Discurso durante a 18ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Considerações sobre estudo feito pelo Instituto de Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica-Ipec, sobre a polarização política no País. Destaque para a relevância do PSDB no cenário político nacional.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atividade Política, Eleições e Partidos Políticos:
  • Considerações sobre estudo feito pelo Instituto de Inteligência em Pesquisa e Consultoria Estratégica-Ipec, sobre a polarização política no País. Destaque para a relevância do PSDB no cenário político nacional.
Publicação
Publicação no DSF de 23/03/2023 - Página 25
Assuntos
Outros > Atividade Política
Outros > Eleições e Partidos Políticos
Indexação
  • COMENTARIO, ESTUDO, INSTITUTO, PESQUISA, CONSULTORIA, ESTRATEGIA, ASSUNTO, POSIÇÃO, POLITICA, PAIS, ENFASE, RELEVANCIA, PARTIDO POLITICO, PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA BRASILEIRA (PSDB), SITUAÇÃO POLITICA, BRASIL.

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PSDB - AM. Para discursar.) – Presidente, Sras. Senadoras e Srs. Senadores, portanto, eu me dirijo a todos que aqui estão para falar um pouco... todos nós, somos todos nós democratas, somos todos nós republicanos, Senadoras e Senadores.

    Sr. Presidente, eu peço aqui permissão para daqui a pouco falar um pouco do meu partido, o PSDB; introduzir o PSDB no discurso que faço agora.

    Inspira profunda reflexão pesquisa revelada há pouco que mostra, segundo esse estudo feito pelo Ipec, que mais da metade dos entrevistados desejam uma terceira via política para evitar a polarização no Brasil. Segundo o levantamento, 57% das pessoas concordam totalmente ou em parte com a afirmação de que gostariam que o país tivesse uma terceira via.

    Já 27% discordam totalmente ou em parte da afirmação. Há ainda 5% que nem concordam nem discordam e outros 11% que não souberam ou não responderam. Na verdade, apenas 18% discordam totalmente, ou seja, consideram satisfatória a atual polarização, que nos conduziu à falta de um leque maior de opções nas últimas eleições. A gente viu isso aí, o país polarizado entre direita e esquerda.

    A verdade é que, apesar dos mecanismos de natureza mais mercadológica do que política que desenharam essa polarização, contamos com alternativas para governar sem essa radicalização, que, demonstra a pesquisa do Ipec, não constitui a opção preferencial dos brasileiros essa radicalização. Essa coisa de nós e eles.

    Presidente regional do PSDB e integrante da sua executiva nacional, lembro que o partido hoje responde pelo governo de três dos estados mais importantes do país. Elegemos, o PSDB, apesar de termos tido fracasso na eleição federal, elegemos em 2020 nada menos do que 520 prefeitos, responsáveis pela administração de 34 milhões de brasileiros.

    Na Câmara dos Deputados, tem em federação com cidadania 18 representantes, a sétima bancada. E, no Senado, três representantes. Já fomos oito, quando cheguei, estamos em apenas três representantes. Reconheço que a presença no Congresso Nacional já foi maior, mas o partido mantém suas bases e, principalmente, o ideário, que o qualifica de forma significativa para o debate nacional.

    Vamos lembrar que um dos grandes temas da última campanha eleitoral – e aqui eu quero introduzir, Presidente, o PSDB –, mesmo radicalizada entre duas forças políticas, foi a formatação de programas de garantia de renda mínima para complementar a renda das famílias dos mais pobres neste país. O desenho de projetos como o Bolsa Família, de um lado, e do Auxílio Brasil, do outro, pautou grande parte do debate, assim como a busca de recursos para financiá-los.

    Exatamente por isso é muito interessante aqui lembrar que o Bolsa Família começou nos Governos do PSDB em Goiás, com o Renda Cidadã. E o então Presidente Lula, naqueles anos, só mudou o nome. A sugestão para que ele reunisse os programas de Fernando Henrique Cardoso, do PSDB, e criasse um único programa, com um só cartão, foi do PSDB. Ocorreu em 2003, por medida provisória, transformada em lei no ano seguinte.

    O Presidente daquela ocasião, o Presidente Lula, fez esse reconhecimento público na solenidade de lançamento do Bolsa Família no início de 2004. Disse textualmente – aqui eu abro aspas – o Presidente Lula: "Quero também lembrar aqui o governador Marconi Perillo, que, faça-se justiça, além de ser o governador do estado que mais tem política de renda, foi o companheiro que, na primeira reunião de governadores que tivemos, sugeriu a ideia da unificação das políticas de assistência social neste país".

    Eu estou falando, Senador Kajuru, do Renda Família. Eu estou falando de uma coisa boa. Nós seres humanos praticamos coisas boas e más. Quem iniciou políticas públicas consistentes de apoio aos pobres foi o Governo do PSDB. E é isso que eu estou mostrando aqui.

    O primeiro programa de garantia de renda mínima no país surgiu em 1993, idealizado por um Prefeito do PSDB, José Roberto Magalhães Teixeira, em Campinas. O conceito evoluiu com o Plano Real, que, na verdade, foi um grande programa de redistribuição de renda, o que foi fartamente reconhecido pela população, com a eleição de Fernando Henrique por duas vezes. Vieram depois os cartões para transferência de renda do Governo Fernando Henrique Cardoso e nos estados governados pelo PSDB, como Goiás, na gestão de Marconi Perillo. Esses programas de subsídios, como o Vale Gás e tantos outros, tiveram sequência com o Fundef, com a responsabilidade fiscal e social traduzida em moderna legislação, ainda hoje vigente, com gestões eficientes, hoje tão citados por sucessivos governos.

