Discurso durante a 82ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao Presidente Lula em virtude de discurso realizado no 26º encontro do Foro de São Paulo.

Autor
Marcos Rogério (PL - Partido Liberal/RO)
Nome completo: Marcos Rogério da Silva Brito
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Assuntos Internacionais, Defesa do Estado e das Instituições Democráticas, Governo Federal:
  • Críticas ao Presidente Lula em virtude de discurso realizado no 26º encontro do Foro de São Paulo.
Aparteantes
Esperidião Amin.
Publicação
Publicação no DSF de 05/07/2023 - Página 20
Assuntos
Outros > Assuntos Internacionais
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Indexação
  • CRITICA, PRESIDENTE DA REPUBLICA, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, DISCURSO, EVENTO, AMBITO INTERNACIONAL, BRASILIA (DF), IMPLANTAÇÃO, IDEOLOGIA, SOCIALISMO, COMUNISMO, REGISTRO, DEMOCRACIA, ESTADO DEMOCRATICO.

    O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO. Para discursar.) – Sr. Presidente, nobre Senador Weverton Rocha, Sras. e Srs. Senadores e os que nos acompanham pelo sistema de comunicação do Senado Federal, é uma alegria voltar a esta tribuna.

    Confesso que fui tentado a seguir o debate sobre reforma tributária, inaugurado na tribuna hoje pelo eminente Senador Jorge Kajuru e, agora, secundado pelo Senador Izalci – é um tema realmente importante, e todos nós devemos refletir muito sobre ele, especialmente considerando o papel constitucional que tem o Senado da República –, mas eu vou tratar desse tema no dia de amanhã. Amanhã eu quero trazer uma reflexão sobre a proposta de reforma tributária, que está tramitando na Câmara dos Deputados, e adianto: preocupa-me muito o texto que está sendo gestado na Casa vizinha.

    Mas hoje eu quero falar de um outro assunto, quero voltar a frisar que o meu objetivo aqui no Senado não é fazer uma oposição ácida ao Presidente Lula e a seu Governo.

    Apesar de termos assistido, nos anos anteriores, à prática de uma oposição sistêmica e sistemática de um único viés, a busca pelo poder, não considero, sinceramente, que isso engrandeça o país, que isso faça bem às pessoas, que isso favoreça ao povo brasileiro. Por outro lado, cabe à Oposição fazer o devido cotejo, a devida análise dos rumos que o Governo adota para, por meio de uma crítica respeitosa, contribuir para a correção de rumos.

    Nesse processo, considero que não são apenas temas relativos a políticas públicas concretas voltadas a serviços e obras que devem ocupar nossa atenção. A alma brasileira precisa ser respeitada. As liberdades do cidadão, das famílias do Brasil precisam ser defendidas e preservadas.

    Quando vimos e ouvimos um Presidente da República trilhando o caminho do ativismo político-ideológico de maneira deliberadamente hostil aos princípios e valores da nação, é impossível que não tenhamos uma reação firme e contundente. Quero me referir principalmente ao discurso do Presidente Lula para seus companheiros do Foro de São Paulo feito na semana passada e que ainda repercute. Não se trata de uma ocorrência qualquer.

    Fundado em 1990, o Foro de São Paulo nunca deixou de existir e seus projetos e ideais socialistas e comunistas também não. Muitos integrantes da esquerda tentam negar que ainda se cogite implantar um regime de matriz comunista, de orientação comunista. Aliás, rejeitam o uso da própria palavra "comunista", como se, ao fim e ao cabo, o projeto de poder que os membros do Foro de São Paulo nutrem não girassem em torno dessa ideologia.

    Quando digo que rejeitam, refiro-me aos muitos progressistas de setores da elite brasileira que, ingenuamente, acreditam que a ideologia política de esquerda, nesses tempos modernos, esteja voltada apenas para a pauta dos costumes, com a qual comungam de forma entusiasmada.

