Discurso durante a 152ª Sessão Deliberativa Ordinária, no Senado Federal

Manifestação de discordância com as conclusões do Relatório Final apresentado pela Senadora Eliziane Gama, Relatora da CPMI que investigou os atos do dia 8 de janeiro. Entendimento de que terrorismo são os atos praticados pelo grupo Hamas, da Palestina.

Autor
Eduardo Girão (NOVO - Partido Novo/CE)
Nome completo: Luis Eduardo Grangeiro Girão
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Atuação do Congresso Nacional, Movimento Social:
  • Manifestação de discordância com as conclusões do Relatório Final apresentado pela Senadora Eliziane Gama, Relatora da CPMI que investigou os atos do dia 8 de janeiro. Entendimento de que terrorismo são os atos praticados pelo grupo Hamas, da Palestina.
Publicação
Publicação no DSF de 18/10/2023 - Página 58
Assuntos
Outros > Atuação do Estado > Atuação do Congresso Nacional
Outros > Movimento Social
Indexação
  • MANIFESTAÇÃO, DISCORDANCIA, CONCLUSÃO, RELATORIO, COMISSÃO PARLAMENTAR MISTA DE INQUERITO, MOVIMENTO SOCIAL, JANEIRO, DEPREDAÇÃO, SEDE, LEGISLATIVO, EXECUTIVO, JUDICIARIO, BRASILIA (DF), APRESENTAÇÃO, RELATOR, SENADOR, ELIZIANE GAMA, AUSENCIA, INCLUSÃO, GENERAL DE EXERCITO, GOVERNO, LUIZ INACIO LULA DA SILVA, MINISTRO DE ESTADO, MINISTERIO DA JUSTIÇA (MJ), FLAVIO DINO, ENTENDIMENTO, TERRORISMO, ATO, GRUPO, PALESTINA.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE. Para discursar.) – Muitíssimo obrigado.

    Paz e bem!

    Senador Paulo Paim, Presidente desta sessão, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, funcionários desta Casa, assessores, brasileiras, brasileiros, que nos acompanham pelo trabalho exemplar da TV Senado, Rádio Senado e Agência Senado.

    Olhem, eu confesso, para todos vocês, que estava até há pouco tempo lá na CPMI, onde hoje foi lido o relatório, após meses de trabalho da Senadora – nossa colega – Eliziane Gama, e eu confesso que fiquei muito impactado com a parcialidade do relatório.

    Senador Paulo Paim, eu fui a todas as sessões, 100% de presença desde o começo. Ouvi cada palavra dos depoentes que lá puderam estar, porque teve alguns essenciais, peças-chaves, que a base do Governo Lula, que tomou aquela CPMI – um instrumento típico da oposição e da minoria, o fato é que foi sequestrado esse direito nosso –, não deixou, simplesmente, que se investigassem, que se ouvissem algumas personalidades importantes, para que a gente pudesse apurar uma ampla investigação, total, irrestrita, sem blindagem a qualquer que seja o poderoso no país.

    Eu esperava que o relatório – quando a coisa começa mal, termina mal – viesse bem parcial, mas a peça de ficção que a gente pôde ouvir, a fantasia, o malabarismo feito para poupar o general do Lula, não indiciar alguém que o Brasil inteiro viu, junto com a sua equipe, servindo água aos invasores, não acionando os pelotões disponíveis da própria Guarda Presidencial para proteger o Palácio do Planalto, uma omissão flagrante, descredibilizou completamente o relatório da Senadora Eliziane Gama.

    Só em não ter colocado o General G. Dias como um indiciado, uma sugestão, um pedido de indiciamento, isso já derreteu completamente o restinho de credibilidade que tinha essa CPMI.

    A própria imprensa está repercutindo isso, porque esperava o indiciamento. Óbvio. Pelo que a gente viu dos depoentes, pelo que a gente teve acesso de documento, ficou evidente a flagrante omissão.

    Agora, o Ministro da Justiça, Flávio Dino, ser citado en passant no relatório é inexplicável, é inconcebível essa proteção...

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – Senador Girão, o senhor me permita.

    É só para cumprimentar no Plenário, no seu pronunciamento, o sempre Senador Cássio Cunha Lima, um dos mais jovens Constituintes da história do Parlamento, de quem eu tive o prazer de estar ao lado. Um grande Senador.

    Seja bem-vindo.

    Senador Girão, desculpe-me. Eu vou...

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Seja bem-vindo, Senador.

    O SR. PRESIDENTE (Paulo Paim. Bloco Parlamentar da Resistência Democrática/PT - RS) – ... repor seu tempo.

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – Sem problema, Senador Paulo Paim.

    A indignação de não ter visto pessoas ali que deveriam ter tido capítulos e pedidos de indiciamento mostra o quão parcial e o quão desonesto foi o relatório da CPMI a que nós nos dedicamos durante esse tempo.

    Houve, Presidente, aprovação, por unanimidade, de todos os Parlamentares, pelas imagens do Ministério da Justiça! Pode ter sido um vacilo da tropa de choque do Lula, naquele dia, mas passou, foi aprovado. Depois, quiseram reverter e não teve jeito. Acho que foi a oração dos brasileiros sedentos por justiça!

