Discurso durante a 10ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a celebrar o Dia Internacional da Mulher e o Marco Legal da Primeira Infância.

Autor
Magno Malta (PL - Partido Liberal/ES)
Nome completo: Magno Pereira Malta
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Crianças e Adolescentes, Data Comemorativa, Mulheres:
  • Sessão Especial destinada a celebrar o Dia Internacional da Mulher e o Marco Legal da Primeira Infância.
Publicação
Publicação no DSF de 15/03/2023 - Página 28
Assuntos
Política Social > Proteção Social > Crianças e Adolescentes
Honorífico > Data Comemorativa
Política Social > Proteção Social > Mulheres
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, DESTINAÇÃO, CELEBRAÇÃO, DIA INTERNACIONAL, MULHER, IMPLANTAÇÃO, POLITICA PUBLICA, INICIO, INFANCIA.

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES. Para discursar.) – Sra. Presidente, Dia Internacional das Mulheres. Então, eu peço a V. Exa. – hoje é seu dia, quem mandam são as mulheres, e normalmente é assim – que me deixe falar aqui embaixo em vez de ir à tribuna.

    A mim me honra muito este momento. Dia Internacional das Mulheres é o dia do útero, é o dia do nascituro, é o dia da vida. Não fosse dessa forma, nós não estaríamos aqui. Há felicidade de ver o tema, no Dia internacional das Mulheres, nesta comemoração, e também se falar em primeira infância, toda a luta da minha vida.

    Nós crescemos aprendendo que criança é o futuro do Brasil. Nunca foi e não será. Criança é o presente, ou cuidamos do presente ou não teremos futuro. Aquilo que temos degradado pela sociedade afora é porque se esqueceram do presente das crianças e acharam que elas realmente eram o futuro. Adultos lúcidos, saudáveis, famílias saudáveis, cérebros saudáveis, uma sociedade absolutamente saudável, compreensiva, onde há regra da boa convivência e o respeito, é quando se trata a infância no presente, porque assim teremos adultos no futuro.

    Eu comandei, nesta Casa, a CPI da Pedofilia e descortinei para o mundo os malefícios, o sofrimento imposto pelos abusos sexuais, morais, psicológicos às crianças e pude, nesta Casa, criar uma série de leis que hoje nós não queríamos que fossem aplicadas, porque nós não queremos gente abusando de criança. Elas são aplicadas porque crianças foram abusadas.

    Mas me honra muito o fato de ser a comemoração do dia da mulher ou do dia nascituro e do dia da primeira infância. Eu trouxe, como minha convidada aqui, a Irmã Ilda, que é um símbolo de vida. Tem muitos que não creem. Vivemos na maior nação católica do mundo, uma nação de cristãos, espíritas, confissões afro, evangélicos, e essa mulher é uma coluna de fé, de perseverança, uma figura que ficou conhecida por orar pela nação, pelo país e que a mim me orgulha muito.

    Eu, Senadora Leila, perdi a minha Dadá com 57 anos de idade, minha mãe se foi muito jovem. E nada na vida é como ter mãe, ter colo. Quem já teve as suas que partiram sabe o que é essa dor, mas aquelas que estão vivas sabem o quanto isso é importante. Por isso, eu quero homenagear essa mulher que ora pelo país, que ora pela nação, pelas autoridades constituídas.

    V. Exa. falou uma coisa importante ao final do discurso da Senadora Damares. Este não é o encontro... Aqui, se esquece, é o encontro da vida e um momento em que a Bíblia diz que a quem honra honra de honrar as mulheres.

    Não tem cor ideológica para lutarmos à vida, lutarmos princípios e lutarmos às crianças.