    É óbvio que em pleno século XXI não podemos mais falar apenas em comunismo, mas em comunismos, dada a pluralidade de versões incorporadas ao longo dos anos a esse viés ideológico desde a versão marxista do século XIX. Os próprios países que implantaram o regime comunista não o fizeram de forma absolutamente igual, mas a base totalitária é sempre a mesma. Não há espaço para liberdades e direitos fundamentais. Os progressistas, que amam as pautas dos costumes, precisam saber disso. Os ideais comunistas precedem a Karl Marx, já existiam antes dele, e não morreram com ele, assim como não morreram com Lenin, com Stalin ou com Fidel Castro. O comunismo sempre elegeu quatro inimigos, Senador Magno Malta: Deus, família, Estado e propriedade. Quem lê os documentos do Foro de São Paulo verifica claramente que os propósitos dos seus membros continuam sendo exatamente os mesmos.

    Nos últimos dias, o Presidente Lula tem verbalizado um pouco do ideário comunista, sem deixar de prestigiar o próprio termo, do qual disse abertamente se orgulhar. Em relação à propriedade privada, vem destilando seu ódio há muitos dias, como já fez seguidas vezes em relação ao setor agropecuário brasileiro. A pauta de mitigação do direito de defesa da propriedade também é conhecida nas propostas da esquerda, inclusive as que buscam dificultar a garantia do direito de propriedade mediante a estrutura do Judiciário – veja agora o marco temporal sendo discutido no âmbito do Supremo Tribunal Federal. E esta Casa tem que votar a proposta que está aqui e que trata desse tema, para garantir segurança jurídica a quem está em cima da terra.

    A relativização do direito de exercer a posse dos próprios bens e ter sua proteção pelo Estado é flagrante. A negação de Deus é latente e patente no propósito humanista e de quebra de princípios e valores, num ataque aberto e inescrupuloso a direitos naturais, como o direito à vida. Bem à vontade entre seus companheiros do Foro de São Paulo, o Presidente Lula revelou seu desprezo à família e sua revolta com o patriotismo. Nas palavras do próprio Presidente, a temática é enfrentar "o discurso do costume, [o discurso] da família e [o discurso] do patriotismo". Não é fala da Oposição aqui, é discurso do Presidente Lula lá. Ora, a negação desses valores fundamentais, todos relativos às liberdades individuais e coletivas, é um terrível ataque à nação brasileira. Não é apenas um ataque à democracia, mas um ataque à própria nação, à alma brasileira, ao povo brasileiro e à sua história. Um marxismo cultural indisfarçado, pregado por um dirigente político à frente de um Estado nacional, e, portanto, detentor de poder conferido através do voto. Isso faz do comunismo proclamado não apenas uma ideologia, mas um projeto de poder entranhado nas estruturas do Governo brasileiro.

    Com esse tipo de discurso, é de se perguntar: o Presidente Lula está à frente do Governo para governar para todos os brasileiros ou para implantar uma agenda ideológica comum aos seus pares do Foro de São Paulo? Será que os que votaram nele, acreditando em suas belas palavras de apoio à família e respeito aos valores cristãos da nação, imaginavam que sua agenda política seria essa? É incrível como depois de, nos últimos anos, se ouvirem críticas a um pseudofascismo – um suposto fascismo, que jamais foi sequer mencionado –, o Brasil, como nação democrática que é, tenha que ouvir em seu próprio solo, de seu próprio Presidente, um ostensivo culto aos ideais do comunismo.

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – O que se pode esperar de um governante que considera que o conceito de democracia é relativo e que varia conforme o entendimento de cada indivíduo? Olha, se fosse o ex-Presidente a dizer essa frase, certamente a militância petista, a esquerda brasileira já estaria a pedir a prisão de Bolsonaro por uma frase dessa, mas foi o Lula que a disse.

    Eu vou lembrar ao Presidente Lula, citando alguns trechos da carta que ele escreveu ao povo evangélico na reta final do segundo turno das eleições de 2022, qual era a posição dele sobre os temas que agora ataca. Depois de falar de liberdade e de direitos individuais e coletivos em sua carta, o então candidato prometeu...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – Peço a tolerância de V. Exa. por mais alguns minutos, Sr. Presidente. Agradeço a V. Exa.

    Eu vou repetir a última frase para que todos os brasileiros saibam como foi o Lula candidato e como está sendo o Lula Presidente da República.

