Pronunciamento de Humberto Costa em 30/08/2023
Comunicação inadiável durante a 119ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Comentários sobre os depoimentos prestados à Polícia Federal e à CPMI do dia 8 de janeiro sobre o envolvimento do ex-Presidente Jair Bolsonaro em uma possível tentativa de golpe e prática de crimes diversos.
- Autor
- Humberto Costa (PT - Partido dos Trabalhadores/PE)
- Nome completo: Humberto Sérgio Costa Lima
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Comunicação inadiável
- Resumo por assunto
-
Atuação do Congresso Nacional,
Direito Penal e Penitenciário,
Governo Federal:
- Comentários sobre os depoimentos prestados à Polícia Federal e à CPMI do dia 8 de janeiro sobre o envolvimento do ex-Presidente Jair Bolsonaro em uma possível tentativa de golpe e prática de crimes diversos.
- Publicação
- Publicação no DSF de 31/08/2023 - Página 23
- Assuntos
- Outros > Atuação do Estado > Atuação do Congresso Nacional
- Jurídico > Direito Penal e Penitenciário
- Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
- Indexação
-
- COMENTARIO, DEPOIMENTO PESSOAL, PESSOAS, POLICIA FEDERAL, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, VINCULAÇÃO, INVESTIGAÇÃO, PREJUIZO, PATRIMONIO PUBLICO, BRASILIA (DF), MES, JANEIRO, PARTICIPAÇÃO, EX-PRESIDENTE DA REPUBLICA, JAIR BOLSONARO, POSSIBILIDADE, TENTATIVA, GOLPE DE ESTADO, REALIZAÇÃO, CRIME.
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE. Para comunicação inadiável.) – Sr. Presidente, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, ouvintes que nos acompanham pela Rádio Senado, internautas que nos seguem pelas redes sociais.
Sr. Presidente, o Brasil vive hoje uma sucessão de escândalos que o tem deixado absolutamente atônito. O ex-Presidente da República, o Sr. Jair Bolsonaro, pessoas da sua proximidade e assessores próximos encontram-se, segundo as denúncias que temos acompanhado por parte da Polícia Federal e da própria CPMI do 8 de janeiro, envolvidos em incontáveis crimes, desde falsificação de carteira de vacinação a tráfico e venda de joias, bens públicos levados em voos da FAB para serem comercializados no exterior.
Então, assessores do Planalto que recebiam salário de R$4 mil chegaram a movimentar R$11 milhões em suas contas.
Somente o ex-Ajudante de Ordens de Bolsonaro, que hoje está preso, o Sr. Mauro Cid, segundo as investigações, movimentou mais de R$8 milhões, dos quais R$2,3 milhões na condição de procurador do seu ex-chefe, o Sr. Jair Bolsonaro.
O Advogado Frederick Wassef, o chamado "anjo da família Bolsonaro", recomprou um relógio Rolex nos Estados Unidos, Rolex esse que foi desviado pela bagatela de US$49 mil.
O chamado hacker, o Sr. Walter Delgatti Neto, relatou à CPI e à Polícia Federal uma trama sórdida, com o objetivo de fraudar as urnas eletrônicas, de colocar um grampo em um ministro do Supremo e contribuir para um golpe de Estado. Disse ele que foi inclusive pago pela Sra. Deputada Carla Zambelli para invadir o sistema eletrônico do Judiciário. Disse aqui à CPI que foi ao Ministério da Defesa e ao Alvorada, onde se encontrou com o ex-Presidente Bolsonaro, e que este admitiu... Aliás, ele admitiu, não nesse momento, mas admitiu ter ordenado a apoiadores econômico-financeiros do golpe que disseminassem fake news sobre o sistema eleitoral e o STF.
O elo se fecha. Tráfico e venda de bens públicos, dinheiro sem origem declarada, movimentações financeiras atípicas se ligam à articulação para atacar a democracia e derrubar o Estado de direito. Enquanto articulavam a venda de joias para seu interesse próprio, o ex-Presidente e seus auxiliares tramavam a própria ditadura.
A Polícia Federal considera tudo isso como trabalho de uma organização criminosa, em que delinquentes que tramavam golpe de Estado eram os mesmos que dilapidavam o patrimônio da União para irrigar as contas de uma família com dinheiro público.
A cada crime de que se tem conhecimento, a nação fica estarrecida. Os episódios da trama para derrubada da democracia, aliados a eventos, eu diria, de gatunagem, mostram o nível da organização criminosa a que o Brasil estava exposto.
Negócios de milicianos finos, cujas vísceras vêm à tona, especialmente após as delações de figuras como Mauro...
(Interrupção do som.)
O SR. HUMBERTO COSTA (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - PE) – Tenho fé nas instituições de que todo esse esquema será desnudado e espero ver os responsáveis julgados e condenados, na forma da mesma Constituição que tentaram rasgar, especialmente o comandante principal dessa organização, o que dava ordens, que urdiu todo esse esquema e que, ao fim e ao cabo, era o beneficiário final da supressão do regime democrático, para que pudesse governar como o tirano que sempre foi.
Não há outro caminho para essas pessoas, senão dentro das quatro linhas da Constituição. Espero que seja esse o destino final de todas elas, o peso da lei.
Muito obrigado, Sr. Presidente.