Discurso durante a 104ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Comemoração do Dia Nacional da Democracia. Declaração de neutralidade, neste segundo turno, por entender que nenhum dos candidatos à Presidência da República faz a defesado liberalismo na economia, do combate à corrupção e da transparência. Lamento pela forte polarização política da sociedade e disseminação de desinformação e de notícias falsas. Considerações sobre o Presidente Jair Bolsonaro ter atingido o maior número de medidas provisórias já enviadas ao Congresso Nacional, bem como sobre o papel desempenhado pelo Senado Federal para o crescimento do País.

Autor
Soraya Thronicke (UNIÃO - União Brasil/MS)
Nome completo: Soraya Vieira Thronicke
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Eleições, Eleições e Partidos Políticos:
  • Comemoração do Dia Nacional da Democracia. Declaração de neutralidade, neste segundo turno, por entender que nenhum dos candidatos à Presidência da República faz a defesado liberalismo na economia, do combate à corrupção e da transparência. Lamento pela forte polarização política da sociedade e disseminação de desinformação e de notícias falsas. Considerações sobre o Presidente Jair Bolsonaro ter atingido o maior número de medidas provisórias já enviadas ao Congresso Nacional, bem como sobre o papel desempenhado pelo Senado Federal para o crescimento do País.
Publicação
Publicação no DSF de 26/10/2022 - Página 60
Assuntos
Jurídico > Direito Eleitoral > Eleições
Outros > Eleições e Partidos Políticos
Indexação
  • DIA NACIONAL, DEMOCRACIA, NEUTRALIDADE, ELEIÇÕES, SEGUNDO TURNO, NOTICIA FALSA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, JAIR BOLSONARO, MEDIDA PROVISORIA (MPV).

    A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - MS. Para discursar. Por videoconferência.) – Sr. Presidente, eu gostaria de, antes de ir à desforra, agradecer e dizer que foi um imenso prazer.

    Eu estive hoje em uma reunião online com vários seguidores e seguidoras do Twitter, do Instagram, pessoas que me abraçaram, que me descobriram depois dessa campanha eleitoral e que, neste momento, são muito jovens e estão compreendendo o que é a verdadeira democracia.

    Entendo que isso é muito importante para todos nós, Sr. Presidente e todos os colegas que aqui nos acompanham, todas as pessoas que nos assistem, justamente porque isso nos traz... a juventude nos traz a esperança de que dias melhores virão, principalmente, neste momento e neste dia em que comemoramos o Dia Nacional da Democracia.

    Logo num momento tão complicado da nossa democracia, nós temos jovens que nos dão aquele frescor e aquela esperança de que dias melhores virão.

    Principalmente, porque... Eu gostaria também de pedir ao Sr. Presidente, Senador Izalci – infelizmente, o Presidente Rodrigo Pacheco não está aqui, mas ele vai saber da minha reclamação... Infelizmente... Não estou falando de colegas que entraram em discussão da matéria, mas de colegas que fazem apartes e apartes que viram verdadeiros discursos que dariam inveja até mesmo a Fidel Castro, que deve estar se revirando no túmulo.

    Muito diferente do meu colega que vou colocar aqui... Eu vou ter que fazer... Vou ter que lembrar disso, do meu amigo Major Olimpio, que está no céu – diferentemente de Fidel Castro –, acredito que o Major Olimpio esteja no céu.

    E agora eu acabo de ver aqui que a TV Senado acaba de parar a nossa transmissão – é isso, Sr. Presidente? – por conta de propaganda eleitoral gratuita. (Pausa.)

    Eu gostaria muito de saber.

    Não temos transmissão neste momento? Acabei de ver isso.

    O SR. PRESIDENTE (Izalci Lucas. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSDB - DF) – Aqui no DF está transmitindo, Senadora Soraya, não sei se no seu estado houve alguma...

    A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - MS. Por videoconferência.) – No Brasil, não... Eu estou vendo aqui no resto... Mas eu quero tempo.

    E por que, Presidente? Porque os colegas simplesmente tomaram o nosso tempo. Agora, eu estou aqui, eu e Zenaide – estou vendo Zenaide, sabe? –, e é uma situação constrangedora, porque nós respeitamos o tempo, respeitamos o horário e apartes são verdadeiros discursos.

    Então, isso é muito triste para nós, e eu acabo de ver que eu não estou mais aqui falando para o povo brasileiro neste momento.

    Então, assim, é complicado! Eu me preparei para tanto e não posso falar com o povo brasileiro. Mas vou falar aqui na TV Senado, infelizmente, e depois vocês vão se virar e me dar o meu verdadeiro tempo, porque é o que eu tenho, como a Senadora Zenaide, que também está inscrita, aguardando os seus três minutos, e eu acho um absurdo o que fazem conosco, porque são apartes que são verdadeiros discursos.