    Trouxe as duas comandantes da Colmeia: Dra. Kamila e Ana, que são policiais judiciárias. Senadora Leila, eu acho que elas estão sem dormir até hoje – eu acho que essa cara boa é maquiagem – de tanto que essas mulheres têm lutado, com dignidade, como psicólogas, como assistentes sociais, uma carga de trabalho pesadíssima – e elas são do seu Distrito Federal. Quero dizer que a polícia judiciária do Distrito Federal tem sido de uma importância significativa, a polícia penal, para este momento que o Brasil está vivendo. Graças a Deus, estamos caminhando para dias de liberdade – dias de liberdade. Um homem não vive sem liberdade, a um homem sem liberdade é melhor a morte.

    Por isso, eu te agradeço por uma outra coisa: me deixar entrar com uma referência que quero fazer de uma comenda à Profa. Heley, que morreu queimada em Janaúba, em Minas Gerais, a terra do Presidente Pacheco. Eu estava lá, Senadora, em Janaúba. Eu vou entregar ao Presidente desta Casa, eu tive a ousadia de escrever "heroína do Brasil'. Crianças morreram na creche queimadas por um louco. Ele abraçou três crianças antes de colocar fogo nele mesmo, e ela entrou e ainda tomou duas crianças dos braços dele. Enquanto as pessoas gritavam "Sai, sai! Você está incendiada", ela voltava incendiada, voltava incendiada.

    Eu passei todos os dias lá. Fui a velórios de crianças que morreram queimadas dentro da creche. Eu fui acudir e levar um pouco do amor à família dessa heroína do Brasil. E foi muito dolorido. Ia para hospital com crianças com 90% do corpo queimados. E aí volto aos hospitais: não tem uma ala de queimados. Foi um sofrimento muito grande, porque era Janaúba, e tinha de viajar para Montes Claros. Mas essa mulher, mesmo ouvindo os gritos das pessoas lá fora – "Sai, Sai!" –, ela voltava. "Não volta!", e ela voltava. E ela deu a vida pelo presente do Brasil, que são as crianças.

    Quero, Sra. Presidente, que conheço desde que não me conhece... Eu a conheço primeiro de admirar o vôlei. Eu sou admirador da jogadora Leila. Tem algumas... Nesse esporte somos quase hegemônicos no mundo, temos o maior respeito. Aquela fase de enfrentar as cubanas, que era muito difícil, V. Exa. viveu. E eu passei a admirar o seu esposo, Emanuel, a primeira medalha de ouro no futevôlei do mundo – medalhista. Eu acho... Vou fazer uma sugestão hoje aqui: a gente podia criar um dia dos heróis do esporte.

    Dizia a Senadora Damares... O Regimento Interno da Casa prevê algumas coisas e outras não, como, por exemplo: você está numa Comissão, enquanto tem crianças morrendo; quem cuida da infância convoca o Senado; e o Presidente Pacheco tira essa Comissão para trabalhar a questão e viajar para o local. Sabe o que acontece, Senadora Leila? Vocês estão lá, mas estão tomando falta no Plenário.

    Durante essa semana, teve uma polêmica enorme no Brasil de que quem está três vezes só por semana no Plenário não está trabalhando. Isso não é verdade. Eu acabei de contar o caso de Janaúba. Eu estava em Janaúba por uma semana e estava tomando falta no Plenário, porque eu não estava sentado aqui calado, muitas vezes sem nenhum projeto, sem fazer aparte nenhum; mas o que vale é estar sentado aqui. E não é. V. Exa. muitas vezes está no gabinete, está nas Comissões, que estão funcionando agora. Ainda bem que esta sessão é solene, porque, se não fosse, eles estavam tomando falta.

    E tem outra coisa que o povo não sabe: quando toma falta, desconta-se no salário – mais que justo. Só que, quando você está na atividade parlamentar, você está trabalhando. Eu estava lá no Piauí. Fui pegar uma criança na cela de um pedófilo, penitenciária agrícola. O pai, pedófilo, foi solto, levou a criança, entregou para o pedófilo, que a escondeu debaixo da cama. Eu fui para lá e estava tomando falta aqui. Eu fui o Senador mais ausente do Senado naquele ano e fui o que mais trabalhou – para que o Brasil possa entender, aproveitando essa oportunidade.

