Discurso durante a 28ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Preocupação com supostas movimentações políticas para dificultar a instalação da CPMI que tem como objetivo investigar os atos do dia 8 de janeiro. Questionamentos quanto ao tratamento dado aos participantes que tomaram parte nesses protestos. Inquietação com a possibilidade de inibição de futuras manifestações pacíficas no País.

Autor
Eduardo Girão (NOVO - Partido Novo/CE)
Nome completo: Luis Eduardo Grangeiro Girão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atuação do Congresso Nacional, Atuação do Judiciário, Movimento Social:
  • Preocupação com supostas movimentações políticas para dificultar a instalação da CPMI que tem como objetivo investigar os atos do dia 8 de janeiro. Questionamentos quanto ao tratamento dado aos participantes que tomaram parte nesses protestos. Inquietação com a possibilidade de inibição de futuras manifestações pacíficas no País.
Publicação
Publicação no DSF de 15/04/2023 - Página 33
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Congresso Nacional
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Judiciário
Outros > Movimento Social
Indexação
  • PREOCUPAÇÃO, POSSIBILIDADE, ATUAÇÃO, POLITICA, OBJETIVO, DIFICULDADE, INSTALAÇÃO, COMISSÃO PARLAMENTAR DE INQUERITO (CPI), REFERENCIA, INVESTIGAÇÃO, ATO, DESTRUIÇÃO, LOCAL, BRASILIA (DF), MES, JANEIRO, QUESTIONAMENTO, TRATAMENTO, GRUPO, PARTICIPAÇÃO, PROTESTO, ANALISE, INFLUENCIA, LIMITAÇÃO, FUTURO, UTILIZAÇÃO PACIFICA, MOVIMENTO SOCIAL, PAIS.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para discursar.) – Muitíssimo obrigado, Senador Presidente Styvenson Valentim, do Rio Grande do Norte.

    Em primeiro lugar, quero agradecer à população do Rio Grande do Norte. Quem estiver nos assistindo, os potiguares que estiverem nos acompanhando, parabéns por terem trazido este grande Senador aqui para esta Casa – ele tem feito a diferença, homem do bem, íntegro, cuja vontade é servir aqui nesta Casa. Assim como o Senador Izalci, também, quero parabenizá-lo – aqui presente, sempre presente –, é um trator para trabalhar nesta Casa.

    Fico muito honrado em estar ao lado de pessoas como vocês, que se dedicam para servir ao próximo, para servir aos seus estados e ao Brasil, também.

    Eu quero desejar já uma boa tarde – agora é meio-dia e dez – a todos os assessores, aos funcionários desta Casa, aos brasileiros que estão nos acompanhando pelas redes sociais da TV Senado – da minha rede social, também, que está transmitindo –, da Agência Senado, da Rádio Senado, enfim, de todos os veículos aqui da Casa revisora da República.

    Olhem, eu não poderia deixar de falar, nesta sexta-feira, Senador Izalci – e o senhor já até antecipou um pouco disso, como sempre preocupado com a justiça –, sobre essa movimentação estranha que está acontecendo nos bastidores do Congresso Nacional.

    E você, brasileiro, vai ter um papel fundamental no desfecho disso, por isso que te peço um pouco de atenção no que vou falar.

    Essas movimentações estranhas, que alguns Parlamentares estão denunciando, são sobre uma retirada em massa de assinaturas horas antes da instalação da tão esperada CPMI dos atos do dia 8 de janeiro. O que é que aconteceu, afinal, naquele fatídico dia em que, todo mundo lembra, invadiram aqui, inclusive, o Senado Federal – este espaço em que a gente está quebraram e tal –, que invadiram a Câmara dos Deputados, que invadiram o Palácio do Planalto, o Supremo Tribunal Federal? O que foi que aconteceu naquele dia? Por que aqueles políticos...?

     Por que este Governo Lula, que se dizia vítima de tudo isso – porque seria um golpe que queriam dar, de Estado –, não quer mais investigar? Eu nunca vi na minha vida, sinceramente, alguém que se diz vítima de alguma coisa, que tem a possibilidade de investigar a fundo e não quer mais investigação, e aqueles que são chamados de terroristas estão trabalhando fortemente para que seja investigado. Não está estranho isso? Isso não bate, não bate, não bate. E um Governo que sempre defendeu a CPMI. Eu já vi entrevista do Lula dizendo, várias vezes: "Ah não, tem que ter CPI. Isso é um instrumento da minoria. Por que não ter CPI?" E criticou outros Presidentes que não queriam CPI. E agora ele não quer? Não está estranho isso?

