Discurso durante a 123ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Discurso de despedida de S. Exa. do mandato de Senadora da República e breve histórico de sua trajetória política.

Autor
Kátia Abreu (PP - Progressistas/TO)
Nome completo: Kátia Regina de Abreu
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Agropecuária e Abastecimento { Agricultura , Pecuária , Aquicultura , Pesca }, Atividade Política, Homenagem, Meio Ambiente, Mulheres:
  • Discurso de despedida de S. Exa. do mandato de Senadora da República e breve histórico de sua trajetória política.
Aparteantes
Acir Gurgacz, Carlos Fávaro, Carlos Viana, Chico Rodrigues, Esperidião Amin, Jean-Paul Prates, Jorge Kajuru, Luis Carlos Heinze, Plínio Valério, Rodrigo Pacheco, Rogério Carvalho, Soraya Thronicke.
Publicação
Publicação no DSF de 21/12/2022 - Página 72
Assuntos
Economia e Desenvolvimento > Agropecuária e Abastecimento { Agricultura , Pecuária , Aquicultura , Pesca }
Outros > Atividade Política
Honorífico > Homenagem
Meio Ambiente
Política Social > Proteção Social > Mulheres
Indexação
  • DISCURSO, DESPEDIDA, ORADOR, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, QUALIDADE, SENADOR.
  • DISCURSO, ATUAÇÃO PARLAMENTAR, ORADOR, FERROVIA NORTE-SUL, HIDROVIA, RIO TOCANTINS, APROVAÇÃO, CODIGO FLORESTAL, LEGISLAÇÃO, PORTO, VIABILIDADE, PRODUTO TRANSGENICO, AUXILIO EMERGENCIAL, Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe), PANDEMIA, NOVO CORONAVIRUS (COVID-19), APRESENTAÇÃO, EMENDA, CIRURGIA, MELHORIA, VISÃO, POPULAÇÃO, ESTADO DO TOCANTINS (TO), PISO SALARIAL, CATEGORIA PROFISSIONAL, ENFERMAGEM, AUMENTO, EXPORTAÇÃO, CARNE BOVINA, MINISTERIO DA AGRICULTURA PECUARIA E ABASTECIMENTO (MAPA), COMBATE, FAVORECIMENTO, DEMOCRACIA.

    A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO. Para discursar.) – Obrigada, Sr. Presidente.

    Eu aproveito também esta importante oportunidade para saudar o Senador Reguffe, dizer que foi um prazer e uma alegria conhecê-lo, conviver com você no Senado Federal. Você pode ter certeza de que uma das maiores qualidades raras que você tem é ter espírito público, e o Senado e a política brasileira carecem dessa característica. Então, você volte para casa, volte para a sua família com o dever cumprido, honrado aqui no Senado Federal. Comportou-se como o Brasil esperava de você e o Distrito Federal.

    Muito prazer em conhecê-lo e quero continuar, se assim puder, humildemente, a fazer parte do ciclo da sua amizade.

    Meus amigos e amigas do Senado, meus companheiros de debates, meus aliados por um Brasil melhor para os nossos brasileiros irmãos, povo brasileiro, povo do meu Tocantins, sou uma mulher que se sente especialmente contemplada por ser Senadora da República.

    O Senado Federal, Sr. Presidente, tem 198 anos de existência, caminhando para dois séculos, 200 anos. Nós tivemos 1.607 Senadores, 157 Senadores homens tiveram mais de um mandato e, nesse mesmo período, Senador Kajuru, apenas cinco mulheres tiveram mais de um mandato, uma delas foi a Senadora Marluce Pinto, a Senadora Lúcia Vânia, a Senadora Marina Silva, a Senadora Maria do Carmo e eu, lá do Estado do Tocantins: Kátia Abreu teve dois mandatos. Em 200 anos, cinco mulheres, sendo que dos 150 homens um terço teve três mandatos e, dessas cinco mulheres, apenas Maria do Carmo teve três mandatos. Isso já é motivo suficiente para que eu amanheça e anoiteça agradecendo a Deus por esse privilégio. Sinto-me honradíssima e feliz em ser política do meu país, em ter feito parte da Câmara dos Deputados, em fazer parte do Senado Federal. Muito obrigada, meu Deus, por tanta graça, por tanta honraria e oportunidade.

    Povo do Tocantins, que, pelo voto direto e democrático, me concedeu honrosos 16 anos nessa Casa, cheguei aqui, vinda da Câmara dos Deputados, em fevereiro de 2007. Foram, sem dúvida, 16 anos de muito trabalho, muitos debates e de uma luta contínua pela democracia e por um Brasil mais igualitário, mas principalmente foi um tempo de muito aprendizado, um tempo de convivência com algumas das maiores cabeças do mundo político brasileiro. Eu agradeço sinceramente a todos os meus colegas Senadores e Senadoras que conviveram comigo nestes 16 anos. Obrigada pelo aprendizado, pela paciência, pela convivência e até pelas adversidades, porque nós aprendemos muito nesses momentos das grandes diferenças.

    É importante estar aqui não apenas para ocupar um lugar e ser uma das cinco mulheres Senadoras em 200 anos, mas pela possibilidade de verdade de mudar a vida das pessoas. Fui honrada com a oportunidade de relatar e debater matérias das mais importantes e relevantes para o país. Começo citando a minha iniciação no Senado Federal, como Relatora da CPMF, o imposto do cheque, tão abominado por todos os brasileiros. E eu tive o prazer, a inexperiente e novata Senadora Kátia Abreu, de fazer um trabalho com o meu partido, os meus colegas, e nós, naquele momento em que o Brasil avançava e não era mais necessário esse imposto do cheque, conseguimos derrubá-lo aqui no Senado Federal.

    A Ferrovia Norte-Sul, uma batalha importante para o meu Tocantins; a Hidrovia Tocantins, o Pedral do Lourenço. Amigos, nem todas as batalhas são vencidas em um, dois, três mandatos. Às vezes você deixa uma luta para que outros colegas que venham atrás de você possam continuar e levar os louros, às vezes por um período muito mais curto. Assim foi e assim será o Pedral do Lourenço, que será derrocado agora, numa luta de mais de dez anos sob a minha batuta, e nós teremos uma das maiores hidrovias do país.

    A votação do Código Florestal brasileiro, depois de 16 anos de luta e debate, aprovado lá na Câmara por quatrocentos e setenta e tantos votos, demonstrando que não houve uma unanimidade, mas houve um grande consenso. E essa Casa, sua característica principal é produzir consensos.

    A Lei dos Portos mistos, privados e públicos, uma das bandeiras que mais me alegrou. Apesar de eu estar longe do mar, nunca perdi a percepção de que os portos do Brasil estavam fechados, depois de 200 anos abertos por D. João VI. Ainda com a Presidente Dilma, nós votamos, numa luta dura nessa Casa contra um lobby poderoso do porto público, e nós conseguimos e hoje temos mais de 50 portos privados, TUPs (terminais de uso privado), instalados por todo o país.

    A viabilidade dos transgênicos, da fila dos genéricos na Anvisa, quando passamos ainda pelo eixo Arco Norte da logística, em que trabalhei duramente com a Presidente Dilma e a Casa Civil para que o Brasil pudesse ser visto de trás para diante, não apenas com os olhos para o sul do país, mas que o norte, a saída norte desse país pudesse ser vista, para dar competitividade à produção agropecuária brasileira.

