Pronunciamento de Mara Gabrilli em 14/03/2023
Pela ordem durante a 11ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Defesa do direito das mulheres ao aborto.
- Autor
- Mara Gabrilli (PSD - Partido Social Democrático/SP)
- Nome completo: Mara Cristina Gabrilli
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Pela ordem
- Resumo por assunto
-
Mulheres,
Saúde:
- Defesa do direito das mulheres ao aborto.
- Publicação
- Publicação no DSF de 15/03/2023 - Página 91
- Assuntos
- Política Social > Proteção Social > Mulheres
- Política Social > Saúde
- Indexação
-
- DEFESA, DIREITO, MULHER, ABORTO.
A SRA. MARA GABRILLI (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - SP. Pela ordem.) – Obrigada, Sr. Presidente.
Eu queria fazer só um comentário, sabe, Girão? Eu estava lá no meu gabinete te ouvindo falar, Senador, e a forma como o senhor fala de mulheres que, por alguma razão nesta vida, tiveram que fazer um aborto, você fala das mulheres que cometem aborto como se elas fossem assassinas.
E eu acho que, de certa forma, você está naquele lugar, e eu não estou nem dando a minha opinião sobre aborto, mas você está julgando essas mulheres. E eu, aqui, como mulher, acredito que tem certas discussões que só as mulheres conseguem fazer. Só as mulheres têm útero. Elas têm mais propriedade para fazer essa discussão.
E eu queria lembrar também que, se a gente for avaliar, vamos avaliar, no SUS, você sabe qual é o maior índice de procedimentos do SUS? São curetagens que são feitas por abortos malsucedidos. Esse é o maior índice de procedimentos do SUS. São mulheres que, por alguma razão, apelam ao aborto. Você acha que alguma mulher quer fazer aborto? Você acha que alguma mulher tem vontade de abortar?
Alguma coisa acontece na vida dessa mulher que a leva a isso e eu não estou defendendo o aborto, mas eu estou defendendo as mulheres. Eu não admito que julguem as mulheres que abortaram. E, assim, como a gente não tem uma estrutura... E ninguém aqui está querendo mudar, porque a gente já tem uma legislação... É uma legislação que está sedimentada, é uma legislação que é séria, é uma legislação que está em uso. E é muito importante que a gente tenha essa informação de que os abortos clandestinos continuam acontecendo. E essas mulheres morrem, essas mulheres passam a ter que apelar para o SUS por conta dessas curetagens clandestinas, malsucedidas que estão tirando a vida das nossas mulheres.
Então, eu acho que, em determinados momentos, ao invés de a gente julgar a mulher, falando: "Essas mulheres que cometem aborto podem ter perigo com a circulação do corpo". Deixe-a cuidar disso. Você gostaria, por exemplo, que os homens, que as mulheres ficassem atrás dos homens, falando: "Não bebam muito, porque vocês vão ter problema no fígado, vão ter problema de circulação". E todo mundo pode beber, está provado, está aí e ninguém fica lá, regulando a vida do outro.
Então, assim, para nos referirmos às mulheres que porventura tiveram que passar por essa experiência horrorosa que é o aborto, a gente tem que se referir a essas mulheres com um pouco mais de carinho, com um pouco mais de acolhimento e com um pouco mais de respeito, tá?