    Eu vou mostrar alguns dados de por que eu acho que ele não quer, por que o brasileiro, você que está nos ouvindo, nos assistindo agora, já entendeu por que o Governo não quer. Mas olha, eu quero começar pelo Senado, que é de onde eu estou falando agora com vocês, que é para onde eu fui eleito pelo povo do Ceará, com a bondade do cearense, com a graça de Deus, para cumprir esta missão que, para mim, é uma missão de vida. Eu quero começar pelo Senado, Sr. Presidente, porque pedi à Presidência desta Casa, em um ofício da Bancada federal do Partido Novo, assinado por mim e pelos Parlamentares federais, lá da Câmara, Adriana Ventura, Gilson Marques e Marcel Van Hattem, o acesso a todos os registros dos circuitos internos do Senado Federal para o esclarecimento imparcial dos fatos ocorridos no dia 8 de janeiro.

    Até o presente momento, nós não recebemos da Casa a íntegra das gravações e imagens geradas pelo sistema de monitoramento naquele dia. Com isso e os depoimentos da CPMI, que, se Deus quiser, vai acontecer... Porque será uma vergonha, aí sim será um golpe, aí sim será um golpe, se essa CPMI não acontecer, porque o brasileiro está pedindo, está implorando.

    Eu peço a você, brasileiro, eu faço um apelo a você, diretamente daqui, da Casa revisora da República, para você, que está em Casa, que está no seu trabalho, que está agora se deslocando para alguma atividade: em quem você votou para Deputado Federal na última eleição? Em quem você votou para o Senado, quatro anos atrás, e na última eleição? Peça a ele ou a ela, de forma respeitosa, ordeira, pacífica – se é que você quer saber a verdade –, peça a ele para assinar essa CPMI. É uma CPMI para investigar. E vai ter lá gente da oposição, gente da situação. Vai ser democrático. Mas a gente precisa saber a verdade, para responsabilizar os verdadeiros criminosos que cometeram esses atos, seja por ação ou por omissão.

    Então, Sr. Presidente, no dia 4 de abril de 2023, o Presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, afirmou para nós Senadores e para toda a sociedade brasileira, afirmou tanto para a gente como para a sociedade, que irá fazer, no próximo dia 18 de abril, a leitura do requerimento que cria a CPMI dos atos do dia 8 de janeiro, com o devido número de assinaturas de Parlamentares da Câmara dos Deputados e do Senado Federal, o que atende, perfeitamente, ao Regimento Interno. Prometeu isso o Senador Rodrigo Pacheco. Aliás, ele tinha falado para mim e para o Senador Cleitinho que seria antes, que seria entre o dia 11 e o dia 14 – e dia 14 é hoje –, entre a terça-feira e hoje, essa reunião do Congresso iria acontecer.

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – E fez um vídeo comigo e com o Senador Cleitinho, mas, depois, justificou o adiamento e se comprometeu, em virtude da viagem à China que ele fez com o Presidente Lula – estão lá os dois, juntos, com outros Senadores e Deputados –, que, no dia 18 de abril, a fazer a sessão do Congresso. E ele alertou: se estiver dentro do que é exigido pelo Regimento Interno do Senado, as assinaturas, o fato determinado, ele vai instalar.

    Aí é que está o detalhe. Nesse tempo que foi ganho, de uma semana, começaram a surgir dezenas de denúncias gravíssimas, manifestadas por alguns Deputados Federais, de que alguns Líderes estão pressionando Parlamentares a retirarem as suas assinaturas. Estava tudo, como o Senador Izalci colocou, muito quieto. Está tudo muito quieto, mas não duvidem: os bastidores estão fervilhando. Esta Casa não dorme. Aqui acontecem costuras, boas e más para a população. É aí a diferença.

    E eu quero reiterar o papel de quem está nos assistindo, para reivindicar, cobrar, enquanto é tempo – até segunda-feira –, os Parlamentares que ainda não assinaram à CPMI. E a lista é pública. Basta você pesquisar no YouTube que você vai ver quem assinou e quem não assinou, ou aqui mesmo no site do Senado e no site da Câmara. Primeiro, é pedir para quem assinou não retirar. Mas não vamos dormir no ponto, não. Vamos nos antecipar, vamos pedir àqueles que não assinaram para assinarem. Por que eles não assinaram?

