Discurso durante a 112ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas a países europeus por sua suposta incoerência em patrocinar a realização das conferências climática das Nações Unidas, como a COP 27, quando suas políticas internas não contribuem para a proteção do meio ambiente.

Solicitação ao Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, que conduza as próximas eleições da Mesa do Senado de forma equilibrada.

Autor
Marcio Bittar (UNIÃO - União Brasil/AC)
Nome completo: Marcio Miguel Bittar
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Meio Ambiente:
  • Críticas a países europeus por sua suposta incoerência em patrocinar a realização das conferências climática das Nações Unidas, como a COP 27, quando suas políticas internas não contribuem para a proteção do meio ambiente.
Atuação do Senado Federal, Eleições:
  • Solicitação ao Presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco, que conduza as próximas eleições da Mesa do Senado de forma equilibrada.
Aparteantes
Guaracy Silveira.
Publicação
Publicação no DSF de 23/11/2022 - Página 44
Assuntos
Meio Ambiente
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Senado Federal
Jurídico > Direito Eleitoral > Eleições
Indexação
  • CRITICA, PAIS, EUROPA, REALIZAÇÃO, CONFERENCIA, CLIMA, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), POLITICA, AUSENCIA, PROTEÇÃO, MEIO AMBIENTE.
  • SOLICITAÇÃO, PRESIDENTE, RODRIGO PACHECO, REALIZAÇÃO, ELEIÇÃO, MESA DIRETORA, SENADO, ATUAÇÃO, IMPARCIALIDADE.

    O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AC. Para discursar.) – Sr. Presidente, senhores e senhoras colegas Senadores da República, apenas para fazer um registro a respeito da COP 27. Mais uma vez, o Brasil assiste a um encontro internacional onde, a meu ver, o foco, outra vez, sai daquilo que era fundamental.

    Nós estamos vivendo uma época, Sr. Presidente, em que a União Europeia, que patrocina esses eventos, que vive financiando ONGs na Amazônia brasileira para dizer o que devemos ou não produzir para diminuir a emissão de gases de efeito estufa, esses países, agora com a guerra com a Ucrânia, são os primeiros que esqueceram completamente os seus manuais para lançar mão daquilo que tanto condenam, como o carvão, por exemplo, porque não aceitam diminuir o seu padrão de consumo.

    A Alemanha, de novo, dá um exemplo daquilo que sempre fizeram: Alemanha, Noruega, Reino Unido, Estados Unidos, que têm altíssimo padrão de consumo. Aliás, quando se realizam esses encontros, chega a ter 800 aviões particulares, jatos particulares emitindo gases de efeito estufa para pessoas endinheiradas dizerem ao Brasil e ao mundo pobre que nós devemos andar de bicicleta quando eles andam de avião particular e jato particular.

    Pois bem. A Alemanha e a Europa deram mais um exemplo. No momento em que o mundo enfrenta a guerra com a Ucrânia e a Rússia corta o fornecimento de gás para a Europa, o que a Alemanha faz? Poderia muito bem, se estivesse preocupada de fato com a questão ambiental, com a mudança climática, poderia ter diminuído o seu padrão de consumo, fazendo economia no seu país. Mas, como eles não aceitam essa hipótese, o que ela faz? Ela lança mão de queimar carvão, aquele mesmo carvão que eles tanto condenam para ser usado aqui no Brasil.

    E o que eu vejo, preocupado, é que agora o Presidente eleito vai ao encontro e sinaliza quase que automaticamente que, para ele, a Amazônia brasileira tem que ser vista, coordenada não apenas pelo Brasil, mas pelo mundo afora. É uma submissão a um Governo global que tenta implantar a partir da ONU contra os soberanistas aqui neste Senado...

    O Sr. Guaracy Silveira (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – Um aparte, Senador, por favor.

    O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AC) – Pois não, será um prazer. Concedido o aparte.

    O Sr. Guaracy Silveira (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO. Para apartear.) – Senador Marcio, aliás, estou sentado na sua cadeira aqui, uma cadeira abençoada.

    V. Exa. tem toda a razão. Todo mundo gosta de pôr ideias e nos oprimir aqui na Amazônia. A Amazônia é bem brasileira, é bem nossa, embora também atinja outros países, como a Venezuela, com as Guianas, como a Colômbia, o Peru e a Bolívia.

    Mas, Senador, as pessoas não entendem nada da nossa Amazônia. Não entendem nada, não conhecem a nossa Amazônia e ficam pondo defeito nos amazônidas. Eles querem nos condenar, nossos milhões de brasileiros que lá vivem, porque eu não sou um amazônida de nascimento, eu nasci no interior de São Paulo, mas desde 1966 eu trabalho na Amazônia. Ajudei a construir a Belém-Brasília, a Transamazônica, a Manaus-Porto Velho, a Manaus-Santarém. Então, conheço bem a necessidade do nosso homem amazônico, do caboclo amazônico, da nossa gente amazônica.

    Agora, muita gente para dar palpite. Querem que nós, os amazônidas, nasçamos na riqueza, morramos na riqueza, mas vivamos na pobreza. É isso que o mundo quer de nós. Não entendem, não sabem como é o regime especial das nossas chuvas, das nossas árvores. Nada entendem, mas pôr o bico de forma errada todos põem.

