Pronunciamento de Leila Barros em 20/04/2023
Discurso durante a 34ª Sessão Especial, no Senado Federal
Sessão Especial destinada a comemorar o aniversário de 63 anos de Brasília.
- Autor
- Leila Barros (PDT - Partido Democrático Trabalhista/DF)
- Nome completo: Leila Gomes de Barros Rêgo
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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Data Comemorativa:
- Sessão Especial destinada a comemorar o aniversário de 63 anos de Brasília.
- Publicação
- Publicação no DSF de 21/04/2023 - Página 20
- Assunto
- Honorífico > Data Comemorativa
- Matérias referenciadas
- Indexação
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- SESSÃO ESPECIAL, DESTINAÇÃO, COMEMORAÇÃO, ANIVERSARIO DE FUNDAÇÃO, BRASILIA (DF), COMENTARIO, NECESSIDADE, CONSTRUÇÃO, PROJETO, SOLUÇÃO, PROBLEMA, ESTRUTURA, TRANSPORTE, SAUDE, PLANO DE EXPANSÃO, DESENVOLVIMENTO URBANO, JUSTIÇA SOCIAL, RESPONSABILIDADE, MEIO AMBIENTE, GESTÃO, RECURSO, AGUA.
A SRA. LEILA BARROS (PDT/PDT - DF. Para discursar.) – Obrigada, Senador Izalci.
Boa tarde a todas e a todos.
Primeiro, eu gostaria de cumprimentar o Senador Izalci, que, junto comigo, foi requerente desta sessão; cumprimentar a Senadora Damares Alves, nova integrante da bancada.
Desejo à Senadora Damares muito sucesso na caminhada, primeiro, por ser mulher. Nós sabemos das dificuldades que é estar em cargos de poder que exigem grandes responsabilidades, mas tenho certeza de que nós três faremos, como o Senador Izalci falou, um grande trabalho em prol da nossa cidade.
Obrigada, Senadora.
Seja bem-vinda! (Palmas.)
Cumprimento também o Presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios, o Sr. Desembargador José Cruz Macedo.
Cumprimento também o Procurador-Geral de Justiça do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios, o Sr. Georges Moreira.
Cumprimento o Presidente do Clube dos Pioneiros de Brasília, o Sr. Roosevelt Beltrão.
Cumprimento o Sr. André Octavio Kubitschek, representando o Memorial JK e a família Kubitschek.
Sejam bem-vindos!
Muito obrigada.
Gostaria também de cumprimentar os homenageados do dia de hoje, desta tarde: a mãe da cantora Cássia Eller, a Sra. Nancy Ribeiro; a mãe do cantor Renato Russo, a Sra. Maria do Carmo Manfredini; o irmão do DJ Jamaika, o Sr. Rivanilson da Silva; Adriana Pereira, a esposa do DJ Jamaika, e suas famílias; os músicos da Escola de Música de Brasília; a Maestrina Adriana Braga; os estudantes do nosso querido Caseb, que, enfim, tiveram que já partir; as autoridades presentes, embaixadores, representantes das mais diversas embaixadas, que já foram nominadas pelo Senador Izalci Lucas; o ex-Senador Paulo Octávio; o Deputado Federal Prof. Paulo Fernando; Guilherme Campelo, que também representa aqui o meu partido, o PDT.
Sejam bem-vindos!
Os juízes auxiliares da Presidência do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios, o Sr. Luis Martius Junior e o Sr. Caio Sembongi; o Administrador Regional da Candangolândia, o Sr. Pablo Valente.
Gostaria também de parabenizar Isadora Salviano e agradecer pela participação dela e também da pianista Silvana Lucena.
Quero citar também a presença da Professora Cosete Ramos, que é Presidente, não só como professora, como estudante, do Caseb, mas também como Presidente da AMA Brasília.
Por favor, uma salva de palmas. (Palmas.)
O Wesley Fonseca, Administrador de Planaltina, cidade que abriga a pedra fundamental de Brasília.
Por favor, a esses administradores e todos os representantes que estão aqui gostaria de agradecer pela presença; e a todos os convidados. Nominei autoridades, aqueles que estão fazendo esta sessão, mas todos que a acompanham, servidores do Senado e todos aqueles que estão nos acompanhando pelos canais de comunicação aqui do Senado Federal.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, ilustres convidadas e convidados, brasileiras e brasileiros que celebram conosco mais um aniversário da nossa amada capital da República, eu, como filha de Taguatinga, é um orgulho representar os meus conterrâneos de todo o DF neste Senado Federal. Inclusive, quando se fala de pioneirismo, lembro muito dos meus pais, dois cearenses que chegaram nesta terra aqui no pau de arara – eles gostavam de falar isso. Hoje, eles são falecidos, mas eu lembro bem que eles vieram, meu pai veio ajudar na construção de Brasília e muitos desses que vieram embalados pelo sonho ficaram um pouco fora desse quadrado. Foram se alojar, se abrigar nas regiões administrativas as quais fazem realmente, de fato, o coração desta cidade. E lá eu nasci, com muito orgulho, fruto desses trabalhadores, dessa mão de obra que fez essa imponente capital do país.
