Pronunciamento de Eduardo Girão em 06/03/2023
Discurso durante a 4ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Contentamento pela realização de Sessão Solene no Senado Federal em homenagem ao centenário de falecimento de Ruy Barbosa.
- Autor
- Eduardo Girão (NOVO - Partido Novo/CE)
- Nome completo: Luis Eduardo Grangeiro Girão
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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Homenagem:
- Contentamento pela realização de Sessão Solene no Senado Federal em homenagem ao centenário de falecimento de Ruy Barbosa.
- Publicação
- Publicação no DSF de 07/03/2023 - Página 19
- Assunto
- Honorífico > Homenagem
- Indexação
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- SAUDAÇÃO, SESSÃO SOLENE, DESTINAÇÃO, HOMENAGEM POSTUMA, CENTENARIO, MORTE, RUY BARBOSA, ADVOGADO, JURISTA, POLITICO, PATRONO, SENADO.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para discursar.) – Muitíssimo obrigado, Sr. Presidente.
Sras. Senadoras, Srs. Senadores, funcionários desta Casa, assessores, fico muito feliz por estar aqui nesta segunda-feira, dialogando. O povo brasileiro, que está nos assistindo e que, cada vez mais, gosta de política, me deixa ainda mais, Senador Chico Rodrigues, otimista e esperançoso com o futuro da nossa nação. Hoje o brasileiro se sente, tem um sentimento de pertencimento às instituições do Brasil, à democracia e à política humana aqui na nossa terra. E eu venho falar um pouco disso.
Eu sei que, na semana passada, foi celebrado o centenário de falecimento de Ruy Barbosa, o nosso patrono. Está ali em cima; abaixo de Jesus Cristo. Eu peço até que a atenciosa equipe de cinegrafistas desta Casa mostre ali, para população, o Plenário. Quem está acima é Jesus e quem está abaixo é o busto de Ruy Barbosa, esse baiano fantástico que, na semana passada, completou cem anos de sua passagem para o mundo espiritual. E nós tivemos aqui, é bom que o povo brasileiro tome conhecimento disso, se já não soube, nós tivemos uma grande homenagem aqui. Este Plenário, em que cabe 81 Senadores, mais esta Mesa, mais assessores... Eu acho que, se somar, cabem aqui umas 200 pessoas; com as galerias ali em cima, mais umas cem pessoas, umas 300 pessoas.
E estava praticamente cheio, na semana passada, quando se celebrou o aniversário da passagem, do desencarne, do falecimento dos cem anos de Ruy Barbosa. Nós tivemos pronunciamentos do ex-Presidente José Sarney, de Senadores desta Casa, do Presidente Rodrigo Pacheco, estava presente a Ministra do Supremo, a Presidente do Supremo Tribunal Federal, Ministra Rosa Weber, e todos os pronunciamentos belíssimos, citações de frases memoráveis de Ruy Barbosa. Agora, um me chamou a atenção. O Senador "estreante'", entre aspas, que já esteve nesta Casa durante 16 anos, mas está voltando – é aquela velha história, o bom filho à Casa retorna, e ele está voltando agora –, que é o Senador Magno Malta, pediu um aparte durante a sessão em homenagem a Ruy Barbosa, semana passada, e falou, talvez verdades inconvenientes que eu falaria, só que não pude, porque estava numa reunião de bancada sobre a Transnordestina, com as bancadas do Estado do Ceará, da qual faço parte, e do Piauí, discutindo com os Governadores dos Estados. Não consegui chegar a tempo, mas o Senador Magno Malta me representou. Ele fez um discurso de um minuto e meio, Senador Nelsinho, aqui, em pé, memorável, ponderando que a pior ditadura é a ditadura do Judiciário, porque contra ela não há a quem recorrer. O Senador Magno Malta colocou de uma forma muito habilidosa e respeitosa, como tem que ser, que esse homem, esse nosso Patrono do Senado, do Plenário do Senado Federal, esse grande baiano, Ruy Barbosa, tinha sede de justiça. Era um homem que focava, tinha muito forte dentro dele o sentimento de fazer justiça e era um homem que estava à frente do seu tempo, completamente um visionário e a quem eu vou fazer um justo reconhecimento, já que naquela sessão eu não pude estar presente. Mas deixo aqui o meu registro de parabéns a esta Casa por ter feito o evento e especialmente ao Senador Magno Malta por suas colocações com relação à homenagem a esse grande brasileiro, Ruy Barbosa.
Em todas as épocas da história da humanidade sempre existiram pessoas que transcenderam o seu tempo, a grande maioria em função de algum talento específico, mas são raros aqueles que, como Ruy Barbosa, além de vários talentos, marcaram a história pelos sólidos exemplos de retidão moral.
Brasileiro, quando você puder... Eu sei que o brasileiro hoje tem que fazer muita coisa para levar o pão para casa; tem que acordar cedo, que se dedicar. Não é fácil. Mas, quando tiverem um tempo, pesquisem quem foi Rui Barbosa. É um resgate para este momento histórico de degradação moral que a gente vive no nosso país, inclusive na política brasileira.