    Durante a pandemia, o quanto nós fizemos nesta Casa para o povo brasileiro? O auxílio emergencial, o Pronampe. Eu tive a honra de ser chamada carinhosamente como a mãe do Pronampe, e Jorginho Mello, o pai do Pronampe. Aprovamos, nesta Casa, mais de R$70 bilhões para acudir as micro e pequenas empresas do país, que se sentiam enfraquecidas, fragilizadas, por estarem fechadas durante a pandemia.

    Mas tenho muito orgulho de ter implementado no meu estado e zerado a fila de cirurgias de cataratas no Tocantins, exclusivamente com emenda parlamentar. Com minhas emendas extras, minhas emendas individuais, minhas emendas de bancada, 12 mil cirurgias num estado de 1,2 milhão de pessoas. E ainda temos recursos para chegar a 15 mil cirurgias até o dia 31 dezembro de 2022.

    Dos marcos legais, que Rodrigo Pacheco tanto exibe em nome do Senado Federal, participei ativamente, estudando como louca, como uma boa aluna, como uma boa estudante, e não como uma estudiosa que sabe pouco mais do que nada. Participei ativamente da Lei de Licitações, do marco regulatório das startups, do marco regulatório das ferrovias e, com muita luta, consegui convencer os meus pares sobre o direito de passagem das empresas menores para que possam ser viabilizadas e baratear o custo do frete ferroviário.

    Na BR do Mar, com a cabotagem, em que tinham sido patrocinados por este Governo atual instrumentos para que ela ficasse mais restritiva, nós conseguimos furar esse bloqueio e fizemos com que a cabotagem pudesse de fato, com a ajuda do setor privado brasileiro e do Congresso Nacional, com a navegação de porto a porto brasileiro, ser democratizada e não concentrada para cinco ou quatro maiores empresas do mundo, mas viabilizar as empresas nacionais.

    No marco regulatório do saneamento, nós já estamos vendo estados do Brasil avançando cada dia mais em financiamentos e investidores de toda parte do mundo.

    O piso salarial da enfermagem foi compromisso da nossa campanha e está sendo honrado hoje no Senado Federal, por Rodrigo Pacheco e pelos colegas Senadores, por unanimidade, como também a recuperação do piso salarial dos agentes de saúde e endemias.

    Nas leis a favor das mulheres, quantas leis, com a Bancada Feminina, com a ajuda dos Senadores, dos homens Senadores da República, nós aprovamos, combatendo a violência com medidas protetivas? Mas, principalmente, um dos orgulhos que tenho é a modificação do marco das candidatas mulheres, com o financiamento não só de campanha, mas também de mandato; medidas contra o racismo, patrocinadas aqui pelo Senador Paim; medidas a favor do meio ambiente, da redução das emissões.

    E quero aqui registrar que Rodrigo Pacheco foi um Presidente que bancou forte e firme, como um esteio de aroeira – nós que somos produtores rurais sabemos o que significa isso para a democracia brasileira –, e não permitiu que esta Casa se afastasse um milímetro sequer da democracia.

    Quero destacar também que, nesses 16 anos, me ausentei por um ano e meio – e aqui assumiu, em meu lugar, o Senador Donizeti Nogueira, do Estado Tocantins, brilhante Senador da República, do Partido dos Trabalhadores do Tocantins –, para ocupar o cargo de Ministra do Governo Dilma Rousseff, governo interrompido não pelo voto, mas pela política que despreza a democracia. Confesso que, de todos esses anos da minha vida, 2016 foi o mais difícil na política. Eu vi de perto uma mulher eleita democraticamente ser tirada, arrancada da Presidência da República por aqueles que cultivavam valores políticos com os quais nunca compactuei.

    No Ministério da Agricultura, recebi a missão de fazer uma revolução naquele espaço institucional, modernizar, acabar com os lobbies que privilegiavam meia dúzia de empresas exportadoras. Em um ano e meio, duas voltas ao mundo eu dei para abrir todos os países que estavam fechados para a carne bovina brasileira e a consequência está aqui, até hoje: triplicamos o valor das nossas exportações, mas nem por isso deixamos de abastecer o mercado interno com mais de 70% da carne produzida no Brasil, que não vai para outros países, mas para a mesa do povo brasileiro. Digitalizamos todo o ministério, que ainda era um ministério de papel. Montamos a Enagro, grande escola da agropecuária no país. Criamos, via decreto, o Matopiba, a última fronteira agrícola do país, que abrange o Maranhão, o Piauí, o Tocantins e a Bahia. E ainda mudamos um marco importante em apenas 90 dias de ministério, de forma que as pequenas e as microagroindústrias puderam, e podem, vender para as cidades vizinhas e para os seus estados fronteiriços, pois estavam proibidas pela burocracia nociva do Estado brasileiro.

    Lutei muito para que a democracia não fosse banalizada naquele movimento conservador extremo e – por que não dizer? – misógino e elitista. Preferi ficar ao lado dos vencidos, e não dos "vencedores" – gostaria, Sr. Presidente, de que o termo "vencedores" ficasse entre aspas nos Anais desta Casa.

    Em plena democracia, vi um Presidente, sem voto popular, tomar o poder. Segui as minhas convicções, e não me arrependi. E não me rendi a nenhuma facilidade que legitimasse aquele momento escuro. Faria tudo, absolutamente, novamente, o que fiz no passado. Mesmo com os prejuízos, com os ataques políticos que tive, quando imaginei que seria o fim da minha vida pública, Deus me honrou, mais uma vez, e novamente eu pude continuar na caminhada e me eleger Senadora da República.

    O valor da democracia não se negocia. Meus filhos, netos e futuros bisnetos saberão que estive ao lado da democracia sempre, apesar dos pesares, apesar do momento difícil, porque você demonstra estar do lado verdadeiro quando aquele lado não tem mais nada de vantagens a lhe dar e, assim mesmo, faz a opção pelo lado mais fraco para honrar os seus valores, para honrar a democracia e principalmente dar exemplo de lealdade.

    Após o impeachment, continuei no Senado, defendendo o Tocantins e os tocantinenses, defendendo a agricultura brasileira, defendendo a saúde das mulheres e defendendo os valores que aprendi com a minha mãe, D. Vera, e com a vida, valores de que jamais abri mão, pois o meu compromisso com as pessoas, com aqueles que me colocaram aqui e com o Brasil é fruto de uma história de palavra e de respeito.

    Fui Senadora por 16 anos – graças a Deus! –, um orgulho pessoal, mas um orgulho sem vaidade. Afinal, uma mulher produtora rural e com as mãos marcadas pela vida chegou ao Senado Federal. A minha luta também é contra a fome e o agro é o nosso principal campo de batalha, como diz Eliseu Alves, um dos fundadores da Embrapa. Fui Senadora para fazer a diferença e sei que fiz. Fui Senadora para ser diferente e sei que fui. Fui Senadora para provocar mudanças e sei que as mudanças aconteceram. Ter feito parte da história do Senado da República foi, sem dúvida, uma honra. Servir ao Brasil nesse Poder Legislativo foi uma benção dada por Deus, pelo Divino Espírito Santo e pelo povo do meu estado. Eu saio, mas não esqueço, estarei sempre à disposição do Congresso e à disposição do povo brasileiro e do Tocantins.

    Muitas coisas ainda precisam ser feitas, por isso o Senado continuará aqui com Rodrigo Pacheco à frente desta Casa. Não conseguimos aprovar, Senador Rodrigo Pacheco, um projeto desde 2011, ainda de autoria do Senador Jorge Bornhausen, que é o estatuto de defesa do contribuinte. Um dos lugares da República onde a democracia não chegou é na Receita Federal. O contribuinte não tem direito de absolutamente nada, a não ser o de ser condenado.