    Então, Sr. Presidente, nesse caso, as 30 moedas de traição não são mais as do Sinédrio, mas, sim, as do próprio Governo Federal. Segundo os Parlamentares estão dizendo, na forma da liberação das emendas parlamentares e do oferecimento de cargos, na mais escancarada política velha do toma lá dá cá...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – E também os Deputados suplentes que assinaram estariam sendo provisoriamente substituídos pelos titulares apenas para impedir a instalação da CPMI.

    Olha só a estratégia!

    Então, redobremos a nossa atenção e fiquemos ligados, porque este Governo que está aí sempre criticou as emendas do orçamento secreto, emenda de Relator – lembra disso, na campanha, o Lula falando? – e agora, de uma forma enviesada, está fazendo a mesma coisa, porque agora é supersecreto o Orçamento.

    Custa-me acreditar nesse verdadeiro golpe. Aí, sim, é um golpe escancarado contra o cidadão de bem: o Governo agindo para a retirada de assinaturas. Custa-me acreditar não por causa da ética deste Governo – a gente conhece o modus operandi deles nos governos anteriores – mas, sim, porque o Parlamentar que, nesta atual conjuntura, retirar sua assinatura estará completamente desmoralizado perante os seus eleitores. A população não esquece, a população não vai esquecer!

    Mas para isso é bom mostrar que você está ligado desde já, porque dizem que o brasileiro tem memória curta, Senador Styvenson, muitos apostam nisso. Já ouviu falar nisso? "O brasileiro tem memória curta, na outra eleição ele nem lembra, nem lembra de como certo Parlamentar votou ou deixou de votar". Mas, não!

    Por isso eu faço esse convite a você aqui da tribuna do Senado Federal, perto desta bandeira linda que está aqui atrás de mim, que quem está assistindo pela TV Senado está vendo – quem está ouvindo pela Rádio não está –, mas dessa bandeira linda que está aqui atrás de mim: a gente precisa defender esta Nação com a verdade, com a justiça para que ela triunfe.

    Essa CPMI, Sr. Presidente, de modo algum deve ser palanque para a oposição – não, não! – como temem alguns Parlamentares da base governista.

    O que os Deputados e Senadores querem, e já assinaram 192 Deputados Federais, só bastavam 171 -– só bastavam 171 –, mas assinaram 192; e do Senado, eu acho que 38, 39 já assinaram. Dá uma margem boa nas duas Casas, mas a gente se preocupa com esses movimentos de bastidores, de retirada, porque Parlamentares estão denunciando isso na Câmara. Então o que esses Senadores e Deputados querem, esses que assinaram, é o esclarecimento dos fatos, porque mais de... Chegamos aí a 1,5 mil manifestantes que foram presos – hoje tem quase 300 –, muitos deles sem terem participado efetivamente dos atos de vandalismo e depredação do patrimônio público que nós repudiamos.

    Que deixe bem claro, Senador Izalci, Senador Styvenson, e a maioria aqui dos Senadores – posso dizer isso – não quer passar a mão na cabeça de quem errou não. Que, errou, quem depredou merece uma punição exemplar, para que nunca mais isso aconteça aqui, no Brasil. Punição exemplar, seja de direita, seja de esquerda, seja infiltrado – que o Senador Izalci traz aqui um fato novo da visita que ele fez à Papuda e ontem eu fui almoçar lá na Colmeia com agentes penitenciários – e o Senador Izalci traz um fato de que não viu lá...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – ... na visita que ele fez aos presos, aqueles – entre aspas – "infiltrados" que se viram nas imagens que ainda foram divulgadas, ele não viu essas pessoas lá. Onde é que estão aqueles que quebraram, que depredaram? Estão todos lá no presídio? Parece que não. Para onde foram? Uma CPI é o foro ideal para a gente entender porque que foram presos uns, não foram presos outros. Quem foi que mandou? Quem foi que deixou? O que a gente não pode é permitir injustiça.

    Então eu quero, para finalizar, Sr. Presidente, dizer que é preciso, muito, saber quem realmente participou disso. Precisamos identificar, responsabilizar pontualmente e não fazer como parte da mídia brasileira fez, chamando todos de terroristas. O que houve foi vandalismo de alguns e não de todos, mas injustamente todos foram tachados de terroristas e foram presos, sem que houvesse uma verificação precisa do fato – e olha que interessante – sem o devido processo legal. Muitos estão lá, e a gente recebeu vários advogados aqui, reclamando, familiares. E cadê a OAB nessas horas? Muitos reclamando que não tiveram acesso aos atos, apesar do trabalho exemplar que fez e está fazendo a Defensoria Pública. Mas tem muita coisa errada.