    Mas, enfim, eu gostaria aqui de colocar algo para o qual eu me preparei, mas que, infelizmente, o povo brasileiro não vai ver, mas vocês vão ver e as redes sociais irão ver.

    Eu estou me mantendo silente após o primeiro turno das eleições justamente por quê? Porque eu sou a favor do combate à corrupção, porque eu sou liberal na economia e a favor da transparência.

    Nenhum dos candidatos consegue, consegue, completar esses requisitos. Portanto, eu estou silente.

    Então aqui eu não estou falando a favor de um candidato ou de outro. Estou falando como o nosso amigo Oriovisto, pedindo que tenhamos uma atitude de verdadeiro amor pelo nosso país.

    Acima de tudo, quero dizer aqui que eu estou há horas sentada, estou há horas sentada, ouvindo colegas que se esqueceram de que, em 2019, nós entramos com o pedido de CPI da Lava toga e também com impeachment contra atos de membros do Poder Judiciário. E vocês se esqueceram de que foi o próprio Presidente da República e o próprio filho dele, nosso colega Senador Flávio, que coibiram. Por isso, eu invoquei a alma de Major Olímpio, porque é ele lá no céu, e a nossa amiga Senadora Selma, que estiveram comigo. Nós enfrentamos um verdadeiro trabalho do Poder Executivo contra os desmandos do Poder Judiciário. E agora estes colegas reclamam como se eles não estivessem em 2019. Estavam onde? Onde é que estavam em 2019?

    Minha amiga Senadora Zenaide, que está aqui até agora sentada, como sempre esteve, me ouvindo, e Oriovisto, onde estavam estes colegas? O Portinho, naquele momento, até vou perdoá-lo, porque quem estava aqui era o nosso colega Arolde de Oliveira, antes de falecer de covid, antes de chegar a vacina, atrasada pelo Presidente da República. E não adianta vocês dizerem que foi comprada com dinheiro do Governo Federal: foi comprada com o nosso dinheiro.

(Soa a campainha.)

    A SRA. SORAYA THRONICKE (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - MS. Por videoconferência.) – E eu quero tempo, Sr. Presidente. Vocês vão me dar tempo hoje, porque eu estou aqui há horas aguardando e, como disse o Jean Paul, no final do expediente. E aí me entra essa propaganda eleitoral. Então, eu quero tempo, e o senhor vai me dar tempo.

    Então, é um absurdo o que nós estamos vivenciando neste país: a desinformação. E hoje provam do próprio veneno: estão sentindo na pele o que foi fake news, desinformação e tudo o que aprontaram nas redes sociais desde 2018. Então, estão sentindo na pele – na pele! E aí vêm com que moral? Com que moral eles vêm dizer que agora estão numa briga justa com o Poder Judiciário? Quando você ultrapassa todos os seus limites – de educação, limites do equilíbrio, limites da razoabilidade, da educação e de tudo –, você perde a sua razão. E o Poder Executivo não tem mais moral para sequer atacar o Poder Judiciário, ainda mais quando um grande apoiador, Roberto Jefferson, faz o que fez, faz o que fez. Não tem desculpa!

    E não adianta falar em nome de Allan Kardec, Senador Girão. Não adianta! Não adianta falar "paz e bem!"; não adianta falar "o padre mais querido deste país", sendo que é um padre falso! É um padre mentiroso, Leila! É um padre... É um absurdo fazer isso com os católicos, com a Igreja Católica e nós católicos aceitarmos essa verdadeira balbúrdia que virou este país.

    Portanto, não têm moral! Vocês não têm moral para falar do outro Poder, porque nós estivemos aí e brigamos – brigamos! – diuturnamente para coibir desmandos de alguns membros. E não foi uma caça às bruxas ao Poder Judiciário.

    Portanto, estamos vivenciando... E eu aqui estou vendo jovens se interessando pela política num momento em que nós não conseguimos dar sequer um exemplo. Então, eu peço a Deus, somente a Deus – é o que me resta – pela minha fé, porque também eu tenho que cumprir a lei. Este país é um país laico, não quero nem tocar nesse assunto.

    Mas no dia 30, no domingo, nós escolheremos quem será o nosso algoz. Escolheremos. E sim, Oriovisto, irei aceitar, porque essa é a regra. Eu tenho que obedecer à nossa Constituição. Eu, você, todos os colegas aqui iremos aceitar.

