Discurso durante a 125ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Apoio à população do Estado do Rio Grande do Sul em razão de um ciclone tropical que se abateu sobre a região, sobretudo no Vale do Taquari.

Preocupação com a situação do Brasil em pesquisa comparativa entre cerca de 50 países sobre a qualidade educacional dos pesquisados. Reflexão sobre a educação do futuro. Exposição sobre 10 propostas apresentadas por S. Exa. aos prefeitos do Estado de Rondônia para o aperfeiçoamento da qualidade da educação.

Autor
Confúcio Moura (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/RO)
Nome completo: Confúcio Aires Moura
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Calamidade Pública e Emergência Social:
  • Apoio à população do Estado do Rio Grande do Sul em razão de um ciclone tropical que se abateu sobre a região, sobretudo no Vale do Taquari.
Educação:
  • Preocupação com a situação do Brasil em pesquisa comparativa entre cerca de 50 países sobre a qualidade educacional dos pesquisados. Reflexão sobre a educação do futuro. Exposição sobre 10 propostas apresentadas por S. Exa. aos prefeitos do Estado de Rondônia para o aperfeiçoamento da qualidade da educação.
Publicação
Publicação no DSF de 12/09/2023 - Página 34
Assuntos
Política Social > Proteção Social > Calamidade Pública e Emergência Social
Política Social > Educação
Indexação
  • SOLIDARIEDADE, POPULAÇÃO, VALE, RIO TAQUARI, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL (RS), INUNDAÇÃO, CHUVA, MORTE, BLOQUEIO, RODOVIA, DESTRUIÇÃO, CIDADE, LAVOURA, REGIÃO.
  • APRESENTAÇÃO, PROPOSTA, AUTORIA, ORADOR, DESTINAÇÃO, PREFEITO, ESTADO DE RONDONIA (RO), ESCOLHA, SECRETARIO MUNICIPAL, EDUCAÇÃO, IMPLANTAÇÃO, PROGRAMA, VALORIZAÇÃO, QUALIFICAÇÃO, PROFESSOR, ESCOLA, TEMPO INTEGRAL, OFERTA, MATERIAL ESCOLAR, APLICAÇÃO DE RECURSOS, REFORMA TRIBUTARIA, MELHORIA, ENSINO.

    O SR. CONFÚCIO MOURA (Bloco Parlamentar Unidos pelo Brasil/MDB - RO. Para discursar.) – É verdade. Ex-médico...

    Uma boa tarde a todos, Sr. Presidente, Srs. Senadores presentes.

    Obrigado ao Senador Girão por me ceder seu espaço neste momento; muito agradecido pela deferência.

    Quero também me solidarizar com o povo do Rio Grande do Sul, o povo brasileiro, com o discurso aqui muito detalhado do Senador Paulo Paim, um gaúcho extraordinário que ele é. Tudo marcou profundamente a nós todos distantes, mas, em especial, o que, além das mortes, sensibilizou foi a solidariedade do povo de outros municípios gaúchos que se deslocaram até lá com rodo, vassoura, equipamentos de limpeza, vieram de longe ajudar na melhoria, na recuperação das cidades praticamente destruídas, um gesto fantástico de solidariedade. E me marcou muito, além da tristeza de tudo, uma vaca em cima de um telhado – por aí você verifica a situação do aumento do volume de água, que fez com que um animal fosse arrastado e ficasse instalado, preso em cima de uma residência, de um telhado. A coisa gravíssima, aquilo representou muito; assim, chocantes as imagens da tragédia do Rio Grande do Sul.

    Sr. Presidente, eu sempre venho aqui, ou na sexta ou na segunda-feira, fazer o meu discurso, e hoje meu tema escolhido – sempre é o mesmo, que é a educação – é falar sobre a educação do futuro. Eu sou do... Meu partido é o MDB, e a nossa fundação partidária de orientação e pesquisa é a Fundação Ulysses Guimarães, que nós chamamos de FUG. O objetivo principal dos estudos feitos pela fundação do nosso partido sobre a educação do futuro é engajar gestores, lideranças do nosso partido, Vereadores, Prefeitos, Deputados, Senadores, Governadores, para dialogar e compartilhar soluções e formular políticas públicas que ofereçam infraestrutura, conhecimento e habilidades adequadas para as demandas do século XXI.

    A educação brasileira passa por um dos mais delicados momentos da sua história. Foi um dos setores que teve uma rotina mais fortemente afetada pela pandemia da covid-19. Com toda a certeza estamos diante de uma situação de retrocesso e desaceleração de importantes mudanças no sistema educacional brasileiro. Agora, na semana passada, saiu o resultado de uma pesquisa comparativa entre cerca de 50 países, e o Brasil ficou numa situação dramática de classificação por qualidade educacional dos pesquisados, numa situação muito ruim no mundo.

