Pronunciamento de Marcos do Val em 04/09/2023
Discurso durante a 122ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal
Exposição sobre a inserção de S. Exa. no inquérito que investiga os atos de 8 de janeiro. Destaque para requerimento subscrito por diversos Senadores em que solicitam à Presidência do Senado Federal manifestação exigindo do STF o cumprimento das normas constitucionais que garantem a inviolabilidade dos mandatos parlamentares.
- Autor
- Marcos do Val (PODEMOS - Podemos/ES)
- Nome completo: Marcos Ribeiro do Val
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Poder Judiciário:
- Exposição sobre a inserção de S. Exa. no inquérito que investiga os atos de 8 de janeiro. Destaque para requerimento subscrito por diversos Senadores em que solicitam à Presidência do Senado Federal manifestação exigindo do STF o cumprimento das normas constitucionais que garantem a inviolabilidade dos mandatos parlamentares.
- Publicação
- Publicação no DSF de 05/09/2023 - Página 34
- Assunto
- Organização do Estado > Poder Judiciário
- Indexação
-
- COMENTARIO, INSERÇÃO, ORADOR, INQUERITO, INVESTIGAÇÃO, VIOLENCIA, DEPREDAÇÃO, CONGRESSO NACIONAL.
- LEITURA, REQUERIMENTO, SENADOR, EXIGENCIA, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF), CUMPRIMENTO, NORMAS, CONSTITUIÇÃO FEDERAL, GARANTIA, INVIOLABILIDADE, MANDATO PARLAMENTAR.
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES. Para discursar.) – Obrigado, Presidente.
Boa tarde a todos.
Hoje eu quero, se for possível, ocupar o tempo de dois Senadores. Primeiro, porque eu estou com as minhas redes sociais censuradas por um Ministro do STF e aí eu acho que saio perdendo, porque eu não tenho como me comunicar com ninguém e, principalmente, fazer uma rápida – vou tentar, é claro, dentro do tempo – explicação.
Então, Sr. Presidente, Sras. Senadoras e Srs. Senadores, nesta semana da independência temos que preservar essa independência não só do nosso país, mas, principalmente, a desta Casa, para que os três Poderes... Aqui eu vou já colocar alguns documentos, o que acho que vale, porque eu não tenho por onde me defender.
Primeiro, vou botar um áudio aqui, que é muito importante, da fala do ministro que hoje parece não seguir o que ele dizia que se deveria seguir.
(Procede-se à reprodução de áudio.)
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – Bom, aqui, quem fala é ele por ele mesmo; não sou eu dizendo. E nós estamos vivenciando exatamente cada palavra, cada vírgula, cada ponto que ele disse nessa entrevista em 2017 – não tem muito tempo assim.
Bom; nesse inquérito no qual eu fui inserido, totalmente parcial, que já é o modus operandi do próprio Ministro Flávio Dino, que, quando sofre certas perseguições políticas, mas dentro das legalidades de quem o persegue, ele entra usando a máquina da polícia. Quando ele era Governador do Estado do Maranhão, ele usava a Polícia Civil como sua ferramenta de assassinar reputações; agora, como Ministro, ele tem usado a Polícia Federal.
Bom, aí começou. Então me inseriram no inquérito, por conta das minhas denúncias na primeira semana de janeiro, e, por incrível que pareça, no... Uma das razões foi a seguinte: "Em razão das diferentes versões dos fatos apresentados pelo Parlamentar" – aqui sou eu –, "todas antagônicas entre si consideradas, foram determinadas as seguintes providências voltadas ao esclarecimento dos fatos". Aí vem a questão da oitiva, expedição de ofício à revista Veja, expedição de ofício à CNN, à GloboNews, cinco dias para as entrevistas serem entregues, as redes sociais saírem do ar, inteiro teor da live do Senador Marcos do Val no Instagram... Aí vocês vão ver uma decisão do STF: "Certifico..." e tal... Está certificando aqui para a CNN, Globo e Veja um arquivo de texto e tal... Isso, no dia 22 de maio, ele ordenando as emissoras a entregarem.