Nascido em Salvador, na primeira metade do século XIX, ele chamou atenção pela inteligência precoce, ainda na primeira infância. Quantas vezes seus pais tiveram que interromper a atividade que a criança, com menos de dez anos, mais gostava de fazer: a leitura de livros, mesmo tarde da noite e à luz de velas! Naquela época, não se tinha a comodidade que a gente tem hoje: você vai lá – plim! – e liga a luz elétrica. Já nessa fase da vida, apresentava os sinais de alguém que se tornaria, pouco tempo depois, um dos maiores filósofos, oradores, jornalistas, advogados, juristas, diplomatas e, principalmente, políticos que este país já teve!
Nos seus 73 anos bem vividos nesta Terra, honrou, com a sua presença, esta Casa Revisora da República, o Senado Federal brasileiro, sabem por quantos anos? Por 32 anos Ruy Barbosa serviu aqui. Defensor ardoroso da causa abolicionista, da libertação dos escravos e da democracia, ele vislumbrava um Brasil livre, soberano, pacífico, próspero e, principalmente, justo no concerto das nações.
Na recém-proclamada República, Ruy Barbosa foi Ministro da Fazenda, enfrentando duras críticas em função da rigorosa austeridade no trato de tudo o que é público. Sempre reconheceu os méritos do Imperador D. Pedro II e, mesmo decepcionado com os rumos tomados pela política brasileira, nunca – repito, nunca –, Ruy Barbosa desistiu da República e da democracia.
Um dos momentos mais ricos de sua trajetória foi quando representou o Brasil na célebre Conferência de Haia, em 1907, quando o mundo se agitava, às vésperas da Primeira Guerra Mundial. De onde veio esse encantamento internacional com o nosso Ruy Barbosa? Além, é claro, de sua extraordinária oratória, foi, sem dúvida, do seu destacado posicionamento pela paz mundial. Um grande pacifista, Ruy Barbosa, Águia de Haia, foi contrário à criação de um tribunal de arbitramento internacional comandado apenas pelas maiores potências econômicas e bélicas do planeta. Alertou com firmeza que tal modelo, ao invés de pacificar o mundo, apaziguar o planeta, teria o efeito inverso, com uma corrida armamentista.
Depois de ter sido um dos fundadores da Academia Brasileira de Letras e disputado as eleições presidenciais enfrentando todo um sistema, retorna ao Senado Federal, onde trabalha pela revisão da Constituição até 1º de março de 1923, quando retorna vitorioso à pátria espiritual. Faz cem anos e poucos dias desse dia 1º de março de 1923, que, na semana passada, aqui, no Senado, nós celebramos.
Esta Casa não poderia ter, Sr. Presidente, um patrono melhor. Não. Ruy Barbosa, um grande exemplo a ser seguido por todos aqueles que veem a política como missão de vida voltada para o bem comum.
É difícil, Sr. Presidente, escolher um de seus belos e históricos pensamentos. Eu ficaria aqui horas e horas, até porque o meu avô, o meu padrinho-avô, que também já retornou para o mundo espiritual, Professor do Liceu do Ceará, Clodomir Teófilo Girão, fundou o Colégio Rui Barbosa lá em Fortaleza. O meu avô era um admirador daqueles de Ruy Barbosa. Sabia tudo da vida de Ruy Barbosa. Inclusive, participava de campeonatos nacionais na época para ver em programas quem sabia mais sobre Ruy Barbosa. O meu padrinho-avô, Prof. Clodomir Teófilo Girão, chegou em segundo lugar em um campeonato nacional com relação a isso. Agora, de todas as suas frases, de todos os seus pensamentos, peço permissão para o senhor, Presidente, para os funcionários desta Casa, assessores, para você brasileiro para mencionar aqui, diante de momentos tão críticos que a gente vive na nossa República, em que a gente está atravessando no país uma caçada à liberdade de expressão de quem pensa diferente do sistema, concluo repetindo um de seus alertas mais proféticos. Olha o que Ruy Barbosa falou naquela época. Abro aspas: "A injustiça, por ínfima que seja a criatura vitimada, revolta-me, [...] incendeia-me, roubando-me a tranquilidade e a estima pela vida".
E aí, para encerrar – vou deixar cinco minutos para o próximo orador, se tivermos ainda –, tem aquela frase que é para a gente recortar e colocar em um quadro no nosso quarto, na nossa sala ou no local de trabalho e olhar para ela todos os dias – esse homem estava à frente do seu tempo! Sabem o que Ruy Barbosa disse? Ele falou assim: "De tanto ver triunfar as nulidades, de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça, de tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto".
Sr. Presidente, muito obrigado por comandar esta sessão, onde eu faço, com todas as limitações e imperfeições, uma pequena homenagem a esse brasileiro do qual vamos precisar aqui muitas vezes durante esses anos, nos próximos anos, tendo em vista a degradação moral que a gente vê em várias instituições da nossa República. Há tanta desesperança do povo brasileiro ainda, sem saber o que vai ser do nosso país, ao ver triunfar a corrupção.
Mas eu digo para essas pessoas, para esses brasileiros: o bem sempre vence no final, e vai dar tudo certo, porque quem está no comando é aquele outro que está acima de Ruy Barbosa, que é Jesus. Este está no comando de tudo e esta nação é muito especial para Ele. Que Deus abençoe o coração do mundo e a pátria do Evangelho, que é o Brasil!
Nós vamos dar a volta por cima e que Ruy Barbosa seja o nosso exemplo de político aqui nesta Casa!
Muito obrigado, Sr. Presidente.