    Não aprovamos o meu projeto de lei que acaba com o lobby nocivo que deixa 86 milhões de brasileiros sem carteira de motorista, aqueles que podem ter a carteira de motorista, atendendo a um lobby nocivo que encarece, mas vai ficar aqui tramitando na Casa. E eu entrego a vocês.

    O serviço militar voluntário para mulheres, já negociado com o Exército com muita resistência. Aceitaram fazer um piloto no Tocantins e eu me submeti, mas ainda não foi iniciado. Por que não, as mulheres não podem ser convocadas para o serviço militar, a exemplo de tantos países do mundo?

    O licenciamento ambiental, a regularização fundiária e, acima de tudo, as três áreas em que nós vamos de verdade afirmar que a democracia existe. Na área da saúde, o critério de eficiência. Não há mais possibilidade de todos esses anos, 16 de Senado, seis de Câmara dos Deputados, em todas as pesquisas de opinião pública, a saúde ocupa o primeiro lugar como um serviço público péssimo. E nós não podemos mais continuar admitindo que isso aconteça, sem parâmetros, com um monte de dinheiro, porque os parâmetros de eficiência ainda não puderam ser instalados por nós. Esse é o grande desafio do próximo Presidente, Lula.

    A educação, em que nós ainda temos um exército de diretores de escolas, como no meu estado, com indicação exclusivamente política, sem nenhum critério técnico de gerência, de eficiência, pois o diretor de uma escola é como se fosse o CEO de uma micro e pequena empresa. São detalhes minuciosos, mas de que o pessoal da educação se recente. Por que não, como o Ceará, que aprimorou, e tantos outros estados, a eficiência da escola, que é o início de tudo, e nós pararmos apenas de elogiar, dizendo que a educação tem que ser nossa prioridade?

    Ressenti-me de não ter conquistado a Meta 1 da educação, que são as creches para as crianças de até cinco anos. O Plano Nacional de Educação não conversa, não fala com o Orçamento Geral da União. Nós aprovamos a lei, colocamos e impusemos ao Brasil e aos gestores públicos o cumprimento de metas, mas não garantimos adequadamente no orçamento a quantidade de dinheiro para conquistar as metas estabelecidas por nós, por nós mesmos! Desde Cristovam Buarque, Senador desta Casa, que essa discussão se arrasta.

    Por último, a mais grave de todas. Um gigante na produção de alimentos e nós voltamos a ter grande fome e grande pobreza. Esse é um dos assuntos que não é só do Senado Federal, não é só da Câmara dos Deputados, mas nós não podemos deixar que a democracia continue mancando, com uma saúde de péssima qualidade, com uma educação que precisa avançar fortemente e com a fome batendo à porta dos brasileiros. Esse é um desafio de todos nós. Claro que inclusive meu, eu que sou cidadã brasileira, além de Senadora que termina o mandato.

    Saio do Senado com absoluta convicção de que lutei pelo bem contra o mal, lutei pela paz contra a guerra, lutei por quem não tem voz e lutei mesmo quando sabia que ia perder. Lutei por objetivos, por convicções, lutei pelo Tocantins e pelo Brasil como se deve, com a verdade, com transparência e com bons propósitos. Mas a luta continua. Ainda temos uma grande jornada pela frente.

    A partir de janeiro, o Presidente Lula assume a Presidência da República e será possível iniciar uma forte reparação histórica e social desses últimos seis anos. Eu estarei na luta pelo fortalecimento da democracia, na luta pelo Estado de direito, pelos direitos sociais, na luta pelos empresários e trabalhadores do Brasil, da agropecuária, da indústria e do comércio. Seguirei pela luta pelo Brasil e pelos brasileiros. Eu não vou parar. Tenho dentro de mim um desassossego por justiça, por igualdade e por democracia viva, pragmática, uma democracia que mate a fome dos brasileiros, uma democracia que gere empregos, uma democracia que construa pontes de desigualdades.

    Simone de Beauvoir me ensinou, em seus livros, claro, que devo viver sem tempos mortos. Eu estou viva! Eu estou vivendo um tempo em que a vida deve ser cada vez mais valorizada. Aos 60 anos de idade, como eu valorizo a vida, como eu valorizo a minha estrada! Se alguém perguntar por mim, colegas, não digam que fui para casa; fui para as lutas que me encontraram há mais de 30 anos!

    Muito obrigada pela convivência, nesses 16 anos. Desejo, aos 27 novos Senadores e Senadoras que assumirão esta Casa, sorte e força para trabalhar pelo nosso povo. Desejo a esta Casa um futuro da melhor qualidade. Desejo aos Srs. e Sras. Senadoras, colegas que aqui seguirão, que procurem sempre um olhar cada dia mais atento ao povo do Brasil.

    Agradeço, mais uma vez, a Deus, à Santíssima Trindade, em que eu tenho uma fé inabalável! Agradeço à minha família pelo apoio em todos esses anos, especialmente à minha mãe e ao meu marido Moisés. Agradeço à minha equipe de trabalho do Tocantins e de Brasília, em nome do nosso soldado Oswaldo Júnior, que se encontra hoje, com problemas de saúde, mas já superando. Com a força dos colegas, com a força da personalidade que ele tem, ele voltará logo, logo mais para outro gabinete de um Senador.

    Agradeço ao povo do Tocantins a confiança, a paciência e a tolerância. Agradeço aos agricultores do Brasil o respeito conquistado. Agradeço à democracia por estar no Senado por 16 anos. Agradeço até aos adversários e aos inimigos, que me obrigaram a ser forte, determinada e até vitoriosa. Aprendi a ter coragem com os inimigos; eles nos forçam a ter coragem. Até a eles eu agradeço por tudo o que fizeram contra mim, porque foi exatamente o que fizeram contra mim que me fez ser maior a cada dia.

    Agradeço aos partidos políticos que puderam me acolher. Agradeço aos amigos, que acreditaram, alguns que até já se foram, que me impulsionaram, que me disseram que eu era boa, que me disseram que eu era valente, que me disseram que eu era competente, àqueles que andaram, por toda parte, ao meu lado, à minha frente, em muitos momentos me carregando, em momentos tão difíceis e de algumas fraquezas ou muitas fraquezas – e é nos momentos de fraqueza que Deus se faz forte e se fez forte durante toda a minha vida e a minha carreira.

    Agradeço aos Presidentes desta Casa, com quem convivi nesses 16 anos: ao grande Presidente Sarney, um amigo querido; ao Renan Calheiros, amigo do meu coração; ao Senador Eunício Oliveira; ao Senador Garibaldi; ao Senador Davi; ao Senador Rodrigo Pacheco, esse mineiro da maior qualidade, da maior estirpe, que conduziu esta Casa de maneira equilibrada, de maneira tênue, mas valente e corajosa, resistindo aos arroubos dos antidemocráticos.

    Agradeço aos servidores do Senado Federal, aos consultores, que tanto me ensinaram, aos seguranças, a todos aqueles que mantinham o nosso Senado tão bonito, tão limpo, tão brilhoso. Muito obrigada a todos vocês.

