Discurso durante a 90ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Indignação contra acusações sofridas por S. Exa. provenientes da imprensa e de opositores.

Autor
Damares Alves (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/DF)
Nome completo: Damares Regina Alves
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Imprensa:
  • Indignação contra acusações sofridas por S. Exa. provenientes da imprensa e de opositores.
Aparteantes
Eduardo Girão, Laércio Oliveira, Marcos Rogério.
Assunto
Outros > Imprensa
Indexação
  • CRITICA, IMPRENSA, OPOSIÇÃO, ACUSAÇÃO, PERSEGUIÇÃO.

    A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF. Para discursar.) – Sr. Presidente, como eu gostaria de subir à tribuna, hoje, com uma outra motivação, mas a motivação que me traz aqui é a indignação dos justos.

    Eu sou uma das Parlamentares mais atacadas pela imprensa, pelos opositores, pelas instituições, até mesmo por juristas. Eu já fui louca e maluca. Eu já fui mentirosa e traficante. Eu já fui nazista, fascista, terrorista. Eu já fui de tudo. Eu já fui até processada por colega desta Casa que disse que eu forcei uma menina de 11 anos que foi estuprada a ter o bebê. Esse colega nunca veio à tribuna pedir desculpa ou nos corredores: "Senadora, a gente se enganou, o Ministério Público não viu nada, nem a Comissão de Ética da Presidência da República". Atacada o tempo todo.

    Eu, realmente, incomodo, Senador Girão. Eu sei disso. Eu sei disso. Mas eu vou falar dos ataques deste ano.

    Eu termino este semestre hoje, em todos os jornais, como corrupta, mas eu comecei este ano como terrorista, Senador Girão, "Damares é terrorista", porque, quando Ministra, lá no comecinho de 2019, três ou quatro pessoas que trabalhavam no ministério, em secretarias – nenhuma pessoa estava no meu gabinete –, pessoas indicadas, se envolveram com os atos de 8 de janeiro. A terrorista era a Damares. Foi tão grave o que falaram e o que fizeram comigo no começo de janeiro, que não me pouparam, nem minha saúde. Mas nada foi provado. Estamos aí na CPI do 8 de janeiro, e nada foi provado contra Damares.

    Em seguida, eu não era mais terrorista, eu virei genocida, "Damares é responsável pela morte dos índios ianomâmis no Brasil". E quem me atacava conhece a administração pública e sabia que a Funai não estava no ministério, ministério que eu deixei em março de 2022. A Funai não estava na administração daquele ministério, e por culpa do Congresso, porque, quando eu assumi o ministério, a Funai estava lá, e este Congresso, numa decisão, retira a Funai do Ministério dos Direitos Humanos e leva para o Ministério da Justiça. Mas Damares era a culpada. Tentaram, inclusive, me cassar. Entraram com representação no Conselho de Ética do Senado. Tramitou, não foi aceita, mas ninguém falou sobre isto, que o Conselho de Ética não viu nenhum motivo para iniciar um processo de cassação contra a Senadora Damares. A imprensa silenciou sobre a decisão do Conselho de Ética.

    No mesmo dia em que o Conselho de Ética decide que Damares não pode ser processada, a Comissão Externa Yanomami do Senado Federal apresenta o relatório, depois de muitas diligências e inúmeras reuniões, um relatório extraordinário, e nenhum apontamento no relatório do Senado Federal de que Damares tivesse qualquer envolvimento com a morte de crianças ianomâmis. E ninguém fala sobre isso. Ninguém fala do relatório nem da decisão do Conselho de Ética.

    Agora, Damares não era mais genocida, não era mais terrorista, "Damares recebeu presentes no ministério e Damares não declarou os presentes". Mas não disseram que a lista dos pequenos presentes que ganhei no ministério... Sabe quais foram os presentes, Senador Laércio? Cocar, camiseta, caneca, artesanato feito nos presídios... Essa era a minha pauta. Amendoim cozido de Sergipe... Essa era a minha pauta. Pequeno agricultor, mulheres em presídios, adolescentes em unidades socioeducativas... Essa era a minha pauta. Era de lá que vinham os presentes. Mesmo assim, sem valor, presentes com menos de R$400 – e a CGU fala que, a partir de R$400, não precisava nem declarar –, todos foram registrados.

