Discurso durante a 57ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Registro acerca da recente reunião do G7, grupo dos sete países mais desenvolvidos industrial e economicamente, em Hiroshima, no Japão, e críticas à suposta postura imperialista do grupo. Destaque para a multipolarização na geopolítica mundial e a necessidade de cooperação entre todas as pátrias.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Relações Internacionais:
  • Registro acerca da recente reunião do G7, grupo dos sete países mais desenvolvidos industrial e economicamente, em Hiroshima, no Japão, e críticas à suposta postura imperialista do grupo. Destaque para a multipolarização na geopolítica mundial e a necessidade de cooperação entre todas as pátrias.
Publicação
Publicação no DSF de 02/06/2023 - Página 10
Assunto
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Relações Internacionais
Indexação
  • CRITICA, ENCONTRO, GRUPO, PAIS ESTRANGEIRO, ESTADOS UNIDOS DA AMERICA (EUA), JAPÃO, ALEMANHA, FRANÇA, REINO UNIDO, ITALIA, CANADA, IMPERIALISMO, DEFESA, COOPERAÇÃO.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar.) – Amigo querido, Presidente Rodrigo Pacheco; amigos e amigas aqui no Senado Federal; brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências; a todos que acompanham a TV Senado, Rádio Senado, Agência Senado, redes sociais, Deus e saúde, pátria amada.

    Hoje eu quero voltar a falar de relações internacionais, mais especificamente sobre a recente reunião do G7, em Hiroshima, para a qual o Brasil voltou a ser convidado depois de 14 anos. O encontro mostrou que as sete nações mais ricas do mundo seguem firmes no objetivo de manter o domínio sobre os demais países, um despropósito diante da intensidade das mudanças políticas, econômicas, sociais, climáticas, tecnológicas registradas no planeta, ao longo deste século XXI.

    Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido fizeram um comunicado final de 19 mil palavras com uma abrangência tão ampla que alguns analistas internacionais o qualificaram como um manifesto para um governo mundial. Embora seja o bloco econômico mais poderoso, o G7 hoje não tem o domínio sobre a economia do planeta, assim como o líder do grupo, Estados Unidos, vem perdendo o papel hegemônico que exerceu anos e anos após a Segunda Guerra Mundial.

    O mundo hoje é multipolar, exige cooperação entre as nações. Mais representativo do que o G7 pode ser considerado o G20, do qual participam países que, repito, não podem ser mais deixados de lado nas conversas relacionadas aos grandes problemas mundiais: China, Brasil, Austrália, México, Rússia, Arábia Saudita, Índia e África do Sul.

    A cooperação, mote da criação do G20, em 1999, ainda é uma quimera, mas pode ser o fator capaz de impedir que o mundo caia na armadilha de uma nova guerra fria, de um lado Estados Unidos e de outro China, que ocuparia o lugar da antiga União Soviética.

    Um novo cenário bipolar pode até interessar aos dois países, mas não beneficia em nada o conjunto das nações – até porque China e Estados Unidos não podem isoladamente superar o principal desafio de hoje, comum a todos: a sobrevivência do planeta Terra por causa do desequilíbrio ambiental.

    Mais dificuldades para superar tal desafio serão criadas, certamente, se sete países continuarem achando que podem se posicionar como dominantes e o líder do grupo agir como se ainda fosse hegemônico; um cenário de passado, a meu ver. Eles têm relevância, é claro, mas não são os donos do mundo. O futuro precisa ser desenhado por mais criadores.

    É o que o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, agora que o Brasil recupera seu protagonismo no cenário mundial, vem defendendo nos fóruns de que participa. Em cinco meses de Governo, já visitou dez países, numa cruzada às vezes incompreendida até internamente. O Presidente brasileiro sabe que as condições atuais funcionam como entraves à evolução política, econômica e social de países em desenvolvimento e dos que ainda seguem mergulhados na pobreza. Eles precisam ter mais representatividade.

    Para que isso ocorra, são indispensáveis mudanças em vários organismos internacionais. Cito aqui dois exemplos: a Organização das Nações Unidas, com seu restrito Conselho de Segurança, e a Organização Mundial do Comércio, hoje quase obsoleta. Há um consenso entre os que se dedicam ao estudo das relações entre países: organismos internacionais têm de ser de fato internacionais. Precisam de mais capilaridade. Cada nação vive seus problemas específicos, mas há desafios que são comuns. E o enfrentamento precisa ser amplo, envolver a maioria dos países. Só assim será exitoso o combate à fome, a eliminação da pobreza, a regulação das redes sociais, a luta pela paz, a superação das ameaças dos valores democráticos e, sobretudo, a redução do aquecimento global.

    Sem cooperação, não haverá solução e o futuro será cada vez mais incerto.

    Termino informando aos amigos e às amigas da Casa e à pátria amada que o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) divulgou hoje que o Produto Interno Bruto do Brasil registrou crescimento de 1,9% no primeiro trimestre de 2023, na comparação com o último trimestre de 2022. O resultado está bem acima do que se esperava. Ele se deve principalmente ao crescimento da agropecuária, que subiu 21,6% no período – o melhor resultado em 26 anos! Vale lembrar que, nos últimos três meses de 2022, o PIB teve queda de 0,1%, segundo dados revisados divulgados hoje.

    Na comparação – para concluir – com o primeiro trimestre de 2022, o PIB, nos três primeiros meses de 2023, cresceu 4%. Os índices, repito, vieram melhores do que o esperado. O crescimento de 1,9% do PIB, no primeiro trimestre, é um sinal de alento.

    Que venham dias melhores!

    Agradecidíssimo, Presidente Rodrigo Pacheco e todos da Casa, e vamos trabalhar.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 02/06/2023 - Página 10