    Depois de falar de liberdades e de direitos individuais e coletivos em sua carta, o então candidato prometeu manter esses direitos e cuidar das famílias brasileiras, declarou a respeito da fé e assumiu o compromisso de fortalecer as famílias. Eu passo a ler agora, meu caro Senador Esperidião Amin, um trecho da carta do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva, que agora prega contra o discurso de família, o discurso de apoio à família. Ele disse, abro aspas:

O respeito à família sempre foi um valor central na minha vida, que se reflete no profundo amor que dedico à minha esposa, aos meus filhos e netos. Por isso compreendo o lugar central que a família ocupa na fé cristã.

Também entendo que o lar e a orientação dos pais são fundamentais na educação de seus filhos, cabendo à escola apoiá-los dialogando e respeitando os valores das famílias, sem a interferência do Estado.

    O então candidato Luiz Inácio Lula da Silva disse mais, abro aspas:

A preocupação com as Famílias Brasileiras deve ser integral. [...]

Queremos dar às famílias, prosperidade e segurança. O Lar é a garantia de proteção. [...]

Nosso Projeto de Governo tem compromisso com a Vida plena em todas as suas fases. Para mim a vida é sagrada, obra das mãos do Criador e meu compromisso sempre foi e será com sua proteção.

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – Esse foi o Lula candidato...

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – Presidente, se V. Exa. me permitir um aparte... Se o nosso Presidente Weverton, que hoje está muito generoso comigo, me consentir um pequeno aparte...

    O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – Senador Esperidião Amin, ouço V. Exa. com muita satisfação.

    O SR. PRESIDENTE (Weverton. PDT/PDT - MA) – Apesar de o nobre Senador que está na tribuna não ter mais tempo para ele, imagine para aparte, eu vou abrir para V. Exa. e pedir ao nobre Senador que seja um pouquinho mais sucinto, porque a lista está grande...

    O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – Muito obrigado.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – Presidente Weverton, se ele não merece, conceda-o...

    O SR. PRESIDENTE (Weverton. PDT/PDT - MA) – Não, ele merece, e V. Exa. também, o dobro.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – Conceda-o a mim, então!

    O SR. PRESIDENTE (Weverton. PDT/PDT - MA) – V. Exa. está com a palavra.

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC. Para apartear.) – Muito singelamente, eu creio que esse texto do candidato Luiz Inácio Lula da Silva é um texto absolutamente cristão. Eu senti nessas palavras, que eu subscreveria, uma pitada de Magno Malta, tem um tempero...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O Sr. Esperidião Amin (Bloco Parlamentar Aliança/PP - SC) – ... uma quase coautoria do meu primeiro padre confessor, meu saudoso Padre jesuíta Werner José Soell. Eu subscreveria isso que o Presidente Lula, como candidato, escreveu. Por isso, eu estranho muito o que ele tem declarado ultimamente.

    O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – Agradeço a V. Exa., Senador Amin.

    Além de estranho, é algo que ofende a alma dos brasileiros. O compromisso que fez na condição de candidato é desfeito dia a dia na condição de Presidente, atacando as pautas da família, dizendo que esse é um tema a ser enfrentado – e foi o discurso dele no Foro de São Paulo –, atacando a questão da propriedade, atacando um setor que é vital para a economia do Brasil, que é o setor do agronegócio, e agora atentando contra a democracia.

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – Agora, veja, Senador Weverton, e concluo aqui em mais um minuto: o mesmo PT que vai para a CPI e quer acusar brasileiros e brasileiras de serem antidemocráticos, de terem atentado contra a democracia, tem no líder maior alguém que diz que democracia é um conceito relativo. Se alguém quiser me dizer que isso é alguém que defende a democracia, eu quero ouvir. Que venham agora aqueles que são defensores do Presidente para dizer: "Olhe, não, ele está defendendo a democracia". Democracia não é um conceito aberto, democracia vai muito além de eleições livres, democracia se traduz em Estado de direito, defesa de liberdades, defesa de valores, de princípios! Isso é democracia!

    É uma pena, Sr. Presidente...

(Soa a campainha.)

    O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – ... que o Presidente Lula pareça ter esquecido tão rápido suas palavras durante a campanha.

    Que Deus abençoe e proteja o Brasil.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 05/07/2023 - Página 20