Pronunciamento de Mauro Carvalho Junior em 10/10/2023
Discurso durante a 149ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal
Manifestação contrária ao aborto e à liberação das drogas no País.
- Autor
- Mauro Carvalho Junior (UNIÃO - União Brasil/MT)
- Nome completo: Mauro Carvalho Junior
- Casa
- Senado Federal
- Tipo
- Discurso
- Resumo por assunto
-
Direitos Individuais e Coletivos,
Saúde Pública:
- Manifestação contrária ao aborto e à liberação das drogas no País.
- Aparteantes
- Marcos do Val, Rogerio Marinho, Sergio Moro.
- Publicação
- Publicação no DSF de 11/10/2023 - Página 24
- Assuntos
- Jurídico > Direitos e Garantias > Direitos Individuais e Coletivos
- Política Social > Saúde > Saúde Pública
- Indexação
-
- SAUDAÇÃO, ANIVERSARIO, EMANCIPAÇÃO POLITICA, MUNICIPIO, CAMPINA GRANDE (PB).
- CONGRATULAÇÕES, ESPOSA, MAURO MENDES, GOVERNADOR, ESTADO DE MATO GROSSO (MT), PASSEATA, LOCALIZAÇÃO, CAPITAL DE ESTADO, CUIABA (MT), PARTICIPAÇÃO, REPRESENTANTE, CRISTÃO, IGREJA EVANGELICA, IGREJA CATOLICA, OPOSIÇÃO, APROVAÇÃO, ABORTO.
- INDIGNAÇÃO, POSSIBILIDADE, APROVAÇÃO, ABORTO.
O SR. MAURO CARVALHO JUNIOR (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - MT. Para discursar.) – Boa tarde, Presidente Veneziano. É um prazer muito grande estar aqui.
Cumprimento-o pelo aniversário da sua cidade, Campina Grande, lembrando que, no ano de 1998, eu tive uma empresa na cidade de Campina Grande. Fui revendedor de uma marca de bebidas lá durante cinco anos – em Campina Grande era a filial; a matriz era em João Pessoa.
Então, parabéns! Não vou me esquecer nunca do Rei da Carne de Sol. A melhor carne de sol que eu comi na minha vida foi em Campina Grande. Parabéns a essa digníssima cidade!
Presidente Veneziano, eu quero colocar uma gravação aqui, de dez segundos apenas, para que as pessoas pudessem escutar, e eu vou dizer o que significa isso.
Senadora Damares, peço a sua atenção aqui.
(Procede-se à reprodução de áudio.)
O SR. MAURO CARVALHO JUNIOR (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - MT) – Aqui é o coração da minha neta – eu chego até a me arrepiar e a me emocionar – de sete semanas, que vai nascer provavelmente em maio do ano que vem.
Eu não posso, de forma nenhuma, como cristão, neste país, ser a favor da liberação do aborto.
Minha filha acabou de fazer, na sexta-feira, uma ultrassonografia. Ela já está com nove semanas, e é a coisa mais linda. Inclusive na ultrassonografia mostra a criança fazendo xixi, ela fazendo xixi. Então, eu não posso, de forma nenhuma, compactuar com esse debate que existe hoje no Brasil a favor do aborto e a favor da liberação das drogas.
Eu queria aqui parabenizar a nossa Primeira-Dama, Virginia Mendes, esposa do nosso Governador Mauro Mendes, que domingo fez uma caminhada contra o aborto, contra a liberação do aborto. Nós tivemos milhares de pessoas em Cuiabá, nas ruas de Cuiabá, com todos os segmentos cristãos, evangélicos, espíritas, católicos, presbiterianos, vários segmentos da sociedade, milhares de pessoas numa caminhada contra a liberação do aborto neste país.
Minha fala aqui, Presidente, é apenas para colocar minha indignação. Eu não posso ver uma neta minha, que é a terceira neta – em casa só tem mulher, só tenho um menino – e pensar que uma menina dessa pudesse ser rejeitada e abortada. É muito fácil as pessoas virem hoje no Senado Federal, ao dar as suas entrevistas na comunidade, em vários segmentos da sociedade, falar que é a favor da liberação do aborto. As pessoas que estão falando que são a favor da liberação do aborto já nasceram. Pergunte para essas pessoas que são a favor da liberação do aborto se ela gostaria de ter sido abortada. Pega a pessoa que vem aqui e fala assim: "Eu sou a favor do aborto". Vamos perguntar para a mãe dele se ele gostaria de ser abortado. É muito simples isso. Nós já nascemos. Nós não temos o direito de realmente liberar o aborto neste Brasil. Outro dia eu estava lendo uma reportagem que dizia que tem condenações neste país de uma orquídea da Mata Atlântica, que, se você retirar essa orquídea, você tem uma pena de dois a seis anos, porque é um ser vivo. Quer dizer que uma orquídea é um ser vivo, e o que está dentro do ventre de uma mulher não é? Olha, é só indignação.
