Presidência durante a 71ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Agradecimento ao Senador Astronauta Marcos Pontes, pelo apoio em razão da operação da Polícia Federal, e questionamento acerca de fatos relacionados ao 8 de janeiro em Brasília.

Autor
Marcos do Val (PODEMOS - Podemos/ES)
Nome completo: Marcos Ribeiro do Val
Casa
Senado Federal
Tipo
Presidência
Resumo por assunto
Atividade Política:
  • Agradecimento ao Senador Astronauta Marcos Pontes, pelo apoio em razão da operação da Polícia Federal, e questionamento acerca de fatos relacionados ao 8 de janeiro em Brasília.
Publicação
Publicação no DSF de 20/06/2023 - Página 46
Assunto
Outros > Atividade Política
Indexação
  • AGRADECIMENTO, SENADOR, ASTRONAUTA, APOIO, MOTIVO, OPERAÇÃO, POLICIA FEDERAL, APRESENTAÇÃO, QUESTIONAMENTO, REFERENCIA, FATO, VIOLENCIA, MES, JANEIRO, BRASILIA (DF).

    O SR. PRESIDENTE (Marcos do Val. Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – Eu agradeço as palavras, até porque o senhor coloca uma situação que ocorreu comigo e defende exatamente os pontos que a sociedade precisa entender, que estão na Constituição e foram violados. E esse precedente é muito perigoso. Por isso, fico feliz de ouvir o senhor falando, porque passa para mim que eu não estou sozinho; passa para mim que, de fato, outros Senadores também entenderam a gravidade do fato. E vocês não chegaram nem a questionar o mérito, qual era o motivo pelo qual para, depois então, fazer uma defesa, e vocês saíram em defesa da Constituição – e é exatamente ela que a gente tem que defender sempre, independente do mérito. E sendo o mérito muito claramente – hoje, tive uma reunião com os advogados do Senado –, claramente uma ação política, que o próprio Ministro Flávio Dino já fazia no Maranhão e que, agora, como Ministro da Justiça, está fazendo com a Polícia Federal.

    Os policiais federais, aqui eu repito, Senador, por diversas vezes, na minha casa, olhavam para mim e diziam: "Senador, nos perdoe, nós estamos cumprindo uma missão. Sabemos da tua história, fomos seus alunos. Não há o que questionar da tua honra, da tua credibilidade". Mas eu disse a eles o seguinte: "Eu vim para cá, e não vim forçado, obrigado. Ninguém me obrigou a estar aqui, mas eu não imaginava que assassinar reputação era tão frequente aqui dentro". E, aí, eu falo com o senhor, hoje como um Senador da República, com a sua história de ser o primeiro brasileiro a ver o que nenhum brasileiro viu, colocando-se também na defesa da democracia, da Constituição. E eu, ao ler a decisão dizendo que eu estava desrespeitando a Constituição... Eu estava na defesa da Constituição quando o ex-Deputado Federal Daniel Silveira me abordou aqui fora, pedindo para que eu pudesse ajudar nesse plano de gravar o Ministro Alexandre de Moraes, para, então, invalidar as eleições. E claramente eu dizendo para o Ministro: "Jamais fiz e farei algo nesse sentido". E disse para ele: "Ministro, preciso estar agora, pessoalmente, para te passar os detalhes, porque é grave".

    E eu não tinha nem noção de que, em janeiro, pudesse vir a acontecer o que aconteceu. E, quando aconteceu no dia 8 de janeiro, eu cheguei em Brasília e comecei a investigar e, de pronto, eu soube, pela minha experiência de anos, que os que estavam sendo presos nada tinham a ver, não prevaricaram. E, quando eu tive acesso a esse documento que o Ministro Alexandre de Moraes diz que é um documento sigiloso e que, assim, eu estou cometendo um crime por divulgar um documento sigiloso, esse estava, sim, sigiloso, mas caiu o sigilo dele, porque não tem mais nem esse símbolo de sigilo, porque ele foi adulterado pelo Ministro G. Dias. Então, esse deixou de ser o documento oficial, mas só foi mudado um detalhe de que o Ministro G. Dias estava sendo comunicado. Para mim, é igual falar subir para cima.