A todos eles, candangos, a todos eles uma salva de palmas! (Palmas.)
Aos pioneiros, aos candangos, àqueles que trabalharam muito, de sol a sol, e muitos perderam até a vida, a saúde para levantar esses monumentos incríveis que são a nossa capital.
Amanhã, a capital de todas as brasileiras e brasileiros celebra mais um ano de existência. Sob a liderança de Juscelino, a nova capital foi construída para integrar e desenvolver o interior do país, trazendo modernização e progresso.
Dessa forma, Brasília foi concebida para se tornar no futuro um modelo de acolhimento, pluralidade e inovação. A arquitetura de Niemeyer e o plano urbanístico de Lúcio Costa foram fundamentais para moldar a cidade como a conhecemos hoje. Ao longo dos anos, Brasília cresceu, evoluiu, transformando-se em um dos principais centros políticos do nosso país.
Nossa maior riqueza, meu povo, é a nossa gente! Sinto orgulho de pertencer a essa população diversificada, composta de pessoas de todos os cantos do Brasil e do mundo. Essa diversidade étnica e cultural enriquece a cidade e proporciona uma riqueza imensurável de experiência e de conhecimento.
Viver Brasília é ter motivos para se apaixonar. O que dizer da imensidão do nosso céu azul, que parece não ter fim; da beleza do concreto da nossa arquitetura ou da poesia colorida dos nossos ipês? Quem não ama o sabor que envolve os temperos da nossa culinária, as frutas maduras das árvores generosamente espalhadas nos espaços públicos e as manifestações culturais que nos identificam como povo?
Por tudo isso, nós que amamos Brasília e somos gratas a ela, precisamos construir um projeto que solucione problemas estruturais das cidades, como a mobilidade urbana, a saúde, a gritante desigualdade social e a expansão urbana desordenada.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores e todos que aqui estão conosco nesta sessão solene, hoje encontramos em Brasília um cenário de desigualdade social maior do que aquele que víamos há 20 anos, e não dá para fechar os olhos.
O Governo precisa olhar com mais carinho e atenção para essa questão. O desenvolvimento das regiões administrativas precisa ser incentivado. Os governantes são eleitos... Uma alternativa seria a concessão de microcrédito por meio de financiamentos sociais a juros subsidiados para pequenos empreendedores.
Eu digo para vocês que talento, capacidade, força de vontade, esperança e fé no futuro o brasiliense tem, meu povo. Falta apoio, oportunidade para ele chegar mais longe e desenvolver todo o seu potencial. O Governo precisa entender que Brasília é mais do que o Plano Piloto e a região central. Os moradores de todas as regiões do DF têm os mesmos direitos a um tratamento digno, eficiente e que atenda as suas necessidades. Infelizmente, na prática não se cumpre tal obrigação. Já passou da hora de as pessoas serem prioridades nas gestões dos Governos do Distrito Federal. Governantes são eleitos para trabalhar para as pessoas e não para servirem a interesses próprios de empreiteiras ou movidos por interesses outros que não sejam os da população que os escolheu.
Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, eu cumpro uma missão que me foi delegada pelo voto popular com muito zelo e responsabilidade; mas, sobretudo, com amor e gratidão a esta cidade, que acolheu os meus pais, que vieram do Ceará, e me viu nascer e crescer. Foi em Brasília que eu aprendi a ser gente. Aqui também entendi a importância de um serviço público de qualidade para a população, principalmente para os que mais precisam.
Eu vim de uma família humilde, estudei em escolas públicas – fui aluna do Centro Educacional 2, do 9 e do Centro Educacional 10, de Taguatinga, todos da região, como falei. Aliás, foi o que me incentivou e de que eu tenho muito orgulho.
Quando as pessoas tentam diminuir a minha história, eu falo que eu fui uma atleta, com muito orgulho, uma atleta olímpica, e abri mão de muita coisa na minha vida para representar o meu país; não são tantos os brasileiros que fazem isso com tanto amor. E eu vou dizer para vocês: tenho muito orgulho de ter vestido, durante mais de 15 anos, a camisa da Seleção e de ter representado o meu país mundo afora. (Palmas.)
E foi numa escola pública – vejam bem, vejam bem, que é uma pauta dos três Senadores – aqui de Taguatinga que o professor de educação física, vendo aquela menina bem magrinha, mas que era uma menina que teve uma infância incrível em Taguatinga, foi ele quem abriu as portas de uma oportunidade através do esporte. Ele já via naquela menina magrinha o olhar de tigre, o sangue nos olhos, que só precisava de uma oportunidade, seja na educação, seja no esporte, seja nos palcos da vida, através da cultura. Enfim, oportunidade.