Meu mandato aqui no Senado Federal é até novembro. Eu sou suplente de Senador, no lugar do Senador Wellington, mas eu quero deixar aqui realmente a minha posição, de ser literalmente contra, porque eu sou a favor da vida. Eu sou literalmente contra o aborto e sou literalmente contra a liberação das drogas. O Brasil não tem maturidade para que... Se não fossem os organismos religiosos neste país, que têm programas de recuperação de drogados, no Brasil como um todo, além deles não existe nada que possa recuperar milhões de brasileiros que estão perdidos nas drogas e causando enormes estragos na sociedade e nas suas famílias.
Senador Veneziano, muito obrigado pela oportunidade.
O Sr. Rogerio Marinho (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RN) – Senador, um aparte, se V. Exa. permitir.
O SR. MAURO CARVALHO JUNIOR (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - MT) – Pois não, pois não.
O Sr. Rogerio Marinho (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RN. Para apartear.) – O senhor ainda tem um pequeno tempinho. Agradeço a V. Exa. a gentileza do aparte, saudando já o ilustre conterrâneo nordestino, Presidente Veneziano.
Senador, o primeiro discurso que V. Exa. faz mostra a maturidade, a experiência, a indignação também, de um grande brasileiro, que nós estamos tendo a oportunidade e a honra de conviver aqui no Senado da República.
O SR. MAURO CARVALHO JUNIOR (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - MT) – Obrigado.
O Sr. Rogerio Marinho (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RN) – V. Exa., que representa o Estado de Mato Grosso, na ausência do Senador Wellington. Que Deus o conforte e melhore rapidamente a sua saúde.
A respeito do tema que V. Exa. traz a esta Casa, cujo final eu escutei, eu queria apenas fazer uma breve consideração. Eu estava agora no gabinete, Senador Veneziano, e me deparei com uma daquelas notícias que a gente imagina que seja fake, que não pode ser verdade. Aí você sai fazendo uma pesquisa, buscando, e aí eu vi que a CNN Internacional, o UOL, a Globo, vários sites, a Veja estavam dando a mesma notícia, de que, numa vila em Israel, que foi retomada ontem pelo exército israelense, foram encontrados corpos de 40 crianças, vitimadas por esse ataque sanguinário do grupo Hamas que ocorreu no sábado. Muitas destas crianças decapitadas eram bebês.
V. Exa. traz o tema aqui do respeito à vida.
Eu, sem querer pegar carona neste tema, porque nós todos nos sentimos constrangidos. Quem tem valores éticos, morais, quem respeita a família, quem respeita a vida, que é um valor eu diria precípuo, originário, que diz respeito a quem nós somos, certamente fica perplexo com esse grau de barbárie e, principalmente, com a discussão a que nós estamos assistindo nas redes sociais, de grupos políticos que, por viés ideológico, defendem essa agressão, justificando o injustificável.
Nenhum de nós aqui é favorável a que determinados grupos étnicos ou nacionalidades sejam espezinhadas, tenham direitos retirados, mas essa não é a arma. Nós não podemos relativizar o mal. Nós não podemos passar o pano. Nós não podemos, como nação, nos quedarmos inertes. Nós não podemos abrir mão da nossa justa indignação.
Eu refleti muito a respeito do que está ocorrendo nestes últimos dias. E o mundo, de fato, está doente quando contemporiza com esse tipo de situação. Eu espero, de verdade, que o Governo brasileiro reveja o seu posicionamento e denuncie publicamente, internacionalmente esse grupo como um grupo criminoso e terrorista e entenda a diferença do que é de fato terrorismo – depredar, mutilar, estuprar, matar, assassinar, espezinhar, destruir. É um conceito muito fácil de ser percebido. E nós estamos vendo aqui a relativização desse conceito e a relativização do mal.
Então, entendendo a questão, o viés, a formação, a visão ideológica de qualquer um, porque, dentro do processo democrático, nós temos que necessariamente viver, compreender e conviver com pessoas que têm visões diferentes de mundo, Sr. Presidente, nós não podemos, sob pena de não sermos humanos...
(Soa a campainha.)
O Sr. Rogerio Marinho (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RN) – ... e de não termos dignidade, compactuar com esse tipo de situação.
O Governo brasileiro tem o dever de repudiar esse tipo de comportamento e apontar o dedo, como país e como sociedade, para repudiar e dizer: "Olha, nós não temos nada a ver com esse grupo extremista, criminoso, que deve ser retirado do convívio das pessoas de bem".
Muito obrigado.
O Sr. Marcos do Val (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES. Para apartear.) – Eu queria só complementar a fala do nosso amigo Senador. Posso?
O senhor me dá permissão, Presidente? (Pausa.)
Eu vou abordar a questão das drogas. Essa questão da liberação das drogas me assusta muito, porque, desde meus 10, 11, 12 anos de idade, a gente já começava a ter aproximação de amigos que estavam consumindo.
Eu achei aqui um depoimento de antes de ser Senador ainda, de quatro anos atrás, de um desses amigos, que hoje tem a minha idade, 52 anos, e ele relata.
