÃO, CRIAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), OBJETIVO, APURAÇÃO, RELAÇÃO, AMPLIAÇÃO, INDICE, HOMICIDIO, ADOLESCENTE, TERRITORIO NACIONAL, ATIVIDADE, TRAFICO, DROGA, LEVANTAMENTO, DADOS, EXPANSÃO, ATUAÇÃO, ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA, REGIÃO NORTE, REGIÃO NORDESTE, INFORMAÇÕES, ESTRUTURA, FUNCIONAMENTO, CRIME, SISTEMA, ESTABELECIMENTO PENAL, PRESIDIO.
  • REFERENCIA, ARTIGO DE IMPRENSA, VEJA, DELAÇÃO PREMIADA, RELAÇÃO, PARTIDO DOS TRABALHADORES (PT), HOMICIDIO, EX-PREFEITO, CELSO DANIEL, ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - CE. Para discursar. Por videoconferência.) – Muitíssimo obrigado, Sr. Presidente do Senado Federal, Senador, meu amigo e irmão, Rodrigo Pacheco.

    Eu protocolei, há mais de dois meses – e o senhor ontem fez a leitura, para a alegria de muitos nordestinos –, uma CPI assinada por 34 colegas, que alguns chamam de CPI do crime organizado ou das facções criminosas. Mas o fato, Sr. Presidente, é que essa Comissão Parlamentar de Inquérito vai investigar a expansão do narcotráfico, principalmente nessas regiões do país onde os índices de violência explodiram, nos últimos quatro anos.

    Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, dos 26 estados, os 14 mais violentos são do Norte e do Nordeste. É com muita tristeza que preciso dizer que a campeã disparada é a cidade de São João do Jaguaribe, no Ceará, com o índice escandaloso de 224 mortes por 100 mil habitantes. É um verdadeiro estado paralelo. Em muitos municípios cearenses, Presidente, as pessoas estão pedindo, o cidadão de bem, o trabalhador está pedindo autorização, em certos horários, para entrar em bairro. Pedem a autorização – acredite se quiser! – do crime organizado. Famílias inteiras estão sendo expulsas de casa por facções criminosas por não pagarem o pedágio ou por, de alguma forma, contrariarem os interesses desses grupos.

    Para se ter uma ideia, Sr. Presidente, do que isso representa, a OMS considera como limite aceitável um índice de dez mortes por cem mil habitantes. Nos últimos dez anos, foram assassinados 600 mil brasileiros. São 600 mil – olhe que tragédia humana! –, um número maior do que todos os mortos na guerra da Síria, que já dura dez anos.

    Esses dados, por si sós, bastariam para a imediata instalação da CPI, que o senhor fez ontem, cumprindo o seu dever, o seu espírito republicano. Mas agora foi divulgado pela revista Veja um trecho bombástico do depoimento de Marcos Valério à Polícia Federal, em colaboração premiada. Ele, que foi condenado a 37 anos de prisão como operador do esquema do mensalão, relata uma forte relação existente entre o PT, o assassinato do Prefeito de Santo André Celso Daniel e o PCC (Primeiro Comando da Capital), uma das maiores facções criminosas do país.

    Em 2005, Sr. Presidente, o Sr. Marcos Valério entregou R$6 milhões a um empresário de Santo André que estaria chantageando o ex-Presidente Lula, ameaçando contar detalhes sobre a ligação do PCC com o assassinato de Celso Daniel. Isso é muito grave! A nação precisa de uma resposta!

    Para termos uma ideia do nível de degradação atual, Geddel Vieira Lima, que foi condenado por guardar R$51 milhões, uma montanha de dinheiro, que todo mundo viu nas fotos, na mídia, em malas – R$51 milhões em malas dentro de um apartamento –, declarou, olhem só, que considera Lula a retomada de um caminho de esperança.

    Sr. Presidente, para encerrar, não pode haver nada mais grave para ser investigado. São situações similares à máfia, vinculadas à política. Este Senado não pode se omitir diante de verdadeira calamidade.

    Eu encerro com o pensamento do filósofo iluminista Jean-Jacques Rousseau – abro aspas: "Aqueles que tratam política e moralidade de forma separada nunca – nunca! – entenderão nada de nenhuma dessas duas coisas".

    Muito obrigado, Sr. Presidente.

    Que Deus abençoe a nação brasileira!


Este texto não substitui o publicado no DSF de 08/07/2022 - Página 22