Discurso durante a 53ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Críticas à suposta apropriação, pelo Governo Lula, da CPMI destinada a investigar os atos de 8 de janeiro, por meio da predominância de membros governistas na Comissão. Solicitação das imagens das câmeras do Senado Federal referentes aos ataques do dia 8.

Autor
Eduardo Girão (NOVO - Partido Novo/CE)
Nome completo: Luis Eduardo Grangeiro Girão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Governo Federal, Segurança Pública:
  • Críticas à suposta apropriação, pelo Governo Lula, da CPMI destinada a investigar os atos de 8 de janeiro, por meio da predominância de membros governistas na Comissão. Solicitação das imagens das câmeras do Senado Federal referentes aos ataques do dia 8.
Publicação
Publicação no DSF de 26/05/2023 - Página 12
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas > Segurança Pública
Indexação
  • CRITICA, GOVERNO FEDERAL, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, INVESTIGAÇÃO, DEPREDAÇÃO, EDIFICIO SEDE, PRAÇA DOS TRES PODERES, JUDICIARIO, EXECUTIVO, LEGISLATIVO, CONGRESSO NACIONAL, PALACIO DO PLANALTO, SOLICITAÇÃO, IMAGEM VISUAL, VIGILANCIA.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para discursar.) – Muitíssimo bom dia, Presidente, Senador Rodrigo Pacheco, Senadoras aqui presentes e Senadores, funcionários desta Casa, assessores, brasileiras e brasileiros que estão nos assistindo pelo competente pool de comunicação do Senado Federal!

    Eu subo a esta tribuna para falar de um sequestro, um sequestro que tem deixado as pessoas extremamente preocupadas, pessoas que têm sede por justiça e que querem a verdade sobre o que aconteceu no dia 8 de janeiro, nesta Casa, aqui ao lado, na Câmara dos Deputados, lá no Palácio do Planalto e no Supremo Tribunal Federal. Por que eu falo sequestro? Porque houve um sequestro do Governo Lula na Comissão Parlamentar de Inquérito Mista, que acabou – aliás, está acontecendo agora essa reunião, daqui a pouco eu volto para lá –, de um requerimento que foi da oposição. E todo mundo sabe – todo mundo sabe – que CPI e CPMI é um instrumento legítimo da oposição, da minoria. Sempre foi assim. Mas, quando o Governo se sente ameaçado... Ele fez de tudo para que não houvesse essa CPMI, segundo a grande mídia brasileira mostrou, segundo Parlamentares denunciaram – oferta de dezenas de milhões de reais de orçamento federal, de emendas parlamentares, troca por cargos, a velha barganha política, para que os Deputados retirassem a assinatura dessa CPMI. Isso foi amplamente noticiado.

    Mas as imagens vazadas pela CNN dos atos do dia 8 ali, de informações sigilosas que o Governo Lula fez questão de colocar em segredo, mostraram o General do GSI, o General do Lula, recebendo, com a sua equipe, os manifestantes, os invasores, servindo água como se estivesse em casa recebendo amigos. Isso é muito triste, porque, a partir desse vazamento, o Governo Lula sequestra a CPMI, indicando aí a maior parte dos seus membros. E ele não queria de jeito nenhum – de jeito nenhum – que ocorresse; estou falando aqui de vários casos que mostram uma má vontade do Governo com relação a essa investigação. O Governo Lula, que se diz vítima, que, desde o primeiro momento, se disse vítima, não quer investigar. Onde é que cabe na cabeça de alguém isso?

    E aí, da noite para o dia, a gente começa a entender as coisas, quando simplesmente a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) divulga algo gravíssimo: que o Governo Lula, através de seus 48 órgãos federais, foi informado de que o objetivo da CPMI, perdão, de que o objetivo dos atos violentos do dia 8 era a depredação do patrimônio público, inclusive com arma de fogo – essa era a informação que se tinha fisicamente –; era a destruição do Senado, da Câmara, do Palácio do Planalto e do STF. E o que o Governo Lula fez com essa informação? Essa é a pergunta. E o que ele fez? Era para ele reforçar ainda mais a segurança, sob todos os aspectos, Senador Cleitinho, mas não. Segundo as informações vazadas, também, por grandes veículos de comunicação. O que aconteceu? A Guarda Presidencial foi desmobilizada horas antes do ataque. A Força Nacional de Segurança não estava com o seu efetivo máximo possível – ninguém sabe, até, onde estava; vamos ter que quebrar sigilo.

    Mas como fazer isso numa CPMI que agora foi dominada pelo Governo?

    Fiz uma fala, manifestei essa insatisfação. O povo brasileiro está triste, mas ali era a maioria esmagadora da Comissão. E, pelo menos, nós temos o Presidente dessa CPMI, o Deputado Arthur Maia, que, em diálogo – é uma pessoa muito aberta ao diálogo –, se comprometeu a tentar fazer com que houvesse um equilíbrio nas oitivas, por exemplo, nas pessoas que a gente precisa ouvir.

    Agora, eu fiquei extremamente preocupado quando, no seu discurso de posse, ele declara que vai fazer uma sessão por semana, ou seja, com todos os requerimentos de oposição e de situação que se têm, vai demorar dez anos, se for uma vez por semana, para ouvir todo mundo que tem que ser ouvido.

    Então, nós vamos trabalhar, vamos combater o bom combate, vamos tentar, dentro dessa Comissão, trazer elementos, e a população vai acompanhar e fazer o seu julgamento de valor.

    Mas é muito importante que se deixe claro o jogo bruto que a gente vive. Uma CPMI que foi gestada com a sociedade, que cobrava, insistentemente, que a justiça fosse para todos, para que se tirasse a sujeira debaixo do tapete, jogasse luz nas sombras desses atos do dia 8 para entender quem é que está por trás disso.

    Eu sou favorável – quero deixar muito claro – que se chamem pessoas do Governo anterior e deste Governo também. Quem é responsável, seja de direita, seja de esquerda, seja infiltrado, precisa ser ouvido.

    E aí vem um grande veículo de comunicação independente, que está fazendo um trabalho exemplar no país, com assuntos que geralmente são colocados embaixo do tapete... Tem-se abordado, por exemplo, que tinha – dentro dessa Comissão, dentro dos prédios públicos naquele 8 de janeiro, segundo a Revista Oeste – integrantes de partidos de esquerda, como o PT.

    Isso é muito preocupante, mas a verdade a gente tem que buscar entregar à população, e eu me comprometo a fazer esse trabalho no limite das minhas forças.

    Sr. Presidente, eu já tive oportunidade de pedir ao senhor sobre as imagens desta Casa, as imagens do Senado Federal...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – ... do que aconteceu no dia 8 de janeiro.

    O senhor recolheu a minha questão de ordem. Ainda não recebi – já faz mais de um mês. Eu não queria ter que fazer um requerimento dentro da CPMI, de que eu faço parte, para pedir as imagens do Senado Federal na Casa em que eu trabalho, pois a gente praticamente vive mais aqui do que com a nossa família.

    Então eu queria, mais uma vez, fazer um apelo ao senhor para que essas imagens sejam liberadas para o Partido Novo, que fez esse pedido – tanto o Partido Novo da Câmara dos Deputados como o daqui do Senado Federal, agremiação de que eu tenho a honra de participar –, e eu queria lhe solicitar isso em nome da transparência nesta Casa. Muito obrigado.

    E eu cumpri o tempo rigorosamente, sem o senhor dar um minuto de acréscimo.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 26/05/2023 - Página 12