Chegou a fazer busca e apreensão na minha casa, no dia 15 de junho, dia do meu aniversário – e disso eu vou ainda dizer o motivo. No dia 15 de junho, foram determinadas medidas de ação investigativa resumidas abaixo: relação cautelar em busca de apreensão de armas, munições, computadores, tablets, celulares e outros dispositivos eletrônicos, bem como de quaisquer outros materiais relacionados aos fatos aqui descritos em poder de Marcos Ribeiro do Val; expedição de mandato de busca pessoal em desfavor do Senador Marcos do Val.
Vocês sabem o que é busca pessoal? É me colocar de cueca, com as mãos na parede, para ser revistado – olha! –, por conta das minhas investigações e das minhas denúncias, que, sete meses depois, a CPI começou a falar.
Vamos lá!
Se eu usar as redes sociais, eu vou ter que pagar R$50 mil por dia, tal, tal... A apreensão de tal, tal, tal... Expedição de ofício ao Diretor-Geral da Polícia Federal, ao Comandante do Exército para saber das minhas armas, quais são, como é que estão, se estão legais e legais... E todas legalizadas! Ou seja, eles entraram, fizeram a busca e apreensão na minha casa. E, aqui, eu faço uma crítica ao Presidente do Senado, o amigo Rodrigo Pacheco, por permitir uma invasão da Polícia Federal ao meu gabinete, sem que tenha nenhum embasamento, porque a Constituição garante, passo a passo, o que eu fiz naquele período. Inacreditável! Inacreditável! Qualquer um, se pegar a Constituição... Quem estiver assistindo ao vivo, pegue a Constituição, e você vai começar a ler o que eu vou falar.
Sem embasamento nenhum, invadiram a minha casa, meu gabinete, na tentativa de achar algo, algo ilegal, dinheiro ilegal, dinheiro escondido, armas ilegais. Não acharam absolutamente nada. Minha vida sempre foi extremamente correta. Não é à toa que foram quase 30 anos dando aula para policiais no mundo inteiro. Eu ia ser bandido dando aula para polícia no mundo inteiro? Só se eu fosse louco. Bom, mas assim, nada levaram – nada levaram –, a não ser documentos e ofícios: eu solicitando ao STF, solicitando ao Congresso, solicitando à PGR, explicações sobre o dia 8. Foi isso que eles levaram.
Aí começou o Ministro a dizer que eu estava dando informações desencontradas. Só que as informações desencontradas que eu estava dando eram antecedentes, anteriores ao meu depoimento da Polícia Federal. E não dei só algumas versões desencontradas para a imprensa, eu dei centenas de versões desencontradas para a imprensa. E era tudo proposital. Até porque eu me embasei em cima da lei feita do próprio... por determinação do Supremo Tribunal Federal, que eu vou ler aqui à frente, quando ele fala que as nossas prerrogativas não ficam só aqui no Plenário, vão para as redes sociais, vão para a imprensa, para jornais, revistas, televisão, entrevistas. Então, nós temos as nossas prerrogativas de falar o que quiser, fazer o que quiser, sem sermos condenados, sem sermos criminalizados, também nas entrevistas. Sabendo disso, fiz o uso estratégico naquele momento para que a verdade começasse a surgir e pudéssemos dar início à CPMI, a que, graças a Deus, foi dado início.
Resumindo, sobre a questão do talvez envolvimento do Senador Marcos do Val na tentativa de organizar o dia 8 de janeiro. Olha só, eu fui o primeiro Parlamentar a chegar, fui o primeiro a denunciar, o primeiro a oficializar via ofício cada setor que prevaricou. Aí, a conclusão: "Nesse ponto, não vislumbramos mudanças nas versões. Ele narrou em todas as ocasiões somente no encontro o Deputado Daniel Silveira e Jair Bolsonaro". Essa é a conclusão. E dentro do relatório, do inquérito, sabe o que é dito? "Ele se contradiz nos horários. Ele disse que a reunião foi às 15h, mas depois, no segundo depoimento, ele disse que foi às 16h; que ele saiu às 19h, mas que depois ele disse que saiu às 19h30." Hã!? Eu sou uma inteligência artificial, um robô para guardar minutos? O mérito em si, que é a reunião, a minha denúncia, a minha proteção à democracia, ao combate a qualquer ato extremista, não foi colocado como algo positivo. Sempre dando aquela fumacinha, sabe, de vamos tentar achar alguma coisa.