    Quero, ainda por último, Sr. Presidente, se me permite, agradecer ao Supremo Tribunal Federal por tudo o que tem feito pelo Brasil, especialmente nesses últimos dias. Não quero aqui que os meus colegas da Câmara ou do Senado sintam que há uma disputa dentro de um ringue, pois não há uma disputa de Poderes, mas todos nós estávamos vendo que alguma coisa estava errada – no íntimo, no íntimo, todos nós sabíamos que isso não poderia terminar bem. O Senado Federal colocou as coisas... O Supremo Tribunal Federal colocou as coisas no lugar, e agora seguiremos em frente, com todo o respeito ao Congresso Nacional, mas também ao Executivo e ao Supremo. Tenho certeza de que encontrará novos caminhos para apaziguar os três Poderes tão importantes para esta nação.

    Mais uma vez, muito obrigada, amigos. Vocês fiquem todos com Deus e que o Espírito Santo tenha morada na casa de cada um de vocês, no gabinete de cada um de vocês, mas, principalmente, no coração de cada um de vocês! Onde eu estiver, lembrarei de todos com carinho.

    Muito obrigada. (Palmas.)

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Senadora Kátia, em preitos de reconhecimento, suas e seus colegas desejam prestar, saudando-a, as homenagens mais do que merecidas.

    Pela ordem, S. Exa. Senador Presidente desta Casa, Rodrigo Pacheco; em seguida, Senador Acir Gurgacz e Senador Kajuru.

    Senador Pacheco.

    O Sr. Rodrigo Pacheco (Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG. Para apartear.) – Obrigado, Presidente Veneziano Vital do Rêgo. Obrigado também ao Senador Jorge Kajuru, que me cede a vez de fazer este pronunciamento.

    E me dirijo à minha querida amiga Senadora Kátia Abreu para, nesse seu pronunciamento de despedida do Senado Federal, primeiramente agradecer as palavras carinhosas e o reconhecimento feito por V. Exa. a este seu colega Senador, seja como Senador da República e ainda na qualidade de Presidente do Senado, naquilo que buscamos fazer juntos, em favor do Brasil.

    Essa admiração profunda que tenho por V. Exa. certamente é pelos seus pares, Senadores e Senadoras, pelo povo do seu Estado do Tocantins, pela trajetória pública que V. Exa. construiu, tornando-se uma referência nacional, uma política de envergadura nacional, de formação de opinião, de posições muito balizadas em relação a diversos temas. V. Exa. não focou apenas um tema nacional; V. Exa. discute de infraestrutura a desenvolvimento econômico, de agronegócio a indústria, de meio ambiente a desenvolvimento econômico sustentável. V. Exa. tem uma capacidade enorme, extraordinária, como raras vezes vi, de poder tratar com profundidade em relação a temas nacionais e sempre com muita firmeza, com uma combatividade que é muito peculiar da sua personalidade, que por vezes assusta alguns – e já assustou, por alguns momentos, este que vos fala, mas de uma forma que, na medida em que nós fomos convivendo, eu fui compreendendo que é a combatividade necessária para fazer prevalecer as suas ideias, que, em geral, em regra, são ideias assertivas e acertadas.

    Então, Senadora Kátia Abreu, receba deste seu humilde colega, que passa a ter uma responsabilidade e um compromisso com V. Exa. de dar continuidade, nesses próximos quatro anos que aqui estarei, a esse seu legado e a essas suas iniciativas, algumas já concretizadas, outras, como pontuado por V. Exa. da tribuna, ainda não concretizadas... Tenha neste que vos fala, neste seu colega, um agente de compromisso para que esse seu legado se mantenha vivo e para que essas pendências legislativas, a partir de suas ideias, a partir do seu trabalho nesses últimos anos, possam ser levadas adiante aqui no Senado Federal.

    Eu me lembro de quando discutimos a respeito do endividamento do povo brasileiro. V. Exa. assumiu essa causa, e nos reunimos, na residência do Senado, com o Presidente do Banco Central, com outros Senadores da República, o Senador Rodrigo Cunha também, para tratar de um tema a respeito do endividamento do povo brasileiro, com soluções alternativas para combater esse endividamento. Ato contínuo, discutimos licenciamento ambiental, regularização fundiária, diversos temas do agronegócio e do desenvolvimento sustentável do Brasil.

    V. Exa. teve um protagonismo muito grande nos projetos de apoio às pequenas e microempresas no Brasil, no Pronampe, que acabou se confundindo com o Senador Jorginho Mello, autor da proposição, e com V. Exa., que capitaneou e liderou o maior programa de assistência a pequenas e microempresas no Brasil, com muito vigor e com muito reconhecimento.

    Então, poderia citar aqui um sem-número de projetos, de iniciativas, de ideias que V. Exa. conduziu como uma referência extraordinária e exemplar para todos nós.

    Portanto, fica um grande legado da sua trajetória pública. Talvez fosse importante rememorar e identificar na história de quase 200 anos do Senado Federal, criado na Constituição de 1824, a primeira Constituição do Império, implantado, dois anos após, na cidade do Rio de Janeiro, em 1826, quantas mulheres, desde Princesa Isabel, que foi a primeira Senadora do Brasil, tiveram a reedição dos seus mandatos. Cinco, segundo a Senadora Kátia – eu não conheço essa história exata, mas poderíamos identificar. E V. Exa. está nesse rol muito seletivo de mulheres que representaram tão bem a política brasileira. Então, saia de cabeça erguida, com sentimento de dever cumprido, com um "até breve", porque a sua vida pública haverá de continuar.

    E, para encerrar, eu queria destacar de todo esse legado que V. Exa. construiu, de defesa do desenvolvimento econômico, de defesa de meio ambiente – e conseguiu, com muita sabedoria, compatibilizar esses dois valores, esses dois conceitos –, a defesa das pequenas e microempresas, a defesa das pautas das mulheres, um sem-número de projetos, eu quero destacar algo que V. Exa. citou quando se referiu a mim, no alto da cadeira de Presidente do Senado, no combate a arroubos antidemocráticos, para fazer prevalecer o Estado de direito e da democracia. V. Exa. nunca se furtou e nunca faltou a este Presidente com o compromisso de ajudar, de colaborar e de dar a sustentação necessária para essa defesa da democracia. Isso o Brasil deve também a V. Exa., aguerrida defensora da democracia, porque é uma democrata. Na acepção mais pura da palavra, V. Exa. é um exemplo de democrata.

    Saia, de fato, com a cabeça erguida e com o sentimento de que esta é a sua Casa. Sempre que aqui estiver, será muito bem acolhida por seus pares, que gostarão, sempre, sempre, sempre, de revê-la aqui nesta Casa.

    Muito obrigado, Senadora Kátia Abreu. (Palmas.)

    A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – Obrigada, Presidente. Fico bastante honrada com suas palavras. Vindas de V. Exa., são palavras que guardarei por toda a minha vida. Muito obrigada.

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Depois do rico depoimento do Senador Presidente Rodrigo Pacheco, passamos a palavra ao Senador Acir Gurgacz.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - GO) – Não. Sou eu...

    O Sr. Acir Gurgacz (PDT/PDT - RO) – Senadora Kátia, minha querida...

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Senador Kajuru, eu peço desculpas a V. Exa. É porque o Senador Rodrigo e o Senador Acir Gurgacz terão que se ausentar e, como bem sabedores que somos da sua...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - GO) – Os dois podem passar por cima de mim, não tem problema, não. 

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Não, não é uma questão de passar...

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - GO) – O duro seria se eu não gostasse dos dois!

    O SR. RODRIGO PACHECO (Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MG) – Eu agradeço a gentileza do Senador Kajuru...

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Obrigado, Senador Kajuru.

    O Sr. Acir Gurgacz (PDT/PDT - RO. Para apartear.) – Peço desculpas, Senador Kajuru, agradecendo, mais uma vez, a V. Exa.