Hoje, ele praticamente... Praticamente não, ele perdeu família, perdeu bens, perdeu tudo e tem que lidar com essa situação até hoje, às vezes tendo até que vender drogas para se manter.
Olhe o que ele fala sobre a nossa infância.
Como o STF pode pensar na possibilidade de abrir ainda mais a liberação?
(Procede-se à reprodução de áudio.)
O Sr. Marcos do Val (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – É interessante eu ter achado isso, porque eu nem pensava em ser Senador ainda.
É claro que aqui eu mudei a voz, ele está falando no escuro para não se identificar, mas eu, criança, já tinha a decisão, independentemente da posição dos meus pais ou não. Meus pais estavam até em separação, ou seja, poderia até ter motivo para entrar nas drogas, vendo todos os meus amigos me isolando, porque eles estavam entrando, e eu decidi não entrar.
Então, eu sofria bullying, tudo que vocês podem imaginar, mas, depois de ver um amigo sentado à frente, fora outros que morreram, mas sentado à sua frente, dando esse depoimento e vendo o país hoje discutindo...
(Interrupção do som.)
(Soa a campainha.)
O Sr. Marcos do Val (Bloco Parlamentar Democracia/PODEMOS - ES) – ... a possibilidade de aumentar os gramas... Para ter mais o quê? Gerar mais mercado, gerar mais vício. O cérebro, quimicamente, quando ele consome, ele exige cada vez mais
É uma aberração, e a gente tem que batalhar para que isso seja discutido aqui no Congresso.
Por isso, eu parabenizo as suas falas também, Senador.
O SR. MAURO CARVALHO JUNIOR (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - MT) – Obrigado, Senador Marcos do Val.
O Sr. Sergio Moro (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) – Um aparte também. Pode ser?
O SR. MAURO CARVALHO JUNIOR (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - MT) – Pois não.
O Sr. Sergio Moro (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR. Para apartear.) – Senador, um aparte, Senador Mauro Carvalho.
Primeiro, quero o parabenizar pela neta, que chega...
O SR. MAURO CARVALHO JUNIOR (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - MT) – Obrigado.
O Sr. Sergio Moro (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) – ... e aqui a gente vê essa celebração da vida, e como é importante lembrar esses fatos concretos para depois tratar desses temas, que às vezes a gente discute em abstração – não é? –, a interrupção voluntária da gravidez... E, quando se tem um momento de se ouvir o coração de uma criança, de um bebê em formação...
(Soa a campainha.)
O Sr. Sergio Moro (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) – ... dá uma perspectiva muito diferente e rica; e, trazendo a sua experiência pessoal, evidentemente, enriquece bastante a nossa compreensão e o convencimento.
O SR. MAURO CARVALHO JUNIOR (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - MT) – Obrigado.
O Sr. Sergio Moro (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) – Mas eu pedi aqui a palavra, Senador Veneziano, mais para registrar também, na linha do que foi colocado pelo Senador Rogerio... Ontem eu me manifestei na tribuna contra as atrocidades desse grupo Hamas, hoje em guerra lá com Israel, mas também quero registrar aqui não só o meu repúdio a essas atrocidades, mas também foi revelado hoje que dois brasileiros foram mortos pelo grupo, dois gaúchos – Ranani, um rapaz, e Bruna, uma moça –, ambos jovens, com um pouco mais de 20 anos, e foram assassinados por esse grupo. É importante...
(Soa a campainha.)
O Sr. Sergio Moro (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) – ... fazer esse registro, também nesta Casa, das nossas condolências e sentimentos e dos nossos lamentos pelas mortes desses jovens brutalmente assassinados, e de solidariedade a essa família.
No fundo, quando tem esse tipo de crime tão brutal como foram esses assassinados em massa nessa rave em Israel, e agora, como bem revelado pelo Senador Rogerio, uma aparente... as notícias estão surgindo de crianças decapitadas, a gente perde um pouco a fé na humanidade e fica imaginando como se pode chegar a um nível, assim, tão baixo. E aqui já não é mais Israel, não é mais o povo judaico – embora tenha toda essa história de sofrimento –, aqui acho que é aquele crime que atinge a humanidade, não é?
O SR. MAURO CARVALHO JUNIOR (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - MT) – Verdade.
O Sr. Sergio Moro (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) – São crimes contra a humanidade, brutais, atrozes, e não existe nada...
(Soa a campainha.)
O Sr. Sergio Moro (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) – ... que possa justificar esse tipo de coisa.
O SR. MAURO CARVALHO JUNIOR (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - MT) – Exatamente.
O Sr. Sergio Moro (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - PR) – Eu registro com pesar ter que unir as duas coisas, o cumprimento a V. Exa. e essa referência, mas me senti compelido a fazê-lo, acompanhando aqui o Senador Rogerio.
O SR. MAURO CARVALHO JUNIOR (Bloco Parlamentar Democracia/UNIÃO - MT) – Muito obrigado. Obrigado, obrigado.
Obrigado, Presidente.