Mas isso é muito claro, porque eu já estava investigando o Flávio Dino, o Ministro Flávio Dino, e já era o modus operandi dele, de usar a polícia para assassinar a reputação, porque faz uma busca e apreensão na casa do Senador Marcos do Val, no gabinete – em 200 anos é a segunda vez –, faz uma busca e apreensão. Não apreenderam nada, a não ser papel, levaram embora e chegaram à conclusão de que não tem nada, está tudo regular. Mas ainda não tornaram, e nem vão tornar, público isso, porque a imprensa não vai querer tornar público isso. Vai querer tornar público que eu estou correto, que eu estava dentro da lei, que eu estava cumprindo a Constituição, e é a função que cabe aos Senadores?
Então, gente, nós precisamos trabalhar juntos por um país livre, democrático e justo. Não podemos deixar que atitudes extremistas de um único membro do outro Poder, do STF, impeçam o livre exercício das nossas funções, positivadas e fartamente fundamentadas na nossa Constituição. Ele, simplesmente, por eu ter dito quem poderia ter prevaricado – porque cabe a nós a fiscalização e o controle dos Poderes –, me imputou um crime, como vocês vão ver aqui, de injúria e difamação ao Flávio Dino. Então, o inquérito, basicamente, é todo em cima da minha denúncia contra o Flávio Dino ter prevaricado; isso, em janeiro. Ué, mas e agora, se a CPMI comprovar isso, porque ele deletou as imagens? E aí, como é que vai ser isso?
Movido por esse sentimento de independência dos Poderes, quero agradecer aqui – aí eu faço aspas aqui – o apoio que venho recebendo de vários Senadores desta Casa. Não, isso eu não poderia jamais deixar de tornar público para todos que estão acompanhando nos seus gabinetes e, principalmente, a todos vocês, brasileiros.
Temos que ser honestos: agora os Senadores estão se juntando, viram a ilegalidade pelo não cumprimento da Constituição por parte do Ministro, que tem o dever da proteção da Constituição. Esses Senadores fizeram um requerimento, que já consta com 32 assinaturas, está indo para 41, que é o suficiente para um pedido de impeachment em minha defesa. Senadores e Senadoras que o assinaram equivalem a milhões de eleitores daquele estado onde cada Parlamentar foi eleito. Então, eles estão representando o seu estado, você que está clamando por isso – e eu vou ler os nomes deles aqui –, e juntos defendem que nossas prerrogativas sejam respeitadas, que nossa Carta Magna não possa sofrer arbitrariedades daqueles que têm como dever defendê-la – defendê-la!
Então, hoje, o Senado, eu percebi que nós precisamos defender o STF de uma única pessoa que está fazendo com que os três Poderes estejam se colidindo. O fato de terem entrado no meu gabinete foi uma invasão inconstitucional, e uma única pessoa está conseguindo trazer instabilidade aos três Poderes. Antes diziam que era o ex-Presidente Bolsonaro, mas ele já não está mais como Presidente, e ainda as três Casas estão em confronto, em conflito por conta de um ministro do STF.
Senadores e Senadoras, aqui eu vou ler: Daniella Ribeiro, PSB; Lucas Barreto está aqui, PSD – Lucas, também lhe agradeço –; Margareth Buzetti; Confúcio Moura, que estava aqui falando agora há pouco; Astronauta Marcos Pontes, esse caiu da Lua mesmo, graças a Deus; Carlos Portinho, do Rio de Janeiro, Flávio Bolsonaro, Jorge Seif, esses são guerreiros, chegaram com sangue nos olhos; Marcos Rogério, admiro muito; Rogerio Marinho, nosso Líder da Oposição; Augusta Brito, do PT; Alan Rick, Professora Dorinha; Sergio Moro; Carlos Viana; Oriovisto Guimarães; Rodrigo Cunha; Soraya Thronicke; Styvenson Valentim; Zequinha Marinho; Dr. Hiran; Senador Esperidião Amin, nosso mestre; Tereza Cristina; Chico Rodrigues; Senador Jorge Kajuru; Senador Cleitinho, que chegou com garra; Senadora Damares Alves; nosso ex-Vice-Presidente Hamilton Mourão; Mecias de Jesus; nosso admirável aqui Senador Izalci Lucas; Plínio Valério; e o nosso amigo Eduardo Girão.
