Discurso durante a 26ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Análise das recentes pesquisas de opinião sobre o período inicial do Governo Lula. Pedido de desculpas ao Ministro do STF Gilmar Mendes, por críticas proferidas por S. Exa. em 2019.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atuação do Senado Federal, Governo Federal:
  • Análise das recentes pesquisas de opinião sobre o período inicial do Governo Lula. Pedido de desculpas ao Ministro do STF Gilmar Mendes, por críticas proferidas por S. Exa. em 2019.
Publicação
Publicação no DSF de 13/04/2023 - Página 11
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Senado Federal
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Indexação
  • ANALISE CONJUNTURAL, INSTITUIÇÃO DE PESQUISA, FOLHA DE S.PAULO, AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO, GOVERNO FEDERAL, REDUÇÃO, POPULARIDADE, DESAPROVAÇÃO, POPULAÇÃO, GOVERNO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA.
  • COMENTARIO, REMESSA, CARTA ABERTA, AUTORIA, ORADOR, DESTINAÇÃO, GILMAR MENDES, MINISTRO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), PEDIDO, PERDÃO.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar.) – Bem, inicialmente, amigo mais do que querido e respeitado, Senador da minha amada Alagoas, Rodrigo Cunha, que prazer ser o primeiro a falar, como sempre, pois tenho este prazer de tê-lo na Presidência desta sessão.

    Brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, todos e todas acompanhando pela TV Senado, Agência Senado, Rádio Senado e rede sociais, Deus e saúde, pátria amada.

    O meu assunto hoje, 12 de abril de 2023, são as recentes pesquisas de opinião sobre o período inicial do atual Governo. O Datafolha – e trabalhei como colunista da Folha de S.Paulo por vários anos, conheço e avalizo esse instituto –, no final de março, mostrou que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva completou os primeiros três meses de mandato com aprovação de 38%, índice parecido com o que foi levantado no início de abril pelo Ipec, ex-Ibope, 39%.

    Lula tem o início de Governo com popularidade abaixo da alcançada nas duas vezes anteriores em que foi Presidente da República, fato que não chega a surpreender, durante e diante do que foi a última disputa eleitoral e da situação em que ele encontrou o Brasil.

    Nos primeiros três meses de 2003, a aprovação do Presidente Lula foi de 43%, subindo para 48% no início de 2007. Pesquisas de opinião, sabemos, são retratos de momento, e não antevisão de futuro. Vale lembrar de Fernando Henrique Cardoso e Lula foram reeleitos, mas apenas um deles conseguiu fazer o sucessor, no caso, sucessora: Dilma Rousseff.

    Em contrapartida, as pesquisas não podem ser desdenhadas; servem como alertas. A desaprovação a Lula, segundo o Ipec, é de 26%. Na Pesquisa Datafolha, ela era e é maior, chega a 29% – índice semelhante, dentro da margem de erro, aos 30% registrados no início do Governo Bolsonaro, o pior desempenho entre Presidentes em primeiro mandato, desde a redemocratização de 1985. Tal aspecto foi bastante destacado pela mídia na divulgação da Pesquisa Datafolha, embora ele não possa ser dissociado do outro dado relevante. Qual? A aprovação do Presidente anterior, no mesmo período de 90 dias, era menor: 32%, contra os 38% de Lula, agora.

    Creio ser importante assinalar também que o Presidente Lula mantém a confiança entre aqueles que o elegeram. O Datafolha mostra que, entre os nordestinos, Lula tem 53% de "ótimo" e "bom"; já o Ipec aponta uma aprovação de 53% entre os que ganham até um salário mínimo.

    Outra curiosidade: os que consideram o Governo Lula "3" regular – nem aprovam, nem desaprovam – são 30%, tanto no Datafolha quanto no Ipec, indicativo de que existe uma parcela significativa de brasileiros a ser conquistada pelo Governo. Para tanto, será preciso fazer mais, sobretudo na Economia, pois as duas pesquisas apontam, como o calcanhar de Aquiles, no início do atual Governo. Isso tem muito a ver com as consequências da derrubada do teto de gastos na gestão anterior, o que será corrigido pelo atual Governo com a nova regra fiscal e a consequente devolução da confiança aos investimentos, Presidente Rodrigo Cunha.

    Há outros sinais positivos, como a estimativa de déficit inferior ao previsto no orçamento e a queda no índice de inflação registrada em março. Por isso, não tenho dúvida de que as futuras pesquisas de avaliação do Governo tendem a registrar crescimento significativo no índice de aprovação.

    Terminada a pauta, peço, em tempo, e falo aqui, Senador e orgulho do Rio Grande do Sul, amigo Paulo Paim, que me conhece bem – assim como o Rodrigo, o Zezinho, da Mesa Diretora, e o Brasil inteiro, nos meus 40 anos de carreira nacional na televisão brasileira – que o que vou fazer aqui, já fiz várias vezes. Eu não tenho compromisso com o erro, quando eu erro, volto atrás. Estou falando de coração e não lendo.

    Nesses quatro anos de mandato, dirijo-me, aqui, exclusivamente, ao qualificado, juridicamente conhecedor profundo, Ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Eu já fiz a ele, durante minha carreira, tanto jornalística quanto na vida pública, várias críticas, na maioria absoluta duras, todavia respeitosas. Mas numa delas, a primeira, no início do meu mandato, em 2019... Refleti muito, ouvi meus conselheiros do Rio Grande do Sul, Pedro Simon, meu amigo Paim, que é meu conselheiro político voluntário, meu irmão José Luiz Datena, meu padrinho de casamento, o músico Ivan Lins, e tantos outros. E cheguei a uma conclusão: vou enviar uma carta aberta a ele, em que eu pedi, humildemente, de coração, em nome de minha mãe, D. Zezé, que me criou com dignidade, recebendo um salário mínimo, e dizendo a mim: "Meu filho, cabeça erguida e não tenha medo de pedir desculpas nesta vida"... Eu exagerei, eu o desrespeitei nessas críticas, em vídeo, de 2019, nas redes sociais.

    Ele foi grandioso porque aceitou o meu pedido de perdão. E eu fiz questão de justificar a ele por que eu fiquei em depressão nos dias que antecederam o meu comentário infeliz sobre sua atuação no STF. Paim sabe da história, Ronaldo Caiado sabe, Renan Calheiros é quem mais sabe, pois ele era o Ministro da Justiça, em 2000, no Governo Fernando Henrique.

    A minha ex-esposa foi, prestem atenção, literalmente, violentada, a mando de um político corrupto e que foi preso, foi para o camburão. E, na primeira noite de sua prisão, justa, por suspeita de corrupção, lavagem de dinheiro, estelionato, simplesmente – para concluir...

(Soa a campainha.)

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO) – ... foi o Ministro Gilmar Mendes quem deu a liminar para a soltura dele.

    Aquilo me aborreceu. Eu tive que iniciar psicanálise, porque a dor de um homem, que estava casado há dez anos e amando mais do que o amor é capaz, sabendo do que uma esposa passou e teve que ir embora para os Estados Unidos, traumatizada com o fato... E eu acabei descarregando tudo em cima do Ministro Gilmar Mendes. Espero que ele tenha entendido os meus motivos, que não justificam a falta de educação, desrespeito e os exageros que cometi com ele.

    Creio estar rigorosamente esclarecido.

    Agradecidíssimo, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 13/04/2023 - Página 11