Discurso durante a 84ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Sessão de Debates Temáticos destinada a debater o tema "Os fertilizantes no Brasil".

Autor
Angelo Coronel (PSD - Partido Social Democrático/BA)
Nome completo: Angelo Mario Coronel de Azevedo Martins
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Agropecuária e Abastecimento { Agricultura , Pecuária , Aquicultura , Pesca }:
  • Sessão de Debates Temáticos destinada a debater o tema "Os fertilizantes no Brasil".
Publicação
Publicação no DSF de 07/07/2023 - Página 10
Assunto
Economia e Desenvolvimento > Agropecuária e Abastecimento { Agricultura , Pecuária , Aquicultura , Pesca }
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, DESTINAÇÃO, DEBATE, IMPORTAÇÃO, PRODUÇÃO, FERTILIZANTE, INTERFERENCIA, REFORMA TRIBUTARIA, AGRONEGOCIO, AGRICULTURA FAMILIAR, ESTADO DE MATO GROSSO (MT).

    O SR. ANGELO CORONEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - BA. Para discursar.) – Boa tarde a todos!

    Quero cumprimentar a mesa na pessoa do grande Senador pelo Estado de Sergipe, revelação deste Parlamento, Senador Laércio Oliveira. Quero cumprimentar também o Deputado Federal Arnaldo Jardim; o Exmo. Ministro do Tribunal de Contas da União, Sr. Walton Alencar, que desenvolve um trabalho em prol das contas públicas com grande eficiência no Tribunal de Contas da União; o Diretor-Geral da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis, o Sr. Rodolfo Saboia. Quero cumprimentar todos os senhores e as senhoras que fazem parte desta sessão tão importante. Talvez quem se ativer ao que é o setor de fertilizantes e o que pode ocorrer se não tomarmos medidas urgentes perceba que podemos ter problemas de alimentação no país.

    Sr. Presidente desta sessão de debates, Senador Laércio, colegas Senadores, senhores e senhoras, membros da mesa, primeiramente, parabenizo o Senador Laércio pela propositura desta sessão de debate.

    Antes de qualquer embate ideológico sobre o uso de fertilizantes orgânicos ou industriais, é fundamental entender o cenário nacional e internacional desse tipo de insumo, sem o qual a própria produção de alimentos se mostra ameaçada. Compreendido esse fator primordial, poderemos, com cautela e responsabilidade, entender os impactos ambientais do uso desse ou daquele tipo de fertilizante e, a partir daí, avaliar as opções que o mercado internacional oferece, suas implicações em nosso ecossistema e como o Brasil pode contribuir para o uso mais equilibrado e eficiente.

    Sob outro viés, quais são os entraves que nos impedem de ser uma potência na produção e comercialização de fertilizantes? O Brasil é o terceiro maior produtor e exportador de alimentos e o quarto consumidor mundial de fertilizantes atrás da China, Índia e Estados Unidos.

    É importante pontuar, Sr. Presidente, que utilizamos cerca de 8% dos fertilizantes produzidos no mundo e produzimos apenas cerca de 20% do que usamos – olhe, senhores, só temos 20% do que precisamos – dependendo em grande medida dos fertilizantes vindos da Rússia. Que caminhos temos para que deixemos de ser tão dependentes do fertilizante importado ou para que consigamos ser menos dependentes de um único fornecedor? Buscar novos mercados como Marrocos, Jordânia ou mesmo a Síria pode ser um caminho para não ficarmos à mercê de alguma crise de mercado específico, como vivemos naquele momento do ápice em que a Rússia invadiu a Ucrânia. Quais esforços o Governo tem feito nesse sentido?

    Também é oportuno relembrar que, até meados de 2018, a Petrobras era um importante ator internacional na produção de fertilizantes. Que políticas podemos esperar da nossa estatal a fim de recuperar o protagonismo e manter nossos produtores agrícolas tranquilos quanto ao futuro desse insumo para o setor? Ficam essas perguntas.

    Ao encerrar, eu vou passar um vídeo, com a permissão do nosso Presidente da sessão, de três minutos, para vocês conhecerem um grande projeto que vai revolucionar o setor energético do Brasil.

    Ao início desse filme de três minutos, os senhores e as senhoras vão ver que fala de energia, mas no meio do filme para o fim, vamos falar do grande desafio que é suprir o mercado brasileiro da ureia e é a ureia verde, que é o que está na moda no mundo.