    Kátia, me permita chamá-la de Kátia, não de Excelência, mas de minha amiga, Senadora Kátia Abreu.

    Você me ensinou muito aqui, nesta Casa, e estendeu a mão a este seu colega várias e várias vezes – e não só a mim, mas acredito que a todos aqui no Senado Federal.

    Kajuru, quando a Kátia ficou uns dias sem vir aqui, parecia que o Plenário era outro, mais calmo, mais quieto! (Risos.)

    Aí a Kátia chega e bota fogo aqui no Plenário, positivamente, nos trazendo sempre informações novas, sempre atualizadíssimas, nos trazendo sempre as novidades que acontecem no país e fora do país também.

    De tudo aquilo que você falou aqui que você fez e do que o nosso Presidente também colocou, eu destaco uma coisa em que eu lhe acompanhei e que faço questão de colocar: a sua preocupação com as pessoas. Essa é uma característica do seu trabalho. Seja na agricultura, seja no meio ambiente, seja na indústria, seja nas relações exteriores, a sua cabeça está focada nas pessoas, principalmente nas pessoas que mais precisam. A justiça é uma marca do seu trabalho. E a sua dedicação é uma coisa incomparável, dedicação àquilo que é correto, àquilo que é certo, àquilo que é bom para a população brasileira.

    Eu não apenas a parabenizo como lhe agradeço por fazer parte dessa equipe, desse grupo junto com você nestes anos todos. Tenho certeza de que você aqui voltará em breve, muito mais em breve do que você possa imaginar...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Acir Gurgacz (PDT/PDT - RO) – Porque o seu trabalho não pode parar, seja aqui no Senado, seja fora do Senado. O seu compromisso com o Brasil é algo muito importante.

    Meus cumprimentos – meus e os da Ana, do Assis Neto e de toda a minha família e também de toda a família pedetista brasileira, em especial a família pedetista de Rondônia.

    Um abraço para você e um beijo no seu coração.

    A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – Obrigada, Acir. Muito obrigada, amigão.

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Senador Jorge Kajuru.

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - GO. Para apartear.) – Senadora, empregada pública, Kátia Abreu, vou começar por uma frase da sua origem: quando você está montada na verdade, você não precisa de espora – isso é a sua cara. Dessa frase eu vou para uma intelectual, de Clarice Lispector, e eu a comparo, quando ela nos ensinou o seguinte: "Eu sei exatamente o meu tamanho, nem para menos nem para mais, o meu tamanho" – cabe também em você. Terceira, vou à França, e vou com quem eu sempre li, Flaubert. Dizia ele: "Uma pessoa pode ser muito bem qualificada pela forma como ela age e pensa e, principalmente, quando ela sabe escolher os seus amigos e os seus adversários" – também é a sua cara. E finalizo, pela minha visão do último livro que li – porque eu gosto de folhear livro, de livro no meu ouvido eu estou fora –, dele, Baruch de Espinosa, Ética. E por que me faz lembrar ética falar de Kátia Abreu? Porque quando ela disputou a vaga no TCU, com Anastasia, chegou a mim e pediu o voto. Eu disse: "Eu prometi, eu fui dos primeiros a fazer compromisso com o Anastasia". Você olhou para mim, brincou e falou assim: "Kajuru, o voto é secreto". Aí eu perguntei: "Você está falando sério, Kátia?". "Claro que não, Kajuru! O voto é seu, você já o comprometeu. Pronto. Você não faria isso comigo, eu vou pedir para você fazer com um colega meu?". Isso, para mim, é ética, rigorosamente ética.

    Então, como todos definiram aqui, é só um até breve. Você é novíssima, novíssima.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - GO) – Os seus exemplos vão se arrastar pelo Tocantins enquanto ele existir, ou seja, a vida inteira. As suas palavras convenceram.

    Termino, rapidamente, dizendo que o seu olhar político é, para mim, um mar bravio onde eu aprendi a arriscar o meu navio.

    Obrigado.

    A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – Obrigada, amigo. Muito obrigada, Kajuru. Muito obrigada por tudo, pela convivência.

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Senadora Soraya Thronicke e, em seguida, o Senador Fávaro.

    Senadora Soraya.

    A Sra. Soraya Thronicke (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - MS. Para apartear. Por videoconferência.) – Senadora Kátia Abreu, como a vida é, não é? No primeiro dia, no dia da minha posse, no dia em que eu cheguei ao Senado Federal, eu já a conhecia, obviamente, você é uma mulher pública, mas naquele dia você era minha colega, a mulher da pasta. Foi algo inusitado, foi incrível e a partir dali comecei a prestar atenção em você.

    Hoje eu a tenho como uma colega, como uma amiga e um exemplo. Você me inspira de verdade. Eu gosto muito do seu jeito, da sua forma de tocar as coisas, da forma como você se envolve com paixão. A sua passagem pela CRE foi incrível. Acima de tudo, é uma mulher trabalhadeira, trabalhadora e trabalhadeira, uma trabalhadora que trabalha muito – é nesse sentido. Vejo você dedicada, apaixonada pelo que faz, os seus olhos brilham. E, quando a cutucam, você vira onça mesmo. E eu a admiro por isso, admiro a forma como você se impõe nas horas em que é necessário se impor.

    E para nós mulheres... Eu já vi muitas cenas, tenho aqui na minha cabeça muitas cenas, suas cenas em reuniões de Líderes... Então, assim, aquilo, para mim, sempre foi, a sua forma de agir sempre foi, para mim, um grande exemplo.

    Quero lhe dizer que você vai fazer falta, tá? Mas, por um outro lado, eu não acredito que você vai sair daqui de Brasília, que você vai sair da política. Eu espero que este Governo...

(Soa a campainha.)

    A Sra. Soraya Thronicke (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - MS. Por videoconferência.) – ... a honre, honre seu nome e a mantenha aqui perto de nós.

    Você é uma mulher que tem condições de ocupar muitas pastas. Até mesmo eu arrisco dizer para o Brasil inteiro que aquela pasta com a qual você não tem muita habilidade, gente, eu não dou uma semana para essa mulher se virar nos 30 e aprender tudo com uma capacidade incrível, uma paixão. E é isso.

    Eu não quero dizer tchau. Sinto muito, a gente não convive muito. Às vezes, eu sinto – sabe? – o cheiro da comida, às vezes, sobe aqui no meu apartamento, do seu esposo, que é excelente de cozinha. Esses dias foi uma moqueca se eu não me engano, tá? Mas, Kátia, não sai daqui de perto da gente, não. Tenho no Irajá, no seu filho, um grande amigo e só para dizer: vocês são incríveis – incríveis! Quem os conhece de perto sabe muito bem disso e o Brasil tem que saber cada vez mais.

    Olha, um abraço. Não some, não, tá? É só um tchauzinho rápido, mas eu tenho certeza de que o Brasil precisa de você e Tocantins também.

    A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – Obrigada, Soraya. Você sempre foi uma pessoa muito amiga, muito dedicada, muito calorosa, desde o primeiro dia em que chegou aqui. Eu quero parabenizá-la pelo seu trabalho, inclusive na candidatura à Presidência da República. Teve coragem, teve fé.

    Muito obrigada por tudo.

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Obrigado, Senadora Soraya.

    Senador Carlos Fávaro; em seguida, Senador Eduardo Gomes, Senador Plínio Valério.

    Senador Carlos Fávaro.

    O Sr. Carlos Fávaro (Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - MT. Para apartear.) – Obrigado, Sr. Presidente.