    E quero entregar aqui, em nome de milhões de brasileiros, à irmã Ilda... Isso aqui é do coração das pessoas. A senhora não foi votada. Mulher do ano de 2003, irmã Ilda, de fé, para a senhora. Que patriotismo! (Palmas.)

    Senadora Leila, eu só sei respirar duas coisas na vida. Aqui eu estou, sou passageiro, como V. Exa. Espero que V. Exa. volte a jogar...

(Intervenção fora do microfone.)

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) – Quem sabe? Somos passageiros. Eu sou músico. Aqui estamos passageiros para servir.

    Se a causa é da criança, Jesus diz que quem como elas não se tornar não pode ver o reino de Deus. "E quem faz a um dos pequenos, a mim mesmo me faz". Quando ele dizia isto, "ensina a criança no caminho em que deve andar – diz a palavra –, que quando for grande dela não se desviará", foi o que a ciência descobriu 10 anos ou 12 anos atrás: a questão da primeira infância. Nos primeiros mil dias – um HD vazio –, tudo de ruim que você colocar vai ficar para a vida adulta. Se você colocar coisa boa, vai ficar para a vida adulta. Então, a luta da primeira infância é a nossa luta. Se há algo que não nos faz convergir, isso nos converge com força. E nós lutaremos com força, ministras, ministros, Srs. Senadores, Sras. Senadoras, Srs. Deputados e Sras. Deputadas, todos os senhores.

    E quero cumprimentar as militares aqui da Aeronáutica – eu sou da Aeronáutica –, da Marinha aqui também, da Polícia Rodoviária Federal ali. Eu acho isso muito bacana, porque não é lugar para...

    Mulher é forte demais por causa do útero. Homem é fraco. Homem arranca um dente, pega sete dias de licença porque fica andando devagarinho como se estivesse com a barriga operada; mas a mulher acabou de dar à luz e está em pé. E olha que eu sou S2 da Aeronáutica; a senhora é oficial, pode dar uma ordem em mim, e eu vou ter que acatar.

    Mas, nesse momento, estou sob a Presidência da Presidente Leila, a quem agradeço o carinho, o respeito, a vênia desse momento e até por estar sendo benevolente com a minha fala.

    Mas um dia fomos crianças e, se nós estamos hoje aqui, tentando fazer o melhor, é porque cuidaram do nosso presente, e não do nosso futuro. Esse nosso futuro é porque alguém teve cuidado. D. Dadá cuidou muito bem do meu presente, e eu me tornei esse futuro. Então vamos cuidar do presente porque aí teremos futuro para as nossas crianças.

    Que Deus abençoe o Brasil!

    Muito obrigado à mesa. Escutei o discurso de todo mundo lá no meu gabinete. Obrigado à mesa, obrigado pela colaboração. A sua fala sobre a primeira infância, querida, de significado importantíssimo! A sua fala... Não sei o seu nome, mas o meu amigo ali que eu abracei, falando das cadeirantes, das pessoas portadoras de deficiência... Deficiente é quem não tem caráter. Mas nós temos milhares de pessoas, cadeirantes, pessoas que não enxergam, mas enxergam, sabe? Que não têm olho, mas veem, sabe? Essa inclusão com esse tema é de um significado tão importante! Eu tenho três tias amputadas, de vida ativa com os filhos, com a vida, com o dia a dia, com os deveres a cumprir, com a colaboração de vida dada à sociedade em que elas vivem.

    Parabéns à mesa!

    A SRA. PRESIDENTE (Leila Barros. Bloco Parlamentar Democracia/PDT - DF) – Obrigada, Senador.

    O SR. MAGNO MALTA (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - ES) – Senadora Leila, meus parabéns! E saiba que eu sempre admirei V. Exa., admirava desde o tempo das quadras e das grandes conquistas.

    Deus abençoe o Brasil! (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/03/2023 - Página 28