Pronunciamento de Zequinha Marinho em 20/06/2023
Discurso durante a 73ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Registro da visita do Presidente Lula ao Município de Belém, no Estado do Pará, para anunciar a COP 30, que será realizada na cidade em 2025, e expectativa com o evento. Preocupação com os problemas na área de saúde, segurança pública, saneamento básico e educação da capital paraense.
- Autor
- Zequinha Marinho (PODEMOS - Podemos/PA)
- Nome completo: José da Cruz Marinho
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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Educação Básica,
Meio Ambiente,
Saneamento Básico,
Saúde Pública:
- Registro da visita do Presidente Lula ao Município de Belém, no Estado do Pará, para anunciar a COP 30, que será realizada na cidade em 2025, e expectativa com o evento. Preocupação com os problemas na área de saúde, segurança pública, saneamento básico e educação da capital paraense.
- Publicação
- Publicação no DSF de 21/06/2023 - Página 38
- Assuntos
- Política Social > Educação > Educação Básica
- Meio Ambiente
- Política Social > Saúde > Saneamento Básico
- Política Social > Saúde > Saúde Pública
- Indexação
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- EXPECTATIVA, EVENTO, CONFERENCIA INTERNACIONAL, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), REALIZAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, BELEM (PA), ESTADO DO PARA (PA), ATRAÇÃO, INVESTIMENTO PUBLICO, MELHORIA, SANEAMENTO BASICO, ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE AGUA, EDUCAÇÃO, COMBATE, TRAFICO INTERNACIONAL, DROGA.
O SR. ZEQUINHA MARINHO (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - PA. Para discursar.) – Muito obrigado, Presidente.
Boa tarde!
Quero cumprimentar todos os colegas aqui presentes neste início de sessão. A Ordem do Dia começa às 16h, e, às vezes, o início é um pouco mais tranquilo.
Presidente, nesse fim de semana passado, o Presidente da República Luiz Inácio esteve em meu Estado do Pará para anunciar, oficialmente, a realização da COP 30 em Belém do Pará, capital paraense, no ano de 2025. Considerada a maior e a mais importante cúpula mundial relacionada ao clima do planeta, a expectativa é que a COP 30 movimente cerca de 25 mil pessoas entre participantes e gente de suporte técnico.
Belém é uma cidade de mais de quatro séculos de história, impregnada de história, de cultura, de raízes importantes, de um povo trabalhador, um povo alegre, um povo feliz, um povo receptivo e um povo de muita fé também. No que diz respeito ao seu povo, Belém não terá problemas para receber a COP. Minha preocupação é com as condições atuais da cidade em relação à saúde, à segurança, ao saneamento e assim sucessivamente.
Recentemente, o instituto Trata Brasil divulgou o ranking das melhores e das piores cidades no que diz respeito ao índice de saneamento básico. Belém ocupa, no Brasil, a sétima pior posição. É lamentável. Não é fácil isso. Há muitos anos, isso vem acontecendo. E a gente precisa ver, por parte do Governo do estado e por parte do Governo Federal, ações que possam ajudar a melhorar a condição de vida e a qualidade de vida da nossa gente, porque, lá em Belém, essas condições não são fáceis, nas periferias daquela grande cidade.
A cidade vai ser a sede da COP, o evento sobre o meio ambiente, sobre o clima. Não se pode ter apenas 3,63% da sua população contando com o serviço de tratamento de esgoto – 3,63%, não dá 4%, Senador. Isso é uma situação complicadíssima. Não se investe no tratamento de esgoto, e, pior, do total da água tratada em Belém, 45,17% se perde antes de chegar ao consumidor final. Quer dizer, metade da água tratada não chega ao seu destino – é ligação clandestina, é cano quebrado, é vazamento, etc. Isso é difícil. Você não tem serviço de esgoto e você não tem, praticamente, água tratada.
De acordo com os dados do Inep, nós temos um outro problema, que é o problema relacionado à educação. Educação, porque meio ambiente também é uma questão de educação.
