Presidência durante a 158ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Considerações sobre o sistema ferroviário chinês. Comentários sobre a subutilização das ferrovias no território brasileiro. Registro sobre a necessidade de expansão da produção e atividade agropastoril no Brasil.

Autor
Chico Rodrigues (PSB - Partido Socialista Brasileiro/RR)
Nome completo: Francisco de Assis Rodrigues
Casa
Senado Federal
Tipo
Presidência
Resumo por assunto
Agropecuária e Abastecimento { Agricultura , Pecuária , Aquicultura , Pesca }, Transporte Terrestre:
  • Considerações sobre o sistema ferroviário chinês. Comentários sobre a subutilização das ferrovias no território brasileiro. Registro sobre a necessidade de expansão da produção e atividade agropastoril no Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 24/10/2023 - Página 34
Assuntos
Economia e Desenvolvimento > Agropecuária e Abastecimento { Agricultura , Pecuária , Aquicultura , Pesca }
Infraestrutura > Viação e Transportes > Transporte Terrestre
Indexação
  • REGISTRO, REDE FERROVIARIA, PAIS ESTRANGEIRO, CHINA, COMPARAÇÃO, BRASIL, DEFESA, EXPANSÃO, FERROVIA, UTILIZAÇÃO, PRODUÇÃO, ATIVIDADE AGROPECUARIA.

    O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) – Eu estava aqui, atentamente, ouvindo o pronunciamento de V. Exa., que, como falou, derivou por três segmentos importantes da vida brasileira, da vida universal, por que não dizer, no caso do programa ontem apresentado pela TV Globo, o programa do Luciano Huck, falando da questão ambiental, do aproveitamento dessas alternativas florestais, do ecoturismo, do próprio extrativismo, ou seja, voltando o homem a proteger a natureza. Obviamente, isso é didático, é uma apresentação a que milhares, milhões de pessoas assistem e vão formando um juízo de valor, que é muito importante para a sociedade.

    Agora, V. Exa., na sua conclusão, tratou desse tema da questão da infraestrutura. Um país continental como o Brasil, na nossa compreensão, jamais poderia prescindir de uma malha ferroviária imensa, porque praticamente todo o território nacional comportaria ferrovias.

    Você falou muito bem até por ser membro da Comissão de Infraestrutura, a gente acompanha todos os segmentos nessa transversalidade de segmentos rodoviário, ferroviário, aeroviário, aquaviário, etc., e nós olhamos exemplos atuais na vida dos países. A China, no final de dezembro de 2022, tinha 155 mil quilômetros de ferrovias – 155 mil quilômetros de rodovias!

    Eu tive a oportunidade de ir algumas vezes à China, e, inclusive, participamos de uma apresentação deles com relação às ferrovias que constroem, pois eles têm uma expertise gigantesca no mundo. Inclusive, na Sibéria, com temperatura de 50 graus negativos, nas altitudes de 5 mil, 6 mil metros, eles têm ferrovias, e constroem numa velocidade gigantesca. Isso é tecnologia, mas é, acima de tudo, integração, porque, apesar de a China ser um pouco maior – ela tem 10 milhões de quilômetros quadrados e o Brasil tem 8,5 milhões de quilômetros quadrados –, eles têm áreas que são inabitáveis, ou seja, que não são próprias para outra atividade qualquer.

    Nós recebemos da natureza de Deus esse território brasileiro gigantesco, de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, onde a atividade produtiva, na verdade, se apresenta seja pelo extrativismo na Amazônia, seja pelos campos do Cerrado, da mata, enfim, e temos apenas 30 mil quilômetros de ferrovias, inclusive, eu diria, subutilizadas na sua grande e expressiva maioria, o que dificulta muito a vida deste país, porque – não sou contra, pelo contrário, até pela minha origem – todos sabem que o transporte mais caro é o transporte rodoviário. E aí vem uma cadeia de desgaste: vem o veículo pesado, não tem fiscalização, não tem acompanhamento, não tem controle, e, obviamente, as estradas vivem completamente deterioradas. E temos apenas 65 mil quilômetros de rodovias.