    E aqui, por fim, quero dizer que estamos aqui não de um lado nem de outro. O Brasil não tem só dois lados. O Brasil tem o lado dos brasileiros, acima de tudo. E a prova é que estamos votando medida provisória. O Governo Bolsonaro, até junho deste ano, era o vice-campeão de medidas provisórias – já deve ter ultrapassado –, a maioria delas sem cumprir os requisitos de urgência e relevância, porque R$160 milhões, que é o impacto dessa medida que estamos aprovando agora, não é urgente. Não tem impacto diante de tantas mazelas de um país que está quebrado. Aí eu digo para vocês: nós todos, inclusive a oposição, ajudamos o país, ajudamos o Governo. Disseram durante a campanha: "Soraya votou mais de 80% com o Governo". Claro, estava ajudando o Brasil, inclusive passando por cima de requisitos constitucionais de relevância e urgência. O campeão das medidas provisórias se chama Jair Bolsonaro, e nós colaboramos. Então, ninguém tem nada para falar deste Congresso, para querer inclusive fechar as nossas portas.

    Enfim, quero dizer que estamos votando mais uma vez, colaborando, passando por cima de muitas coisas, porque – e somente porque – neste Senado, a CCJ não funciona. Então, nosso Presidente Rodrigo Pacheco, que gosta de agendar e fazer trabalho, nós estamos aqui sentados até agora votando, porque a CCJ não delibera para mandar para o Plenário, infelizmente. Infelizmente! Então, o que nós queremos? Trabalhar. Eu, Soraya, sou workaholic, quero trabalhar e quero entregar. Muitos aqui têm que entregar para o povo brasileiro. E aí a gente passa por cima de questões – relevância e urgência. Tudo bem, não tem projeto para votar. Temos que votar medidas provisórias. É o campeão das medidas provisórias, é quase uma ditadura.

    Enfim, Brasil, infelizmente aqui a minha fala foi coibida, e eu peço a esta Mesa que nos dê a nossa voz na hora que nós temos. Quem quiser conversar um pouco a mais, que converse na hora que vai fechar o expediente. Mas infelizmente eu perdi a minha voz para o Brasil inteiro, eu e os próximos oradores. Mas tudo bem! Tudo bem! Estou respeitando aqui a ordem.

    O que eu gostaria hoje é de deixar este recado. Brasil, independente de quem quer que seja eleito neste domingo, antenas ligadas, porque o que fizeram até agora foi nos distrair, e nós mais uma vez estamos escolhendo o menos pior. A imprensa, a mídia, também têm a sua parcela, todos nós, porque o pessoal achou e sedimentou que isso estava polarizado, que o Brasil só tinha dois lados. Meu Deus! Dois lados? Não. O Brasil tem o lado do Brasil.

    Infelizmente, isso aconteceu. E, agora, nós vamos enfrentar.

    O que eu sei é que, a partir de segunda-feira – Oriovisto, eu também estou assim: parece que chega o Natal, nós vamos romper o ano, e não chega o dia das eleições –, eu serei oposição, oposição naquilo que é contrário ao combate à corrupção, o que os dois são; ao que é contra a economia de mercado, porque não há liberalismo econômico neste Governo. Estão querendo taxar dividendos e lucros. Isso é liberal? Isso afugenta investimentos. Isso não é nada liberal.

    Tudo o que nós estamos vendo aqui é exatamente o contrário do que se prometeu. Aí, Zenaide, estou falando em não cumprir promessas e sentar numa cadeira mentindo. Apossaram-se da agenda liberal e de uma agenda de direita, e foi tudo uma mentira, uma mentira!

    Traidores da pátria!

    Traidores da pátria!

    Portanto, meus colegas aqui, me perdoem o desabafo. É o momento em que todos nós estamos chocados com a situação em que o Brasil se encontra, com os devaneios de colegas, com a capacidade desses colegas de se esquecerem e de apoiarem agendas que são impossíveis de apoiar, tamanho o descaramento e as provas que estão batendo na nossa cara. Então, com todo perdão, é chocante vislumbrar tudo isso.

    Mas nós estaremos todos juntos aqui, eu tenho certeza, em prol do nosso país, porque o Senado Federal conseguiu apoiar, a grande maioria. Se vocês forem fazer um diagnóstico, quantas vezes – Zenaide está aí para nos ouvir – foram votações unânimes de medidas provisórias! Quantas!

    Portanto, não há que se reclamar que o Senado Federal não apoiou o Brasil neste momento. E nós continuaremos apoiando. E eu, aqui, contando com a sabedoria de V. Exas., com a razoabilidade de V. Exas., mas, acima de tudo, com a coragem de falar o que tem que ser dito neste país, porque eu não estou aqui para mentir para ninguém e para permitir que me distraiam.

    Vou acordar quem for possível eu acordar.

    Muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/10/2022 - Página 60