Esses são os Senadores que, de início, fizeram o requerimento com a seguinte ressalva: "Ressaltamos que o presente pedido...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – Você já está aqui e eu li até... Está junto já.
"Ressaltamos que o presente pedido visa tão somente que a Presidência deste Senado Federal exija do STF o pleno cumprimento das normas constitucionais que garantem a inviolabilidade dos mandatos parlamentares, conforme dispõe particularmente o art. 53 da Constituição Federal".
Aí, no art. 53, eu vou pular para o §6º. Olha só o que diz o §6º, eu poderia nem citar essa reunião em que eu estive. Olha o que diz: "Os Deputados e Senadores não são obrigados a testemunhar sobre informações recebidas ou prestadas em razão do exercício do mandato, nem sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles receberam informações". Ou seja, eu fiz... Eu não fiz o que a Constituição até me garantia: o silêncio. Eu, em defesa da democracia, falei sobre isso, e aí fui inserido nos autos.
Pode isso, gente?! Algum jurista no país pode me explicar isso? Se a Constituição me garante ficar em silêncio e se eu falei para ajudar, fui testemunha, fui inserido no inquérito, coincidentemente depois que eu comecei a denunciar os ministros que prevaricaram, entre eles Flávio Dino, que hoje é notório entre todos aí.
Mas, olha só o que diz sobre entrevistas – essa afirmação tem respaldo na jurisprudência, na jurisprudência do STF.
Conforme a transcrição abaixo que consta do acórdão do Agravo de Instrumento no Inquérito 2.332, do Distrito Federal, julgado pela Suprema Corte, no dia 10 de fevereiro de 2011, com relatoria do Ministro Celso de Mello:
A cláusula de inviolabilidade constitucional, que impede a responsabilização penal e/ou civil do membro do Congresso Nacional por suas palavras, opiniões e votos, também abrange [também abrange: Senadores e Deputados Federais guardem isso; também abrange], sob seu manto protetor, as entrevistas jornalísticas [e eles pediram para CNN, Veja, Globo e etc. entregarem material para comprovar o que eu falei, para me incriminar. Está aqui, ó!], a transmissão, para a imprensa, do conteúdo de pronunciamentos ou de relatórios produzidos nas Casas Legislativas [...].
As minhas declarações feitas aos meios de comunicações das redes sociais... e ele tirou tudo do ar, ele tirou todas as minhas redes sociais do ar, eu estou há mais de 120 dias, eu estou...
(Soa a campainha.)
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – Bota mais umas duas horas aí para mim, por favor.
Eu estou há 120 dias censurado, um Senador da República, que não cometeu crime nenhum, seguindo a Constituição, está sofrendo perseguição política.
E aqui fala: "[...] desde que vinculado ao desempenho do mandato, qualifica-se como natural proteção do exercício das atividades parlamentares. Doutrina. Precedentes"; ou seja, o próprio STF diz que aqui que não só aqui nós estamos garantidos pela palavra, pelo voto, pela liberdade de expressão, porque nós estamos representando milhares de brasileiros, mas também nas redes; não só nas redes sociais, mas na imprensa. E aqui um ministro do STF, de forma monocrática, exigindo à Veja, CNN, Globo News que entregassem o material como prova de que o Senador falou versões contraditórias, só que foram versões anteriores ao depoimento. Se tivesse sido no meu depoimento na Polícia Federal e depois eu tivesse dado vários outros depoimentos na Polícia Federal contraditórios, aí, sim, eu acho que justificaria investigação, mas para a imprensa?! Quer dizer que, então, de fato, o STF, o Ministro Alexandre de Moraes reconhece que a CNN, que a Globo, que a Veja são o quarto Poder?
Toda decisão tomada dentro do STF tem que ser colegiada, não dá para ser monocrática. Muitas vezes, uma única decisão, de um único ministro, uma decisão monocrática, como vem acontecendo tem...
(Interrupção do som.)
