Discurso durante a 73ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Elogios à entrevista do Professor Mangabeira Unger à Folha de S. Paulo sobre os rumos que o Brasil deve tomar. Lamento pelo atentado ocorrido na escola de Cambé-PR. Defesa da realização das rodas terapêuticas nas escolas como prevenção à violência.

Autor
Confúcio Moura (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Confúcio Aires Moura
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Crianças e Adolescentes, Educação:
  • Elogios à entrevista do Professor Mangabeira Unger à Folha de S. Paulo sobre os rumos que o Brasil deve tomar. Lamento pelo atentado ocorrido na escola de Cambé-PR. Defesa da realização das rodas terapêuticas nas escolas como prevenção à violência.
Aparteantes
Esperidião Amin.
Publicação
Publicação no DSF de 21/06/2023 - Página 44
Assuntos
Política Social > Proteção Social > Crianças e Adolescentes
Política Social > Educação
Indexação
  • COMENTARIO, ENTREVISTA, ROBERTO MANGABEIRA UNGER, JORNAL, FOLHA DE S.PAULO, IMPORTANCIA, INVESTIMENTO, ADOLESCENTE, ENSINO MEDIO, CONHECIMENTO, PESQUISA CIENTIFICA, ENSINO PROFISSIONALIZANTE, DESENVOLVIMENTO ECONOMICO, BRASIL.
  • COMENTARIO, IMPORTANCIA, REUNIÃO, PAIS, ALUNO, PSICOLOGO, ESCOLA PUBLICA, ESCOLA PARTICULAR, FOMENTO, CULTURA, PAZ, PREVENÇÃO, VIOLENCIA.

    O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - RO. Para discursar.) – Obrigado, Sr. Presidente.

    Srs. Senadores, telespectadores, hoje é um comentário sobre um artigo publicado ontem pelo Prof. Mangabeira Unger. Mangabeira vive nos Estados Unidos há muitos anos, é professor de Harvard, muitos livros publicados, teve uma fase aqui do Brasil, em que ele exerceu um cargo de ministro, ministro da área de desenvolvimento.

    O Mangabeira escreveu ontem um artigo muito interessante sobre o Brasil, vivendo sempre em ciclos, como se fosse rodando em torno do próprio rabo a vida toda.

    O Mangabeira fala que nós temos que implantar e assimilar a sociedade de conhecimento, incorporar as tecnologias e a indústria brasileira com altivez. Nós temos um agronegócio pujante no Brasil, nós temos uma série de atividades econômicas de primeiro mundo, mas nós precisamos sair do estágio da pobreza, do atraso.

    O Mangabeira aponta, na sua longa entrevista na Folha de S.Paulo de ontem, uma série de rumos que o Brasil deve tomar a tempo e a hora. E nós ficamos aqui, sempre, amargando décadas perdidas. Faz 40 anos que o Brasil está nesse vai e volta, vai e volta, vai e volta, permanentemente. O Mangabeira dá uma aula, uma aula. No seu texto, no seu artigo de ontem, ele discorre sobre o óbvio ululante que qualquer país do mundo deve perseguir.

    Eu tenho, Senador Amin, uma gratidão muito grande pelo Mangabeira. O Mangabeira, quando eu fui Governador do Estado, foi, dois anos, como voluntário, lá no Estado de Rondônia, me ensinar a governar. Ele ia e voltava, ia e voltava. Ficou me ajudando.

    Pois não.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – O senhor me concede um aparte?

    O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - RO) – Perfeitamente.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC. Para apartear.) – É só para dizer o seguinte: eu também fiquei vivamente impressionado com a entrevista que ele deu, porque foi uma aula sob a forma de perguntas e respostas. O que ele queria, que era uma ideia, um plano para sacudir o Brasil, V. Exa. está resumindo muito bem, por isso eu serei muito breve.

    Se ele precisasse justificar o gesto que o levou a colaborar com o seu Governo, eu diria que ele fez isso pensando no futuro dele, porque certamente isso vai melhorar o julgamento quando ele se apresentar ao Altíssimo. Ele ajudou o homem bom a fazer o bem.

    O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - RO) – Muito obrigado.

