Discurso durante a 83ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Preocupação com o aumento da temperatura global e as suas consequências para o mundo e para o Brasil. Observação sobre o dia 3 de julho de 2023, que foi o mais quente já registrado no planeta.

Autor
Jorge Kajuru (PSB - Partido Socialista Brasileiro/GO)
Nome completo: Jorge Kajuru Reis da Costa Nasser
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Mudanças Climáticas:
  • Preocupação com o aumento da temperatura global e as suas consequências para o mundo e para o Brasil. Observação sobre o dia 3 de julho de 2023, que foi o mais quente já registrado no planeta.
Publicação
Publicação no DSF de 06/07/2023 - Página 17
Assunto
Meio Ambiente > Mudanças Climáticas
Indexação
  • PREOCUPAÇÃO, AUMENTO, TEMPERATURA, MUNDO, INFLUENCIA, PLANETA, ENFASE, BRASIL, REGISTRO, DIA, QUANTIDADE, CALOR, EXPECTATIVA, CONFERENCIA, ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU), ANALISE, MUDANÇA CLIMATICA.

    O SR. JORGE KAJURU (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - GO. Para discursar.) – Bom, primeiro o meu agradecimento pela costumeira compreensão do amigo querido e exemplar Senador Humberto Costa, em função de um compromisso que tenho no gabinete.

    Amigo e exemplo da amada Paraíba, Senador Veneziano Vital do Rêgo, sempre pontual, com ele começa às 2h da tarde mesmo!

    Brasileiros e brasileiras, minhas únicas vossas excelências, aos que nos acompanham pela TV Senado, Rádio Senado, Agência Senado e nas redes sociais, Deus e saúde, pátria amada.

    Meu pronunciamento de hoje começa com uma citação, abrindo aspas: "Este não é um marco que deveríamos comemorar, e, sim, é uma sentença de morte para pessoas e ecossistemas", fecho aspas.

    A frase alarmante é da cientista climática Friederike Otto, do Instituto de Mudanças Climáticas do Imperial College, do Reino Unido. Ela se refere à última segunda-feira, 3 de julho de 2023, o dia mais quente registrado no planeta, de acordo com os dados do centro nacional de previsão ambiental dos Estados Unidos.

    A temperatura média, senhoras e senhores, global chegou à marca de 17,1ºC, superando o recorde anterior, de agosto de 2016, que era de 16,92ºC, isso em meio a ondas de calor que vêm castigando várias regiões no início do verão do Hemisfério Norte. As temperaturas têm chegado a 40ºC no sul dos Estados Unidos, ultrapassando os 35ºC na China e beirando os 50ºC no norte da África.

    O recorde de calor na Terra acontece logo após o começo do verão no Hemisfério Norte e da chegada do El Niño, o fenômeno cíclico que aumenta a temperatura no Oceano Pacífico, próximo à linha do Equador. A associação do El Niño, que pode durar de nove meses a um ano, com as mudanças climáticas provocadas por crescentes emissões de dióxido de carbono e gases de efeito estufa podem levar a novos recordes de temperatura, segundo alertam vários cientistas. E quando uma especialista climática fala em sentença de morte não é no sentido figurado.

    No final de junho, as ondas de calor provocaram mortes por insolação e desidratação nos Estados Unidos, no México e também na Índia. A Organização das Nações Unidas, através da sua agência voltada para o clima, pediu ontem aos governos que se preparem para as consequências do El Niño, com o objetivo de – abrem-se aspas – "salvar vidas e meios de subsistência" – fecham-se aspas –, um alerta para que todos busquem meios para limitar os efeitos sobre os ecossistemas, as economias e, sobretudo, a saúde das pessoas.

    O físico Paulo Artaxo, Professor da USP e membro do painel internacional para mudanças climáticas da ONU, adverte que o Brasil precisa ficar atento por estarmos situados em região tropical, uma das mais quentes da Terra. Ele observa que – abrem-se aspas – "uma coisa é aumentar três ou quatro graus na média de temperatura na Suécia, e outra é aumentar três ou mais graus aqui no Brasil. A nossa vulnerabilidade é muito maior" – fecham-se aspas. Para o professor, a ciência tem alertado, há décadas, que o momento que estamos vivendo irá chegar.

    O mais grave, Presidente Veneziano, na opinião do professor, é que as mudanças climáticas estão mais fortes do que apontavam as previsões mais pessimistas. A saída é uma só: governos e indústrias, sobretudo a do petróleo, precisam implementar medidas urgentes de redução de emissões de gases de efeito estufa, e os governos ricos devem, ainda, ajudar os países pobres, os mais afetados pelas mudanças climáticas.

    Com a temperatura média global batendo recorde, a tendência é muito calor também nas discussões da próxima Conferência do Clima da ONU, a COP 28, prevista para dezembro em Dubai. As expectativas dos especialistas não são otimistas, infelizmente. Espero, ao menos, ver o Brasil mostrando que, depois de um período de negacionismos, está fazendo a sua parte na defesa do meio ambiente e, como potência climática, exija a contrapartida dos países ricos, muito prometida, aliás, mas nunca cumprida.

    O planeta não pode esperar mais, Presidente Veneziano Vital do Rêgo!

    Sempre cumprindo o meu tempo, agradecidíssimo.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 06/07/2023 - Página 17