Presidência durante a 116ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão especial destinada a comemorar o Dia Nacional do Delegado de Polícia.

Considerações sobre o tratamento dispensado à polícia no Brasil em comparação com outros países. Comentário sobre o papel constitucional da polícia. Considerações sobre segurança jurídica e o custo institucional, a nível internacional, de um impeachment.

Autor
Marcos do Val (PODEMOS - Podemos/ES)
Nome completo: Marcos Ribeiro do Val
Casa
Senado Federal
Tipo
Presidência
Resumo por assunto
Honorífico:
  • Sessão especial destinada a comemorar o Dia Nacional do Delegado de Polícia.
Relações Internacionais, Segurança Pública:
  • Considerações sobre o tratamento dispensado à polícia no Brasil em comparação com outros países. Comentário sobre o papel constitucional da polícia. Considerações sobre segurança jurídica e o custo institucional, a nível internacional, de um impeachment.
Publicação
Publicação no DSF de 03/12/2022 - Página 21
Assuntos
Honorífico
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Relações Internacionais
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas > Segurança Pública
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, DIA NACIONAL, DELEGADO DE POLICIA.
  • REGISTRO, ORDEM CONSTITUCIONAL, ATIVIDADE POLICIAL, CRITICA, MANIFESTAÇÃO COLETIVA, ATUAÇÃO, EXERCITO, PODER, REPUDIO, IMPEACHMENT, EFEITO, AMBITO INTERNACIONAL.

    O SR. PRESIDENTE (Marcos do Val. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – Depois, eu preciso saber qual remédio o senhor toma para tomar também, um rejuvenescedor, um incentivo de alto astral, porque, realmente, tem hora, gente, em que eu entro aqui, confesso, desabafo. Por isso eu admiro muito quem ainda segue na missão a ser cumprida, ainda mais nessa categoria, porque tem dias que eu entro aqui e falo: "Meu Deus do céu, isso aqui é insalubre!".

    A democracia é um regime melhor, mas é muito complicado. Ele é muito polêmico, ele é muito questionado. Ele é bom quando favorece a gente em algumas leis, é ruim quando favorece o outro grupo. Então, não é fácil!

    Hoje a gente vive um momento de internet, fake news, de notícias se espalhando rapidamente e tal. E ficam cobrando: "Os Senadores não fazem nada. Cadê a lei tal e a lei tal?". Gente, numa democracia, a gente tem que debater, discutir e tal. A gente vê ainda Senadores que trazem esse ranço da ditadura, que tem que acabar, esquecer, é passado, virou experiência. Mas a gente sempre tem esperança, porque a cada legislatura tem entrado gente que não tem esse perfil. E a gente tem que respeitar, porque é uma democracia.

    O que é muito engraçado é que, quando eu entrei, não tinha noção do que era, ninguém me dizia como era o trabalho do Senado. Eu fui aprender a ser Senador com a Silvia Maria, que está ali, e a Silvia Ligia, que está em casa, fez uma cirurgia. São dois anjos meus, direita e esquerda – ficam à minha direita e à esquerda, não falo de partido, não, gente. Ficam sempre ao meu lado me auxiliando e me conduzindo para que eu possa estar seguindo a missão. E eu tenho certeza absoluta de que foi uma missão dada por Deus, porque entrei sem recurso nenhum, peguei o recurso que tinha na minha poupança – acho que deve ter sido um dos motivos por que a minha ex-mulher pediu o divórcio. Enquanto um candidato tinha 50% de intenção de votos, eu só tinha 5%, mas andava na rua e sentia o oposto. Fui acreditando, até que começou aqui e a gente entrou. É persistência! No primeiro ano, fui parar numa UTI cardiológica, porque eu me cobrei muito, eu tinha que estar no mesmo nível que outros Senadores. Eu me cobrei bastante, a equipe me ajudou muito.

    Ontem, eu fiquei até feliz, porque o nosso gabinete, o nosso mandato foi votado como o melhor do país, e eu só tenho três anos e meio de experiência, mas essa persistência é importante.

    Ver pessoas como o senhor é raro. É muito raro, primeiro, estar vivo (Risos.) ... porque, no meio policial, meu Deus do céu! Sai e já acha que... E não é pela idade, não, porque eu vou primeiro, mas pela profissão.

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. PRESIDENTE (Marcos do Val. Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – É pela profissão, porque, lá fora, se você atira contra um policial, mas ele não morre, você pega prisão perpétua, direto, sem discussão. Agora, se morre o policial, é pena de morte. Então, o Estado fala: "Esse está representando o Estado. Se realmente você fizer algo contra o Estado, a penalidade é essa". Aqui, não! Aqui a gente já escutou: "Você toma o tiro primeiro para depois reagir". É algo, assim, que você fala: "Não, não é possível".

    E quando um policial, no exercício da sua função, perde a vida, você vê a família desesperada, e, de repente, o Estado o abandona, abandona a família de forma assustadora. Eu tenho cobrado o Governador do meu estado, quando policiais falecem em combate, para ele estar presente. Eu vivenciei um procedimento, quando um policial americano morreu, aquele que virou até filme, aquele atirador – Sniper Americano, com Chris Kyle –, a gente trabalhava junto lá na associação da SWAT. Os Estados Unidos praticamente pararam, parecia aquele enterro do Michael Jackson, todo mundo vendo o policial ser enterrado, uma coisa comovente demais. E aqui nem o governador está presente para poder dar conforto à família.

    Em São Paulo, também eu fui lá, na família Turíbio, de um policial que foi alvejado na cabeça e está em estado vegetativo dentro de casa. A família está recebendo doação, porque o estado abandonou. É inacreditável. O pai era policial. Eu perguntei para ele: "O senhor se arrepende de ver o seu filho como está aí?". E ele falou: "Não, eu tenho muito orgulho do meu filho, que se colocou à disposição para estar dessa forma em prol da sociedade".

    Então, quando a sociedade começa a querer, em qualquer operação, pegar o celular e filmar para pegar alguma coisa de errado – não é nem para elogiar, não; é para ver se vai acontecer algo de errado para criticar –, eu fico para morrer com isso.

    Mas vamos seguir em frente. Desculpem o desabafo – minha terapeuta vai puxar minha orelha!

    Agora, pelo sistema remoto, concedo a palavra ao Sr. Mário Demerval, Presidente do Conselho Nacional dos Chefes de Polícia Civil, pelo de tempo de cinco minutos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 03/12/2022 - Página 21