Discurso durante a 105ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Homenagem à 7ª Marcha das Margaridas, que ocorre, em Brasília, nos dias 15 e 16 de agosto, com destaque para a força da mulher do campo e para a participação feminina na sociedade.

Autor
Paulo Paim (PT - Partido dos Trabalhadores/RS)
Nome completo: Paulo Renato Paim
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Homenagem, Mulheres:
  • Homenagem à 7ª Marcha das Margaridas, que ocorre, em Brasília, nos dias 15 e 16 de agosto, com destaque para a força da mulher do campo e para a participação feminina na sociedade.
Publicação
Publicação no DSF de 16/08/2023 - Página 55
Assuntos
Honorífico > Homenagem
Política Social > Proteção Social > Mulheres
Indexação
  • HOMENAGEM, MARCHA, LUTA, DIREITOS, MULHER, LOCAL, BRASILIA (DF), ENFASE, AGRICULTOR, CAMPO, PARTICIPAÇÃO, SOCIEDADE.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Para discursar.) – Presidente Veneziano, eu estive, hoje, pela manhã...

    Só ia perguntar: Qual é o estado de vocês? (Pausa.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Ah, eu vi que era do Rio Grande! Eu percebi no olhar de vocês, porque é uma comunicação de gaúcho para gaúcha, não é? Eu percebi.

    Então, um abraço. Eu estive de manhã e, casualmente, vou falar de novo do tema pela importância.

    O Presidente Veneziano é uma das pessoas que está no lugar certo, na hora certa. Ele preside esta Casa junto ao Presidente Rodrigo Pacheco, e nós temos avançado muito aqui. Vamos aprovar, por orientação do Presidente Veneziano e do Presidente Pacheco – não sei se vai ser hoje ou amanhã – que Margarida Alves esteja definitivamente colocada entre os Heróis e Heroínas da Pátria.

    Eu fui indicado Relator, o parecer é favorável nas Comissões, e o Plenário vai aprovar hoje ou amanhã.

    Parabéns! Nós todos somos margaridas, a luta é uma só.

    Vivam as mulheres do Brasil e do mundo! (Palmas.)

    Bom retorno ao Rio Grande. (Pausa.)

    Presidente Veneziano, fiz questão de fazer um carinho para o povo gaúcho, que respeito muito. Muitos dizem que é o povo mais preconceituoso, mas não é, porque eu sou o único Senador negro que vocês elegeram por três vezes e elegeram quatro vezes para Deputado Federal.

    Muito obrigado, viu?

    Presidente Veneziano Vital do Rêgo, é com alegria que venho à tribuna neste momento. Estive aqui pela parte da manhã, numa grande sessão, e vou falar aqui de quem participou dessa sessão.

    Presidente, com um requerimento do Senador Beto Faro, que quero enaltecer, o Senado realizou hoje, pela manhã, sessão especial em homenagem, como disse bem V. Exa., à 7ª Marcha das Margaridas, que se iniciou hoje e vai até amanhã, em Brasília, com um grande evento com a participação do Presidente Lula aqui em frente ao Congresso Nacional.

    Senador Veneziano, este Plenário estava lotado, concorrido.

    Mais uma vez, cumprimento o querido Beto Faro, que passou a Presidência para alguns Senadores no período em que eu estive aqui, mas, depois, no final, eu tive que ir para a Comissão de Educação, e ele passou para mim. Inúmeros Senadores estiveram aqui. O painel contou em torno de 32 Senadores hoje, pela manhã, numa sessão de debate, de homenagem a Margarida Alves.

    Quero também dizer que muitas foram as personalidades que aqui passaram, e vou citar algumas, com muito carinho: Ministra Cida Gonçalves, das Mulheres; Ministro Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário; Mazé Morais, Coordenadora-Geral da Marcha das Margaridas; Aristides Santos, Presidente da Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores Rurais Agricultores e Agricultoras Familiares), quem eu enalteço. Inclusive, percebo que eles estão aqui na tribuna prestigiando o Plenário do Senado e estiveram aqui lotando esta Casa pela parte da manhã.

    Senadores, Senadoras, Senador Izalci, Deputados e Deputadas, o apoio dessa marcha, que busca a presença de 100 mil mulheres aqui em Brasília até amanhã, teve o apoio também, além dos Parlamentares, de centrais sindicais, confederações, federações, sindicatos de base, vários movimentos de mulheres, quebradeiras de coco babaçu, cooperativas de agricultura familiar, entre tantos outros.

    Presidente, repito: somos todos margaridas, porque a luta delas é uma luta de todos nós. Mulheres negras, quilombolas, indígenas, ribeirinhas, brancas, trabalhadoras do campo, das florestas e das águas, mulheres da pele queimada pelo sol, das mãos calejadas, e elas sabem que eu estou falando que é pelo cabo da enxada, mulheres que se levantam antes de o sol dar bom dia e deitam somente depois que os filhos estão dormindo, mulheres agricultoras que sabem, e eu sei, porque no meu Rio Grande, eu estive em diversas áreas da agricultura familiar, e elas me diziam: "Paim, tu tens Natal?" Eu tenho. "Nós temos, mas a primeira coisa ao levantar é ordenhar as vacas, cuidar do campo, cuidar dos animais, porque eles não esperam, seja no Natal, seja o primeiro dia do ano, seja aniversário, seja casamento, seja batizado..." Elas têm que trabalhar naquele dia também.

