Pronunciamento de Eduardo Girão em 04/10/2023
Discurso durante a 145ª Sessão Deliberativa Extraordinária, no Senado Federal
Homenagem ao Fortaleza Futebol Clube, classificado para disputar a final do Campeonato Sulamericano de Futebol 2023.
- Autor
- Eduardo Girão (NOVO - Partido Novo/CE)
- Nome completo: Luis Eduardo Grangeiro Girão
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
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Desporto e Lazer,
Homenagem:
- Homenagem ao Fortaleza Futebol Clube, classificado para disputar a final do Campeonato Sulamericano de Futebol 2023.
- Publicação
- Publicação no DSF de 05/10/2023 - Página 55
- Assuntos
- Política Social > Desporto e Lazer
- Honorífico > Homenagem
- Indexação
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- HOMENAGEM, TIME, FUTEBOL, FORTALEZA (CE), MOTIVO, CLASSIFICAÇÃO, DISPUTA, TITULO, COMPETIÇÃO ESPORTIVA, AMERICA DO SUL.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para discursar.) – Presidente, meu querido amigo, tinha que ser o senhor na Presidência. O senhor vai entender por quê. Hoje... Porque o senhor é um desportista!
Eu quero cumprimentar, primeiramente, as Senadoras e os Senadores, os funcionários desta Casa e os assessores, todos vocês que estão nos acompanhando, brasileiras, brasileiros, pelo trabalho competente da equipe da TV Senado, Rádio Senado e Agência Senado, mas eu quero me dirigir, principalmente, aos cearenses. Eu peço licença aos brasileiros, porque eu estou meio rouco, hoje, por um motivo, Zezinho, você que é também cearense... Ontem foi um dia muito especial, mas hoje mais especial! A cidade de Fortaleza, o Estado do Ceará e os cearenses que estão pelo mundo e que gostam de futebol estão muito felizes, estão entusiasmados! Eu acho que eu nunca vi uma atmosfera tão positiva e é bom estar participando disso tudo, Senador Vanderlan, Senador Mauro.
Eu quero começar com esta voz rouca aqui, mas dizendo o seguinte:
Fortaleza, clube de glória e tradição
Fortaleza, quantas vezes campeão [...].
Nós estamos na final! Esse campeão aí pode se expandir, porque é a final da Sul-Americana. É a primeira vez que um time do Nordeste consegue este feito na história.
O Fortaleza é meu amigo de infância. Meu pai viajava muito e eu ficava, muitas vezes, só com a minha irmã e com a minha mãe, e o Fortaleza era aquele apego, aquela coisa de pegar carona para ir para o estádio, de ficar acompanhando no radinho.
E eu devo muito na minha vida, grandes alegrias, a esse clube, que eu tive o prazer de servir como Presidente no ano de 2017, na véspera do seu centenário, quando a gente estava – por um aprendizado, uma dura lição – há oito anos na Série C, na terceira divisão do Campeonato Brasileiro, e virou um drama nacional. A bola batia na trave, todo ano era aquela torcida. Eu já ia para alguns estados, ao Pará, e o pessoal dizia: "Olha, você é lá daquela terra! Puxa vida, eu estou começando a torcer por aquele time, porque a gente vê uma torcida apaixonada, que faz aqueles mosaicos lindos. E todo mundo vibrando, mas a bola não entra ali no final. Fica um sentimento de...". E o Fortaleza, durante a nossa gestão, em 2017... Graças a Deus, ali foi uma... A gente fez um pouquinho, e Deus multiplicou. O Fortaleza conseguiu o sonhado acesso à Série B do Campeonato Brasileiro. E, de lá para cá, foi assim, ó! No ano seguinte, no centenário, já foi para a Série A. De lá não saiu.
E o histórico do Fortaleza é um histórico muito impactante, que mostra que a ética, quando aplicada ao futebol, a cultura da paz, do respeito, traz frutos. Não teve muito mistério, não: foi organização, foi criar união dentro do clube. Tinha... É normal de uma organização você ter desavenças; nós conseguimos construir o perdão sob todos os aspectos dentro do clube. E a bola começou a entrar a partir de uma gestão.
Primeira coisa que eu fiz como Presidente foi visitar o adversário, visitar o nosso principal adversário, que é o Ceará Sporting Club. E fui muito bem acolhido pelo Presidente na época, Robinson de Castro. E nós começamos ali uma parceria pelo futebol cearense. Porque, antes... Quem gosta de futebol sabe das rivalidades que tem: Corinthians e Palmeiras, Flamengo e Fluminense, enfim, tem o Goiás e Vila Nova. Antes tinha cinco mortes, cinco assassinatos, por jogo entre Fortaleza e Ceará, por clássico-rei – era mais ou menos uma média. E nós conseguimos, através do exemplo, que tem que vir de cima, construir essa cultura de paz.
A primeira coisa que a gente fez no clássico, eu como Presidente, eu fui assistir, a convite do Presidente do Ceará, ao jogo no camarote do Ceará. Eu com a camisa do Fortaleza, ele com a camisa do Ceará. Nunca ninguém tinha visto aquilo, e foi um impacto. Eu fui até muito criticado: "Poxa, o que é isso? Vai para o camarote do cara, vai lá". E a gente começou a fazer... E Deus é tão bom que aquela partida foi 1 a 1. Olha só que coisa, não é? E o interessante de tudo é que a gente começou a colocar os times entrando alternados em campo: um do Ceará, um do Fortaleza. O mascote do Fortaleza, que é o Leão, segurando uma bandeira da paz com as cores do Ceará, que é preto e branco – as nossas são vermelho, azul e branco –; o inverso, o mascote do Ceará, que é o Vovô, entrando com uma bandeira tricolor, com "paz". Enfim, tudo fluiu bem, e essas mortes no estado, infelizmente, decolaram em todas as outras áreas, menos no futebol. O clássico-rei parou essa guerra.
