Discurso durante a 30ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Críticas ao Governo Federal pela condução das relações internacionais do Brasil e pela visita institucional do Presidente Lula e sua comitiva à China. Censura às manifestações do Sr. João Pedro Stedile, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), pelas declarações de ocupações de terra no mês de abril do corrente. Manifestação negativa acerca do papel do BNDES em âmbito internacional. Defesa da política externa do Governo Bolsonaro.

Autor
Rogerio Marinho (PL - Partido Liberal/RN)
Nome completo: Rogério Simonetti Marinho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Governo Federal, Relações Internacionais:
  • Críticas ao Governo Federal pela condução das relações internacionais do Brasil e pela visita institucional do Presidente Lula e sua comitiva à China. Censura às manifestações do Sr. João Pedro Stedile, líder do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), pelas declarações de ocupações de terra no mês de abril do corrente. Manifestação negativa acerca do papel do BNDES em âmbito internacional. Defesa da política externa do Governo Bolsonaro.
Publicação
Publicação no DSF de 18/04/2023 - Página 14
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Relações Internacionais
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, RELAÇÕES INTERNACIONAIS, VISITA OFICIAL, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, MINISTRO DE ESTADO, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, REPUDIO, MANIFESTAÇÃO, JOÃO PEDRO STEDILE, LIDER, MOVIMENTO SOCIAL, SEM-TERRA, DECLARAÇÃO, OCUPAÇÃO, PROPRIEDADE RURAL, COMENTARIO, COMPETENCIA, BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO ECONOMICO E SOCIAL (BNDES), AMBITO INTERNACIONAL, DEFESA, POLITICA EXTERNA, JAIR BOLSONARO, EX-PRESIDENTE DA REPUBLICA.

    O SR. ROGERIO MARINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RN. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sr. Senador Izalci Lucas, funcionários do Senado e aqueles que nos acompanham pela TV Senado, eu fiz questão de vir, logo na segunda-feira falar, sobre um assunto que, simplesmente, banalizou-se nos últimos quatro dias, a partir da visita do nosso ilustre líder, Presidente Lula, à China. Foi um festival tão grande de nonsense, de platitudes, que me chamou a atenção, pelo primarismo, pelo viés ideológico enviesado, pela visão opaca, desfocada do que é a geopolítica do mundo, pelo voluntarismo, pela improvisação, por uma visão terceiro-mundista, que eu imaginava sepultada após a queda do Muro de Berlim, que nos envergonha e que nos coloca numa posição, eu diria, no mínimo, desconfortável em relação ao mundo ocidental.

    Começa levando na sua comitiva, uma grande comitiva, uma inflada comitiva, o presidente do movimento dos sem terra, que aproveita a viagem para fazer uma declaração de que sim, no mês de abril, no Abril Vermelho, eles farão invasões de propriedades privadas, como fizeram hoje numa fazenda de Pernambuco que é um centro de pesquisa da Embrapa, a maior empresa do mundo em inovação tecnológica, o que nos coloca na vanguarda da agricultura do mundo, como invadiram também propriedades privadas, sedes do Incra, isso sob a complacência das autoridades governamentais do Ministério da Justiça, que vê um cidadão como esse anunciar o crime, perpetrar o crime e não ser impedido. Nós estamos golpeando um dos pilares da nossa democracia, que é o direito à propriedade, que é um valor intrínseco de quem nós somos, como uma sociedade que cultua esses valores desde tempos imemoriais, o que está contido inclusive na nossa Constituição, Senador Styvenson.

    Nós vemos um Presidente que, certamente orientado por seus assessores, imagina a possibilidade de coroar sua vida pública com um Prêmio Nobel da Paz e, para isso, faz movimentos desconexos, movimentos desencontrados, movimentos patéticos, que na verdade o fragilizam nessa pretensão e, por via de consequência, o Brasil, que ele representa neste momento. Alguém que diz que a guerra que está acontecendo entre Rússia e Ucrânia é culpa dos dois países, afirma, e que ambos têm que parar, como quem estivesse sendo agredido, permitam-me a analogia, devesse baixar os punhos e se deixar golpear pelo agressor. Parece-me uma inversão de conceitos e de lógica que agride o bom senso e, no mínimo, constrange aqueles que o ouvem. É um Presidente que vai à China e, como pérola da nossa diplomacia, afirma que Taiwan e China são um só país, no auge de uma perspectiva de conflagração em que o maior exercício militar que a China empreende de forma dissuasória e coagindo aquele país acontece naquele momento. A nossa Constituição preceitua que os governos brasileiros não intervêm na soberania dos países, e nada me parece mais anticonstitucional do que esse tipo de declaração e de posicionamento.

