Discurso durante a 150ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Repúdio aos ataques perpetrados pelo grupo Hamas contra o Estado de Israel. Cobrança de posicionamento do Governo Federal frente aos conflitos internacionais.

Críticas às atividades narcoterroristas em solo nacional e ao suposto silêncio quanto às recentes queimadas na Amazônia.

Autor
Hamilton Mourão (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/RS)
Nome completo: Antonio Hamilton Martins Mourão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Assuntos Internacionais, Governo Federal:
  • Repúdio aos ataques perpetrados pelo grupo Hamas contra o Estado de Israel. Cobrança de posicionamento do Governo Federal frente aos conflitos internacionais.
Meio Ambiente, Segurança Pública:
  • Críticas às atividades narcoterroristas em solo nacional e ao suposto silêncio quanto às recentes queimadas na Amazônia.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2023 - Página 23
Assuntos
Outros > Assuntos Internacionais
Outros > Atuação do Estado > Governo Federal
Meio Ambiente
Soberania, Defesa Nacional e Ordem Pública > Defesa do Estado e das Instituições Democráticas > Segurança Pública
Indexação
  • REPUDIO, AGRESSÃO, GRUPO, TERRORISMO, ORIGEM, PALESTINA, VITIMA, PESSOAS, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL, COBRANÇA, GOVERNO BRASILEIRO, POSIÇÃO, CONFLITO, AMBITO INTERNACIONAL, CRITICA, AUSENCIA, MANIFESTAÇÃO, SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL (STF).
  • CRITICA, ATIVIDADE, TRAFICO, DROGA, TERRORISMO, BRASIL, AUSENCIA, MANIFESTAÇÃO, PERSONAGEM ILUSTRE, AMBITO INTERNACIONAL, REFERENCIA, QUEIMADA, ATUALIDADE, REGIÃO AMAZONICA.

    O SR. HAMILTON MOURÃO (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - RS. Para discursar.) – Muito obrigado, Senador Mecias, Líder do nosso partido aqui nesta Casa e hoje presidindo esta sessão, Sras. Senadoras, Srs. Senadores e todos aqueles que nos acompanham pelos meios audiovisuais, Senador Girão.

    "Preconceitos condicionam as estimativas de inteligência". Foi assim que Henry Kissinger explicou como, na Guerra do Yom Kippur, egípcios e sírios surpreenderam os israelenses presos a ideias preconcebidas quanto à capacidade do inimigo. E foi precisamente em um sábado, 50 anos depois, que um juízo antecipado, dessa vez sobre os objetivos do inimigo, cegou Israel para o ataque brutal que atingiu sua população civil como nunca antes. Em 1973, Sadat não queria a destruição de Israel, só o seu respeito. Em 2023, o Hamas quer ser reconhecido como a única opção para destruir Israel.

    Setenta e cinco anos depois de uma guerra para varrer Israel do mapa, cujo único resultado foi lançar 750 mil palestinos em campos de refugiados no Egito e na Jordânia, uma nova guerra é deflagrada, em nome dos palestinos refugiados, em sua própria terra, indesejados pelos vizinhos e transformados em causas de outras causas.

    De 1948 para cá, nacionalismo e zelotismo, guerra fria, guerra civil no Líbano, revolução islâmica no Irã tornaram mais difícil a solução da coexistência dos Estados judeu e palestino, em uma região convulsionada, além do conflito árabe-israelense, pelo árabe-iraniano e pelo sunita-xiita. Todos esses fatores presentes na guerra que se iniciou naquele fatídico sábado, 7 de outubro.

    Clichês, chavões e carimbos não ajudam – muito menos ideologia – a construir uma visão responsável e abrangente sobre um conflito que deixou de ser regional, para se transformar em mais um foco de tensão no cenário internacional, já crispado por uma guerra na Europa e crescente rivalidade no Extremo Oriente. Os Estados Unidos terão que voltar a colocar seu peso específico no Oriente Médio, mostrando ao Irã que é capaz de solucionar mais crises do que este de criá-las, e também à Rússia e à China, que não devem apoiá-lo na perigosa aventura em que se lançou ao engendrar uma guerra terrorista em larga escala no Oriente Médio.

    O conflito que se inicia é uma escalada sem precedentes do terrorismo com forma de guerra, muito além do verificado no 11 de setembro e na série de atentados na Europa e ao redor do mundo desde então.

    A rede de organizações terroristas, na qual se destacam o Hezbollah e o Hamas, empenhada em nada menos do que a destruição de Israel, é uma ameaça internacional potencialmente incontrolável. É uma guerra total, que rompe os limites colocados pela civilização à guerra. As cenas do 7 de outubro em Israel, documentadas e divulgadas pelos seus perpetradores, configuram um atentado moral a todo o mundo.

