Discurso durante a 83ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação em apoio à “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito”, elaborada por ex-alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.

Autor
Jorge Kajuru (PODEMOS - Podemos/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Eleições e Partidos Políticos:
  • Manifestação em apoio à “Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito”, elaborada por ex-alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo.
Publicação
Publicação no DSF de 04/08/2022 - Página 16
Assunto
Outros > Eleições e Partidos Políticos
Indexação
  • MANIFESTAÇÃO, APOIO, CARTA, DEMOCRACIA, PROCESSO ELEITORAL, FACULDADE, DIREITO, UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO (USP).

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - GO. Para discursar.) – Presidente Rodrigo Pacheco, peço a sua atenção ao meu pronunciamento para que ninguém diga que nós estivemos juntos hoje em seu gabinete e combinamos este pronunciamento, até porque eu não estive no seu gabinete – e o senhor sabe do meu jeito de ser, eu frequento pouco gabinete de Presidente, casa de Presidente; sem nenhum problema, mas é o meu jeito.

    Brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, na volta às atividades depois do recesso, subo à tribuna deste Senado Federal para manifestar meu apoio a documento tornado público na terça-feira da semana passada, dia 26 de julho de 2022. Refiro-me à Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito, elaborada por ex-alunos da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, que alerta contra as ameaças golpistas que vêm ganhando corpo à medida que se aproximam as eleições que vão escolher, entre outros cargos, o futuro Presidente da República. O documento é inspirado na Carta aos Brasileiros lida pelo Prof. Goffredo da Silva Telles Junior no pátio da Faculdade de Direito do Largo São Francisco no longínquo 8 de agosto de 1977. O Brasil vivia então sob ditadura militar, e aquele manifesto entrou para a história como um marco na luta pela reconquista da democracia. Agora, o objetivo é a defesa do Estado democrático. A dois meses do primeiro turno das eleições, deveríamos estar vivenciando o ápice da democracia. Todavia, como diz o documento – abro aspas –, "ao invés de uma festa cívica, estamos passando por momento de imenso perigo para a normalidade democrática, risco às instituições da República e insinuações de desacato ao resultado das eleições" – fecho aspas.

    Milhares de brasileiros estão subscrevendo o documento, uma demonstração de que a sociedade civil finalmente superou a letargia em que se encontrava – temos que dizer: para desgosto de alguns. De imediato, sem nenhuma surpresa, teve quem vestisse a carapuça, colocando-se na condição de culpado ou acusado. Justamente a principal autoridade do país, o Presidente da República, que, dias antes do lançamento do manifesto, protagonizou uma triste situação, um péssimo espetáculo, reunindo embaixadores de vários países para criticar o processo eleitoral brasileiro, o TSE e o Supremo Tribunal Federal. Jair Messias Bolsonaro não consegue disfarçar o descontentamento. Primeiro declarou que não precisa de nenhuma cartinha para defender a democracia; depois atacou os banqueiros que subscreveram a Carta às Brasileiras e aos Brasileiros em Defesa do Estado Democrático de Direito; a seguir, usou uma rede social para postar a sua própria carta em favor da democracia. Agora, pasmem, por último, em entrevista a uma emissora de rádio gaúcha ontem, o Presidente Bolsonaro esbravejou, sempre acionando a boca...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - GO) – É para concluir.

    Sempre acionando a boca e nunca ligando o cérebro, até porque ele não o tem, disse ele – abro aspas –: "O pessoal que assina esse manifesto é cara de pau, sem caráter. Não vou falar outros adjetivos, porque sou uma pessoa razoavelmente educada" – fecho aspas.

    Termino.

    Civilizadamente, dirijo-me ao Presidente da República e digo: repetir o discurso antissistema que o elegeu em 2018 dificilmente vai dar certo em 2022 – ou impossivelmente. Como diz o manifesto lançado semana passada em São Paulo – últimas palavras –, no Brasil atual, não há mais espaço para retrocessos autoritários. Ditadura e tortura pertencem ao passado. A solução dos imensos desafios da sociedade brasileira...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - GO) – ... passa necessariamente pelo respeito ao resultado das eleições. E digo: Estado democrático de direito sempre!

    Presidente, a gente combinou um pronunciamento seu razoavelmente parecido com o meu?


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/08/2022 - Página 16