    O PSDB, portanto, tem o que mostrar. E é isso que eu quero dizer aqui à população brasileira, meu amigo Kajuru, aproveitando essa pesquisa: 58% não concorda com essa polarização. E eu quero dizer que nós do PSDB temos um passado a mostrar, com conquistas, principalmente nessa questão de complemento de renda. E que nós temos um futuro pela frente, claro: nos reorganizar, nos reinventar. Mas baseado exatamente em que mais da metade da população brasileira não concorda com essa polarização.

    O PSDB, portanto, tem o que mostrar. E mais do que isso, tem potencial para desenvolver um novo programa nacional capaz de ultrapassar essa polarização que hoje encontra repúdio, agora comprovado na pesquisa.

    E é nisso que eu introduzi o meu partido, o PSDB. Que a gente anda desgastado, reduzindo bancada, isso é notório, porque cometemos o pecado mortal – cometemos o pecado mortal – de não apresentar, de não disputar a eleição majoritária. Cometemos um erro que a história não perdoa, não vai perdoar – por isso, a gente tem que se reinventar –, o de não ter apresentado um candidato nosso, do PSDB, na disputa pela Presidência da República. Não apresentamos, apoiamos o PSDB e nos demos muito mal.

    Então, essa é reflexão que faço aqui, meu amigo, Senador Girão – é um prazer enorme estar discursando e sendo presidido pelo senhor. Esta é a reflexão que faço: é colocar o PSDB aqui no palco, aqui na pauta, para que nós possamos discutir, também, o que há para mostrar.

    Eu falei isso, Kajuru, porque... Qual foi o grande mote da campanha passada? Bolsonaro de um lado e Lula do outro, e, pode ver, era a renda: complemento de renda, Bolsa Família, era isso e era aquilo. E quem criou, quem introduziu isso, foi o PSDB, ou seja, é uma grande conquista.

    Eu quero dizer, enfim, que o PSDB... Nós estamos baqueados, sofremos muito com a eleição passada, mas estamos de pé, procurando nos reinventar e buscar uma alternativa. Mais do que buscar uma alternativa, precisamos ser essa alternativa para o povo brasileiro, porque nós temos credenciais para isso, temos um passado que nos credencia para isso. E a história precisa, neste momento, ser contada e, quem sabe, até recontada.

    Encerro, Presidente...

    O meu amigo, Senador Kajuru, quer um aparte. Eu concedo e encerro o meu discurso, Presidente.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Pela ordem.) – Amigo Plínio Valério, você é fora da curva no PSDB. Não se compare, você é diferenciado. Agora, desculpe-me, você me deixou triste, porque você é meu amigo e você me lembrou de alguém que violentou a minha família, que violentou a minha emissora de rádio, que foi cassada.

    O seu PSDB precisa procurar nomes, porque, se pensar em nomes como o de Marconi Perillo, que já esteve em camburão... Plínio nunca esteve e nunca vai estar em camburão, na cadeia. Você vai pensar em quem? Em Aécio Neves? A irmã dele também esteve em camburão, na cadeia. Portanto, o PSDB – é preciso reconhecer – perdeu muito a sua força lá de trás quando você se lembra dos anos 2000. Aí sim, aí você vem com Geraldo Alckmin, com Mário Covas, enfim, com tantos nomes. Com Tasso Jereissati, até hoje no PSDB. Agora, o PSDB ainda mantém em seu quadro nomes que mancham o partido, com história triste. Repito, com história de camburão.

    Mas respeito a sua opinião. Claro que fiquei ferido, mas entendo. Você quis dar valor...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Jorge Kajuru (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – ... ao que aconteceu, a um fato. Só que o que a pessoa fez depois, como homem público... Não dá para você lembrar de uma virtude se as falhas foram terríveis, pois nem a máfia mexe com a família, Plínio.

    Desculpe-me.

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – Eu respeito a sua opinião e a nossa amizade, acima de tudo. Mas eu estou lembrando aqui um fato, uma coisa criada pelo PSDB. Quando eu falo em Marconi Perillo, ele é do PSDB e criou isso, exaltando.

    O senhor sabe, mais do que ninguém, o quanto eu fui solidário à sua dor e o quanto eu sou solidário à sua dor e à sua mágoa, porque ninguém mexe com família, à toa, sem pagar um grande preço. Aqui eu estou separando a política do comportamento que o Governador teve, exaltando uma criação do PSDB. O senhor tem razão quando diz que a gente perdeu muito, muitíssimo, que há falhas, que há falta de nomes.

    Portanto, aceito... Peço para não acatar o aparte do Senador Kajuru ao meu discurso. Continuamos os mesmos, eu e o senhor, nos respeitando e sendo os mesmos. Respeito a sua dor. Ponto. Nada mais merece a solidariedade e a amizade da gente do que quando alguém está sofrido, sentindo a dor – eu sou solidário a isso –, mas não posso apagar o fato de que o PSDB foi o iniciante, foi quem começou todos esses programas aí de renda família.

    Encerro, Presidente, achando que este é o momento para que nós possamos discutir, porque a pesquisa mostra que metade não quer o que aí está, essa polarização, ou seja, o povo brasileiro disse que não quer nem o Bolsonaro, nem quer o Lula. Há, portanto, todo um caminho a ser trilhado por uma terceira alternativa. E nós, como partido político, e todo partido político busca o poder, nós vamos tentar nos reerguer, nos reinventar, para chegarmos lá, para sermos uma opção. Criar um nicho, alguma coisa a que nós possamos nos dedicar e mandar mensagem para que aquela parte nos entenda. E o PSDB não se resume a um nome só. O PSDB é muito maior do que isso.

    Obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 23/03/2023 - Página 25