Discurso durante a 154ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Críticas ao alarmismo ambiental em relação às mudanças climáticas, destacando eventos passados de queimadas e secas na Amazônia. Registro da prorrogação do prazo para a conclusão dos trabalhos da CPI destinada a investigar as ONGs que atuam na região.

Autor
Plínio Valério (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/AM)
Nome completo: Francisco Plínio Valério Tomaz
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atuação do Senado Federal, Meio Ambiente, Mudanças Climáticas:
  • Críticas ao alarmismo ambiental em relação às mudanças climáticas, destacando eventos passados de queimadas e secas na Amazônia. Registro da prorrogação do prazo para a conclusão dos trabalhos da CPI destinada a investigar as ONGs que atuam na região.
Publicação
Publicação no DSF de 19/10/2023 - Página 46
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Senado Federal
Meio Ambiente
Meio Ambiente > Mudanças Climáticas
Indexação
  • CRITICA, FORMA, COMENTARIO, MUDANÇA CLIMATICA, REGISTRO, SECA, QUEIMADA, REGIÃO AMAZONICA, REPUDIO, AUSENCIA, PLANEJAMENTO, AUTORIDADE, MEIO AMBIENTE, EXPOSIÇÃO, PRORROGAÇÃO, PRAZO, CONCLUSÃO, TRABALHO, CPI das ONGs (CPIONGS).

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM. Para discursar.) – Senador Chico Rodrigues, Presidente, Senadoras, Senadores, eu vou tocar num assunto que nos diz muito respeito, primeiro agradecendo ao Senador Paim. Nas conversas, sempre que a gente dialoga – até discute – com o Paim, a gente aprende muito; e nós vamos chegar, sim, Paim, a essa emenda de redação, com certeza.

    O Girão me mostrava, há pouco tempo, pesquisando, o que quer dizer pardo? É sinônimo de mestiço, de caboclo. É aquela questão só de parênteses – mestiço –, e a gente chega lá. O seu trabalho é louvável aqui sempre. Não é à toa que todos nós o ouvimos muito, ouvimos muito os seus conselhos.

    O SR. PAULO PAIM (Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS. Fora do microfone.) – Obrigado.

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – Eu é que agradeço esse tempo todo.

    Eu queria falar, Presidente, porque, onde eu vou, onde a gente passa... Agora mesmo, na Rádio Guaíba, do Rio Grande do Sul, o apresentador me falava sobre a fumaça na Amazônia, que nós estávamos com o pior clima do planeta. Eu falei: "Olha, já passou. As chuvas chegaram e, agora, está bem pouquinho". Eu queria falar, exatamente, sobre isso, sobre esse absurdo, esse ambientalismo apocalíptico, esse terrorismo em relação ao meio ambiente e às mudanças climáticas.

    Na Amazônia e no Amazonas, de onde eu venho, a seca que nos atingiu neste ano continua sendo a menor dos últimos tempos. Em 2010, no Rio Negro, foi muito, muito maior. Dos problemas que aconteceram, realmente, as queimadas foram um pouco além, mas, para o ano, vai ter de novo. Para o ano, vai ter queimada e vai ter, de novo, fumaça. Em maior ou maior escala, mas teremos, e daqui a três, quatro meses, vamos ter problema de enchente. As águas já começam a surgir lá no Alto Solimões – o Solimões já encheu 14cm – e, logo, logo, chega aos rios tributários. Começa a cheia e começa o problema.

    Mas o problema maior – eu vou chamar de problemão – é que as autoridades, todos que administram e cuidam da gestão dos estados não antecipam o problema. A gente sabe que vai ter seca, que vai ter cheia, e a gente não se antecipa! A gente espera a calamidade chegar – que vai vir – para ir atrás de remédio, rede, roupa, dinheiro, tábua, barco... Para o ano, vai ter de novo. Eu sou daqueles, Senador Girão, que defende a antecipação do problema, porque eu sei que vai acontecer, tenho que antecipar.

    E não há como – não há como – não apontar o dedo para as ONGs. Sim, nós estamos investigando e levamos, até agora, Senador Chico Rodrigues, cinco ONGs, apenas cinco, de milhares que existem. Juntas, Senador Girão, somando o que elas arrecadaram, dá R$2,1 bilhões. Cinco ONGs!

    Nós, agora, na seca, na queimada e na fumaça, não tínhamos um avião para jogar água na queimada. Quando começa o foco, é chegar lá e... Não temos... Helicópteros modernos? Não temos... Aparelho para o Corpo de Bombeiros? Não temos... Carros-pipa? Não temos...

    Então, esse dinheiro, se fosse utilizado para problemas que a gente tem para enfrentar, a coisa não estaria tão ruim como está agora. Mas, repito, o problema é, exatamente, o alarmismo.

    Deixa eu falar aqui sobre uma dezena de eventos de forte intensidade em anos. Olha só, o último problema que a gente teve, de verdade, com o El Niño, foi em 2014 e 2016. O nível do Rio Negro baixou mais de 6m nesse tempo aí. Apenas em outubro de 2015, o nível do Rio Negro baixou 7m. Com a dificuldade de locomoção – a mesma que temos agora –, as aulas foram suspensas para mais de 3 mil alunos, de 29 escolas, só em Manaus! Imaginem no interior do Amazonas, porque a gente não tem os dados... Manaus enfrentou, por mais de 20 dias, a fumaça. Eu estou falando aqui de 2015. Nós enfrentamos, por mais de 20 dias, a fumaça... Agora deu uma semana, dez dias.