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES. Fora do microfone.) – ... em relação ao STF afirmo que não são em relação ao todo da Suprema Corte...
(Soa a campainha.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) – Senador Marcos do Val, com todo o respeito que lhe tenho, mas com todo o respeito também que tenho com os nossos Senadores que estão inscritos depois de V. Exa...
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – Eu agradeço, mas, assim, eu estou há 120 dias sem oportunidade de fazer nenhuma declaração. Se algum Senador puder me dar, então, o tempo dele para que eu possa finalizar, porque eu estou há 120 dias censurado sem poder me defender, e eu gostaria que a Casa pudesse...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) – Os dois Senadores que estão inscritos depois de V. Exa. são o Senador Izalci e o Senador Heinze...
(Intervenções fora do microfone.)
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) – Pronto.
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – Obrigado, Senadores.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) – Eu vou lhe conceder mais cinco minutos.
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – Não, mas aí cada um tinha 10... Vinte, não é?
Assim, as manifestações que hoje fazemos aqui em relação ao STF afirmo que não são em relação ao todo o da Suprema Corte. A quase totalidade das manifestações tem como base a decisão de um único ministro.
Sr. Presidente, os ataques do dia 8 de janeiro serviram, apesar de sua gravidade, para nos mostrar que nossas atitudes refletem no pensamento de toda a população. Portanto, decisões tomadas, sejam aqui no Legislativo, sejam no Judiciário ou no Poder Executivo, têm seu impacto imediato na visão dos brasileiros sobre o papel que cada Poder exerce na defesa e na proteção do nosso país.
Quando comecei a investigar o que, de fato, tinha acontecido no dia 8 de janeiro, este era e sempre foi o meu propósito: o porquê da revolta da população, já que várias manifestações aconteceram durante anos na Esplanada dos Ministérios e nada, absolutamente nada, nunca se viu nada como o tamanho da destruição dos prédios públicos. Aqui tem um artigo do conjur.com.br, que diz o seguinte: "[...] deve-se recordar que os ministros do STF estão sujeitos à responsabilização política ou impeachment pelo Senado Federal, a quem compete privativamente julgá-los por crime de responsabilidade (artigo 52, inciso II)."
Nunca se viu tamanha destruição. E falei. As atitudes que tomei, questionando as autoridades sobre as ações ou omissões daquele dia, já nas primeiras semanas que se seguiram, hoje são manchete de toda a imprensa, sete meses depois. Por exemplo, no dia 15 de janeiro, no site do O Antagonista, O Antagonista publicou a seguinte matéria: "Senador pedirá a prisão de Dino por prevaricação: [aí aspas, eu disse] 'Não o contrataria nem para servir café.'. "Foi o que eu disse na época, em janeiro, em 15 de janeiro. Está aqui: em 15 de janeiro. Estava na minha rede social que está fora do ar. Fui censurado por isso. Fui censurado por isso. E hoje é o que a CPMI descobriu. Aproveito para dizer para vocês que eu vou fazer um requerimento solicitando os arquivos HD, mesmo que deletados, que eu já tenho uma empresa que vai recuperar as imagens.
Está aqui ó outra coisa que eu botei do Ministro Flávio Dino na época: "Polícia política monitora a liderança de oposição a Dino em cada município", quando ele era Governador do Maranhão. E ele fazendo o mesmo. Lá ele usava a Polícia Civil, aqui ele está usando a Polícia Federal, ou seja: "Do Val está me denunciando? Bora investigar. Ache um pelo em ovo aí e acabe com a reputação dele. Faz um mandado de busca e apreensão na casa dele, que aí todo mundo vai se isolar, não vai querer estar com ele, porque nós vamos achar alguma coisa." Não achou, os Senadores estão comigo. Aliás, o Senado se juntou. Mesmo desacreditado, continuei o meu trabalho em busca da verdade. Conseguimos, Sr. Presidente, que fosse instalada a CPMI, que hoje, sete meses depois, está chegando a conclusões às quais eu já havia chegado logo na primeira semana após os ataques daquele domingo.
