Discurso durante a 150ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Questionamentos acerca das possíveis causas da seca que atinge a região Amazônica e da ausência de pronunciamentos de agentes políticos referentes ao tema. Destaque para a necessidade de consulta a estudiosos a fim de achar soluções mais adequadas aos problemas climáticos.

Autor
Mecias de Jesus (REPUBLICANOS - REPUBLICANOS/RR)
Nome completo: Antônio Mecias Pereira de Jesus
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Meio Ambiente:
  • Questionamentos acerca das possíveis causas da seca que atinge a região Amazônica e da ausência de pronunciamentos de agentes políticos referentes ao tema. Destaque para a necessidade de consulta a estudiosos a fim de achar soluções mais adequadas aos problemas climáticos.
Publicação
Publicação no DSF de 17/10/2023 - Página 26
Assunto
Meio Ambiente
Indexação
  • QUESTIONAMENTO, MOTIVO, SECA, REGIÃO AMAZONICA, AUSENCIA, PRONUNCIAMENTO, GRUPO, AGENTE, POLITICO, ASSUNTO, DEFESA, CONSULTA, ESPECIALISTA, OBJETIVO, BUSCA, SOLUÇÃO, ADAPTAÇÃO, PROBLEMA, MUDANÇA CLIMATICA.

    O SR. MECIAS DE JESUS (Bloco Parlamentar Aliança/REPUBLICANOS - RR. Para discursar.) – Caro Senador Eduardo Girão, querido amigo que preside esta sessão, quero cumprimentar V. Exa. e os demais Senadores aqui, enaltecer a fala do Senador Mourão, que fez um pronunciamento como um grande estadista, como um grande brasileiro e concluiu o seu pronunciamento como um grande amazônida, um brasileiro nato, que conhece todo o país. Ele concluiu querendo saber onde estava a Greta e o Macron.

    E eu pergunto mais: onde está a Marina? Onde está a Marina Silva? Aquela que saiu do Acre para ser candidata a Deputada Federal em São Paulo, porque no Acre ela não teria mais voto para se eleger Deputada Federal. Durante tantos anos, ela impediu o crescimento econômico e social dos Estados do Acre e da Amazônia, e é sobre isso, Presidente Mourão, que eu venho falar, Presidente Confúcio, Senador Confúcio, querido Senador, nesta tarde de hoje.

    A Região Amazônica brasileira, Presidente Girão, está enfrentando a mais grave seca de que se tem registro em sua história. É certo que, entre os meses de maio e setembro, a seca marca presença na região e os habitantes sabem que devem se preparar para as graves dificuldades que irão advir. A experiência os deixa sempre em estado de alerta.

    Desde que se iniciaram os registros do nível do Rio Negro, em 1902, a seca que iria ocorrer no ano de 2005 seria considerada a mais avassaladora e severa que poderia acontecer, até que veio a estiagem de 2010. Naquele ano, Sras. e Srs. Senadores, o Rio Negro atingiu o descenso de 14,75m, superando a queda anotada em 2005, que foi de exatos 13,63m. Em 2015, o recorde foi novamente quebrado, com o rio descendo 15,92m; em 2016, novo recorde, as águas baixaram 17,2m, para alcançarem a pequena recuperação em 2016, ao caírem "apenas" – e eu coloco o advérbio "apenas" entre aspas – 16,6m.

    Foi um Deus nos acuda! Estudiosos do clima e especialistas do assunto foram procurados, mas não conseguiram apontar a causa precisa que justificasse tal fenômeno.

    Para que não ficássemos tão somente no ora veja, divagando, sem chegar a lugar algum, ditos experts nos brindaram com três alternativas.

    A primeira delas seria o aquecimento do Oceano Atlântico com o dipolo do Atlântico, mas sem explicarem por que aqueceu.

    A segunda seria uma redução da transpiração das árvores. Veja bem, Presidente Girão: a segunda alternativa seria a transpiração das árvores, como se estas estivessem com as axilas entupidas.

    Por fim, a terceira alternativa apontava para a fumaça produzida pelas queimadas.

    O falecido estudioso norte-americano do meio ambiente Robert Felix escreveu, em magistral livro publicado na década de 90 do século passado, que o mar, na realidade, aquece muito, devido à erupção de milhares de vulcões submarinos ainda não devidamente estudados e totalmente desconhecidos. Não é aquecido pela atividade humana, coisa impossível de acontecer. Quem controla a força da natureza?

    Figura reconhecida por ser radicalmente contra a tese de que o ser humano é culpado pelo chamado aquecimento global, Robert Felix escreveu que o mundo, ao contrário do que se imagina, está mergulhado numa nova era glacial e que é somente questão de tempo para que essa condição se agrave abruptamente.

    Ele rebatia os que falavam em excesso de carbono, classificando-os como desinformados e completamente dissociados da realidade em que vivemos, e garantia que a simples erupção de um vulcão é capaz de jogar na atmosfera quantidade de dióxido de carbono muito maior do que a produzida por todos os automóveis do mundo em circulação e por todas as fábricas existentes no planeta num período de cem anos.

