Discurso durante a 102ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com os discursos de ódio, discriminação e intolerância na campanha eleitoral, assim como com as denúncias de assédio eleitoral realizado por diversos empregadores.

Solidariedade ao cantor Seu Jorge, vítima de atos racistas no Grêmio Náutico Clube, no Estado do Rio Grande do Sul.

Considerações sobre a situação de meninas venezuelanas que se encontram no Distrito Federal. Defesa de políticas humanistas de acolhimento a imigrantes.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Eleições e Partidos Políticos:
  • Preocupação com os discursos de ódio, discriminação e intolerância na campanha eleitoral, assim como com as denúncias de assédio eleitoral realizado por diversos empregadores.
Honorífico:
  • Solidariedade ao cantor Seu Jorge, vítima de atos racistas no Grêmio Náutico Clube, no Estado do Rio Grande do Sul.
Política Social:
  • Considerações sobre a situação de meninas venezuelanas que se encontram no Distrito Federal. Defesa de políticas humanistas de acolhimento a imigrantes.
Publicação
Publicação no DSF de 19/10/2022 - Página 43
Assuntos
Outros > Eleições e Partidos Políticos
Honorífico
Política Social
Indexação
  • PREOCUPAÇÃO, DISCURSO, DISCRIMINAÇÃO, AUSENCIA, TOLERANCIA, CAMPANHA ELEITORAL, DENUNCIA, AQUISIÇÃO, VOTO, ASSEDIO MORAL, EMPREGADOR, DEFESA, POLITICA, AUMENTO, SALARIO MINIMO, PROGRAMA MINHA CASA MINHA VIDA (PMCMV), EDUCAÇÃO, SEGURANÇA.
  • SOLIDARIEDADE, CANTOR, ARTISTA, NEGRO, VITIMA, RACISMO, DISCRIMINAÇÃO, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS).
  • REGISTRO, SITUAÇÃO, IMIGRANTE, PAIS ESTRANGEIRO, VENEZUELA, DEFESA, POLITICAS PUBLICAS.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para discursar. Por videoconferência.) – Presidente Izalci, boa noite, Senadores e Senadoras.

    Primeiro quero cumprimentar a Senadora Soraya Thronicke pelo seu pronunciamento muito tranquilo, muito equilibrado, e passou uma mensagem ao povo brasileiro neste momento tão difícil. Mas vida longa à democracia!

    E quero cumprimentar também o Senador Confúcio Moura pela clareza, firmeza e, ao mesmo tempo, delicadeza e diplomacia como aqui declarou o seu voto no Presidente Lula.

    Presidente, eu estou muito preocupado – e, por isso, cumprimentei a Senadora Soraya Thronicke – com o ambiente de ódio, violência, discriminação, preconceito, racismo, homofobia, intolerância no qual se encontra o Brasil. Nunca vi algo semelhante ao longo dos meus 40 anos de vida pública. Agridem pela escolha política e partidária, pela religião, pelas escolhas de vida. Não aceitam o livre-arbítrio, agridem quem pensa diferente. Isso não é correto! Isso é irresponsabilidade! Assim sendo, estamos regredindo, estamos voltando aos primórdios da selvageria. É a barbárie, o ápice da ignorância, da rudeza, da estupidez humana.

    Percebam que nós estamos numa fronteira. Qual o modelo de sociedade que queremos para o Brasil? Queremos a política de aumento real para o salário mínimo todo ano? Queremos. Minha Casa, Minha Vida? Queremos. Mais investimento em saúde? Queremos. Queremos educação e segurança. Quando eu falo Minha Casa, Minha Vida, estou falando em emprego e renda também. São inaceitáveis mentalidades que negam o direito da condição humana de viver com dignidade. Onde está a solidariedade? Onde está a benevolência, o ato de estender a mão ao outro? Nós somos da paz, da esperança, da razão, da emoção, sim, mas do equilíbrio. Somos do amor. Não há nenhum mal que possa nos tirar disso. Nós temos que ficar atentos, fazer a reflexão, debater, dialogar, mas defender a democracia como uma missão de vida.