    Então, eu li o artigo e ele repete que, realmente, nós temos que concentrar... Normalmente, a gente pensa no ensino superior, todo mundo deve fazer o ensino superior, deve se formar, se licenciar, se graduar, fazer mestrado, doutorado. Ele já aborda que a grande massa de brasileiros que estão num campo de desprezo produtivo é do ensino médio, são os meninos de 13 a 17 anos de idade, e que é essa geração de 13 a 17 anos de idade que a gente deve introduzir no ensino médio capacitador, profissionalizante, de tal forma que a gente forme uma elite de mão de obra qualificada para o campo, para a tecnologia, para o comércio, para a indústria, para tudo.

    O Mangabeira defende a salvação das nossas gerações, que estamos perdendo – esses hiatos demográficos –, ao deixarmos de investir nos jovens, fundamentalmente. Eu, logicamente, acrescento a alfabetização, acrescento essa necessidade de uma boa formação básica, no tempo certo, de uma alfabetização até os oito anos de idade, que é o que o atual Ministro, Camilo Santana, está fazendo. Eu estou botando muita fé no Ministério da Educação. O Mangabeira exalta, de fato, a importância de o país prosperar e crescer com base no conhecimento, no investimento, no conhecimento mesmo, na pesquisa científica.

    Por outro lado, Sr. Presidente, eu aproveito aqui um segundo tempo desse meu discurso para lamentar o que existiu ontem: mais um atentado em escola, no Estado do Paraná. Muito grave. Isso não repercute bem, vem acontecendo com um certo ritmo e frequência. Isso preocupa os pais, preocupa todo mundo. A gente fica aflito, sem saber o que fazer, mas, aqui, eu anotei, dias atrás, que tem um psiquiatra lá do Estado do Ceará, Dr. Adalberto, que preconiza até o tratamento nas chamadas rodas terapêuticas.

    Acredito que as escolas devem seguir o método do Dr. Adalberto, esse psiquiatra muito prático lá do Estado do Ceará, que são as rodas terapêuticas. Sentar todo mundo, na escola. Sentar professores, colocar alunos, ouvir os alunos também. Ouvir pais, ouvir o entorno da escola.

    Então, é uma conversa, é uma roda em que a gente descarrega os nossos pensamentos e dali pode sair alguma coisa prática e factível, porque cada escola é diferente da outra escola. Então, é fundamental que a gente faça essas rodas terapêuticas, no sentido de captar, mais ou menos, as orientações que estão dentro das pessoas. Não é preciso um especialista sair peregrinando pelo Brasil, para dizer como é que deve ser a segurança dentro da escola ou no seu entorno.

    De outro lado, muita coisa já falamos aqui, sobre central de monitoramento, câmeras de segurança, a cultura da paz nas escolas. Sobre isso tem muito livro publicado, sobre a cultura da paz, as palavras não violentas. Isso deve ser ensinado na escola, sobre a cultura da paz, a importância da paz. Isso é fundamental! Logicamente, o combate ao bullying... Ontem mesmo, o moço, o atirador falou que sofreu bullying naquela escola e estava vingando o bullying que sofreu anos atrás. Veja bem, então, o cara, depois de 21 anos, foi descarregar uma arma, porque sofreu bullying em certo momento na escola.

    Então, o bullying também é um causador da violência e a gente deve, também, na medida do possível, combater essas práticas através da educação, dos diretores de escola, coordenadores, psicólogos, assistentes sociais, família. E, também, nas escolas, deve-se colocar a base de mediação de conflitos. A mediação dos conflitos pode ser como se fosse um pequeno grupo entre professores, alunos e pais para fazer orientações e julgamentos convenientes nas escolas, uma mediação dos conflitos antes que os conflitos aconteçam, antes que as mortes ou atentados aconteçam. Mediar conflitos, isso é muito importante.

    A preparação continuada dos professores. Os professores não estão, habitualmente, preparados para a violência, para combater a violência.

(Soa a campainha.)

    O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - RO) – É muito difícil para eles, mas, de agora para frente, com esse cenário que está se descortinando no Brasil, os professores devem ser informados também, para que eles possam fazer as ações preventivas, as orientações em sala de aula, detectar o iminente conflito, provável, que surja, para que um aluno com alguma perturbação seja chamado, convenientemente orientado. São essas coisas que a gente deve, realmente, trabalhar para combater a violência nas escolas brasileiras.

    Então, tratei aqui de dois assuntos: primeiro, parabenizo Mangabeira Unger pelo seu artigo e, segundo, a preocupação que nós todos devemos ter com a segurança e a paz nas escolas.

    Era só isso, Sr. Presidente. Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 21/06/2023 - Página 44