    Quem trabalha na área sabe que a Abin é obrigada a reportar ao GSI, então é uma coisa que não precisa dizer. É pleonasmo, não é? Subir para cima. Não, a Abin reporta ao GSI. Então é um detalhe que para mim... mas a sociedade não entendeu, por isso que foi feita, através do Esperidião Amin, a solicitação do terceiro relatório.

    E ter tornado público... Olha o que diz a Constituição, mesmo se estivesse em sigilo. Olha o que diz a Constituição, pois nem os Senadores sabiam disso: "Os Deputados e Senadores não serão obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações". Ou seja, a Constituição fala que eu tenho o direito, garante-me o direito. Está aqui, eu não cometi nenhum crime. E falar que, por divulgar um documento sigiloso, mesmo ele sabendo que não é mais sigiloso... Mas o problema é porque aqui nas instituições que a Abin comunicou está escrito STF e Tribunal Superior Eleitoral.

    É isso que ele chamou de fake news: eu estar publicando notícias falsas. Notícias falsas vindas da Abin? Que depois, quando o G. Dias caiu – eu já vinha falando antes –, quando as pessoas viram de fato na televisão o G. Dias compactuando, as pessoas começaram a levar a sério, porque, até então, eu entrei na esfera do: "Se você não pode derrubar o argumento, você derruba o argumentador". E começaram com a retórica de que eu sou doido, de que eu sou: ora fala uma coisa, ora fala outra. Só que se esquecem de que, no setor em que a gente trabalha, o que eu fiz é usado desde a Segunda Guerra Mundial e que a Ucrânia está usando agora, que é a indução de informações.

    Quando você quer mandar uma mensagem para alguém, você cria uma narrativa para atrair a imprensa e dentro dessa narrativa tem uma mensagem que uma pessoa precisa receber. E, quando eu fiz esse movimento, foi para dizer para todos esses ministros que eu já tive acesso ao relatório e já estava sabendo a verdade. E não citei o Ministro Alexandre de Moraes nem o STF, porque eu achei que ele faria a sua proteção e passaria a relatoria para outro ministro, tomaria providências para dentro da legalidade, da moralidade, mas assim ele não o fez.

    E quando eu estive lá no galpão – eu estive logo em seguida, quando o grupo foi preso – me remeti, claro que eu não vivenciei, mas através da história de livros e filmes, me remeti à época dos judeus, que estavam todos ali numa situação desumana, desumana mesmo! Pessoas vomitando, pessoas doentes, mulheres que não tinham absorventes, tinham que lavar o que a outra usou para usar de novo, para dar para outra mulher. E quando você vê isso tudo como ser humano e fala: "Bem, eu acredito que as pessoas que os botaram aqui devem estar trabalhando para resolver essa situação", mas não, não estavam! E isso me indignou muito, e eu já tendo ciência disso daqui. Vocês não imaginam o que é dormir sabendo da verdade e vendo as pessoas perdendo o seu direito de defesa, não existindo direitos humanos.

    E aí, quando eu tornei isso público, veio a retaliação, para que "o Marcos do Val agora está sendo investigado criminalmente". Nunca cometi um crime na minha vida, nem multa.

    Então, eu agradeço muito, Senador, pela fala, porque nós precisamos tornar isso... ecoar isso para todos os Senadores, porque eu fui a vários setores, inclusive internacionais, para perguntar como poderia frear um ministro, que, com a desculpa de defender a Constituição, não cumpre a Constituição.

    E como eu falei... ele até colocou na decisão, dizendo que eu estava com uma fala agressiva, gerando agressividade nas redes sociais quando eu citei que o traidor da Constituição é um traidor da pátria. E ele colocou na decisão como se eu estivesse fomentando o ódio nas redes, e tirou as minhas redes sociais do ar.