    De maneira que, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, telespectadores da TV Senado, eu, como simples observador e ignorando tanto estudo específico e dedicação, prefiro confiar e acreditar nessas pessoas que pesquisam e analisam como reconhecidos cientistas. Talvez seja melhor do que ficar preocupado com especulações que trazem alternativas infindáveis, como se fossem itens miraculosos, saídos da cartola de algum mágico.

    Os que nada explicam querem creditar os males do mundo aos que trabalham e pagam impostos; querem afundar o agronegócio a qualquer custo, e ninguém sabe a troco de quê. O Estado de Roraima, por exemplo, tem sido constante vítima dessa atitude. O que essa gente entende de carbono para ficar aterrorizando com palavras vazias? Eles são graduados em química ou biologia? Têm doutorado em alguma dessas áreas?

    Temos registros, Presidente Girão, Senador Mourão, Senador Confúcio, alunos que aqui nos visitam, temos registro das dez piores secas que o Brasil já enfrentou, revelando a magnitude do sofrimento e a escassez de recursos hídricos em várias regiões do país, como pode ser visto na publicação da revista Superinteressante, de 2014, e atualizada em 2016: entre 1723 e 1727, a seca atingiu a Região Nordeste, principalmente a área em que, na época, ficava a Capitania de Pernambuco; já entre 1776 e 1778, foi mais uma vez combinada com um surto de doença, no caso, a varíola; entre os anos de 1877 e 1879, a seca atingiu o Nordeste brasileiro, mas em especial, Senador Girão, o seu Estado, o Ceará; entre 1919 e 1921, tivemos a seca que atingiu principalmente o Sertão de Pernambuco; entre 1934 e 1936, ocorreu uma das maiores secas enfrentada pelo Brasil de que se tem registro, e o período de estiagem atingiu o Nordeste, além de Minas Gerais e São Paulo; já entre os anos de 1963 e 1964, a seca bateu recordes em vários estados, como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais, Paraná, Distrito Federal e Amazônia; e, entre 1979 e 1985, aconteceu uma das secas mais prolongadas da região Nordeste; já entre 1997 e 1999, o Nordeste, mais uma vez, sofreu com a seca, sendo tão grave, que Recife, a capital de Pernambuco, passou a receber água encanada apenas uma vez por semana; e, em 2001, o Rio São Francisco sofreu com a pior falta de chuvas de sua história; e, entre 2007 e 2008, ocorreu a pior seca da história do norte de Minas Gerais.

    No entanto, surge a questão crucial: quem pode ser apontado como verdadeiro responsável por essas recorrentes secas? Seria o agronegócio o principal culpado por esses desafios ambientais? É o agronegócio brasileiro? É a pergunta que eu faço à Ministra Marina, aos ambientalistas de plantão que querem sufocar o agronegócio brasileiro e a Amazônia do nosso país: seria o homem trabalhador da Amazônia o responsável por tudo isso?

    A ocupação da Amazônia, Sr. Presidente, teve início há cerca de 14 mil anos, quando povos ali chegados passaram a praticar agricultura. Hoje, as pessoas dispõem de tecnologia avançada e retiram da terra o seu sustento com melhor aproveitamento.

    O mundo que nós temos e no qual vivemos é este, Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores. Nós não temos como inventar um mundo paralelo e deixar de produzir o alimento indispensável para suprir as necessidades do dia a dia.

    O país precisa de integração entre todas as suas regiões e toda a sua gente, união com o objetivo de se desenvolver plenamente.

    Torna-se também indispensável a consulta de estudiosos que ofereçam respostas mais adequadas aos fenômenos da natureza, como o astrofísico inglês Piers Corbyn, que há anos prega a ouvidos surdos, assegurando que quem determina nossas condições climáticas é o Sol. O nosso planeta obedece ao Sol no item condições climáticas; não somos nós, os brasileiros; não somos nós, os amazônidas.

    Não podemos e não devemos nos submeter a aventureiros que têm interesse em ver a derrocada do Brasil, apresentando fórmulas e soluções ultrapassadas. A riqueza só tem como ser produzida através do trabalho e da correta utilização de nossos recursos naturais, que é o que nós, brasileiros e amazônidas, estamos clamando para que todos nos unamos nesse mesmo sentido.

    O Brasil tem tudo disponível e às mãos para se tornar a potência do século XXI. Nós precisamos acreditar no nosso potencial e evitar aventureiros e conselheiros que buscam tão somente o lucro imediato, no nível individual e pessoal deles, mesmo que isso cause a nossa destruição.

    Que lutemos pelo Brasil, que lutemos pela Amazônia. A Amazônia é nossa, é patrimônio de todos os brasileiros.

    Muito obrigado, Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 17/10/2023 - Página 26