    Senadora Kátia, eu subscrevo, antes de mais nada, todos os elogios que recebeu nesta tarde e em toda a sua vida. E quero falar de admiração.

    Ainda antes de eu estar na vida pública, eu militava no associativismo de classe e tinha em V. Exa. a inspiração, a Presidente da CNA, mulher guerreira, forte, que superou os preconceitos. Eu imagino quantos preconceitos numa atividade machista, só de homens praticamente, a senhora, Presidente do Sindicato Rural, Presidente da Federação do seu Estado e da Confederação Nacional da Agricultura, de mão forte, mas coração sempre amigo. E eu estava lá, no meu Estado de Mato Grosso, no associativismo, na Famato, na Aprosoja, e sempre a admirei.

    Ter a oportunidade de conviver esses anos aqui, aprender com V. Exa., ter a oportunidade de estar dando seguimento ao seu trabalho, ao seu legado no agronegócio me orgulha muito.

    Minha vizinha querida, também do cheiro bom de comida, pode ter certeza de que nós vamos caminhar muito.

    É um até breve para você voltar para esta Casa em 2026.

    Um beijo no coração.

    A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – Obrigada, Fávaro.

    Eu tenho certeza de que os produtores rurais do Mato Grosso só têm motivos para se orgulhar e admirar a sua performance aqui. Você sempre foi leal e correto com a agropecuária brasileira e, portanto, de Mato Grosso.

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Senador Plínio Valério, por obséquio.

    O Sr. Plínio Valério (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSDB - AM. Para apartear.) – Senadora Kátia, nós, nesses quatro anos, não navegamos no mesmo barco, mas viemos juntos no mesmo rio sempre, sempre.

    Divergências à parte, hoje eu entendo de onde vem a sua tranquilidade de enfrentar o resultado das urnas. É a tranquilidade de uma vencedora, de quem cumpriu o seu dever, de quem combateu o bom combate. Eu acho que, se o seu nome não fosse Abreu, seria combatividade, com certeza, eu não tenho dúvida quanto a isso.

    Eu não podia perder este momento de saudar, no seu discurso, uma guerreira, guerreira! Eu acho que a palavra que mais a qualifica, que mais a identifica é guerreira. A senhora é uma guerreira que não está se despedindo, mas está fazendo um discurso meio que despedida da gente, pelo menos por alguns meses, alguns anos, e eu quero falar exatamente disso, dessa admiração que a gente tem quando percebe na pessoa aquele espírito, aquela sede de justiça, aquela vontade de fazer o correto.

    Eu vou sentir a sua falta, vou sentir muito a sua falta aqui. Seja feliz! Muitas felicidades!

    A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – Obrigada, Plínio. Muito obrigada pela convivência e muito obrigada por suas palavras.

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Obrigado, Senador Plínio.

    Senador Luis Carlos Heinze e, em seguida, o Senador Jean Paul Prates.

    O Sr. Luis Carlos Heinze (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - RS. Para apartear.) – Kátia, como dizia o nosso amigo Moka, "mulherzinha antenada essa Kátia". (Risos.)

    Moka, Lupion, Caiado, a turma lá de 1999, chegamos juntos aqui. Você era Deputada. Depois, trabalhamos naquela nossa Comissão de Agricultura, você se torna a Presidente da nossa Frente Parlamentar da Agricultura e, aí, alçou voo para chegar onde chegou: Ministra da Agricultura.

    Parabéns pelo trabalho que você fez ao longo dessa trajetória, não apenas pelo agro, que era o seu início, a sua Tocantins, a sua Federação de Agricultura... Antônio Ernesto, na CNA, que lhe deu também essa possibilidade de chegar a Presidente da nossa Confederação Nacional da Agricultura. Então, muita história tivemos juntos.

    Apesar de, agora, mais recentemente, estarmos em lados opostos, não deixo de te admirar pelo teu trabalho, pelo teu esforço, pelo teu empenho, tudo que fizeste pelo teu Estado de Tocantins, mas, principalmente, pelo Brasil.

    Parabéns! Sucesso na tua nova trajetória!

    Um abração! Estamos juntos.

    A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – Obrigada, Heinze.

    O apelido do Heinze na Bancada Ruralista era "arroz", por conta da sua obsessão na defesa dos arrozeiros do Rio Grande do Sul lá na Câmara dos Deputados. A gente, então, chamava-o de Heinze Arroz. Ele defendia todas as áreas, mas o arroz era a sua obsessão.

    Obrigada, meu amigo. Saudade daqueles bons tempos.

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Senador Jean Paul Prates.

    O Sr. Jean Paul Prates (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN. Para apartear.) – Minha querida amiga, Senadora Kátia, para mim é assim: é muito estranho; gratificante, mas estranho ao mesmo tempo, porque, quando eu cheguei aqui – e vou falar assim muito escorreito com você, porque é assim que a gente fala, nós todos aqui –, para mim, Kátia Abreu era um ícone, uma pessoa que, de fato, eu admirei muito principalmente pela coragem que você teve ao lado da Presidenta Dilma.

    Eu quero que você saiba que a minha decisão de me filiar a um partido político tardiamente, depois de ter passado, na juventude, pelo PDT do Brizola, na época do Rio de Janeiro ainda, deveu-se àqueles atos e àqueles momentos de coragem que eu vi. E, certamente, você contribuiu para esse ato destemido, talvez até um pouco arriscado, que eu cometi de sair de casa e me filiar ao partido da então Presidenta Dilma, por conta desses atos. E, a partir daquilo ali, você se tornou, para mim, esse ícone de combatividade e resistência.

    Depois, conversando consigo e com os colegas, percebi que você tinha toda uma trajetória de construção fantástica, maravilhosa, de mulher, de empresária, de mãe, de política, de gestora e, claro, Ministra, como nós todos acompanhamos. E aí ainda ficou mais distante a diferença, a distância, até que eu vim a ser Relator das ferrovias e comecei a conversar com Kátia de trabalho, de coisas específicas.

    E aí conheci uma terceira variante, uma terceira faceta, que é essa da pessoa que é combativa, mas que não atropela. A pessoa que não vem com argumento bocó de dizer que vai crescer o país, vai dar emprego. Qualquer coisa dá emprego, qualquer coisa faz crescer o país de alguma forma, esse é um argumento que vale para 90% das coisas que a gente faz aqui, dependendo do viés que a pessoa quiser dar. Mas Kátia, não. Ela se dedicou... Aliás, antes disso, houve várias propostas...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Jean Paul Prates (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – ... de Liderança que a gente conversou e viu. E ela apresentava aquilo tudo organizadinho num PowerPoint, fazia... Juntava a gente lá, com o Senador Weverton uma vez fizemos uma discussão sobre os fundos setoriais. E eu vi: olha, estou aqui diante de uma colega realmente que tem toda essa trajetória política pessoal maravilhosa, é todo esse ícone, mas também... Não é que se rebaixa – porque as pessoas acham que isso é se rebaixar – ao estudar um assunto novo, a ter aula de economia, como você uma vez disse que estava tendo durante a covid. Eu disse: essa mulher, que é tudo isso para nós, de repente, está aqui dizendo humildemente isso. A pessoa podia até fazer isso. De repente, eu vou ter aula com o Kajuru de eloquência, de improviso, sobre falar e tudo, mas eu não vou dizer a ninguém. Eu vou ficar escondido lá, vou ter umas aulinhas lá. Kátia, não: "Estou tendo aulas de economia com o economista tal". Nas ferrovias, ela foi estudar o processo do acesso...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Jean Paul Prates (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – ... de franquear o acesso ao monopólio natural que a ferrovia é. E discutimos. E foi árduo? Foi. Como você mencionou no discurso, foi certamente porque havia muitas coisas que dependem desse processo também – o investidor do outro lado –, todo o marco regulatório é um choque entre usuários, Governo e quem vai investir naquele negócio que quer. Claro, é o contraponto natural do usuário que vai pagar alguma coisa.