E foi na escola pública, com o professor de educação física, o Prof., a quem eu gostaria de pedir uma salva de palmas, Celso André de Ávila... (Palmas.)
... que, numa conversa com ele, e eu lembro muito bem, Izalci: "Professor, o senhor acha que um dia eu posso jogar pelo Brasil?" Eu me lembro da minha mãe lavando a roupa no tanque e eu, jogando por cima do varal uma bolinha de meia preta, atacava e falava: Leila, do Brasil! E a minha mãe falava para mim: "Minha filha, para de sonhar! Você está em Taguatinga, cidade-satélite de Brasília! Esse lugar que você tanto sonha – de representar o Brasil – está longe." Pois é, esse professor chegou para mim e falou: "Não, você é capaz! Você pode tudo! Acredite!" (Palmas.)
Então, são para esses profissionais que eu trabalho diariamente. São para eles também, porque eu sei, pela minha trajetória, a importância deles. E por conta do esporte, conquistei uma bolsa de estudos em um colégio particular aqui do Plano Piloto. Sabem quando é que eu conheci o Lago Sul? O Lago Paranoá? Com 12 anos, 13 anos.
Essa é a diferença do quadrado e do Guará para lá: muitos não conhecem isso aqui. E nós vamos trabalhar para que todos tenham a oportunidade de conhecer.
E por conta do esporte eu conquistei, enfim, o mundo. Eu dependia de ônibus para me locomover pela cidade. Compartilho essas recordações com todos vocês da minha juventude para expressar a minha solidariedade com quem hoje encara as escolas públicas com problemas de infraestrutura, além da falta de professores, de orientadores educacionais e também de material escolar. Além disso, algumas turmas estão superlotadas, porque nós recebemos denúncias diariamente aqui, e alunos com deficiência estão sem monitores para acompanhá-los. Para completar o lamentável quadro, o medo, que chegou de vez ao ambiente escolar e é um dos maiores debates hoje na sociedade, com essa onda de violência que desafia o bom senso e inacreditavelmente a nossa civilidade.
Mas, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, também temos que nos debruçar sobre as questões ambientais. O Cerrado está agonizando à espera de que ouçamos o seu pedido de socorro. Temos que gerenciar melhor os nossos recursos hídricos e assegurar que a escassez de água não inviabilize a nossa região para as futuras gerações. Precisamos garantir que o crescimento urbano ocorra de maneira sustentável, preservando nosso meio ambiente e promovendo um estilo de vida que beneficie a população e preserve a riqueza natural da nossa região.
Faço um alerta: a conscientização ambiental e a busca por soluções ecológicas são responsabilidades não só aqui do Congresso Nacional, mas são responsabilidades de todos nós. O futuro está no desenvolvimento sustentável, e não há outra alternativa. Como Presidente da Comissão de Meio Ambiente desta Casa, farei tudo que estiver ao meu alcance para garantirmos um planeta viável para as futuras gerações.
Por outro lado, entendo que também é obrigação do meu mandato cobrar do Governo que cuide melhor da nossa cidade e trate com dignidade e respeito a população. O GDF tem o dever de oferecer serviços públicos de qualidade e ampliar sua rede de proteção social, a fim de amparar os que mais precisam de amparo estatal para suprir suas necessidades básicas.
Jovem ainda, aos 63 anos, Brasília pode se reinventar, resgatando do passado o título de símbolo de modernidade e progresso que já lhe pertenceu. Que possamos, neste dia tão especial, gente, refletir sobre o legado que queremos deixar para as próximas gerações, e nos unir na busca por um futuro melhor para a nossa Capital, para nossa Brasília e para o nosso Brasil. Vamos trabalhar juntos para fortalecer nossa cidade, investindo na educação, principalmente, no esporte, que todos sabem que é a minha vida e a minha pauta, na igualdade de gênero, na sustentabilidade. Nossos esforços conjuntos são a chave para o sucesso e a prosperidade da nossa cidade.
Finalizo a minha fala rapidamente agradecendo a todos os presentes e a todos os brasilienses que diariamente contribuem para a construção de uma cidade melhor. Que esse aniversário seja um marco de renovação e um convite para que cada um de nós desempenhe melhor o seu papel na construção de um futuro mais promissor para nossa Capital.
Para encerrar, eu peço desculpas a todos vocês, aos dois Senadores e aos convidados que estão na mesa, a todos. Eu estou viajando agora em missão, representando o Senado Federal, e vou ter que sair, mas eu quero agradecer a todos, de coração. E fica esta reflexão: só juntos nós iremos transformar, melhorar nossa cidade, a condição do povo da nossa cidade.
E, acima de tudo, com muito amor, com muita parceria – e eu acredito muito nisso, Senadora Damares, Senador Izalci – a gente vai mudar também o ambiente dentro desta Casa. Precisamos dar o exemplo daqui de dentro para fora. Está na hora de acabar com isso.
Obrigada! (Palmas.)