    Indignou-nos, confesso, profundamente, o ato racista, que já comentei, com o cantor Seu Jorge, ocorrido no Grêmio Náutico União, de Porto Alegre. Nada a ver com o Grêmio, viu? Por que tanto ódio, tanta raiva, tanta desumanidade? Apresentamos – e foi aprovado neste Plenário – o voto de solidariedade. Mas isso não é um caso isolado. O racismo no Brasil está enraizado, é estrutural.

    Vejam a situação das meninas – preconceito, sim, um ato de preconceito – venezuelanas aqui no Distrito Federal. Elas foram expostas à opinião pública com diversas versões. Não é assim que devemos tratar nossas crianças, nossos adolescentes, jovens, adultos, idosos, refugiados, migrantes. Onde estão as políticas humanistas?

    O trabalho escravo, infelizmente, é uma realidade e está sendo muito mal fiscalizado; tiraram a maioria dos fiscais no Brasil.

    Exploração sexual, feminicídio, homofobia... O que fazem com os nossos quilombolas e também com os povos indígenas? O que fazem com o meio ambiente? Queimam florestas e poluem os rios. A xenofobia com o povo nordestino é inaceitável. São discriminados e ofendidos só porque a maioria optou pelo Presidente Lula. Mas é um direito! Como a maioria no sul do país, aqui no Rio Grande agora já está empatado. Estamos taco a taco. E amanhã o Presidente Lula vai estar num grande ato aqui em Porto Alegre.

    Mas, enfim, ninguém pode agredir, dar tiro, matar por causa da opção política do outro. Ninguém pode agredir padres, pastores. Ninguém pode estar queimando templos de matrizes africanas. Não podemos politizar as religiões. Matéria da BBC diz que está se instalando, segundo eles, uma verdadeira guerra nas igrejas. Pessoas estão abandonando os templos devido à violência.

    Isso tudo tem que parar. A política tem que ser debatida num alto nível. E que vença o melhor projeto para o país, quem tiver mais propostas para educação, para saúde, para habitação, para saneamento básico, para infraestrutura, para o emprego, para a renda, quem olhe mais para o mundo da ciência, quem olhe mais para a educação, quem valorize a política de cotas, por exemplo. Política de cotas é para branco, para negro, para índio e para pessoa com deficiência, aqueles que são mais vulneráveis. Todos os mais vulneráveis são contemplados.

    Esse é o nosso país. Esse é o país que sonhamos. Esse é o país em que acreditamos. O país que queremos é o país do esperançar. O que é esperançar? Ter esperança e lutar para fazer acontecer.

    Sr. Presidente, muito graves as denúncias que estão chegando nos meios de comunicação, nos sindicatos, nas federações, nas centrais da chamada chantagem eleitoral que estão fazendo ameaçando a demissão de empregados, que vão fechar as fábricas se esse ou aquele candidato, no caso o candidato que eu defendo, ganhar as eleições.

    Semana passada, essas denúncias estavam em torno de 200. Hoje ultrapassaram 400. Isso é crime. Crime previsto na legislação. Isso tem que ser denunciado. Isso não pode ficar assim.

    Por isso, eu faço aqui, Presidente, um apelo a todo trabalhador: não se intimide. Ninguém vai saber como foi seu voto. Denuncie e vote com a sua consciência. Vote naquele candidato que você acredita que vai investir na saúde, que vai investir na infraestrutura, na educação, enfim, que vai olhar para as pessoas, vai ter compromissos humanitários.

    Cumprimento as centrais, que também estão organizando núcleos para receber denúncias e encaminhar, então, para os poderes competentes.

    Mais do que nunca, Presidente Izalci, agora eu já vou terminar. Queria agradecer também a V. Exa. a tolerância e dizer que o meu discurso, que queria fazer e que hoje fiz, é no equilíbrio, pedindo a todos tranquilidade, paz, amor, respeito a quem pensa diferente. E deixar que as urnas decidam quem vai ser o futuro Presidente. Claro que eu escolhi o Presidente Lula.

    Era isso, Presidente. Muito obrigado a V. Exa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/10/2022 - Página 43