    Então, esse choque natural nós vivemos, e, a partir daí, nos unimos sempre, mesmo às vezes divergindo em uma coisa ou outra, mas a forma como o Presidente colocou, que às vezes assusta, é uma forma importante para este Parlamento e para as mulheres deste Parlamento.

    E aí faço minha última colocação sobre a questão da Bancada Feminina, da sua participação, do motorzinho que você é junto com as demais Senadoras aqui nesta Casa para dar essa segurança e essa respeitabilidade que elas mostraram, inclusive...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O Sr. Jean Paul Prates (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – ... durante a CPI da Covid e em tantos outros momentos.

    A CPI da Covid foi histórica, porque foi uma posição conquistada, não é, Senadora Kátia? Foi luta de dizer assim "nós queremos falar", e nós, por acaso – ou não por acaso, nem sempre, porque é estrutural isso, como sabemos –, não constamos como membros da CPI. Então, "queremos falar, queremos ter representatividade", e tiveram e grandiosa, sensível, cirúrgica, para usar um termo dentro do próprio ambiente da própria CPI.

    E isso só me leva a lhe agradecer, e agradecer em nome de todos nós, em nome do Partido dos Trabalhadores e das trabalhadoras pela sua posição corajosa àquela época, porque muitos duvidavam que seria possível, e dizer: venha com a gente, esteja com a gente agora, emprestando todo esse vigor, toda essa combatividade, toda essa capacidade de aprender e de ensinar e volte logo.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Jean Paul Prates (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RN) – Obrigado, minha amiga.

    A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – Obrigada, Jean, muito obrigada. Você foi um grande Relator do marco das ferrovias, numa discussão maravilhosa aqui dentro, de que você também é um estudioso. Em tudo que você pega para fazer você demonstra conhecimento profundo.

    Foi muito bacana conviver com você esse tempo todo.

    Muito obrigada.

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Pela ordem de inscritos a apartearem a Senadora Kátia Abreu: Senador Esperidião Amin; em seguida, Senador Rogério Carvalho e Senador Chico Rodrigues.

    Senador Amin.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Para apartear. Por videoconferência.) – Sr. Presidente, está difícil de destravar aqui a imagem, mas eu acho que eu estou sendo ouvido, não?

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Estamos ao vivo, Senador Amin.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Por videoconferência.) – Mas eu não consigo destravar a imagem.

    Eu serei muito breve.

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Estamos a vê-lo à plenitude.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SC. Por videoconferência.) – É uma pena dupla, então. (Risos.)

    É uma penitência dupla que V. Exa. está pagando. Bastaria ter a voz, não é?

    Mas eu quero me dirigir à Senadora Kátia Abreu para enaltecer o seu espírito de luta e a sua exuberância na argumentação, que é própria daqueles que estão realmente encantados pela sua convicção, pela sua compreensão dos fatos e pela sua percepção dos acontecimentos.

    Diz uma velha pajada gauchesca: "O eterno não morre porque permanece vivo no lampejo primitivo de cada fato que ocorre". E cada fato que ocorre a sensibiliza, a motiva e a transforma numa lutadora que todos nós, independentemente de concordar ou não com eventual posição, temos que admirar, enaltecer e pedir que nunca deserte – isso nós sabemos que não acontecerá – da política no seu pleno sentido de percepção por todos nós.

    A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – Obrigada, Senador Amin.

    Aproveito para agradecer a sua assiduidade na Comissão de Relações Exteriores. O meu braço direito na presença, nos debates, sempre ajudando e colaborando. Eu quero parabenizá-lo por isso. Muito obrigada por tudo e pela sua ajuda na CRE: a sua experiência e a sua capacidade fizeram a diferença no nosso período na Presidência daquela Comissão.

    Muito obrigada!

    Parabéns por estar à frente da Comissão!

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Pela ordem de inscritos, Senador Rogério Carvalho.

    O Sr. Rogério Carvalho (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE. Para apartear.) – Inicialmente, Sr. Presidente, eu queria começar cumprimentando o Senador que ora não se encontra mais no Plenário, mas deve estar ouvindo: o Senador Reguffe. Eu tive que sair. Mas quero deixar aqui o nosso abraço e registrar o nosso apreço pelo Senador Reguffe, que também encerra o seu mandato.

    Mas aqui na presença da nossa companheira Kátia Abreu... Companheiras e companheiros são uma denominação que a gente usa para se referir a quem constrói jornadas juntos. E você construiu muitas jornadas neste Parlamento e fora dele, enquanto Parlamentar.

    Uma das características de V. Exa. que fica para todos nós é ter uma causa e dentro dessa causa colocar o interesse público como questão central. A política, de uma maneira geral, e a política brasileira, carece de homens e mulheres que coloquem diante de si, na atividade pública, o interesse público. E você, para dar conta da sua causa, fez com que ela caminhasse junto com o interesse público. Nenhuma causa é justa se ela não estiver pari passu com o interesse público.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Rogério Carvalho (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – O que eu posso dizer para você, Kátia, é que eu sempre a vi defendendo causas, mas essas causas estavam sempre juntas com o interesse público. Isso faz a diferença, isso qualifica você como representante das mulheres, você como representante do povo brasileiro, você como Senadora da República, você como Ministra de Estado, você como mulher que vive a vida pública e a vive na maior da sua grandeza em torno do interesse público e defendendo-o. Quem dera um dia, Senador, todos os homens e mulheres que se dispõem a vir a militar na atividade política tenham consigo o compromisso com o interesse público!

(Soa a campainha.)

    O Sr. Rogério Carvalho (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - SE) – Parabéns, Kátia, você é um exemplo de quem luta em torno do interesse público.

    Desculpe por repetir tantas vezes "interesse público", mas a gente precisa repetir, repetir, repetir, repetir, porque as pessoas perderam a noção de que tudo só faz sentido se for em função do interesse público.

    Parabéns, Kátia!

    A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – Muito bem, Senador Rogério. Parabéns. Maravilhosas as suas palavras. Acho que é motivo de exemplo para todos nós perseguir isto: causa e interesse público, espírito público. É assim que nós devemos ser sempre.

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Senador Chico Rodrigues.

    O Sr. Chico Rodrigues (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - RR. Para apartear.) – Minha querida Senadora Kátia Regina de Abreu, essa goiana de alma puramente tocantinense, que, na verdade, na sua vida pública, tem sido referência, tem dado exemplos, e também como mulher, nesse novo momento em que as mulheres ocupam espaços mais importantes na vida brasileira, como Senadora, como Ministra da Agricultura, como candidata a Vice-Presidenta da República. Então, isso já demonstra essa fibra, esse vigor e, acima de tudo, essa vontade indomável de ocupar espaços na vida brasileira, sendo inclusive uma referência para a grande maioria dos Parlamentares que aqui chegam, pela sua obstinação, pela sua coragem, pela sua capacidade de articulação e, acima de tudo, por nunca deixar que os seus méritos possam ser apenas seus; sempre dividindo-os com todo o Parlamento.