    Desses 65 mil quilômetros, nós temos aproximadamente 30%, portanto, em torno de 20 mil quilômetros, em condições absolutamente precárias, onerando o frete e causando danos imensos. Além do que, há perda no transporte de grãos, por exemplo, 5% dos grãos, como você disse, produzidos dentro da cerca da fazenda, 5% da produção nacional são perdidos no armazenamento ou no transporte.

    Então, é um tema extremamente... Aliás, todos os temas para o Brasil, um país gigante como o nosso, com 215 milhões de habitantes, com potencialidade gigantesca de produção, de expansão da atividade agropastoril, que é o grande carro-chefe da economia nacional hoje, chegando a quase 30% do PIB... Então, tudo isso é importante para que os governos, seja ele qual for, tenham, na verdade, essa dimensão de um planejamento estratégico de curto, médio e longo prazo, porque, senão, daqui a 20 anos, a cantilena vai ser a mesma: ferrovias inadequadas, poucas ferrovias, rodovias totalmente desgastadas, a questão de portos sem infraestrutura.

    Então, ou você tem logística ou você não pode ser um grande país. Isso é claro. E V. Exa., por ter sido Governador de um estado importante, ter contribuído muito para a produção e o que representa hoje estado de Rondônia... Em termos de pecuária, por exemplo, um dos maiores rebanhos do país é o rebanho de Rondônia, e V. Exa. foi fundamental, foi importantíssimo nesse momento, até porque estimulou, incentivou, investiu nesse segmento, que é fortíssimo na economia de Rondônia. Então, tem autoridade para tratar de um tema tão importante e tão relevante como a questão da infraestrutura nacional. E, nas ferrovias, não é diferente. Você vê, nos Estados Unidos, você sai de norte a sul, de leste a oeste, sobre ferrovias, que levam a produção, que diminuem o custo, que aumentam os resultados.

    Portanto, é bom, porque parece até uma sessão de debates aqui. E me permitam até, quando presido a sessão – e normalmente é às segundas, às quintas e, às vezes, às terças-feiras –, comentar sempre alguns pronunciamentos dos colegas aqui, porque, como nós temos experiência e vivemos a vida do cotidiano, a gente sabe exatamente dessas necessidades. Nós conhecemos o país com muito detalhe também, todos os estados do nosso país.

    Essa questão ferroviária que V. Exa. tratou agora é extremamente recorrente – extremamente recorrente – e oportuna. Parabéns pela preocupação! E, obviamente, um pronunciamento aos milhões de brasileiros que nos assistem serve inclusive como pedra de toque para pensarem a importância que os governos têm em se debruçar sobre esses grandes projetos e esses grandes investimentos que têm que ser feitos, sim.

    O ser humano não pode pensar pequeno. A energia cerebral que você gasta, que você desprende para pensar o pequeno é a mesma energia que você desprende para pensar o grande – claro, com planejamento. E o Brasil precisa de estrategistas, para que possam oferecer ao Governo modelos que sejam economicamente sustentáveis e que sejam transversalmente coerentes, para que a economia do Brasil... Essas perdas que tem, como, por exemplo, de 5% nas safras agrícolas, o que não representariam em termos de expansão da rede ferroviária ou melhoria da rede rodoviária e assim por diante?

    Então, meu colega Deputado, o que já fomos juntos, Senador Confúcio Moura, V. Exa. trata de um tema que é mais um dos temas relevantes neste país nos dias atuais.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Pela ordem.

    O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) – Concedo a palavra ao nobre Senador Eduardo Girão, que pediu a palavra.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Eu vou primeiro fazer um pela ordem, aí já subo à tribuna, se o senhor me permitir.

    O SR. PRESIDENTE (Chico Rodrigues. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PSB - RR) – Pela ordem, V. Exa. tem a palavra.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 24/10/2023 - Página 34