    Distintamente dos nazistas, que esconderam o Holocausto, dos soviéticos, que ocultaram seus campos de concentração, e dos russos, que mal escondem seus crimes de guerra na Ucrânia, os terroristas do Hamas e seus associados comemoram publicamente o massacre de inocentes e, apoiados por uma perversa rede de divulgação e opinião, expandem, por imagens e palavras, o terror que cometem com o sangue.

    Estamos em um daqueles momentos em que não há meio-termo: ou se condena, ou se acumplicia. Não foi à toa que os Governos da França e da Alemanha proibiram e reprimiram manifestações públicas de apoio aos atos terroristas do Hamas.

    Perdem-se na história as ocasiões em que guerras, mortandades e perseguições foram cometidas em nome de Deus, mas não há causa, razão ou injustiça que justifique a comemoração orgiástica da morte, profanação e mutilação, nem há Deus que o exija.

    E o Brasil? País cristão, ocidental e pacífico. Sua sociedade repudia naturalmente o terrorismo e a intolerância, mas não estamos a salvo da onda de insensatez que varre o mundo. Há bolsões de insanidade – a começar pela extrema-esquerda, mas não só dela – que se recusam a enxergar os crimes contra a humanidade cometidos em Israel e que podem atingir a todos nós.

    Uma nova fronteira da barbárie está prestes a ser rompida e não importa a distância geográfica e geopolítica que pensamos haver, isso vai nos atingir.

    Há tempos, o Brasil parece ter perdido o senso comum que o manteve do lado certo da história e o fez progredir, mesmo em meio a grandes crises internacionais. Estamos esquecendo o que somos e onde estamos.

    Aderimos ingenuamente a um terceiro-mundismo dos anos 50 do século passado, o Sul Global: nome novo para o atraso de sempre.

    Durante anos, tivemos uma atitude fria e distante em relação ao Governo da Colômbia, para flertarmos com a guerrilha que transbordou em crimes e drogas pela nossa fronteira. E continuamos a achar que vamos conseguir um lugar permanente no Conselho de Segurança da ONU sem poder militar e com atitudes dúbias no cenário internacional. Foram escolhas, escolhas erradas, cujas consequências já se acumulam num passivo de incerteza e contradições.

    E os erros se amontoam na duplicidade em relação à Ucrânia, na inexplicável parceria entre o partido do Presidente da República e o Partido Comunista Chinês e na falta de condenação veemente do terrorismo do Hamas.

    Além dos erros, por falas e movimentos confusos, há os silêncios, tão constrangedores quanto os protagonismos de oportunidade.

    Senador Girão, onde estão os supremos magistrados, que voam pelo mundo afora, tão loquazes sobre absolutamente tudo, tão vorazes em condenar manifestantes de causas suspeitas à democracia e que se julgam tão capazes de governar o que não lhes cabe? Por que não deitam seu falatório erudito sobre o que explode nas mídias? Por que não processam os apologistas do terrorismo? Ou existe uma versão democrática de terrorismo que desconhecemos?

    Acontecimentos graves estão revelando quem é quem no mundo, e a verdade se revelará de forma inexorável. Está chegando a hora de tomar lado. Que o Brasil permaneça do lado certo da história.

    E eu quero aqui, Senador Girão, também aproveitar para tocar em dois assuntos que estão ocorrendo no nosso país hoje. Um deles são os nossos narcoterroristas, Senador Mecias, que controlam parcela das nossas grandes cidades. Rio de Janeiro, nossa cidade maravilhosa: hoje se combate nas ruas do Rio de Janeiro, por omissão, por decisões que foram tomadas por um ministro da Suprema Corte que impedia a polícia de realizar as suas ações durante o período da pandemia. E, da mesma forma como o terrorismo do Hamas se aproveita de se infiltrar no meio do povo palestino, causando a morte e a confusão em inocentes, assim agem os narcoterroristas, os narcoguerrilheiros, que controlam as grandes quadrilhas aqui do nosso país. Temos que enfrentar isso, sob pena de perder o controle e a soberania sobre parcela do nosso território.

    E o outro assunto, Senador Girão: a Amazônia está queimando, Senador Girão. O Nero da Amazônia era Jair Bolsonaro. Onde está a Greta? Onde está o Presidente da França? Onde estão todos aqueles, as primeiras páginas dos jornais? Alguém já viu uma notícia em primeira página de jornal sobre o Estado do Amazonas queimar? Não. São dez meses, quase 11 meses, de Governo. Onde estão as ações governamentais? É só o silêncio. É só o silêncio.

    Era isso, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2023 - Página 23