    O Senador Izalci trouxe que vai haver um julgamento, na próxima semana, pelo Supremo Tribunal Federal?! É o Supremo que tem a missão constitucional de resolver um caso de depredação como esse ou têm outros órgãos que deveriam se manifestar, deveriam fazer o julgamento, dando direito à defesa? Algo muito estranho tem acontecido no Brasil e que está gerando uma insegurança jurídica – que a gente já sabe – em vários setores do país.

    Eu queria falar também sobre os prejuízos de cerca de R$20 milhões desses atentados – 8 milhões no Supremo Tribunal Federal, 5 milhões no Palácio do Planalto, 4 milhões no Senado Federal e 3 milhões na Câmara dos Deputados –, que atingiram as três sedes dos Poderes da República. Nesses atos – repito que rechaçamos com veemência, cujos participantes devem ser penalizados – sabemos que a maioria dos que estão presos estavam se manifestando de forma pacífica, respaldados pelas garantias constitucionais, lá fora. Alguns nem entraram.

    Nós estivemos conversando com pessoas que chegaram depois dos atos em Brasília, foram arroladas e levadas para lá.

    Eu não sei se nesse custo... Ainda bem, Senador Izalci... Nesses custos altíssimos aqui, dá pena dos gastos que tiveram para reparar aqui mesmo, na Casa. Mas não tinha um sofá que o Presidente Lula comprou agora, não é? Ele já chegou lá? É R$68 mil o sofá. É isso? É o sofá de que está todo mundo falando aí... Não é o pai dos pobres? E ele compra um sofá, para ele usar, de 68 mil, pago com dinheiro nosso. É de cartão corporativo isso? É de licitação? É muito estranho isso que está acontecendo. Ainda bem que esse sofá não estava lá, porque era mais um custo alto.

    Durante anos, temos visto manifestações de rua com a população brasileira participando. Isso é bom! Manifestação pacífica, ordeira, é bom e tem que continuar! É um direito da população, porque ela está exercendo o seu direito constitucional da livre manifestação em todos os estados do país. Aconteceu isso várias vezes e foi importante para a mudança, no nosso país, de corrupção, de padrão de hospitais, de outros serviços públicos.

    Um dos efeitos do modo como os fatos estão ocorrendo é que parece haver alguma intenção para frear manifestações populares, para intimidar as pessoas que se manifestam. Não percebem isto, um certo controle aí: "Ó, espera aí! Manifestação?! Vou te prender!".

    Como Senador, defendo que todos possam se manifestar, seja de ideologia de direita, de esquerda, de centro, mas sempre de maneira ordeira e pacífica. Não podemos, em nome da defesa do Estado de direito democrático, inibir as manifestações de rua, nem as manifestações nos meios de comunicação, especialmente nas redes sociais, que são a única coisa que sobrou, gente. Grande parte da mídia sempre controlou a narrativa no país. O efeito das redes sociais democratizou isso.

    Quem é que está querendo controlar, hoje, a rede social? Vai sobrar para quem isso? Vai sobrar para uma manipulação da grande mídia. É óbvio que o interesse é o controle.

    Cuidado! Precisamos ter o limite. Quem é que diz que é ódio?

    Aquele professor, que, depois dos ataques à escola, em Blumenau, aquele professor lá, do mesmo estado, de Joinville, disse que os ataques tinham que acontecer mesmo. Que tem o lado bom dos ataques, foi mais ou menos isso que ele disse. Olhem que loucura!

    Esse professor, a gente precisa saber o nome dele, Senador Izalci, a gente precisa identificar. Já pedi para nossa assessoria ver. Parece que tem umas ONGs aí querendo proteger. Por quê? Porque ele criminalizou, sabem o que também, nesse discurso de ódio? Isto é discurso de ódio: dizer que um ataque desse tem algum respaldo, que é importante porque a população cresceu muito.

    Outra coisa: sabem o que ele falou? Ele debochou das religiões, segundo alunos. Debochou da religião!

    Aí pode. Aí permitem que não se falem o nome dele.

    Tem que ter muito cuidado em relação ao que está por trás. Alguns oportunistas podem estar tramando para calar a população, especialmente quem pensa diferente do sistema.