    São essas mulheres que o Brasil está homenageando, e elas, lutadoras, saíram das suas áreas de atuação para vir aqui exigir políticas públicas de atendimento à agricultura familiar. São mulheres lutadoras – muitas estão na tribuna neste momento – que estão aqui porque querem a reconstrução do Brasil e o bom viver de todos e todas.

    Reconhecemos a contribuição essencial das mulheres na construção de um futuro para o nosso amado Brasil. O que seria de nós se não fossem vocês? Não podemos mais ignorar a influência poderosa que as mulheres exercem em nossa sociedade, não apenas como observadoras, mas como protagonistas, como sujeitos da história, como elementos centrais em todos os aspectos da vida nacional.

    Temos testemunhado uma transformação notável na participação das mulheres em nossa nação – e vão participar cada vez mais, podem crer, e quem duvidar verá mais hoje, mais amanhã. Elas não só têm estado presentes, mas também têm assumido papéis de liderança em várias áreas. Elas estão liderando esse movimento. Ninguém bota cem mulheres em Brasília, a não ser as próprias mulheres, pelo seu potencial, pela sua garra, pela sua luta, pela sua coragem e pela liderança.

    Devemos reconhecer que elas ainda enfrentam muitas barreiras e desafios persistentes, vejam os feminicídios, vejam a violência contra as mulheres, mas elas resistem, elas lutam.

    Permitam que eu diga, fugindo do texto: os homens abandonam os seus filhos muitas vezes... (Manifestação de emoção.)

    As mulheres não abandonam seus filhos. Isso é bonito, isso emociona qualquer um, e não é pela retórica diante de vocês, mas porque essa é a verdade que tem de ser dita. Podem os homens abandonar seus filhos, mas as mulheres não abandonam seus filhos. Tanto é assim que neste país grande parte das mulheres que foram abandonadas lutam, veem seus filhos crescerem, dão a eles estudo, todo o acompanhamento que podem lhes dar, dentro da limitação que têm, muitas vezes numa casinha de sapê, como diz a música, mas os filhos vão escrevendo, com elas, a história da própria família.

    Por isso nós não podemos nunca permitir, pela sensibilidade aguçada, pela fibra e pela coragem das mulheres, que elas não estejam nos debates e nas discussões em todas as decisões nacionais, enfrentando uma manifestação clara de um sistema machista como o nosso, que limita nosso potencial coletivo e nacional que vocês aqui representam muito bem.

    É essencial entender que negar voz às mulheres é negar a nós mesmos. Quando você nega voz às mulheres, seja nos debates aqui no Parlamento, seja lá na Justiça, seja no Executivo, você está negando a nós mesmos a oportunidade de crescer, e evoluir como sociedade passa por nós homens, mas eu diria que passa primeiro pelas mulheres.

    A diversidade é fundamental para tomarmos decisões justas. Honrar as mulheres com seus direitos não é apenas um ato de justiça, mas é também um passo necessário em direção a um Brasil verdadeiro, justo...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... bonito como é nossa pátria, igualitário.

    Quando olhamos para o passado, encontramos inspiração na figura de – por que não lembrar quem vocês aqui representam – Margarida Alves, que foi covardemente assassinada, seu marido foi assassinado. Ela assume a liderança do sindicato, lidera o povo e aí é assassinada. Por isso é que nós vamos votar hoje ou amanhã – está previsto, não é, Presidente, amanhã –, tive a alegria de ser o Relator dessa matéria, Maria do Rosário é a autora: Margarida Alves vai entrar para o Livro dos Heróis e Heroínas da Pátria, por tudo que vocês representam.

    Enfim, essa luta é incansável e continuará sempre, ecoará através do tempo...

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... seus sonhos e ideais...

    Presidente, a campainha está tocando, não passou meu tempo, algum problema deu aí. Eu devo estar falando no máximo dez minutos, mas o Presidente vai me dar vinte hoje, em homenagem a vocês que estão nas galerias, ele fez sinal assim para me dizer que vai me dar vinte.

    Enfim, Presidente, meu querido Presidente, eu dizia que seus sonhos e ideais traçaram novas trajetórias para todos nós, e é nossa responsabilidade continuar a construir sobre o legado que vocês deixaram, que vocês escreveram, que Margarida deixou para trás porque foi covardemente assassinada.

    Que a serena luz da vida nos guie nessa jornada iluminada, para caminharmos na construção de um país onde todas as vozes, independentemente do gênero, sejam ouvidas e valorizadas.

(Interrupção do som.)

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu queria registrar a presença aqui conosco, Presidente, de uma delegação da Feticvergs, Rio Grande do Sul, ligada aos trabalhadores do vestuário e à CTB, que estão aqui nessa marcha bonita dando a sua colaboração. Cito aqui, em nome de todas as mulheres que estiveram de manhã, que estão de tarde e às 100 mil que vão estar ali com o Presidente Lula amanhã: Regina, Elci, Lorita e Silvana.

    Vida longa às mulheres brasileiras. Nós juntos venceremos, chegaremos lá.

    Um abraço a todos.

    Obrigado. (Palmas.)

    Sr. Presidente, fiquei tão emocionado com essa moçada toda aqui, eu digo essa moçada toda, porque eu já estou mais para lá do que para cá...

(Soa a campainha.)

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Eu disse que eram vinte minutos, mas V. Exa. tem razão, eram dez, V. Exa. me deu quinze.

    Obrigado, Presidente Veneziano.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 16/08/2023 - Página 55