    E, em 8 de janeiro deste ano, um servidor do atual Governo apaga a lista dos presentes, e a imprensa dá que Damares não sabe onde está a lista, que a lista foi apagada, mas não diz quem apagou a lista.

    Não deu certo a história dos presentes, e agora a Damares é traficante. Um avião... Senador Girão, isso aqui é muito grave. Justo eu, que sou a fundadora do Movimento Brasil sem Drogas, com o senhor, que, há mais de 20 anos, luto aqui no Congresso Nacional pela não legalização das drogas... Um avião da Igreja Quadrangular... E aqui vem um fator muito delicado: um pastor de 89 anos, Presidente da Igreja Quadrangular, é meu tio. E essa pequena aeronave, no hangar... Um ex-funcionário do hangar entra de madrugada no hangar, coloca maconha no avião. O avião seria sequestrado, Senador Laércio, e o piloto seria assassinado, mas o piloto percebeu que tinha alguma coisa errada na aeronave e chamou a Polícia Federal. Junto com a Polícia Federal, a igreja montou o flagrante. A pessoa que colocou a droga no avião foi presa. Foi todo mundo para a delegacia. A igreja entra como vítima e testemunha. Mas, porque o pastor é meu tio, "Damares é a traficante". Hoje, nos corredores da Câmara, tinha uma Deputada falando que eu sou narcotraficante. Ela vai ter que provar. O avião foi devolvido para a igreja, o inquérito aconteceu, mas o Brasil inteiro falou, assim como Parlamentares, que "Damares é traficante".

    Só que o detalhe delicado dessa história é que usaram o nome de uma igreja séria, uma igreja com mais de 3 milhões de membros no Brasil. A Igreja Quadrangular é uma igreja séria, é a igreja onde eu nasci. Meu pai foi pastor durante 60 anos dessa igreja, e meu tio, pastor lá no Pará. Mas a Damares é traficante.

    Sabe o que aconteceu, Senador Laércio? Tem um mês que a Igreja Quadrangular é apedrejada no Brasil por ser igreja de traficante. Mas, vejam só: se não fosse meu tio, ninguém falaria nada. "Mas a gente tem que pegar essa mulher conservadora, radical, cristã, bolsonarista. O ataque tem que vir a ela, nós temos que desconstruir a imagem da Senadora". Por que tanto medo de mim? Deixem-me trabalhar em paz, gente! Eu não faço outra coisa neste Senado: eu chego aqui às 8h da manhã, saio às 10h da noite, trabalhando, e eu só tenho uma pauta: vida em família, criança. Mas os ataques vêm de todos os lados, a igreja está sendo prejudicada porque querem atacar a Senadora, então prejudicam uma igreja. Perdão, Igreja Quadrangular, pelo que vocês estão passando só por um pastor ter ligação comigo!

    Agora, hoje, estou em todos os jornais como corrupta. E sabem qual foi a corrupção? Uma emenda parlamentar que um Deputado mandou lá para o ministério, uma emenda de execução obrigatória, emenda impositiva. Nós aceitamos o projeto técnico, começamos a execução. No meio da execução, eu percebi que tinha alguma coisa errada. Epa! Eu denunciei à CGU. O ofício é assinado por mim: "CGU, por favor, veja isto aqui". A CGU foi fazer auditoria e, de fato, encontrou irregularidade, e a instituição que estava executando a emenda do Parlamentar teve que devolver dinheiro para o ministério. Descobriram o relatório. Em todos os jornais: "Damares corrupta. O ministério da Damares transferiu dinheiro para uma instituição que tinha empresas laranjas", mas ninguém fala que fui eu que descobri a corrupção, que fui eu que denunciei, que a CGU só fez alguma coisa porque nosso ministério a acionou.

    Encerro o semestre, Senador, como terrorista, genocida, mentirosa, traficante e corrupta. Pensam que eu estou com medo? Estou não. Pensam que vão me calar? Vão não. E tampouco a Igreja de Cristo, porque quiseram calar a Igreja Quadrangular, humilhá-la. Gente, deixe-me dizer uma coisa: mexam com a Igreja de Cristo não. Já tentaram nos calar lá no Coliseu, e não conseguiram; já tentaram nos calar com leões, e não conseguiram, com fogueira, apedrejamento. Ninguém cala a igreja.

(Soa a campainha.)