Todos sabem que eu estou pagando um preço alto por tudo o que venho apontando em relação às omissões do dia 8 de janeiro. Hoje me encontro censurado – Senador da República, por uma decisão monocrática, teve o gabinete invadido e teve suas redes sociais todas fora do ar! Este Senado, esta Casa tem um Senador, como eu disse, censurado: amordaçado, impedido de exercer suas funções, desprotegido das suas prerrogativas e inserido em um inquérito motivado por uma perseguição política. Essa perseguição tem como objetivo coagir e me calar diante dos fatos que vinha mostrando até hoje, e que revelam o caminho da verdade através das investigações da CPMI e pela imprensa. Hoje, será que eu seria julgado como fui em janeiro por dizer a verdade, por descobrir e tornar pública para a sociedade a verdade? As denúncias que fiz motivaram uma série de ações carentes de base legal, que afrontam de morte a nossa Constituição. A conclusão a que a Polícia Federal chegou no dia 20/06, após ter ido à minha casa, é que de fato "o Supremo Tribunal Federal, no que tange a proibição do Senador em expor em redes sociais, realizando continuados ataques declaratórios ao Ministro da Justiça Flávio Dino".
Gente, todo mundo está na CPMI. Parou! Ninguém fala mais nada porque...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – Complementando, aqui vem a V. Exa. informações da Polícia Judiciária, que elencam postagens realizadas pelo Senador Marcos do Val...
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) – Senador Marcos, estou lhe concedendo mais um minuto para concluir.
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – Falta um minuto.
Postagens realizadas pelo Senador Marcos do Val quando não são realizados ataques passíveis de crime contra a honra ao Ministro da Justiça Flávio Dino.
Então, aqui seguem só questões do Flávio Dino e de solicitações da imprensa, ou seja, o próprio STF garante a imunidade nas minhas falas também, dos Parlamentares nas imprensas. E aqui fala: "na medida do possível, exposição a contradição de versões apresentadas pelo Senador Marcos do Val a respeito de entrevistas concedidas a Globo, CNN e Veja". Mentira! Todas as entrevistas foram anteriores ao meu depoimento na Polícia Federal. E está aqui tudo datado, que dia que foi a entrevista. Está tudo aqui, mas é muito triste ver que um Ministro do STF...
(Interrupção do som.)
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – ... não tenha entendimento de que o próprio STF...
(Soa a campainha.)
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – Eu poderia estar falando dentro da minha prerrogativa de proteção à imprensa. Eu poderia estar mentindo.
O SR. PRESIDENTE (Dr. Hiran. Bloco Parlamentar Aliança/PP - RR) – Senador Marcos, eu estou lhe concedendo mais um minuto, em respeito aos nossos inscritos subsequentes.
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – Então, finalizando. Eu vou já finalizando. É uma pena, porque há cento e poucos dias que eu não tenho o mesmo espaço que os outros.
Mas então vou deixar uma fala aqui final, e aqui fica mais uma vez o meu protesto por estar sendo cerceado. Eu vou pedir um requerimento, vou pedir até a minha assessoria para preparar um requerimento para que a gente possa botar em votação, ao Presidente Rodrigo Pacheco, para que eu tenha mais tempo de fala, já que as minhas redes sociais estão fora do ar, e o Senado Federal, com ele à frente como Presidente, até agora não tenha tomado providência nenhuma, haja vista que não há crime nenhum, muito mais como foi o próprio Ministro dizendo: crime hediondo em andamento.
Então, gente, para finalizar, um minuto só, meio segundo.
(Soa a campainha.)
O SR. MARCOS DO VAL (Bloco Parlamentar Juntos pelo Brasil/PODEMOS - ES) – É a última folha.
Silenciado, gente, mas nunca vocês vão me ver amordaçado. Perseguido, eu estou perseguido há quatro anos, mas nunca vocês vão me ver desmotivado. Injustiçado, mas nunca vendido. Não tenho preço. Bloqueado, mas nunca sem honra, sem trabalho honesto e sem luta. Fizeram busca e apreensão na minha casa, nos meus gabinetes, e não encontraram nada de ilegal, e nunca vão encontrar nada de ilegal. O meu trabalho sempre foi transparente, luta contra corrupção, crime organizado e políticos que nos envergonham.
E eu sempre irei denunciar!
Muito obrigado, Presidente.