Discurso durante a 52ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Destaque à importância de ações de combate ao câncer do colo do útero, em referência ao Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e defesa do programa de vacinação contra essa doença.

Autor
Teresa Leitão (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
Nome completo: Maria Teresa Leitão de Melo
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Saúde:
  • Destaque à importância de ações de combate ao câncer do colo do útero, em referência ao Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher e defesa do programa de vacinação contra essa doença.
Publicação
Publicação no DSF de 25/05/2023 - Página 29
Assunto
Política Social > Saúde
Indexação
  • DEFESA, IMPORTANCIA, ATUAÇÃO, COMBATE, CANCER, ORGÃO HUMANO, MULHER, REFERENCIA, DIA INTERNACIONAL, SAUDE, APOIO, PREVENÇÃO, PROGRAMA NACIONAL, VACINAÇÃO, DOENÇA.

    A SRA. TERESA LEITÃO (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Para discursar.) – Obrigada.

    Sr. Presidente, Srs. Senadores, Sras. Senadoras, todos aqueles que nos ouvem pela rede da TV Senado, todos aqueles e aquelas que estão presentes aqui nas nossas galerias, peço a palavra para expressar minha indignação e tristeza pelas mulheres do meu estado, inicialmente, e todas as brasileiras e brasileiros.

    Nesta semana, no dia 28 de maio, é celebrado, Presidente, o Dia Internacional de Luta pela Saúde da Mulher. Hoje nós realizamos, na CAS, uma audiência pública sobre um dos problemas mais graves que atinge as mulheres: o câncer de colo de útero. Em Pernambuco, por exemplo, morre uma mulher de câncer de colo de útero por dia, quando, na verdade, nenhuma mulher deveria morrer por essa doença. Isso porque essa é uma doença tratável e que pode ser prevenida.

    Hoje o diagnóstico é feito pelo exame de papanicolau, também conhecido como preventivo ou prevenção. Mas, infelizmente, muitas mulheres não fazem o exame. Os especialistas apontam que as mulheres deixam de fazer o exame por terem vergonha, ou pelo pouco tempo que possuem para cuidar de si mesmas, em razão das triplas jornadas e até mesmo pela falta de informação. Essa é uma doença cujo diagnóstico e tratamento, se realizados de forma precoce, são simples e de baixo custo. Infelizmente, o alto número de óbitos está relacionado com o diagnóstico tardio.

    Em Pernambuco, 93% dos casos são diagnosticados já em estágio avançado. Com isso, o câncer de colo de útero permanece com alta prevalência e é uma doença de alta mortalidade. Os dados apontam que esse tipo de câncer é o segundo mais incidente nas regiões Norte e Nordeste. Ele tem relação direta com as condições socioeconômicas da população feminina e é mais presente em mulheres negras e indígenas. O maior índice está nos países de média e baixa renda, em termos comparados, pois há uma característica importante, analisada em todas as regiões do mundo, que é a incidência com relação direta à vulnerabilidade social.

    E vejam só, prezados colegas, o câncer de colo de útero é o tipo de câncer para o qual tem vacina. E, apesar de a vacina ser distribuída, gratuitamente, e oferecida à população, demonstrando um avanço para a saúde pública, conquistado em um Governo do PT, o Brasil vive as consequências do enfraquecimento e da desarticulação do Programa Nacional de Imunizações (PNI), com preconceitos, com fake news e com falácias, que não ajudam a conscientização da população sobre essa vacina e tantas outras. Logo o Brasil, que já teve o seu PNI como exemplo para outros países.

    Há grave redução dessa cobertura vacinal, de todas as vacinas, como eu disse, em especial das que se destinam às crianças, sobretudo as mais pobres e vulneráveis. As mulheres precisam ser conscientizadas sobre o câncer de colo do útero para serem protagonistas da sua própria saúde e, consequentemente, das suas próprias vidas.

    As famílias precisam saber que não há nenhuma vacina que vai antecipar a vida sexual das meninas, como muitas fake news espalham por aí, mas que as vacinas salvam vidas. Além de salvar vidas, com a vacina, os benefícios sociais e econômicos são maiores, pois a prevenção é realizada. E, quando falamos de prevenção, estamos falando da redução de custos para o SUS e também de evitar consequências da doença em fase avançada para mulheres.

    Isso porque o câncer de colo de útero é carregado de estigmas. Mulheres com câncer de colo de útero são comumente abandonadas por seus maridos e parceiros durante o tratamento. São mulheres que, em uma sociedade patriarcal, perdem o seu valor. Seus então companheiros, muitas vezes, as rejeitam, pela impossibilidade de manter relações sexuais durante o tratamento ou pelo preconceito de ser uma doença transmitida, principalmente, por contato sexual e até pela possibilidade de infertilidade. É mais um sofrimento que a sociedade capitalista e machista impõe às mulheres. Elas ficam travando uma batalha solitária pela vida e pela sobrevivência econômica e emocional não apenas delas mesmas, mas também de seus filhos, que terminam sendo abandonados.

    Em 23 de março deste ano, a Ministra da Saúde, Nísia Trindade, publicou uma portaria que institui estratégia de mudança tecnológica para controle e eliminação do câncer do colo de útero, no âmbito da Política Nacional de Prevenção e Controle e do Câncer dentro do SUS. Isso será feito com base em projeto piloto realizado em parceria com a Organização Pan-Americana da Saúde, o Estado de Pernambuco e o Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip). O objetivo é a eliminação nacional do câncer do colo de útero.

    Hoje, esta Casa debateu o tema em audiência pública com representantes do Ministério da Saúde, do Imip, do Governo estadual e das organizações sociais, Presidente, que tratam desse tema. Unimos especialistas para apontar soluções que possam ser capazes de salvar vidas.

    Conseguimos vislumbrar quais são os novos rumos que a ciência e a pesquisa buscam para a inovação do diagnóstico da doença. Vamos agir, Senadoras e Senadores. Que possamos dar mais robustez ao nosso Orçamento, quando aqui chegar a LOA, para que esse projeto tenha recursos suficientes para alcançar todo o país; para que nenhuma menina, para que nenhuma mulher morra por uma doença com prevenção e tratamento disponíveis pelo SUS.

    Esta é a minha homenagem ao dia 28 de maio, o Dia Internacional da Luta pela Saúde da Mulher. Somos importantes e queremos todas nós vivas, com saúde e com felicidade.

    Muito obrigada, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 25/05/2023 - Página 29