Pronunciamento de Zequinha Marinho em 29/03/2023
Discurso durante a 22ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Censura ao Governo Federal pelo tratamento dispensado ao agronegócio. Necessidade de construção de um entendimento entre o setor agropecuário e o governamental. Registro da importância do Plano Nacional de Fertilizantes como uma maneira de diminuir a dependência de insumos agrícolas internacionais.
- Autor
- Zequinha Marinho (PL - Partido Liberal/PA)
- Nome completo: José da Cruz Marinho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Agropecuária e Abastecimento { Agricultura , Pecuária , Aquicultura , Pesca },
Governo Federal:
- Censura ao Governo Federal pelo tratamento dispensado ao agronegócio. Necessidade de construção de um entendimento entre o setor agropecuário e o governamental. Registro da importância do Plano Nacional de Fertilizantes como uma maneira de diminuir a dependência de insumos agrícolas internacionais.
- Publicação
- Publicação no DSF de 30/03/2023 - Página 23
- Assuntos
- Economia e Desenvolvimento > Agropecuária e Abastecimento { Agricultura , Pecuária , Aquicultura , Pesca }
- Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
- Indexação
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- CENSURA, GOVERNO FEDERAL, Regularização Fundiária em Áreas Rurais na Amazônia Legal, AUSENCIA, INVESTIMENTO PUBLICO.
- IMPORTANCIA, PLANO NACIONAL, FERTILIZANTE, REDUÇÃO, DEPENDENCIA, IMPORTAÇÃO.
O SR. ZEQUINHA MARINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - PA. Para discursar.) – Muito obrigado, Presidente.
Eu retorno ao microfone da Casa, nesta oportunidade, para fazer um registro que me preocupa muito.
Nós representamos aqui a Frente Parlamentar da Agropecuária, aqui no Senado juntamente com mais 46 Senadores, que se juntam para trabalhar, para ajudar, para contribuir. Muitos são produtores rurais, outros não são, mas são simpáticos, querem fazer acontecer.
O agronegócio brasileiro é quem de fato funciona neste país, pelo braço, pela força do bravo produtor, enfrentando tudo, não só o sol quente, mas todas as peripécias de uma trajetória que, lamentavelmente, o Brasil ainda oferece.
E nós vimos a campanha do Presidente eleito depois e hoje no exercício escolher o agro para dar umas encaradas, umas pancadas. Eu não sei o porquê disso, porque é o agro que coloca o alimento na mesa, é o agro que aumenta as divisas, é o agro que exporta – hoje 52% de tudo o que se exporta neste país vem do agronegócio –, quer dizer, é um setor que contribui, que ajuda, que faz e que busca, todo dia, fazer melhor, dentro dos critérios da sustentabilidade. Às vezes não consegue tanto porque o Governo também não responde a um outro lado, como à regularização fundiária. E aí não é só o Federal. Também têm os Governos estaduais.
Bom, mais recentemente a Vice-Presidente do BNDES, Dra. Tereza Campello, trouxe à baila essa nova versão, falando de crédito subsidiado, de altos investimentos do Governo Federal, mas o agro para ela está lá embaixo. Realmente é muito chato, é muito ruim. E aí bota pano quente, evita debates e discussões.
Mas aí agora aconteceu um fato novo.
Ex-Senador desta Casa, ex-Governador do Acre vai à China e, ao chegar lá, pega pesado contra aquilo que ele representa – Presidente da Apex, que é a agência que promove as exportações brasileiras –; diante de clientes, de compradores e de consumidores, pega o agro novamente e dá muita pancada.
Nós queríamos pedir ao Governo que a gente construísse, na base do entendimento, uma relação saudável, porque eu não acredito que o Governo seja contra a produção, contra o seu país, contra aquele que quer ajudar esse país a andar, a sair da dificuldade. Qual é o outro setor que está crescendo, que está se firmando com competência, com essa força toda no Brasil? Não tem! Está todo mundo aí... O Brasil vive se desindustrializando há muito tempo. A indústria brasileira está andando de ré. Outros e outros setores estão vivendo com dificuldades. Os números das bolsas mostram as dificuldades da economia para esse ano.
Então, é a hora de a gente construir democraticamente um diálogo de entendimento. Se tivermos alguma diferença, alguma coisa, bora lavar essa roupa aqui dentro! A regra que os nossos antepassados nos dão é que roupa suja, se houver, lava-se em casa e não fora de casa.
Então, eu gostaria muito neste momento, representando aqui a Frente Parlamentar da Agropecuária, de chamar o Líder do Governo e toda a bancada para, se quiserem, dialogar sobre o que temos de errado e o que a gente pode fazer para consertar. Nós não queremos briga com ninguém, nem com o Presidente. Não queremos briga com o BNDES, não queremos briga com a Apex, não queremos briga com ninguém. Nós queremos trabalhar, produzir, desenvolver este país. Fala-se muito de fome, então a gente precisa de alimento! É claro que o custo do alimento é alto. Todo mundo sabe do valor dos insumos. Neste momento, tudo aí é importado e é em dólar e é em euro. Como se faz uma produção barata aqui no Brasil? Não tem nem jeito. Não tem nem jeito. Em vez de a gente estar querendo guerra, a gente precisa é estruturar esse setor.
Ao finalizar este pronunciamento, eu queria lembrar ao Governo que a gente precisa sair da dependência de insumos que vêm de fora, não só dos macronutrientes, mas de todos os outros que a gente precisa para fazer uma produção sustentável, civilizada, dentro daquilo que o mercado e as pessoas precisam, mas para isso a gente precisa de algum investimento.
O Plano Nacional de Fertilizantes está pronto. Nós dependemos de tudo quanto é macronutriente de fora. Como é que um setor importante como esse, que gera tanto emprego como esse, que representa praticamente um terço do PIB brasileiro, continua dependendo, para comprar qualquer tipo de fertilizante, lá de fora? Dá um problema no mundo, como está dando neste momento lá na Europa, com relação à Rússia e à Ucrânia, e aí lá se vai, encerra, para. Vem um problema de logística em outra região do mundo e é a mesma coisa.
Então, gostaria de pedir aqui: se o Governo realmente quer fazer alguma coisa pelo agro, não brigue com o agro, mas nos ajude a construir nessa área dos insumos para a agricultura e para a pecuária uma política em que, mesmo que de médio e longo prazo, a gente possa vislumbrar lá no final do túnel a possibilidade de diminuirmos essa dependência internacional. Isso, sim, para a gente, é muito importante. E, se tiver alguma coisa a ser consertada, alinhada, vamos sentar civilizada e democraticamente e vamos fazer esse alinhamento. "Ah, mas a agenda tal...". Bom, vamos ver quem são realmente os culpados pelas agendas tal e tal não estarem batendo. Será que é o produtor lá na ponta? Será que ele é o inimigo que não deixa a coisa rodar? Ou será que todo mundo tem uma parcela de culpa, principalmente o Governo? E colocar isso em ordem, colocar isso na pauta, e resolver tudo isso? Se a gente for contra essa fatia de brasileiros que bravamente carrega nos ombros este país, que é o produtor rural, tirar esse cara de campo, eleger esse cara como nosso adversário não é bonito, não é bom, não é recomendável, e a gente está aqui exatamente para construir essa ponte, construir esse entendimento, porque essa briga certamente não dá resultado para ninguém, mas vai dar, certamente, prejuízo para o Brasil e para cada brasileiro.
Muito obrigado, Presidente.