    Portanto, eu tenho certeza, Senadora Kátia, de que você tem uma longa estrada pela vida: empresária, pecuarista, agricultora, política da melhor estirpe, ou seja, o Brasil, na verdade, continua precisando de você.

    Tenho certeza de que esta Casa haverá ainda de recebê-la de braços abertos, para que você possa, de forma combativa, de forma competente e, acima de tudo, de forma patriótica, servir de referência para a política brasileira.

    Tenho certeza de que Tocantins realmente vai sentir a sua falta no Parlamento e vai devolver-lhe, quem sabe agora em 2026, a cadeira, na verdade, que é sua.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Chico Rodrigues (Bloco Parlamentar União Cristã/UNIÃO - RR) – Deus a abençoe.

    A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – Obrigada, meu amigo. Muito obrigada, um dos amigos mais antigos que eu tenho, desde a Câmara dos Deputados.

    Muito obrigada, Chico.

    O Sr. Carlos Viana (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - MG) – Sr. Presidente...

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Senador Carlos Viana.

    O Sr. Carlos Viana (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - MG. Para apartear.) – Não poderia deixar aqui também de dar o meu abraço e o até logo à Senadora Kátia Abreu e dizer do tanto que ela vai fazer falta, na firmeza dos debates, no posicionamento que sempre aqui teve.

    Eu, que a conheci arrancando das mãos do Senador Davi um caderno...

    A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – Uma pasta! (Risos.)

    O Sr. Carlos Viana (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - MG) – Uma pasta! Chegou ali, e eu falei assim: "Gente do céu, o povo do Tocantins é bravo". Mas, logo depois, ela, em boa conversa, mostrou claramente o espírito público que tem, de bons debates.

    Ela nos deixa num momento em que realmente o Parlamento vai exigir um debate muito profundo sobre as nossas funções.

    V. Exa. falou, por exemplo, sobre a questão do STF, do que eu discordo plenamente e sobre o que tenho me posicionado, aqui, com muita firmeza. O STF tem invadido competências e tem humilhado, inclusive, este Parlamento, em várias situações. E eu espero que, no ano que vem, nós, republicana e democraticamente, nos sentemos para discutir essa nova limitação e entender este momento novo por que o Brasil está passando, com o que eu concordo plenamente, mas a nossa resposta até altiva ao Parlamento.

    No debate aqui, V. Exa. vai fazer muita falta, mas eu tenho confiança de que retornará futuramente, reconhecida pelo Tocantins.

    Quero dizer também das várias vezes em que V. Exa. promoveu aqui encontros gastronômicos das várias regiões do Brasil, um deles de Minas Gerais, em que nós pudemos aqui nos servir, sob o seu comando, sob a sua batuta. Recebemos diplomatas, todas as missões estrangeiras convidadas a esta Casa. Tivemos momentos de congraçamento muito bons. Na Comissão de Relações Exteriores também, pudemos trocar ideias, pudemos conversar com aqueles que buscaram aqui no Brasil, com os Embaixadores.

    Eu aprendi muito, Senadora Kátia Abreu, e fico feliz de a senhora estar nos deixando agora de uma maneira muito altiva, muito correta. A Bíblia nos diz que o mais importante é como as coisas terminam, e não como as coisas começam.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Carlos Viana (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - MG) – E a senhora está terminando de uma maneira muito especial, com todo o nosso respeito, principalmente o meu.

    Parabéns!

    A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – Obrigada, Senador Viana, meu meio conterrâneo, mesmo porque minha família é metade mineira e metade goiano-tocantinense, toda a minha família Duarte Abreu. Eu passei boa parte da minha vida nas Minas Gerais. Foi uma riqueza conviver aqui com V. Exa., especialmente na Comissão de Relações Exteriores. Foi um prazer muito grande. Você, sempre muito educado, uma pessoa muito polida.

    E peço desculpas se, em algum momento, eu possa ter tido mais veemência nas minhas discussões.

    O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - PB) – Senadora Kátia, eu gostaria de dizer, ao término da nossa lista de oradores, que decerto sua colega, conhecedora à profundidade como a senhora sempre demonstrou ser das questões que envolvem o agronegócio, a Ministra Tereza Cristina, que vi também a cumprimentá-la, se pudesse falar regimentalmente, estaria a fazê-lo.

    Quero saudá-la e desejar as boas-vindas, proximamente, Senadora, ex-Ministra, Tereza Cristina.

    Eu quero me somar, com muita sinceridade e franqueza, às palavras que foram não apenas traduzidas, mas levadas a V. Exa., a partir do Presidente da Casa, primeiro orador a distinguir-nos com o carinho, com o reconhecimento à sua emblemática atividade política. E decerto estamos totalmente convencidos de que essa será uma rápida despedida, até em razão de sabermos, por força de todos os qualificativos que a senhora demonstrou, da sua disposição de aprender – esse é um dos pontos, entre outros valores, entre outros qualificativos que poderíamos ver, ter e reconhecer em V. Exa. – e da determinação de, sabendo que não conhece sobre algo, se dispor a estudar, à sua plenitude, e a fazer o bom combate. Esse é um ponto, entre tantos outros, que sempre nos chamou a atenção.

    Então minhas muito sinceras saudações. Todos aqui falaram sobre o seu gênio forte. Isso não é depreciativo, muito antes, pelo contrário, é de quem tem firmeza, de quem gosta de fazer o bom combate, mas sempre sem desconhecer os limites, como todos nós devemos tê-lo.

    Minhas mais sinceras referências e o até logo.

    Um abraço.

    Fique à vontade para as últimas considerações.

    A SRA. KÁTIA ABREU (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - TO) – Muito obrigada, Senador Vital do Rêgo, Vice-Presidente desta Casa. Ouço as suas palavras com muita atenção. Agradeço a convivência saudável que tivemos aqui, com seu jeito sempre muito intelectual, que nos ensinou muito na forma de falar, na forma de nos expressarmos. Eu lhe agradeço por isso.

    E, mais uma vez, agradeço a toda a Casa, a todos os colegas Senadores e Senadoras.

    Peço desculpas por momentos de efusividade, nos debates, nas discussões, mas eu aprendi muito cedo que às vezes as mulheres precisam ser mais duras, mais fortes e falar um pouco mais alto para serem ouvidas. Não é por gosto – não é, Tereza Cristina, nossa Ministra? Às vezes nós até falamos mais alto e mais forte, muito mais porque somos motivadas a isso. É muito mais fácil falar baixo e falar pouco, mas aprendi isso muito cedo, desde menina.

    Eu sou de uma família de sete irmãos homens, só eu de mulher. Então foi cedo que eu aprendi a conviver com essa tropa de homens dentro de casa e, depois, na vida pública, tanto no setor agropecuário, como no Congresso Nacional.

    Mas podem ter certeza de que mágoas e rancores eu não costumo guardar. Eu me lembro bem das coisas boas, das coisas ruins, dos caminhos por que passei, mas mágoa, rancor, ódio, não conheço essas palavras, não conheço esses sentimentos. Graças a Deus, eu tenho o poder de esquecer numa facilidade... Acho que é o Espírito Santo de Deus que faz isso, para que a gente possa continuar caminhando.

    E quantos erros também eu já cometi? Quantas falhas já tive? E quantas decepções já devo ter provocado em muitas pessoas? Então nós temos que ser tolerantes, para sermos sempre vitoriosos!

    Viva o Brasil! Vivam os brasileiros! Viva o meu Tocantins!

    Um abraço e muito obrigada.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/12/2022 - Página 72