Discurso durante a Sessão Solene, no Congresso Nacional

Discurso em Sessão Solene destinada a homenagear Ruy Barbosa, patrono do Senado Federal.

Autor
Magno Malta (PL - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Congresso Nacional
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Homenagem:
  • Discurso em Sessão Solene destinada a homenagear Ruy Barbosa, patrono do Senado Federal.
Publicação
Publicação no DCN de 02/03/2023 - Página 22
Assunto
Honorífico > Homenagem
Indexação
  • DISCURSO, SESSÃO SOLENE, HOMENAGEM POSTUMA, CENTENARIO, MORTE, RUY BARBOSA, ADVOGADO, JURISTA, POLITICO, PATRONO, SENADO.

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco/PL - ES. Para discursar. Sem revisão do orador.) – Confesso a V. Exa. que não sabia – foi um momento de fraqueza da minha parte levantar o microfone –, mas agradeço-lhe a benevolência, e eu sei que tenho o apoio do capoeirista Otto Alencar, discípulo de Mestre Bimba; o filho está ali.

    Como eu sou conterrâneo de Otto, lá na Bahia, certamente não deixaria de falar neste dia para um sujeito que tem Ruy Barbosa, como baiano, seu conterrâneo. Eu, em uma época, fiz um esforço, Sr. Presidente, para ir a Haia, nosso 1º Secretário aí. Fui tirar uma foto ao lado do busto de Ruy e fui impedido pela segurança. Eu, sem falar inglês, dizia: eu sou baiano, eu sou baiano. Ele é da minha terra. E o cara blá-blá-blá; e tiraram-me. Tiraram-me e eu bati uma foto troncha lá.

    Ruy Barbosa, ainda que nada se saiba sobre ele...O senso de justiça aguçado de Ruy fez com que ele se tornasse patrono desta Casa. Outros passaram por aqui e poderiam também, mas ele era um homem diferenciado para o seu tempo e até com um quê de profeta nas suas palavras e na vida que viveu.

    Por exemplo, numa reunião como esta...E aqui agradeço, mais uma vez, ao Presidente Pacheco por ter me dado um minuto, e ele falou um minuto. Confesso ao senhor que não tenho a capacidade de síntese do Senador Suplicy, com quem convivi – o Rogério está rindo, não sei se é porque Suplicy resume bem – mas eu não tenho condição, como ele.

    Eu tenho em Ruy a minha inspiração, porque sonhei ser advogado, a minha vida inteira. Tive o prazer de ser Senador e de ser presidido por essa lenda que está aí do seu lado, José Sarney, por dois mandatos, e o abraço, eu o cumprimento, mas Ruy se tornou Ruy pelo senso aguçado de justiça. E pelo senso aguçado de justiça, de visão de vida e de liberdade é que todos nós estamos aqui.

    Eu estava ouvindo o discurso do aluno do Mestre Bimba, do seu filho, o Otto – e eu estou falando a verdade, ele é discípulo de Mestre Bimba. Ele falou algumas frases ditas por Ruy e outros devem ter falado também. Há algumas que me tocam, que me movem, porque parece que Ruy falou isso este mês, que falou ontem. Uma das coisas de que eu mais gosto, senhores, é que Ruy disse: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar da virtude, a rir-se da honra, a ter vergonha de ser honesto". Rui Barbosa falou isso. Uma outra coisa que ele falou: "Onde quer que haja um direito individual violado, há de haver um recurso judicial para debelação da injustiça; este o princípio fundamental de todas as constituições livres".

    Era um homem religioso, conservador:

Oração e trabalho são os recursos mais poderosos na criação moral do homem. A oração é o íntimo sublimar-se d'alma pelo contato com Deus. O trabalho é o inteirar, o desenvolver, o apurar das energias do corpo e do espírito, mediante a ação contínua [...] sobre si mesmos e sobre o mundo onde labutamos.

    Também é de Ruy essa frase: “A pior ditadura é a ditadura do Poder Judiciário. Contra ela, não há a quem recorrer.”

    Hoje é um dia grande para o patrono desta Casa, para o povo brasileiro e para nós, baianos, que temos o privilégio de sermos conterrâneos de Ruy Barbosa.

    Obrigado pela benevolência de V. Exa. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DCN de 02/03/2023 - Página 22