Discurso durante a 48ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Indignação com o atendimento na saúde pública no Estado do Tocantins. Registro de casos fatais envolvendo o Hospital Geral de Palmas (HGP). Críticas à gestão do Governo Estadual.

Autor
Irajá (PSD - Partido Social Democrático/TO)
Nome completo: Irajá Silvestre Filho
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Governo Estadual, Saúde Pública:
  • Indignação com o atendimento na saúde pública no Estado do Tocantins. Registro de casos fatais envolvendo o Hospital Geral de Palmas (HGP). Críticas à gestão do Governo Estadual.
Publicação
Publicação no DSF de 17/05/2023 - Página 55
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Governo Estadual
Política Social > Saúde > Saúde Pública
Indexação
  • COMENTARIO, SITUAÇÃO, SAUDE PUBLICA, AMBITO ESTADUAL, ESTADO DO TOCANTINS (TO), MOTIVO, OCORRENCIA, MORTE, UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO (UPA), DIFICULDADE, TRANSFERENCIA, PACIENTE, HOSPITAL REGIONAL, CAPITAL DE ESTADO, PALMAS (TO).
  • CRITICA, GOVERNO ESTADUAL, ESTADO DO TOCANTINS (TO), SITUAÇÃO, INEXISTENCIA, INFRAESTRUTURA, SAUDE PUBLICA, DIFICULDADE, ACESSO, POPULAÇÃO, ATENDIMENTO, HOSPITAL REGIONAL, OBTENÇÃO, CONSULTA, MEDICO, REALIZAÇÃO, EXAME MEDICO, CIRURGIA.
  • COMENTARIO, LIBERAÇÃO, RECURSOS, DESTINAÇÃO, SAUDE PUBLICA, AQUISIÇÃO, MATERIAL HOSPITALAR, ATENDIMENTO, EMERGENCIA, CONSTRUÇÃO, HOSPITAL REGIONAL, CUSTEIO, SAUDE, MUNICIPIOS, ESPECIFICAÇÃO, ESTADO DO TOCANTINS (TO).

    O SR. IRAJÁ  (Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - TO. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, venho hoje aqui a esta tribuna do Senado Federal falar com indignação. Esta indignação é a mesma do povo do Estado do Tocantins em relação à saúde pública do nosso estado.

    É gravíssima a crise na saúde do Tocantins. De maio do ano passado até agora, ou seja, um ano, 41 pessoas morreram nas UPAs em Palmas, a nossa capital, enquanto aguardavam transferência para o Hospital Geral de Palmas, o nosso HGP. Só este ano, Senadoras e Senadores, foram 11 pessoas que perderam as suas vidas. Repetindo: 41 mortes porque o HGP passou a trabalhar de portas fechadas e os tocantinenses morrem na fila de espera. O caso foi inclusive denunciado hoje na imprensa nacional, no Jornal Hoje, em todo o Brasil, o que é motivo de tristeza e principalmente de vergonha para nós tocantinenses, que tanto amamos aquele estado e nos orgulhamos dele.

    Este caos na saúde ocorre diariamente. Semana passada, aconteceu com a D. Aurilene Lima da Silva, moradora de Palmas, que foi junto com o marido à UPA Sul sentindo fortes dores abdominais. O seu quadro foi evoluindo para febre, vômito e sangramento ao tossir, e a UPA solicitou sua remoção para o HGP. Por mais de três vezes – três vezes – a sua transferência foi solicitada com urgência e três vezes foi negada. O estado de saúde de Aurilene foi piorando, e ela infelizmente não resistiu, veio a óbito e deixou seu esposo e três filhas.

    Nos últimos dias, também tivemos o caso de Adriana Franca da Silva, de 33 anos, internada numa UPA com fortes dores causadas por uma inflamação na vesícula, que passou dias à espera de um leito também no HGP, que é o maior hospital público do estado.

    D. Maria do Nascimento, paciente oncológica, com tumor no fígado, passou quase uma semana para conseguir um leito também no HGP.

    Também tivemos o caso do Sr. Manoel Marinho de Souza Brito, de 89 anos de idade, com quadro de hemorragia grave, que perdeu quase 2 litros de sangue, e foi preciso que a família entrasse com um mandado de segurança contra o Secretário de Saúde do Estado do Tocantins, Afonso Piva, para que fosse realizada a remoção do paciente da UPA Sul para o Hospital Geral de Palmas.

    Casos como o do Sr. Manoel, da D. Maria, da Adriana e de Aurilene estão acontecendo todos os dias no Estado do Tocantins. Vários pacientes que estão nas UPAs ou nos hospitais do interior têm esperado por semanas, dias, por um leito no HGP (Hospital Geral de Palmas), sem receber o tratamento adequado porque essas unidades não foram feitas para atendimento de alta complexidade, e o HGP continua de portas fechadas à população tocantinense.

    É um absurdo e tamanho desrespeito à população do Estado do Tocantins, e a pergunta que fica é: onde está o Governador do Tocantins numa hora dessas em que a população precisa de um líder que se solidarize com a situação crítica em que se encontra o HGP? Até ontem, segundo dados do próprio sistema de saúde do Tocantins, tínhamos 51 pessoas aguardando leitos no Hospital Geral de Palmas. Tudo isso são indícios, são sintomas de que, além de problemas de falta de leitos, de infraestrutura, de falta de compromisso com a vida das pessoas, o sistema público de saúde do Tocantins vem padecendo de um problema mais grave, a falta de gestão.

    Eu tenho sido procurado por muitos tocantinenses que vêm enfrentando dificuldades em conseguir uma consulta, receber um tratamento digno, fazer exames, cirurgias, até ter o simples acesso aos medicamentos. E essas dificuldades já estão no cotidiano das pessoas no estado, seja na capital, seja no interior do estado.

    E não há propaganda que mude aquilo que as pessoas estão sentindo nos hospitais e sempre que precisam de algum serviço de saúde no Tocantins. É um sistema que não funciona. A situação é de verdadeira calamidade. A saúde pública no Tocantins vive um dos momentos mais tristes da sua história.

    Somente este ano, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, já conseguimos liberar mais de R$20 milhões para a saúde em nosso estado. São recursos que vão ajudar a construir, por exemplo, o novo hospital do Bico do Papagaio e que também serão destinados para a compra de equipamentos, para o atendimento de emergência, para a construção de policlínica, para o custeio da saúde em mais de 60 municípios tocantinenses.

    Enfim, estamos fazendo tudo que está ao nosso alcance. Queremos o bem-estar e a garantia do acesso à saúde, mas é preciso principalmente que o Governo do Tocantins possa fazer a sua parte. Sem briga, reconhecendo os erros, tendo a humildade para poder pedir apoio ao Congresso Nacional, aos Parlamentares, à bancada federal do Estado do Tocantins.

    É assim que nós vamos verdadeiramente enfrentar esse problema, que é o sofrimento da população tocantinense nos atendimentos do HGP (Hospital Geral de Palmas).

    Por fim, Presidente, quero deixar o meu profundo sentimento, pelo falecimento da D. Aurilene, ao seu esposo, às suas três filhas, e também das outras 40 pessoas que perderam as suas vidas pela péssima gestão na saúde do nosso Estado do Tocantins nesses últimos meses.

    Minha solidariedade aos familiares e amigos de todos. Vou continuar fazendo a defesa do povo do Estado do Tocantins.

    Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/05/2023 - Página 55