Discurso durante a 117ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações acerca da importância da instauração da CPI das ONGs.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atuação do Senado Federal:
  • Considerações acerca da importância da instauração da CPI das ONGs.
Publicação
Publicação no DSF de 07/12/2022 - Página 32
Assunto
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Senado Federal
Matérias referenciadas
Indexação
  • DEFESA, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), ORGANIZAÇÃO NÃO-GOVERNAMENTAL (ONG), ESTADO DO AMAZONAS (AM), FINANCIAMENTO, EMBAIXADA ESTRANGEIRA, NORUEGA, AGENCIA, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA).

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSDB - AM. Para discursar.) – Presidente Rodrigo Pacheco, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, quanto ao que vou dizer aqui, depois eu vou fazer uma pergunta no final da exposição, aqui.

    Eu tenho pesquisado, em função daquela CPI das ONGs que a gente pediu, eu tenho pesquisado. Essa história me interessa cada vez mais, e, cada vez mais, a gente vai se assustando. A gente conseguiu traçar, fazer uma pirâmide das ONGs que atuam no Amazonas, principalmente no Alto Rio Negro. Para quem não sabe, a região do Alto Rio Negro é a região mais rica do planeta. Só para se ter uma ideia, a reserva de nióbio lá passa de 90% da reserva mundial.

    No topo da pirâmide dos que financiam as ONGs, aparecem a Embaixada da Noruega e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional, que tem a função de assegurar o desenvolvimento econômico e social sustentável e igualitário, que é a USAID.

    Na área do Alto Rio Negro, atuam 372 ONGs. É de lá que veio o apelo dos índios da etnia baniwa, de uma carta que eu li aqui, alguns meses atrás. De novo, vou retomar só um pouco do que dizem os índios que verdadeiramente precisam, não os índios catequizados e treinados pelas ONGs, mas aqueles que habitam realmente a comunidade.

    Abro aspas:

Aqui na região do Alto Rio Negro existem instituições, ONGs, com a visão e o objetivo de que os indígenas se mantenham em estados de observadores da natureza, mantendo apenas a sua sobrevivência, ou seja, tendo o direito de comer e dormir. Nada mais nos garantem [fecho aspas].

    Dos índios baniwas, da Comunidade Castelo Branco, do Médio Rio Içana. Abro aspas de novo:

Sr. Senador da República, pedimos ao Excelentíssimo levar essa nossa carta ao conhecimento do Presidente para dizer ao Ministério Público e a outras instituições competentes, ambientalistas, com todo o respeito, falar que eles não têm ideia de uma comunidade que fica a tantos quilômetros distante sem uma atividade econômica para o seu sustento [fecho aspas].

    E vai por aí afora. Os baniwas querem – e eu estou conseguindo atender através de emendas parlamentares – barcos para transportar os seus produtos. Agora mesmo, a etnia tenharim, em Humaitá, foi beneficiada, com a emenda que a gente fez, com 19 barcos de alumínio com aquele motor que a gente chama de rabeta. Sabem para quê? Para colher castanha, para colher melancia, para colher melão, porque eles faziam em canoas de madeira e no remo. Imaginem só: 12 horas para chegar do roçado. Agora, estão levando 2, 3 horas. São esses índios que precisam de ajuda.

    Aquele problema que aconteceu com os marubos, lá em Atalaia do Norte, onde foi morto um jornalista e um indigenista, a gente acaba de entregar lá uma UBS flutuante para atender 47 comunidades, inclusive comunidades indígenas dos marubos. Daquela questão lá que todo o mundo, o mundo inteiro, tomou conhecimento.

    Portanto, Presidente, nessa pirâmide encabeçada pela Embaixada da Noruega aparece sempre o Instituto Socioambiental como manipulador disso, conseguindo dinheiro e manipulando as pequenas ONGs. O Greenpeace e a WWF...

(Soa a campainha.)

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSDB - AM) – ... também aparecem, mas eles conseguem o seu dinheiro sem financiamento.

    O Fundo Amazônia é a peça central dessa trama. É através do Fundo Amazônia que se dá dinheiro para essa gente, para essas ONGs fazerem esse desserviço ao país. E você brasileiro, você brasileira é que tem que entender o mal que esse pessoal nos faz.

    Estou falando sempre aqui. Querem sempre nos impor a condição de vilão, de bandido. E tenho dito a você brasileiro, porque o estrangeiro está na dele, o imperialismo está na dele, estão defendendo o seu estado manipulando, roubando, fazendo coisas erradas. Mas você brasileiro acreditar que nós somos vilões, que nós da Amazônia somos vilões, é demais. Dei o exemplo dos tenharins, dei o exemplo dos baniwas e poderia dar muitos mais exemplos aqui.

    Querem produzir – um deles está aqui na carta...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSDB - AM) – Sr. Presidente, um deles pergunta na carta:

Aponte-me, Senador, qual foi o país que cresceu, que progrediu, produzindo artesanato. Só querem que nós vivamos das folhas que caem, do fruto que cai. Nós queremos poder contribuir para o desenvolvimento do país.

    Os índios querem isso, mas as ONGs não deixam. Fica, portanto, Sr. Presidente, a minha pergunta sobre aquela consulta que a gente fez sobre a instalação da CPI das ONGs. O senhor ficou de consultar o seu setor jurídico para que nós possamos ter uma resposta sobre se a agente consegue instalar este ano, suspender, e começar a funcionar para o ano.

    Fiz tudo isso para chegar a uma pergunta, Sr. Presidente: nós vamos, ainda, instalar a CPI das ONGs este ano? Porque é preciso, a gente precisa combater essa hipocrisia. A gente precisa chegar lá. O bem, o dinheiro que a Noruega – tão boazinha! –, que a Alemanha – tão boazinha! –, que o Canadá – tão bonzinho! – dão para o Fundo Amazônia... A França devia colaborar....

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSDB - AM) – ... Sr. Presidente, eu vou insistir, de forma educada, mas insistir, em nome daquele povo, em nome dos indígenas que eles dizem tanto defender, mas que os espoliam, mas que os exploram, e em nome da comunidade ribeirinha do povo da floresta do meu Amazonas, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/12/2022 - Página 32