    A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF) – E a Senadora conservadora, também ninguém vai calar. Vou continuar a minha luta.

    Eu sei de onde vem muita articulação contra mim, e o recado vai aqui para eles: traficantes e pedófilos, eu fui eleita com 714 mil votos no Distrito Federal e só faço este discurso aqui porque o meu eleitor precisava de que eu desse essa satisfação. Vou mandar um recado para os traficantes e pedófilos: tentem, mas não vão conseguir me calar.

    Que Deus abençoe o Brasil, que Deus abençoe vocês, Senadores, nessas duas semanas de descanso. E acreditem: estarei aqui em agosto brigando pelo que acredito e sem medo da imprensa e daqueles que se opõem ao que eu penso. Dá para a gente estar aqui dentro desta Casa, brigando pelo que a gente pensa, sem desconstruir imagem, sem assassinar reputação.

    Muito obrigada, Presidente.

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Eu queria pedir um aparte, se o Presidente permitir.

    O SR. PRESIDENTE (Irajá. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - TO) – Pois não, Senador Eduardo Girão.

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para apartear.) – Rapidamente, eu não posso deixar de... Eu não posso, depois de um discurso desse da Senadora Damares, que é uma pessoa íntegra, correta, tem as posições dela, coincidentemente nas causas em que ela está eu estou também... Muitos discordam, podem discordar, faz parte da democracia, mas o que a gente está vendo no país, Presidente, é uma perseguição implacável que já passou do tempo, Senador Marcos Rogério, mas já passou. Que isso? É incansável. Está muito claro, Senador Cleitinho, está muito claro: quem estava ao lado do ex-Presidente da República Bolsonaro, quem era próximo é alvo. Isso está tão cristalino. Será que ninguém está vendo isso aqui nesta Casa?

(Soa a campainha.)

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Esta Casa que deveria ser o poder de apaziguamento, moderador, para barrar essa perseguição que vem de outros Poderes, Senadora Damares, dos dois outros Poderes da República.

    Nós temos hoje jornalistas com passaporte retido – eu não falo nem das redes sociais, que já caíram faz tempo –, jornalistas. Nós estamos hoje com empreendedores com redes bloqueadas. Senador Cleitinho, influencer, youtuber, jornalista com conta bloqueada porque tem uma posição diferente do sistema. Nós temos presos políticos no Brasil, Senador Cleitinho.

(Soa a campainha.)

    O SR. PRESIDENTE (Irajá. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - TO) – Para concluir, Senador.

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Há um vídeo que está viralizado, o Senador Cleitinho falou, mostrando no Brasil a inversão de valores que a gente está tendo. É o Governador do Rio, com quatrocentos e tantos anos de prisão, solto, e aí cassam o Deltan Dallagnol, que foi quem colocou essa turma aí toda, foi atrás de fazer justiça para todos.

    Senador Irajá, eu vou dizer uma coisa, Presidente: está muito claro o que está acontecendo no Brasil. É hora das mulheres de bem, dos homens de bem, até que pensam diferente da gente, da Senadora Damares, do Senador Marcos Rogério, de quem é conservador de verdade. Que apaziguem, gente, já deu. Tem uma música daquele grupo Nenhum de Nós: "Mas o ódio cega e você não percebe". Está cegando, Senadora Damares. É isso que está acontecendo e é por isso, Senador Irajá – se o senhor puder me dar mais um minuto, eu concluo –, que nós estamos...

(Soa a campainha.)

    O SR. PRESIDENTE (Irajá. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - TO) – Para concluir, Senador.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Um grupo de Parlamentares está viajando, está indo, só falta confirmar a data, mas a robustez da denúncia ao Comitê de Direitos Humanos da ONU é grande, e nós vamos entregar. Nós vamos passar por essa provação por que a gente está passando. Quem é conservador está sentindo na pele o que está acontecendo; não é mais com leão, não é mais na fogueira: graças a Deus, o processo civilizatório hoje vai atrás de calar, apenas censurar, temos que agradecer.

    Mas é só um lado e todo mundo está vendo. Nós vamos passar por isso e, se Deus quiser, Senadora Damares, vai dar tudo certo. A senhora não está só, não está só. A verdade triunfa, mentira não cola.

    Que Deus abençoe a sua jornada com muita paz!

    O Sr. Laércio Oliveira (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SE) – Presidente Irajá, por gentileza.