    Então, gostaria que esse filme fosse passado, por favor.

    É coisa rápida, não dá para cochilar.

(Procede-se à exibição de vídeo)

    O SR. ANGELO CORONEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - BA) – Pode vir a ser implantado na Bahia, que eu estou fazendo propaganda do meu estado, e ao mesmo tempo fazendo.

    Agora, é importante frisar para os senhores terem uma ideia que nós consumimos hoje 7,5 milhões de toneladas só de ureia. Produzimos hoje na Bahia – é hoje a única fábrica da Petrobras instalada, arrendada à Unigel – 800 mil toneladas. Temos mais uma capacidade de fábrica na Petrobras – mas ainda está parada – de mais 2 milhões de toneladas. Então, no total, temos um déficit de 4,7 milhões de toneladas de ureia hoje no Brasil.

    Ureia é o principal insumo de fertilizantes. Sem a ureia é impossível se plantar no pais, aliás, no mundo. Então, com isso nós vamos tentar suprir essa deficiência.

    Esse material, esse projeto está sendo discutido dentro da Petrobras, que deve possivelmente abraçar...

(Soa a campainha.)

    O SR. ANGELO CORONEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - BA) – ... porque é um investimento na ordem de US$160 bilhões. Não é um investimento pequeno e realmente só gigantes, como a Petrobras ou os próprios Emirados Árabes ou os chineses, têm interesse em desenvolver isso aqui no Brasil.

    Agora, perguntaram: "Por que a Bahia?" Porque tudo depende ali de vento, tudo depende da energia. E essa energia, os ventos da Bahia são considerados os melhores ventos do Brasil. Então, por isso que a Bahia foi a escolhida para esse pujante projeto da fabricação da ureia e do metanol.

    Para os senhores terem uma ideia, ainda na cadeia de fertilizante – hoje é o NPK: nitrogênio, potássio e o fósforo –, o cloreto de potássio, do nosso Estado de Sergipe, que é o único estado hoje que ainda produz o cloreto de potássio, nós temos um déficit de consumo de 16 milhões de toneladas, com um teor de 60% do cloreto. Sergipe produz somente 350 mil toneladas com um teor de 58%, que é um teor muito bom....

(Soa a campainha.)

    O SR. ANGELO CORONEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - BA) – ... em uma capacidade máxima da mina atual, na terra do nosso querido Presidente dessa sessão, de mais 500 mil toneladas.

    Com isso, do cloreto nós temos 15,5 milhões de toneladas de déficit de consumo aqui no Brasil. Hoje esse cloreto vem da Rússia e parte também daquela região da Ucrânia. Para vocês verem que, nessa guerra que está ainda em curso, se o Brasil não tivesse feito parcerias e um bom trânsito internacional diplomático, teríamos sérios problemas com a agricultura brasileira, pela falta de cloreto de potássio.

    Temos também – e vamos concluir, Sr. Presidente – a questão do fósforo, que é outro insumo importantíssimo. São os três na cadeia do NPK: nitrogênio, fósforo e potássio.

    O fósforo nós consumimos hoje 16 milhões de toneladas, com a produção nacional de 6,5 milhões de toneladas. Importamos do Marrocos, da Rússia, do Egito e da China. Também há um déficit aí de quase 10 milhões de toneladas.

    Então, resumindo, o Brasil é deficiente...

(Soa a campainha.)

    O SR. ANGELO CORONEL (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSD - BA) – ... e é literalmente dependente da importação de fertilizantes. E olha que é um país como o nosso – o quarto maior produtor de alimentos, um país que tem uma dimensão continental e áreas agricultáveis, áreas planas –, mas dependemos de quê? Do sangue, que é o adubo nas suas lavouras.

    Então, se o Brasil não tomar as rédeas urgentemente na reorganização da produção de fertilizantes, poderemos ter um caos dentro em breve. Mas esperamos e temos fé de que o Senado Federal, que está aqui contando com pessoas como o Laércio, que defende a agricultura brasileira, que defende a indústria de fertilizantes, de que nós vamos nos unir para tornar esse Brasil autossuficiente, o que é muito importante, senão poderemos vir a passar fome num espaço de tempo muito curto.

    Muito obrigado.

    E um bom evento a vocês. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/07/2023 - Página 10