Discurso durante a 93ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal

Necessidade de criação, no Senado Federal, de uma frente parlamentar em defesa das favelas.

Satisfação com o anúncio da redução da taxa Selic em 0,5 ponto percentual pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central e expectativas de avanços nas áreas econômica e social.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atuação do Senado Federal:
  • Necessidade de criação, no Senado Federal, de uma frente parlamentar em defesa das favelas.
Economia e Desenvolvimento:
  • Satisfação com o anúncio da redução da taxa Selic em 0,5 ponto percentual pelo Comitê de Política Monetária do Banco Central e expectativas de avanços nas áreas econômica e social.
Aparteantes
Eduardo Girão.
Publicação
Publicação no DSF de 04/08/2023 - Página 34
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Senado Federal
Economia e Desenvolvimento
Indexação
  • DEFESA, NECESSIDADE, CRIAÇÃO, SENADO, FRENTE PARLAMENTAR, OBJETIVO, PROTEÇÃO, PESSOAS, FAVELA.
  • ELOGIO, ANUNCIO, COMITE DE POLITICA MONETARIA (COPOM), BANCO CENTRAL DO BRASIL (BACEN), REDUÇÃO, TAXA SELIC, EXPECTATIVA, MELHORIA, AREA, ATIVIDADE ECONOMICA, ATIVIDADE SOCIAL.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para discursar.) – Senador Cleitinho, que preside esta sessão, eu quero falar de um tema de que muitos falaram hoje aqui, mas não posso me negar, porque nós reclamamos tanto da taxa de juros, dizendo que o Brasil é o país que tem a taxa mais alta do mundo, e, ontem, quando o Banco Central reduz, embora 0,5%, a taxa de juros, eu reconheço que estamos avançando. E é sobre esse tema que eu vou falar.

    Mas, antes, Presidente, eu quero agradecer ao Presidente Rodrigo Pacheco, que ontem recebeu, no seu gabinete, o líder Preto Zezé, da Cufa. Ele preside a Cufa, que é a maior organização dos favelados no Brasil, e tem um trabalho social bonito. E ele expôs lá todo o trabalho social que faz, e, no fim disso, a decisão tomada, a exemplo do que a Câmara já fez, é que nós vamos trabalhar aqui – tenho certeza de que eu vou ter a assinatura de todos os Senadores, não tem nenhuma dúvida – para que se crie também, como a Câmara fez, uma frente parlamentar, aqui no Senado, em defesa dos favelados, da cidadania.

    Eu, então, passo a colher assinaturas a partir de segunda-feira. Sei que vou poder contar com todos, porque eu, quando a proposta é boa, não quero saber de onde vem, eu assino. E tenho assinado, inclusive, a de todos vocês que estão no Plenário neste momento quando eu entendo que a proposta vai para atender os mais vulneráveis, os mais pobres, os que mais precisam.

    Mas, Presidente, quero falar sobre taxa de juro. É com satisfação que me dirijo neste momento a este Plenário – e sei que falo aqui da tribuna para todo o país, via veículos de comunicação aqui do Congresso – e quero aqui deixar a minha visão sobre a taxa de juro, um tema inevitável, que nós temos que debater, discutir e avançar – e entendo eu que estamos avançando.

    Falar sobre taxa de juro é falar sobre desenvolvimento sustentável, é falar sobre desenvolvimento no campo econômico, social e também político. Com a redução da taxa de juro Selic pelo Copom, Banco Central, ocorrida no dia de ontem, eu quero aqui expressar a minha fé, a minha confiança, a minha esperança, pois, assim, eu creio que essa redução entre agora em uma espiral decrescente. Esse é um sinal positivo que eu vi ontem dado pelo Banco Central.

    Sublinho, embora seja um avanço, que precisamos reconhecer que ainda há muito por ser feito. Ao reduzir a taxa Selic de 13,75% para 13,25%, damos um passo na direção certa, na minha opinião. Mas o Brasil, como muitos Senadores falaram aqui hoje já, permanece no topo do ranking global da mais alta taxa de juro do mundo. Isso significa, só como exemplo, que temos juros acima de países como México, Colômbia, Chile, Rússia, África do Sul e Canadá.

    Essa realidade não deve ser descuidada, pois juros mais altos criam desafios enormes para a nossa economia. Eu tenho certeza de que o empresariado que tem lá a sua empresa no campo eletrônico, no campo do automóvel, no campo – eu fui metalúrgico muitos anos – da metalúrgica, enfim, de todas as áreas, quer investimento no seu negócio. É ruim quando alguns empresários param de investir no seu negócio porque vão investir na taxa de juro, porque dá mais lucro para ele do que o seu negócio.

    Então, é fundamental a gente discutir esse tema. Discutir taxa de juro é discutir qualidade de vida da nossa população, porque um dia um grande empresário, conversando comigo, sabe o que ele me disse? "Paim, quando vocês ficam achando que simplesmente nos tributar [lembro-me de que era do Rio Grande do Sul, ele foi Parlamentar], só aumentar os tributos em cima da indústria [era o exemplo que ele dava: da indústria], nós vamos transferir para o preço final do produto. Não tem como! Aumentaram tributos, nós vamos transferi-los para o preço final do produto." E quem vai comprar é a população – e às vezes são produtos de primeira necessidade. Então, discutir taxa de juros é discutir, sim, a qualidade de vida da população.