    O SR. PRESIDENTE (Irajá. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - TO) – Eu peço compreensão ao Senador Laércio: nós temos ainda oito oradores inscritos; se puder nos ajudar com o tempo, eu concedo a palavra a V. Exa. por um minuto.

    O Sr. Laércio Oliveira (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SE. Para apartear.) – Eu serei breve.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Laércio Oliveira (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SE) – Se for preciso, Presidente, eu até retiro. Eu estou inscrito para fazer o discurso, mas eu prefiro dar esse testemunho com referência à Senadora Damares.

    É muito bom na vida quando a gente fala de alguém que a gente conhece, e melhor ainda quando a gente conhece esse alguém há muitos anos, porque os anos trazem consigo a convivência, os costumes, os bons momentos, os maus momentos, trazem conosco a formação. Na minha juventude, e até em muitos anos da minha vida, eu cresci. Não cresci enquanto criança. Quando eu conheci a Senadora Damares, eu já tinha 20 anos de idade e caminhei com ela durante uns 20 anos. E tudo que eu escutei hoje aqui me deixa indignado, porque a Damares não é isso...

(Soa a campainha.)

    O Sr. Laércio Oliveira (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SE) – ... que a própria Damares narrou aqui – e tanta gente tenta colocar nela a pecha disso tudo. A Damares é uma mulher de força, de fé, uma mulher de trabalho. Damares, você é uma mulher de que quem a conhece, como eu a conheço, tem orgulho. Eu tenho orgulho de você. Eu fui muito feliz durante todo o tempo de convivência na nossa igreja, no trabalho que a gente fazia, um trabalho social que... Muita gente acha que a Senadora Damares é envolvida em trabalho social nos últimos dez anos. Não, a gente trabalhou junto em vários projetos nacionais e internacionais, fazendo o bem e levando o bem, como é a sua vida, e você se dedicou a isso.

    Quando você se tornou Ministra, eu fiquei mais uma vez muito orgulhoso de você. Encontrei você aqui...

(Interrupção do som.)

    O SR. PRESIDENTE (Irajá. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - TO) – Para concluir, Senador.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Laércio Oliveira (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/PP - SE) – Desculpa, Presidente.

    Encontrei você aqui, no Senado, e mais uma vez você foi motivo de orgulho para mim.

    Então, como disse o meu amigo Senador Eduardo Girão, siga em frente, essas tempestades passam e certamente o seu barco vai seguir em um bom mar.

    Obrigado.

    Obrigado, Presidente.

    O SR. PRESIDENTE (Irajá. Bloco Parlamentar PSD/Republicanos/PSD - TO) – Aparte concedido ao Senador Marcos Rogério, por dois minutos.

    O Sr. Marcos Rogério (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO. Para apartear.) – Sr. Presidente, eu quero, da mesma forma que meus colegas, usar da palavra neste momento para apartear a Senadora Damares, que, como disse o Senador Laércio, eu conheço há muitos anos. Quando eu cheguei à Câmara dos Deputados, como Deputado Federal, já no primeiro momento, a primeira pessoa a quem eu fui apresentado, no âmbito da Frente Parlamentar Evangélica, foi a Pastora Damares.

    E eu, lá em Rondônia, Senador Laércio, Senador Girão, quando eu ia falar da Damares Alves, Pastora Damares, dizia: ela não tem mandato, mas faz mais do que uma dezena de Deputados. Porque ela era vigilante, ela era observadora nos temas que nos interessavam, os temas da família, os temas da vida.

    E ela ocupou o ministério no Governo do Presidente Bolsonaro, fez lá uma gestão exitosa, é atacada por isso e hoje está no Senado Federal, em razão do trabalho e da sua trajetória.

    Então, você tem mais do que a nossa solidariedade; você tem o nosso respeito, a nossa admiração e nossos votos de que você continue produzindo frutos, frutos bons.

(Soa a campainha.)

    O Sr. Marcos Rogério (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO) – Para a palmeira que está fincada às margens do rio, o vento bate, balança, ela até se dobra, mas ela não quebra.

    Você é uma palmeira. Que Deus continue abençoando-a, guardando sua vida e o mandato que o povo de Brasília te deu.

    A SRA. DAMARES ALVES (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - DF. Fora do microfone.) – Obrigada.