    O que tem me causado cada vez mais estranheza é o fato de o Governo Lula, que deveria ser o primeiro interessado nas investigações – e o foi no início, podem lembrar, voltem a fita aí do dia 8, do dia 9 –, hoje, já não querer mais. O grupo deles, de Senadores e Deputados, não quer mais, porque o Governo Lula tem se empenhado muito para inviabilizar a CPMI.

    Eu cheguei a questionar, Sr. Presidente, junto com outros Parlamentares, sobre a notícia veiculada pela Folha de S.Paulo e por outros veículos de comunicação de que a Abin avisou, na véspera, para 48 órgãos federais que havia fortes indícios de que as manifestações do dia 8 de janeiro poderiam terminar com a depredação dos prédios públicos localizados na Praça dos Três Poderes – Senado, Câmara, Supremo Tribunal Federal e Palácio do Planalto.

    Essa é uma denúncia gravíssima – atenção – porque nenhuma medida adicional de segurança foi tomada pelo Governo Federal. Por que o Governo Federal não tomou? Muito pelo contrário: foram desmobilizadas forças de segurança, horas antes do ataque, pelo Governo Federal.

    Fica a pergunta: eles deixaram isso acontecer? Permitiram isso acontecer, enquanto podiam ter feito uma barreira?

    Será que é por isso que eles querem derrubar o Veto 46, do qual o Senador Izalci falou há pouco, que vai ser votado no dia 18 de abril, para deixar a polícia de braços abertos, com medo de agir a partir de agora? O que eles querem no Brasil é invasão do MST, é manifestação só para o lado deles? Não sei. Muito preocupante essa situação.

    Eu quero concluir, realmente, pedindo desculpas ao Presidente por ter exagerado um pouco, mas a única coisa que sobra para a gente, muitas vezes, é falar, é denunciar. Peço desculpas a você também, porque eu sei que eu estou me excedendo um pouco, mas a voz é o que a gente tem para defender a sociedade e aquilo em que a gente acredita. Nossa Constituição deixa explícito que a omissão de autoridade legal é igualmente criminosa em casos de ações consideradas como terroristas. Então, daí que a gente tem que fazer essa CPMI para investigar. Recentemente, foi aprovado um requerimento para o compartilhamento de todos os inquéritos policiais em investigação na corregedoria da Polícia Militar do Distrito Federal para avaliar a atuação de oficiais e praças da corporação nos atos do dia 8 de janeiro, que resultaram nos ataques que acabei de falar.

    Durante o período de intervenção do Distrito Federal, seis inquéritos – meia dúzia de inquéritos – foram abertos na Polícia Militar do Distrito Federal. Tudo precisa ficar às claras. Como destacou um jornalista que inclusive mora aqui, no Distrito Federal, no seu Distrito Federal, querido irmão Izalci, o jornalista Alexandre Garcia, que é reconhecido, renomado, com história em vários veículos de comunicação de renome, um homem íntegro, ético... Ele publicou um artigo recente na Gazeta do Povo destacando a importância da realização dessa CPMI para saber qual foi a razão, quais foram as reais motivações desses tristes acontecimentos, para evitar que isso venha a ocorrer novamente. Temos de saber porque as portas da sede dos três Poderes foram tão facilmente abertas, praticamente sem resistência, como questionou o Coronel-Comandante de Operações da PM de Brasília, em depoimento na comissão da Câmara do Distrito Federal – eles estão fazendo uma CPI lá também.

    Não pudemos usar a retórica, Senador Izalci. Eu me preocupo muito que uma manobra que possa ser feita – eu acho que é a primeira vez que estou falando isso aqui no Plenário, e espero estar errado –, que tentem transformar a CPMI, esvaziando a CPMI lá, com essa estratégia de retirar a assinatura, e deem um cala-boca para a população, sabe qual? Um pirulito para a população, para dizer que está fazendo um trabalho. Que se instale aqui no Senado Federal a CPI do dia 8. Aí vai ser uma palhaçada. Primeiro, porque a população está esperando uma CPMI. CPMI é mais robusta.

    São duas Casas que foram invadidas, depredadas, e legitimamente tem que ser Deputados e Senadores para investigar isso. Fazer uma CPI aqui é reduzir, é "dar um pirulito" para a população, é "tirar de tempo". Como a gente diz no linguajar do futebol – o senhor que é torcedor do Atlético Mineiro –, é "dar um balão" na população brasileira se for se fazer uma CPI aqui e não se fazer uma CPMI nas duas Casas. Aqui a gente sabe que é governista, aqui a gente sabe que a maioria é pró-Governo. Lá na Câmara, tem ainda um certo equilíbrio, o que é bom para a democracia, para que a verdade venha.