    Então, isso há de mexer com nossos próprios brios. Nós todos, Senadores, Deputados, Vereadores, Prefeitos... É uma chacoalhada desagradável em nós todos. A gente vai se acostumando com a mesmice, vai se acostumando com o atraso, vai se acostumando com o retrocesso e vai achando que tudo isso é normal, que é normal nossos alunos não aprenderem a ler até os oito anos, que é normal não ter o ensino médio adequado para segurar os meninos de 13 a 17 anos... A gente vai achando que tudo está normal, mas não está normal – não está normal. É um momento bastante adequado para reavaliar como a educação tem sido tratada no Brasil, os erros e acertos na condução do processo educacional.

    A educação do futuro é uma educação que vai atender ao rápido avanço do conhecimento, que evolui e transforma cada instante, numa velocidade que faz obsoletos os conhecimentos, as profissões, a concepção de escola, os métodos pedagógicos, inclusive a posição relativa entre professor e aluno. A educação do futuro exige que o aprendizado seja contínuo, rápido na atuação. A escola do futuro não será apenas um aperfeiçoamento da atual, mas será uma nova escola, tem que ser uma nova escola, um novo pensamento.

    Deverá tratar dos problemas que ameaçam a humanidade, como as mudanças climáticas. A gente também não acreditava em mudanças climáticas. Falavam muito de mudanças climáticas: isso é balela, isso não existe, isso é coisa de pessoas pessimistas, pessoas que realmente puxam o nosso país para baixo, o mundo para baixo, sobre mudanças climáticas. Está aí evidente uma série de fatores que vêm modificando o mundo, principalmente o calorão, chove muito aqui, seca acolá, ventos acolá, terremotos, inundações, essas coisas todas que estão acontecendo à luz do dia de hoje. A educação tem que se preocupar também com a desigualdade social, a pobreza e desemprego estrutural, os riscos e vantagens da inteligência artificial, o entendimento do papel da ciência na construção de um mundo melhor. Essa escola vai requerer mais compromisso, mais inovação, mais dinamismo e, essencialmente, trabalho coletivo na busca de resultados por melhor ensino e aprendizagem dos nossos alunos, nosso povo.

    Com base na minha experiência de vida, tomei a iniciativa de elencar e encaminhar aos Prefeitos eleitos no meu Estado de Rondônia, como sugestão, dez propostas que entendo serem importantes para o aperfeiçoamento e avanço da qualidade da educação.

    A primeira sugestão que apresentei aos Prefeitos de Rondônia é na escolha do seu secretário municipal de educação, com experiência comprovada em gestão. Normalmente muitos Prefeitos colocam na Secretaria de Educação alguém improvisado, uma pessoa que às vezes é um cabo eleitoral dileto, mas não pode. Educação não é brincadeira, tem que ser uma pessoa experiente, de carreira, que tenha vivência, que tenha uma linguagem própria da educação, o que não se aprende de uma hora para outra.

    A segunda sugestão é implantar um programa de valorização e capacitação dos profissionais da educação. É indispensável escolher os diretores das escolas por meio de um criterioso processo seletivo. O diretor de escola também não pode ser qualquer um, qualquer pessoa, pego assim no laço para ser diretor de escola. O diretor de uma escola é um líder. Ele tem que administrar conflitos, estabelecer consensos entre o universo estudantil, os pais e o entorno da escola.

    É fundamental incentivar o voluntariado nas escolas, implantar escolas em tempo integral, investir na conectividade das escolas e em plataformas de ensino, oferecer material didático padronizado e de qualidade, implantar o plano educacional para a pequena infância, monitorar o plano municipal de metas da educação em conjunto com as estratégias para alcance das metas do Ideb.

    Neste ano, deveremos retornar a discussão sobre a reforma tributária, já iniciada aqui no Senado. Precisamos ficar bem atentos para uma reforma que seja um elemento de progresso da educação no Brasil, que busque melhores oportunidades para o futuro de nossos jovens. Não é errado se pensar que a economia ou os investimentos são importantes para o desenvolvimento nacional, mas é preciso que se entenda que, enquanto não fizermos nosso dever de casa no quesito educacional, não haverá investimento, alta na bolsa de valores ou qualquer outro indicador econômico que possa garantir um desenvolvimento equilibrado e sustentável do nosso país.

    A educação é a base de toda a produtividade, é saúde, é segurança. A educação é desenvolvimento real e melhoria de qualidade de vida. Precisamos nos conscientizar de que a educação deve ser alçada a um dos níveis mais altos das nossas prioridades, deve ser uma política de Estado e não de um governo, que passa muito rapidamente, em razão de que a educação de qualidade para todos é, sobretudo, sinônimo de igualdade de oportunidades.

    Era só isso, Sr. Presidente.

    Muito obrigado.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/09/2023 - Página 34