Pronunciamento de Jaques Wagner em 18/04/2023
Presidência durante a 31ª Sessão Especial, no Senado Federal
Encerramento de sessão especial destinada a homenagear e relembrar as vítimas do holocausto em Israel, marcando o dia oficial de lembrança do Holocausto e do Heroísmo (Yom Hashoá ve Hagvurá).
- Autor
- Jaques Wagner (PT - Partido dos Trabalhadores/BA)
- Nome completo: Jaques Wagner
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Presidência
- Resumo por assunto
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Homenagem:
- Encerramento de sessão especial destinada a homenagear e relembrar as vítimas do holocausto em Israel, marcando o dia oficial de lembrança do Holocausto e do Heroísmo (Yom Hashoá ve Hagvurá).
- Publicação
- Publicação no DSF de 19/04/2023 - Página 24
- Assunto
- Honorífico > Homenagem
- Matérias referenciadas
- Indexação
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- ENCERRAMENTO, SESSÃO ESPECIAL, HOMENAGEM POSTUMA, VITIMA, HOLOCAUSTO, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL.
O SR. PRESIDENTE (Jaques Wagner. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - BA) – Agradeço o depoimento do Sr. George Legmann, emocionado, como não poderia deixar de ser, porque quem presenciou o horror, ao se lembrar, não tem como não se emocionar. E eu acho que a emoção de cada um que teve que passar pelo terror acaba contaminando e contagiando positivamente cada um de nós para que a gente possa entender que não basta condenar, é preciso resistir, é preciso não ter valentia, mas ter coragem cidadã para enfrentar qualquer afronta à democracia, qualquer manifestação de preconceito, de discriminação, seja contra quem for, porque essa é a semente do terror: ela começa com o preconceito, e a árvore que daí nasce é uma árvore de terror, de morte, de exclusão.
Eu quero também registrar a presença da Deputada Geovânia de Sá e do Coordenador-Geral da Cooperação Humanitária na Agência Brasileira de Cooperação, Ministro José Solla Vázquez Junior, representando o Embaixador Ruy Carlos Pereira.
Quero registrar também para todos os presentes, agradecendo-lhes mais uma vez a presença, que neste momento o Senhor Presidente da República se reúne com os 27 Governadores do país, com o Ministro da Justiça e com outras autoridades responsáveis pelos temas de segurança e direitos humanos, exatamente para planejar, pensar coletivamente uma forma de enfrentar o horror que nós estamos vivendo com a ameaça às nossas crianças nas escolas. Essa é uma ponta de preconceito e de terror que, infelizmente, 78 anos após a Segunda Guerra Mundial, ainda insiste em viver entre nós, o que mostra como é importante haver reuniões, manifestações como esta que estamos fazendo aqui, de lembrar para não esquecer, porque, por incrível que pareça, com todos os depoimentos feitos, ainda vemos manifestações segregacionistas, manifestações preconceituosas. E, como foi registrado aqui, ainda vimos, para nossa tristeza e para tristeza do nosso país, o 8 de janeiro, que foi uma afronta à democracia feita aqui nesta capital da República.
O Yom Hashoá ve Hagvurá (Dia da Lembrança do Holocausto e do Heroísmo), comemoração oficial do Estado de Israel, foi estabelecido com um objetivo amplo. Em parte, busca lembrar as vítimas do holocausto, o genocídio levado a cabo pelo Estado nazista e seus colaboradores principalmente contra mais de 6 milhões de judeus, mas que alcançou, também, populações romãs e sintis, poloneses, homossexuais, deficientes, comunistas, testemunhas de Jeová e adventistas, entre outros. Acrescenta, porém, outro viés importante: a resistência e o heroísmo do povo judeu em sua luta contra a máquina nazista, que teve como uma de suas maiores manifestações o Levante do Gueto de Varsóvia, acontecido a partir de 19 de abril de 1943, há 80 anos.
Cercados no bairro judeu de Varsóvia, Polônia, iniciaram reação armada contra as tropas nazistas, que já haviam deportado, desde o fim de 1942, mais de 300 mil dos 380 mil habitantes do local, levados para o campo de extermínio de Treblinka e imediatamente assassinados na chegada. Liderados por Mordechai Anielewicz, com poucas armas e chances ínfimas de sucesso, resistindo prédio a prédio, seguraram as tropas nazistas durante quase um mês, até sua inevitável derrota, que significou a destruição do gueto. Sua escolha, desde o início, não era entre viver ou morrer, mas "como morrer". Lutaram até o fim para preservar sua dignidade e a honra do povo judeu. Preferiram morrer lutando em vez de serem abatidos numa câmara de gás. Passou à história como um dos maiores movimentos de resistência civil contra o nazismo.
"Lembrar para jamais esquecer": o mote dos movimentos que mantêm viva essa lembrança é cada vez mais fundamental para toda a humanidade, que vê, assustada, o ressuscitar de ideologias que muitos julgavam mortas. Ideologias extremistas que pregam a inferioridade dos adversários e a sufocação e eliminação de vozes discordantes, que negam os fatos históricos e tentam emplacar narrativas falaciosas, apoiadas em ídolos de pés de barro e saudade de eras de ouro que nunca existiram realmente. A mentira tentando, novamente, virar verdade pela insistente repetição. Já sabemos onde isso pode dar: perseguição, guerra, genocídio, extinção das liberdades democráticas e dos direitos humanos, eliminação mesmo de qualquer vestígio do que nos torna humanos. Como sociedade, não podemos deixar que isso volte a acontecer. "Lembrar para jamais esquecer", mas agir para não permitir a repetição.
Nosso cumprimento a todos os judeus, que se encontram por quase todo o mundo, inclusive no Brasil, pela passagem de tão importante data, e saudação ao Estado de Israel, materialização política da férrea vontade e coragem do povo judeu. Holocausto nunca mais!
Muito obrigado a todos. (Palmas.)
Antes do encerramento, nós vamos ter o prazer de ouvir a execução de mais uma peça pelo quarteto já anunciado.
(Procede-se à apresentação musical.) (Palmas.)
O SR. PRESIDENTE (Jaques Wagner. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - BA) – Agradeço mais uma vez ao quarteto, que nos honrou com suas peças, agradeço mais uma vez a presença de todos e todas que nos prestigiaram.
"Lembrar para não esquecer" é a mensagem que temos que guardar e propagar.
Muito obrigado a todos.
Está encerrada esta sessão.
(Levanta-se a sessão às 10 horas e 43 minutos.)