Eu gostaria aqui de frisar alguns índices que nos chamam a atenção e que nos entristecem também; a gente precisa colocar isso na mesa, porque um evento da envergadura da COP requer que a gente se preocupe não só especificamente com o debate sobre o clima: 48% das nossas escolas da capital paraense não têm acessibilidade, aquilo que a legislação recomenda para que se possa adentrar com crianças, com pessoas que dependem do carrinho, da bicicletinha e assim por diante; 53% dessas escolas não têm laboratório de informática; 82%, Senador Kajuru, não têm laboratório de ciências; e 70% não têm sala de leitura.
Espero que a COP, por se envolver tanto na vida das pessoas, possa nos trazer alguns investimentos. Eu lembro que, quando a Copa do Mundo foi realizada no Brasil, o Governo fez um grande programa para poder receber a Copa, e isso foi importante, com muitos investimentos.
Somente neste ano, o Governo foi capaz de reajustar o valor da merenda escolar, que era R$0,36. Felizmente, passou para R$1,50.
A capital paraense nunca consegue atingir a meta que ela própria impõe para melhorar o seu Ideb. Ela planejou chegar ao final do ano passado com um Ideb de 5,1%, e chegou a 4%, 4,2%. Isso é ruim. É importante que as autoridades olhem isso com outros olhos e que a gente possa apresentar ao mundo, em 2025, uma cidade melhor, porque, se não, essa movimentação toda, esses investimentos todos não vão ter muito sentido.
Segurança pública, como é que anda isso? A situação não é fácil. Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública escancararam aquilo que a gente já sabia, mas, infelizmente, muito pouco tem sido feito para mudar essa realidade.
Nós estamos hoje com um grande problema, lá no Pará, e principalmente em Belém, na Região Metropolitana. A Região Metropolitana de Belém, mais especificamente a cidade de Barcarena, faz parte da rota do narcotráfico na Amazônia Legal, por onde passam 40% das 2 mil toneladas de cocaína produzidas, no mundo, por ano. Junto a isso, tem-se o crescimento das facções criminosas, aumentando a violência no estado e na capital. Então, a situação não é fácil.
No começo deste mês, o Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), da Polícia Civil do Amazonas, nosso estado vizinho, apreendeu mais 1,5 mil quilos de cocaína, de drogas, e apreendeu também armas, cinco fuzis de uso restrito da polícia. Essa carga foi apreendida em Manaus e, segundo o departamento, seria trazida para Belém, provavelmente para cair nas mãos desses criminosos ligados às facções que aterrorizam, não apenas Belém, mas, lamentavelmente, hoje, o estado como um todo.
Há algumas semanas, fui entrevistado sobre o anúncio de Belém como sede da COP. Eu vou repetir aqui o que eu disse à jornalista: o meu desejo é que esse grande evento deixe algum legado à capital paraense e um legado, pelo menos à Região Metropolitana, que proporcione à população obras estruturantes importantes, porque é disso que a gente precisa. É importante pintar parede de prédios históricos, é importante dar uma ajeitadinha ali, pintar o meio-fio, fazer alguma coisa... Sim, é importante! Tudo isso ajuda, mas a gente precisa de muito mais do que isso. Quem conhece as periferias de Belém, quem conhece os canais de Belém, principalmente durante a estação chuvosa, sabe como isso dói na vida daquelas pessoas que moram nas regiões dos canais. Isso é muito complicado.
Então, eu espero que o Governador do estado possa dar as mãos ao Governo Federal e programar uma COP dentro dos moldes que a gente espera e que isso possa deixar um legado para o nosso estado, especialmente para a nossa gente que mora em situação de vulnerabilidade social.
Uma coisa que é importante aqui comentar: o Governo do Estado do Pará já fez dez empréstimos. Para tudo, consegue uma desculpa para pegar mais um empréstimo. Já são mais de R$6 bilhões, e aí é só de capital, não estou falando dos juros, da correção, absolutamente – só de capital! E a gente espera que o Governador não pegue mais empréstimo por causa da COP, porque a população está endividada – esperando os benefícios – e não que mais empréstimos possam ser autorizados pela Assembleia Legislativa.
Era isso, Sr. Presidente. Muito obrigado.