E é um dia muito especial, Sr. Presidente, porque hoje também é dia de São Francisco de Assis. E você deve ter reparado, os colegas, eu sempre... "Paz e bem", é uma saudação franciscana.
Eu me inspiro, procuro me inspirar, com todas as limitações e imperfeições que sei que eu tenho, mas Francisco de Assis tem passagens muito marcantes. Era um grande pacifista, humanista, que colocava, por exemplo, que não adianta você falar; as palavras podem até convencer, mas é o exemplo que arrasta. E eu colocava lá, enquanto Presidente do Fortaleza, todo dia, depois do treino, a música de Francisco de Assis, a oração de Francisco de Assis como hino do clube, e isso foi impregnando também o local.
Ontem foi um dia muito especial. O Fortaleza vai comemorar agora, no dia 18 de outubro, 105 anos de existência. E ontem nós ganhamos de 2 a 0 do Corinthians. Já tínhamos empatado lá. É um grande clube brasileiro o Corinthians, e, num Castelão completamente abarrotado de torcedores, nós fizemos uma partida muito feliz, com um elenco combativo, aguerrido, com uma torcida vibrante e forte, com os funcionários comprometidos do Fortaleza Esporte Clube, e a gente conseguiu ir para essa final no Uruguai. Eu só não poderei ir, e é num sábado, dava certo para ir, mas eu não poderei ir porque é a Primeira Comunhão da minha filha e vou ficar torcendo com o coração. Meus filhos vão poder estar presentes, mas eu não tenho como fazê-lo.
Mas eu quero saudar aqui alguns nomes de ex-Presidentes, todos eles merecem, todos, sem exceção, as nossas homenagens, porque seguraram as pontas em momentos difíceis do clube: Ribamar Bezerra, Jorge Mota, Sílvio Carlos, Péricles Mulatinho, José Raymundo Costa. E a gente não pode deixar de lembrar do Otoni Diniz, histórico; do fundador do clube, Alcides Santos – o nosso estádio lá é Estádio Alcides Santos; e do atual Presidente, que foi meu primeiro Vice, que fiz questão de escolher, porque é um homem de valor, de princípios, que conheço há mais de 15 anos e que está dando um show de administração no clube, Marcelo Paz.
Sr. Presidente, nesse minuto que me resta, Francisco de Assis tem uma passagem que diz o seguinte: "Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz, onde houver ódio que eu leve o amor, onde houver ofensa que eu leve o perdão, onde houver discórdia que eu leve a união". E eu digo que o esforço é introduzir esses valores na cultura administrativa...
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Eu pintava nos muros lá do Fortaleza mensagens de Martin Luther King, da Madre Teresa de Calcutá.
O esporte é feito para unir, o esporte é saúde. Eu fico muito preocupado e vejo o futuro dos filhos e netos com essa questão do desvirtuamento do esporte, da beleza do esporte.
Eu tenho colocado para os senhores aqui durante estes últimos meses uma coisa que me preocupa muito, duas apenas, para encerrar, Sr. Presidente. Uma é a questão de bebida alcoólica dentro do estádio: eu acho que é matar a galinha dos ovos de ouro, tirar as famílias de dentro do estádio, acontecer tragédias, porque já é uma paixão nacional o futebol, então você já está ali naquela energia, e, com álcool, você sai da consciência e pode acabar...
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – ... atrapalhando seu próprio clube, fazendo com que ele perca o mando de campo e causando tragédias.
A outra é a questão do jogo de azar, de apostas esportivas. A gente está vendo o que está acontecendo, os sinais que estão vindo de escândalos durante a tramitação do projeto. E eu estou vendo torcedores que me procuram, porque têm acesso a mim, dizendo: "Pelo amor de Deus, Presidente, eu já perdi o emprego, eu já perdi a família, eu já tentei o suicídio". Há pessoas que nunca colocaram uma gota de álcool na boca estão caindo no vício, adoecendo por causa do jogo de apostas, porque vai na alma, vai no coração. Ele pensa que está ajudando o time, ele pensa, de alguma forma, que aquilo vai levar a alguma coisa para a vida.
Então, no último minuto que me falta, Presidente – eu não vou ultrapassar –, eu quero dizer que...
(Soa a campainha.)
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – ... só tenho que agradecer em poder ter servido a esse clube, esse clube amado, esse clube que tem dado tantas alegrias ao longo desses 105 anos para os cearenses, para os brasileiros, porque já transcende.
O Fortaleza conseguiu, durante esse tempo, ser campeão da Série B, em 2018; campeão da Copa do Nordeste 2019-2022; participação na Sul-Americana de 2020; fez a melhor campanha de um time nordestino na Série A, de 2022, que resultou na primeira participação na Copa Libertadores da América; e agora a disputa da final da Sul-Americana.
Que Deus abençoe o Fortaleza, que guarde, que as pessoas continuem humildes, com ética, porque é assim que dá certo e é assim que sempre vai dar certo, é o correto.
Um grande abraço, Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Democracia/MDB - PB) – Os nossos cumprimentos a V. Exa. e justas palavras dirigidas à nação do Leão do Pici.
Não é isso?
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Fora do microfone.) – É isso, tricolor de aço do Pici.
O SR. PRESIDENTE (Veneziano Vital do Rêgo. Bloco Parlamentar Democracia/MDB - PB) – Somos todos Fortaleza.
O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Fora do microfone.) – Obrigado, Presidente.