    O seu conselheiro vai, o Amorim, à Venezuela com uma agenda secreta. Em seguida, viaja a Moscou e conversa com o Presidente Putin e com seus próceres. Como consequência das suas viagens, o Presidente Lula de repente passa a defender uma posição pró-Rússia, acusando a Europa e os Estados Unidos de que vendem armas à Ucrânia para que ela possa se defender, instando esses países a não o fazerem mais. Ou seja, pede que a comunidade internacional deixe o país à míngua e desarmado para ser dominado pela potência agressora.

    Senhores, nós estamos diante de desatinos. O Presidente que vai à posse na China da atual Presidente dos Brics, aliás, nós tivemos uma troca certamente que não foi muito favorável ao nosso país. O Brasil apresenta a candidatura, e assume a presidência do banco uma pessoa que certamente terá algumas dificuldades de gerir aquela instituição pelo seu passado, porque alguém que conseguiu quebrar a economia brasileira com tanta eficácia certamente não fará diferente nesse organismo multilateral. Mas o Presidente insta, incentiva a Presidente Dilma a dizer: "Não emprestem mais dinheiro ao Brasil. O Brasil já é grande o suficiente, já tem sua infraestrutura resolvida. Vamos emprestar aos países pobres, principalmente da América Latina, que precisam dessa atenção". Ora, meus senhores, países que sequer são sócios dessa instituição, o que certamente vai significar que caberá ao Brasil, proponente dessas ações, ser o fiador dessas operações temerárias em desapreço ao Tesouro Nacional e ao conjunto dos cidadãos brasileiros, a exemplo do que aconteceu na Argentina, em Cuba, na Nicarágua, em Moçambique, enfim, em tantos países que recepcionaram, que receberam generosos empréstimos por parte do Governo brasileiro pelo BNDES para suprir as suas infraestruturas e que não repuseram os empréstimos aos cofres nacionais, que foram bancados pelo Tesouro Nacional e pelo povo brasileiro.

    Nós temos hoje um Presidente que orienta o seu Presidente do BNDES a voltar a emprestar a países que são devedores do Brasil, me permitam, isso é uma insanidade. Qual banco, qual comércio que empresta a alguém que ainda deve, que está inadimplente? Parece-me que o Brasil inverte a lógica sob o Governo do Presidente Lula.

    Certamente, todos estamos nos perguntando aonde vamos chegar. Que espécie de estratégia política está sendo delineada pelo Presidente da República? A mim, parece que o Presidente está tão preocupado em se alavancar na política externa que perdeu a referência da vida real.

    Recebemos aqui navios iranianos, de uma potência que, historicamente, agride direitos humanos.

    Eu não acho que o Governo brasileiro tenha que fazer uma profissão de purismo...

(Soa a campainha.)

    O SR. ROGERIO MARINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RN) – ... até porque países não têm que ter atrelamento automático a quem quer que seja. Os países necessariamente têm que ter interesses e conveniências, mas interesses e conveniências que agradem, que ajudem, que beneficiem o povo do país, e não interesses estrangeiros de quem quer que seja.

    A ação do Presidente da República hoje é muito mais a de um ventríloquo de Putin, que defende uma nova ordem mundial baseada na anexação e na reintegração dos territórios da antiga União Soviética; que reprime a sua população; que mantém pedaços expressivos da sua população e dos seus opositores na cadeia; que impede a liberdade de expressão. Nós não podemos ser cúmplices desse tipo de atitude.

    Por isso, Sr. Presidente, pedindo apenas mais um minuto para concluir a...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. ROGERIO MARINHO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RN) – Aqui uso a tribuna do Senado da República, a Casa da Federação, para repudiar essas agressões reiteradas feitas contra uma política internacional revestida de bom senso. Poderão dizer que o Presidente Bolsonaro negociou com Putin a questão do fertilizante para manter a infraestrutura agrícola do país, é verdade; mas, em nenhum momento, o Presidente Bolsonaro tomou posição naquela guerra. E não o fez porque a tradição do Brasil é não interferir nas questões ligadas aos países vizinhos, e essa lição me parece que o Presidente Lula precisa voltar a aprender.

    Vamos fazer melhor aqui no Brasil, para não fazer tão feio lá fora.

    Muito obrigado, Sr. Presidente, Srs. Senadores.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/04/2023 - Página 14