    Eu temo que aconteça em uma CPI aqui... E espero que o Presidente tenha a sabedoria de não fazer isso, sinceramente, porque é uma manobra deplorável, que vai apequenar mais ainda esta Casa. Tem 235 pessoas assistindo a uma sessão como esta do Senado da República do Brasil, o que já mostra como a nossa bola está baixa. Nós precisamos nos aproximar da população. Então, fazer isso é se afastar mais ainda da população, porque todo mundo vai perceber. Fazer uma CPI depois da CPI que nós tivemos, Senador Izalci, de 2021, que todo mundo viu, cujo objetivo era fazer palanque político-eleitoral para a eleição, que era no ano seguinte?! O objetivo era desgastar o Governo, não investigaram bulhufas de corrupção. Eu levei um monte de requerimentos, o senhor levou um monte de requerimentos para investigar a saúde daqui, eu levei para investigar o Nordeste, os Governadores e Prefeitos... Blindaram os políticos, blindaram os Governadores e os Prefeitos. Só quiseram a narrativa de desgastar o Governo Federal a todo custo. Uma CPI aqui é um controle do Governo. Quero deixar isso claro, antecipando para a nação.

    Sr. Presidente, o senhor me deu mais quatro minutos, mas não preciso. Eu preciso só de dois. Diminua, por favor, para a gente concluir mais rápido.

    Não podemos usar a retórica da defesa da democracia como instrumento para ameaça e coação àqueles que pensam diferentemente do Governo. É bom ter uma política divergente, faz parte da democracia, mas querem calar, intimidar, perseguir – é isso que a gente está vendo no Brasil hoje, especialmente contra os conservadores. E um detalhe: a maioria da população brasileira é conservadora – e isso é o que incomoda essa turma –, é conservadora, defende a vida, defende a família, defende princípios e valores cristãos. O exercício da democracia requer que as instituições da sociedade protejam a população de atos violentos cometidos, inclusive pelo Estado, fazendo valer a liberdade, com responsabilidade e justiça para todos. Vamos continuar fazendo a nossa parte, para que o bom senso triunfe em nossa nação.

    Por isso, encerro lembrando os apóstolos do Cristo Lucas – e aqui tem o Izalci Lucas, que tem o seu segundo nome em homenagem ao evangelista – e Marcos, abro aspas: "Não há nada oculto que não venha a ser revelado e nada escondido que não seja trazido à luz do dia".

    Que Jesus abençoe esta nação fantástica, maravilhosa que é o Brasil, que tem tudo para estar no topo do mundo, mas as brigas políticas, por ideologia... E aí ninguém aguenta mais, vamos combinar, ninguém aguenta mais isso! Essa coisa do poder pelo poder! E é por isso que eu sou contra a reeleição no Brasil, porque o cara já começa pensando lá na frente, pensando como é que ele vai se reeleger, e fica no populismo. Sou contra; voto contra; trabalho para colocar em pauta aqui a votação contra isso!

    E vamos chegar um dia, com o seu apoio, com a renovação cada vez mais das Casas Legislativas, a encaminhar os interesses da sociedade para que, em vez de 235 pessoas assistindo pelo YouTube... Eu sei que tem muito mais gente acompanhando pela TV Senado, pela Rádio Senado e pelas outras redes sociais, mas no YouTube tem 235. Que a gente possa, daqui a algum tempo, aproximando o Senado do povo brasileiro, ter um número cem ou mil vezes maior.

    Muito obrigado.

    Deus abençoe a nação!

    O SR. PRESIDENTE (Styvenson Valentim. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - RN) – Obrigado, Senador Eduardo Girão.

    Antes de encerrar, sobre a sua fala, quero dizer, quanto à CPMI, que eu assinei também, que a gente está só com três meses de atraso. Senador Izalci, a Câmara Legislativa do Distrito Federal – faz três meses, hoje é aniversário, dia 14/02 – deu abertura à CPI, com a Presidência do Chico Vigilante, do PT. Então, é, no mínimo, contraditório, Senador Eduardo Girão, o senhor vir discursar e dizer que o PT está contra a CPMI, porque está acontecendo uma distrital, de forma bem singela, de forma morna, de forma a não ter tanta divulgação na mídia, mas está acontecendo, está ocorrendo isso aí...

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Fora do microfone.) – Mas eles não assinaram aqui. O PT não assinou aqui.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 15/04/2023 - Página 33