    Então, é preciso entender a Amazônia como nós entendemos: vivendo lá, exercendo lá, sabendo da capacidade de recuperação das nossas matas, da nossa selva.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Guaracy Silveira (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – Jamais, Senador, as chuvas do mundo vão diminuir por causa da Amazônia porque a Amazônia é uma bacia fechada, o que o povo não entende. A Amazônia é uma bacia fechada pelo Maciço do Tumucumaque, pelos Andes, a oeste, pelo Maciço Central do Brasil, pelo centro. Então a umidade do Oceano Atlântico vai sempre existir para lá e vai fazer a nossa floresta crescer. É difícil para o mundo entender isso. A nossa floresta é diferente, não é como o resto do mundo, mas serve para todo o mundo pôr o bico sem entender, para pessoas que não sabem diferenciar um pé de abacaxi de um pé de abóbora, mas acham de pôr defeito no nosso homem amazônico e na nossa Amazônia.

    Então, Senador, como amazônida, um sulista que abriu o coração e aprendeu a amar a Amazônia, com título de cidadão de várias cidades...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O Sr. Guaracy Silveira (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – ... toda a nossa consideração...

    O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG) – Para concluir.

    O Sr. Guaracy Silveira (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – ... a um estado que quis ser...

    O SR. PRESIDENTE (Rodrigo Pacheco. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG) – Para concluir.

    O Sr. Guaracy Silveira (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – ... que quis pertencer ao Brasil; um estado que declarou ser brasileiro por uma revolução própria.

    Então, meus parabéns, Senador.

    O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AC) – Obrigado, Senador Guaracy, do Tocantins. Honra-me muito saber que outro colega com conhecimento sobre a Amazônia adentra esta Casa.

    E por fim, Sr. Presidente Rodrigo Pacheco, eu vou ter a audácia de pedir a V. Exa., que considero um amigo, uma atenção para a minha fala.

    Nesses quatro anos, o Plenário percebeu que, quando o assunto é a Amazônia, eu sou um defensor radical de que a pobreza amazônica tem que ser enfrentada e de que nenhum país do mundo tem o direito de solapar a nossa soberania, como está acontecendo.

    Mas esses quatro anos também serviram para mostrar que eu sou homem que busco o diálogo. Chamei a atenção de V. Exa., no bom sentido, para lembrar que, no momento crítico que este Congresso viveu na época do orçamento que eu relatava, numa divergência entre nós e o Supremo Tribunal Federal, não faltou, da nossa parte, com a sua liderança, a paciência, o equilíbrio necessário para que obras importantes no Brasil não parassem. E nós atuamos com a calma necessária.

    Acho até que, sobre a acusação que foi feita, milhares de vezes, de um tal orçamento secreto, que na verdade nunca existiu, parece que o resultado das eleições últimas já mostra que de orçamento secreto não existia nada. Podem-se mudar termos para afirmar aquilo que nós sempre soubemos, que era o orçamento publicado no Diário Oficial e que podia ser aperfeiçoado, como esta Casa o aperfeiçoou.

    Mas por que eu digo isso, Sr. Presidente? Porque, ao reconhecer o papel fundamental que V. Exa. exerceu naquele momento, assim como o Senador Davi Alcolumbre fez lá atrás, no auge da crise, no estouro da pandemia, quando os Poderes não se falavam – e foi o Davi, nosso Presidente...

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AC) – ... que reconstruiu pontes, que fez o Congresso aprovar o pacote de ajuda para o país inteiro, para todos os municípios –, é essa categoria que eu peço ao senhor que nessa recondução... Porque o senhor sabe que eu fui um dos elementos para ajudar nessa eleição, e não me arrependo, a eleição da Mesa Diretora do Senado da República – não me arrependo, tenho orgulho dela...

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AC) – ...mas nós não podemos, Sr. Presidente, continuar assistindo ao que estamos assistindo, que é uma interferência que não há como esconder. Há uma interferência do Poder Judiciário, no Brasil, que não se aguenta mais, ninguém tolera isso. Se o Brasil caminhar para o precipício, a responsabilidade, fundamentalmente, não é deste Parlamento, a responsabilidade é do Poder Judiciário. Os exemplos são imensos do ativismo político. São ministros que passam – não todos – quase todo dia, quase toda semana, emitindo opiniões, fazendo campanhas políticas. Isso não tem como continuar.

    Então, Sr. Presidente, assinar documento...

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AC) – ...para atitudes mais radicais que possam não ter resolutividade...Eu poderia, no exercício livre do meu mandato, assinar petição de impeachment de ministro, ninguém me impediria. Mas, entre adicionar o meu nome a algum movimento que possa ser radical, mas que talvez não produza efeito, eu prefiro me dirigir a V. Exa. e pedir que lidere um processo, que mude o que for possível mudar, para que a paz seja restabelecida. Senão, daqui a pouco, nós vamos perder o controle, como hoje, em muitos lugares do Brasil, já acontece. E não adianta querer insinuar ou afirmar...

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AC) – ...que o que está acontecendo no Brasil é obra de um ou outro político. Não. São homens e mulheres, mais uma vez, que, de forma livre, espontânea e gastando o seu tempo e o seu recurso, estão em rodovias pelo Brasil afora inconformados com o Brasil que estão vendo.

    Por isso, Sr. Presidente Rodrigo Pacheco, é o meu apelo. Eu, que tive a oportunidade, como Relator, de perceber a sua capacidade de solucionar crises, como a que nós vivemos, naquela época, eu faço este apelo: que V. Exa. construa, em cima de compromissos, algo que possa fazer o Congresso ter uma transição tranquila da atual Mesa para uma outra Mesa, mas que não nos furtemos de uma conversa séria, equilibrada e que traga resultados.

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCIO BITTAR (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - AC) – Que não seja o que "a" ou o que "b" querem, mas que seja o possível.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/11/2022 - Página 44