    O Brasil precisa produzir. É uma máquina, como eu digo, que precisa de combustível. O impacto dos juros menores é notada. Ninguém tem dúvida! Eles promovem a geração de emprego, de renda, atraem mais investimentos para o setor produtivo e não para o setor especulativo, tornam a economia mais dinâmica, reduzem o custo do crédito e estimulam o consumo, inclusive. É oxigênio na veia da economia. Em suma, o país cresce e se desenvolve de forma sustentável, beneficiando todos os brasileiros e brasileiras.

    É fundamental ressaltar que a redução da taxa de juros não é uma medida isolada ou voltada para o interesse particular desse ou daquele. É do interesse de todo o povo brasileiro – ricos, pobres –; de todos, que, de uma forma ou de outra, acabam sendo beneficiados. É claro que quem vive de especulação financeira vai dizer que não é bem assim.

    Trata-se de uma ação em benefício do interesse público, alinhada com a responsabilidade social e o respeito à cidadania e, eu diria, à própria democracia. O objetivo é o todo: a sociedade, o setor produtivo, a classe trabalhadora do campo e da cidade. É o bem coletivo da nação. A nação ganha.

    Quando buscamos taxas de juros mais baixas, estamos trabalhando para criar uma sociedade mais inclusiva, mais justa, mais feliz com as garantias dos direitos humanos. Eu diria que um ponto importante é o impacto positivo que a redução de juros terá em nossas políticas sociais. Pão a quem tem fome, água a quem tem sede.

    Com os juros menores teremos a possibilidade de mais arrecadação e, portanto, o Brasil terá condições favoráveis para construir mais e novos programas voltados aos mais vulneráveis, promovendo assim uma distribuição mais igualitária de riquezas, melhorando o Índice de Desenvolvimento Humano.

    Eu tenho falado muito do IDH, e tenho mandado minhas emendas, Senador Cleitinho, independentemente do partido, para os municípios mais pobres do Rio Grande. Não quero saber se é do seu, se é do meu, se é do outro ou se é de quem é mais próximo ao ex-Presidente. Peguei o IDH, me dá aí os municípios mais pobres do Rio Grande. Para lá estou privilegiando, eu diria... Não é privilegiando, mas estou destacando para onde eu mando as minhas emendas.

    É necessário que continuemos avançando nesse caminho...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... de prosperidade, de progresso e da justiça – vou terminar neste minuto, Presidente –, buscando ainda mais a redução da Selic e fomentando o desenvolvimento econômico e social.

    Presidente, o Governo Lula trabalha nesta linha da busca de melhores dias para todos os brasileiros e para o país. E quando eu digo todos é para todos mesmo – eu penso assim –, todos, todos. Não quero saber se votou na situação ou na oposição. Eu tenho que pensar no bem do meu povo, do meu país, da nossa gente brasileira, independentemente da opção ideológica de cada um.

    O caminho, ou melhor, as várias estradas que temos pela frente são árduas, montanhas para serem escaladas, claro que temos, rios a serem navegados, sonhos a serem colocados em prática. Façamos a boa luta, o bom debate em benefício de todos os cidadãos, de todos os brasileiros, garantindo que...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... a nossa nação alcance todo o seu potencial e seja um exemplo, quem sabe, para o mundo, de prosperidade, de avanço, de reconhecimento e de combate a todos os tipos de preconceitos.

    Enfim, senhoras e senhores, a causa é nobre, digna. Temos que ter grandiosidade e políticas humanitárias.

    Era isso, Presidente.

    Agradeço-lhe o minuto e só não fico aqui acompanhando os outros Senadores porque é impossível.

    Um abraço.

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para apartear.) – Eu queria só fazer um breve aparte ao nosso Senador Paulo Paim.

    Obrigado, Senador e Presidente Cleitinho.

    Antes de o senhor ir, eu queria parabenizá-lo e dizer-lhe que o nosso querido Presidente da Cufa...

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Ele citou o seu nome.

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O Sr. Eduardo Girão (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – ... além de o Preto Zezé ser meu amigo, irmão, uma pessoa muito dedicada – o senhor tem razão –, uma pessoa do social, humana, extremamente humana, coração grande, é também torcedor do Fortaleza Esporte Clube, que é o time de que eu fui Presidente, e nos ajudou naquele momento, estava sempre junto lá. Eu quero mandar um grande abraço para ele, Senador Paulo Paim.

    Obrigado.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Girão, só me permita que eu diga que o que eu mais admirei nele é que ele tem uma visão ampla, tanto que ele disse: "Nessa frente parlamentar, se vocês quiserem fazer no Senado, eu gostaria muito de ver todos os setores". E citou os nomes de alguns senhores: falou de você, do Cleitinho, do Randolfe e foi citando nomes de tantos Senadores, que eu nem sabia que ele conhecia, tanto da situação como da oposição. Exatamente, eu vi nele um coração aberto para ajudar os favelados, que é uma questão que nós diríamos...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... de Cristo, não é? Ninguém mais pensou nos pobres do que Jesus Cristo.

    Obrigado a todos.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 04/08/2023 - Página 34