    Não estou dizendo, pelo amor de Deus, que não é problema. Não estou dizendo... Longe disso, é problema, sim. Só estou mostrando que ele existe todos os anos e que já teve anos... já aconteceram anos piores. A capital Manaus enfrentou, em 2015, 20 dias de fumaça de mais de 11 mil focos de queimadas na Amazônia e a queda da vazão dos rios amazônicos, as usinas hidrelétricas paralisaram, as turbinas deixaram de operar e tivemos problemas. A prefeitura teve que distribuir água, teve que fazer isso; ou seja, em 2015 aconteceu, agora voltou a acontecer. Quando se fala mal cheia, seca no Amazonas... Deixa eu dar o número para vocês aqui: em 2010, o nível do Rio Negro foi de 13,63m; em 2010. Agora chegou a 13,49m, 13,49m no Rio Negro, que é o menor da história desde que se mede. Então, não é essa coisa de outro mundo. É problema com que a gente tem que saber lidar.

    Só comparando: em 2010 foi muito maior, em 1963 foi maior, em 2023 foi maior, em 1906 foi maior e por aí afora. E cem anos atrás – e tem um artigo muito belo da Revista Oeste –, cem anos atrás praticamente, em 1926, houve uma seca na Bacia Amazônica. Foi uma coisa, aí sim, uma coisa do outro mundo. Os rios secaram para valer. Eu estou falando de 1926. Rios, igarapés, lagos secaram, como agora, só que secaram muito mais. E lá, naquele tempo, ninguém culpou essa tal de mudança climática. Ninguém culpou o roçado do pequeno agricultor. Ninguém culpou o coitado do roçado, que precisa, para plantar seu milho, do agricultor, para plantar seu milho, para plantar sua mandioca para fazer a macaxeira.

    E isso aí... Eu estou aqui ocupando a tribuna, mais uma vez, exatamente para falar para você que não é amazônida, que não conhece isso, para você brasileiro, para você brasileira que não conhece esse fenômeno: não se deixe levar por esse alarmismo. O pessoal faz alarme: "a Amazônia está pegando fogo, os rios estão secando e é preciso mais dinheiro para salvar a Amazônia". Esse é o ritual, esse é o rito. Mais dinheiro. Quanto mais miséria, mais problema, catástrofe, mais escândalos, mais dinheiro para essas ONGs e até para os governos mesmo. Mas eu estou falando desse mal, desse câncer que atacou o corpo, o organismo da nação brasileira.

    A CPI, Presidente Chico, de que o senhor participa brilhantemente, foi prorrogada. Ontem, o Presidente Rodrigo Pacheco leu nosso pedido, assinado por 51 Senadores... 41 Senadores, ou seja, metade mais um, e nós vamos ter nossa sessão aí, por último, a 19 ou 16 de dezembro. Até lá, vamos levar mais umas cinco ONGs e também levar aquelas pessoas que nós consideramos que são as responsáveis por implantar, ou melhor, não por implantar, por executar uma política ambiental implantada por estrangeiros, pelo capital estrangeiro, pelo dinheiro estrangeiro. E nós vamos, sim, apresentar projetos de lei que joguem luz nessa escuridão. Nós precisamos saber como é que esse dinheiro entra, quem está dando. Nós temos que saber por que é que a Noruega explora petróleo, dá dinheiro para o Fundo Amazônia, para as ONGs impedirem que o Brasil explore seu petróleo. Nós precisamos saber por que é que o dinheiro da Alemanha, que explora o seu carvão natural... dá dinheiro para que as ONGs implantem no Brasil o terrorismo e não nos deixem explorar o nosso carvão, ou seja, nós temos que fazer lei para combater essa hipocrisia aí reinante.

    Senador Girão, Senador Chico Rodrigues, a gente costuma dizer que o buraco é mais embaixo, no caso das ONGs, o buraco é mais em cima. É uma coisa esplendorosa, funciona, é uma engrenagem que funciona porque não falta dinheiro, porque não falta quem fique servil a esse dinheiro, que são exatamente aqueles que se acham a elite brasileira, os grandes jornais, as grandes televisões, os grandes organismos, e tem uma coisa comum, Girão, nesse pessoal: todos eles se acham a última bolacha do pacote, querem dar aula. Aí eu pergunto quanto já arrecadou e falo "teu trabalho é bonito, mas é pouco diante do que arrecadou". Eles são prepotentes, não querem dar satisfação ao povo brasileiro e se julgam acima do bem e do mal, e não são. Eu diria até, se a gente tiver que colocá-los de um lado para outro, que essas ONGs investigadas por nós estão do lado do mal, por isso estamos nesse combate, por isso abrimos a caixa-preta, e dessa caixa-preta o Brasil tomou conhecimento. Agora o brasileiro sabe e vai poder discernir, ter sua opinião, não mais acreditar piamente, fielmente nessa narrativa de que essas ONGs são boazinhas, que nós somos os coitados, que eles nos apoiam, nos socorrem. Nada de coitado, nada de bandido, nada de vilão. Nós, brasileiros, particularmente nós, amazônidas, somos, sim, acima de tudo, brasileiros que guardam a Região Amazônica para o Brasil.

(Soa a campainha.)

    O SR. PLÍNIO VALÉRIO (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - AM) – Obrigado, Presidente. Na hora, tocou e eu saí na hora.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 19/10/2023 - Página 46