    Hoje... Eu estou tendo só a oportunidade... Desde quinta-feira, só hoje eu estou tendo a oportunidade de falar. E, incrivelmente – eu vou mandar para todos os Senadores –, na decisão dele ele cita falas minhas daí onde o senhor está, quando a Constituição nos garante aí falar, o livre pensamento, falas, decisões. Ele colocou dentro da decisão, colocando-me como se eu tivesse cometido um crime quando eu estava aí falando. A esse ponto ele chegou.

    Então, eu faço questão de tornar tudo público, o que pode ser público. E eu esperei a CPMI iniciar para tornar público um documento que deixou de ser sigiloso – esse não é mais sigiloso – para dizer a verdade para a sociedade, porque eu não estava conseguindo dormir sabendo da verdade e das injustiças que estavam acontecendo.

    Não dá mais para a gente ficar calado. Até onde eu pude ir sozinho eu fui. Quase perdi meu terceiro casamento. A minha filha, chorando, pediu: "Pai, para, sai disso [ela tem 17 anos], porque eu estava em sala de aula e as pessoas me dizendo que você estava sendo preso".

    Imagine ela dentro da escola e as pessoas... A professora a tirou para conversar sobre o que estava acontecendo com o pai dela.

    Eu imagino que V. Exa. deve ter passado por situações semelhantes, porque era... é o nosso herói brasileiro, o primeiro astronauta do Brasil – e isso vai ficar para a eternidade – e, de repente, o senhor, toda a sua história, a sua carreira, por questões políticas, tentarem destruir com narrativas falsas, tendenciosas, escondendo provas e ainda não obedecendo o que a Procuradoria-Geral da União, a PGR (Procuradoria-Geral da República) decidiu: indeferimento. Mesmo com a posição da PGR, ele seguiu.

    Hoje, o Ministro Alexandre de Moraes é a pessoa... É um ditador jurídico de que o Brasil está refém. Em todos os setores, Senador, onde eu vou, em que eu passo, todos temem. Eu ouvi um delegado da Polícia Federal falando o seguinte: "Senador, porque se fosse seguindo a lei, a gente sabe que se passar o sinal vermelho, a gente vai ser multado. Mas o problema não é o que você fala, mas quem está falando. Então, se eu parar no sinal vermelho, ele pode querer me multar. Se eu passar pelo sinal verde, ele pode querer me multar." E assim ele está fazendo. Então, as pessoas não estão tendo nem a segurança do que está escrito na Constituição e no Código Penal.

    E sobre essa interferência, eu comecei até a pensar: ué, mas eu escutava muito que o ex-Presidente da República estava esticando as cordas com os outros poderes. O Presidente nem mais está aqui há meses e essa corda continua sendo esticada; e quinta-feira ela arrebentou. Então, quem de fato estava trazendo essa instabilidade entre os três poderes? É notório que é o Ministro Alexandre de Moraes.

    Para encerrar, eu reforço aqui o agradecimento e que nós possamos estar ombreados, todos os Senadores, porque hoje invadiram esta Casa, e entraram no meu quarto, simbolicamente falando; amanhã pode ser no teu quarto, pode ser no quarto da Oposição, que fizeram postagens debochadas – "hoje a Swat está invadindo a casa do Senador Do Val" –, fazendo deboches, exatamente essa Oposição que sofreu situações semelhantes. Como é que você pode desejar a outra pessoa o que você não quer para você? Eu acho que o Brasil precisa...

    A sociedade na rua me cumprimentando, dizendo: "estou com você. Mesmo com a tentativa de assassinar sua reputação, de dar a noção de que você é um criminoso, mas a gente viu que não saiu um centavo naquelas sacolas, que não tinha nada ilícito, ilegal, tudo na legalidade". Saíram procurando pen drives. Os pen drives que eles levaram são pen drives da época que eu dava aula na Swat, vai ver só isso. Então a gente precisa de fato estar juntos, seja situação ou oposição.

    Obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 20/06/2023 - Página 46