    Mas não... Simplesmente, o Ministro da Justiça do Brasil se negou a entregar as imagens e aí utilizou-se do subterfúgio de perguntar ao STF se poderia entregar, talvez achando que o Ministro Alexandre de Moraes fosse dizer não. Essa era uma expectativa, inclusive, entre alguns de nós da oposição, mas o Relator do inquérito disse que poderia entregar, autorizou entregar.

    O Ministro Flávio Dino não entrega e, depois, vem com uma justificativa sem pé e sem cabeça, dizendo que as imagens foram apagadas, ao mesmo tempo que entrega duas imagens de 200 câmeras! Duas câmeras de 200! É surreal a incoerência, a inconsistência, a contradição dessas pessoas!

    Então, Sr. Presidente, eu quero dizer que eu tenho diferenças. Todo mundo que acompanha o nosso mandato sabe das minhas diferenças, por exemplo, com Jair Messias Bolsonaro, com pautas que ele trouxe para cá e que eu votei contra... Mas é inadmissível, durante todo esse período... Acredito e disse isto em entrevistas: ele errou, naquele momento em que terminou a eleição e que tinha o resultado, ele poderia ter dito para as pessoas: "Olha, vá para casa. Daqui a quatro anos vamos voltar, vamos levar as propostas", reconhecendo o resultado das eleições. Não configura crime, mas foi um erro, eu disse isso em várias entrevistas.

    Agora, indiciar o Presidente, um ex-Presidente... Visto que, por tudo o que nós ouvimos dos depoentes que foram apertados, muitas vezes até – pela base do Lula – humilhados, de forma forte, de forma de descortês, e não citaram nenhum elo, nenhuma ilação com o ex-Presidente... Indiciar o ex-Presidente é uma peça de vingança, de revanche política injusta!

     O Braga Netto da mesma forma. Ele nem sequer foi ouvido na CPMI, e foi sugerido o seu indiciamento!

    O ex-Ministro Anderson Torres liberou tudo o que estava na nuvem do seu celular, respondeu a todas as perguntas de todos os Parlamentares, nas mensagens que estavam lá, nos documentos, dizendo, inclusive, o STF, não. Quando tomou conhecimento do que estava acontecendo em Brasília, ele estava de férias com a família, no exterior; uma viagem programada há muito tempo.

    Tem um grande pacifista da humanidade, Martin Luther King, humanista, que diz o seguinte: "[...] [Uma] injustiça [...] [em] [algum] lugar [...] é uma ameaça à justiça em todo o lugar".

    Nós somos testemunhas de um relatório totalmente eivado pelo ódio.

    E com isso perde o Brasil, isso perde o processo de pacificação. É ir à desforra, é algo que fica olhando no retrovisor. E quanta gente inocente! Ontem eu apresentei a irmã Ilda aqui, que estava orando lá no quartel, durante todo esse tempo, pelo Brasil, preocupada com a família, com valores, com princípios. Tudo aquilo por que essas pessoas estavam orando, acontecendo. Elas preocupadas...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – ... orando, para que não acontecesse o desvirtuamento de valores, os ataques à família. Tudo isso a gente está vendo neste Governo.

    E aqui, a irmã Ilda estava ontem, considerada por muitos terrorista, ela e umas senhorinhas com a Bíblia, enroladas com a bandeira do Brasil.

    Terrorismo é o que a gente está vendo no Hamas, que este Governo não condena com ênfase, não aceita, fica dourando pílula, fica com mensagem dúbia para a sociedade, comparando situações de defesa de Israel.

    Claro que a gente tem que se solidarizar com os inocentes, sejam israelenses, sejam palestinos, mas com terrorista...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – ... a gente não pode dourar a pílula e não tem que ter negociação.

    O Hamas é terrorista, e este Governo não reconhece, não age nesse sentido. Será que é porque o Hamas parabenizou o Governo Lula durante a eleição? Ou Parlamentares do PT, que em 2021 foram contra a classificação de organização terrorista do Hamas, brasileiros, Parlamentares do PT, lá na Inglaterra?

    Enfim, Presidente, muito obrigado pela oportunidade.

    Eu quero manifestar, deixar muito claro que injustiça nós não podemos tolerar, mas a verdade, mais cedo ou mais tarde, sempre triunfa.

    Vamos continuar em oração, continuar fazendo o nosso papel...

(Soa a campainha.)

    O SR. EDUARDO GIRÃO (Bloco Parlamentar Vanguarda/NOVO - CE) – ... as pessoas de bem, as pessoas de caráter, que têm realmente um compromisso da alma com a verdade, com o bom senso.

    E é isso que eu espero, sinceramente, com muita resiliência, com muita paciência, com muita fé e esperança, que ocorra no nosso país, dividido, cada vez mais de forma abissal essa divisão, por um Governo revanchista, vingativo, que só olha para trás, além de ser um Governo perdulário, que ataca a família, que ataca a vida.

    Deus abençoe a nossa nação e nos proteja a todos.

    Muito obrigado, Sr. Presidente.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 18/10/2023 - Página 58