Discurso durante a 167ª Sessão Não Deliberativa, no Senado Federal

Voto de congratuações em homenagem aos 198 anos do Diário de Pernambuco, periódico mais antigo em circulação do Brasil.

Autor
Fernando Dueire (MDB - Movimento Democrático Brasileiro/PE)
Nome completo: Fernando Antonio Caminha Dueire
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Homenagem:
  • Voto de congratuações em homenagem aos 198 anos do Diário de Pernambuco, periódico mais antigo em circulação do Brasil.
Publicação
Publicação no DSF de 07/11/2023 - Página 30
Assunto
Honorífico > Homenagem
Indexação
  • VOTO DE CONGRATULAÇÕES, HOMENAGEM, DIARIO DE PERNAMBUCO.

    O SR. FERNANDO DUEIRE (Bloco Parlamentar Democracia/MDB - PE. Para discursar.) – Sr. Presidente Senador Girão, meu caro Senador Izalci Lucas, Sras. Senadoras, Srs. Senadores, venho hoje falar algumas palavras em homenagem ao jornal Diário de Pernambuco, que completa 198 anos no próximo dia 7, deste mês de novembro. Isso faz do Diário de Pernambuco o jornal mais antigo em circulação, não só no Brasil, mas em toda a América Latina.

    O Diário de Pernambuco tem uma história riquíssima. Começou como uma folha de anúncios, que o fundador do jornal, Antonino de Miranda Falcão, imprimia na sua própria sala, onde tinha uma tipografia. Ficava na Rua Direita, na região central do Recife. Este é um fato muito conhecido. Mas logo o Diário cresceu – em páginas, em redatores, em público leitor. Passou por diversas sedes no Recife, incluindo o prédio majestoso da Praça da Independência, no bairro de Santo Antônio. Teve vários proprietários, personalidades como Figueroa de Faria, Rosa e Silva, Assis Chateaubriand. Acompanhou as inúmeras inovações técnicas e comerciais do ramo da imprensa e soube sempre se renovar, sempre se modernizar.

    Durante toda a sua história, o Diário de Pernambuco lutou. Lutou para consolidar uma prática de jornalismo ético e responsável. Lutou para estabelecer um modelo de negócios. Travou inúmeras batalhas pela liberdade de imprensa: batalhas contra a repressão, batalhas contra o empastelamento que sofreu, batalhas contra a censura. E o seu legado extraordinário nos mostra que nenhuma dessas lutas foi em vão.

    As conquistas do Diário de Pernambuco são muitas, mas eu quero hoje destacar três delas, que me parecem essenciais.

    Em primeiro lugar, o jornal desenvolveu em Pernambuco uma cultura de debates, uma intelectualidade viva, uma esfera pública propriamente dita, que trouxe para Pernambuco valores culturais inestimáveis. Isso é algo que muito me orgulha e orgulha o meu estado. O povo pernambucano tem uma consciência cívica muito forte. O pernambucano discute, o pernambucano briga, o pernambucano se mobiliza. As questões políticas não são indiferentes nunca. Mas o pernambucano também sabe dar à tribuna da imprensa a importância que ela merece. Sabe que ela é essencial ao desenvolvimento de um regime baseado na liberdade. E isso nós devemos ao trabalho inaugurado pelo Diário de Pernambuco, que, desde os seus primeiros anos, deu espaço à discussão livre e ao jornalismo de opinião.

    Outro ponto que eu quero destacar é que o Diário sempre foi um jornal de valores. A despeito de ter a imparcialidade como princípio editorial, jamais se declarou neutro nem alheio às encruzilhadas do nosso país. Dou-lhes um exemplo: a atuação do jornal frente ao problema da escravidão. O Diário de Pernambuco veiculou inúmeros editoriais contrários ao sistema escravagista e ao tráfico negreiro. Isso foi na década, imaginem, de 1850, mais de 30 anos antes da Lei Áurea. O jornal não teve medo de levar a questão ao debate, mesmo contra os interesses da classe dominante da época. Teve um papel de vanguarda, que desempenhou com coragem, com brio, com bravura.

    Finalmente, senhoras e senhores, outro destaque desses quase 200 anos – 198 anos – do Diário de Pernambuco é o impulso que o jornal deu às letras e à cultura do estado. O Diário sempre abriu as portas da publicação para novos escritores. Fez isso por meio de cobertura cultural extraordinária, com o suplemento literário, com uma coluna crítica respeitadíssima.

    Nos anos de 1940 e 1950, o Diário fez uma abordagem excepcional do momento de emancipação cultural do Nordeste, sob a liderança do saudoso escritor Mauro Mota. Talvez, justamente por isso, esse espaço que sempre deu a novos talentos, o Diário contou com figuras imensas das letras entre seus redatores e ensaístas. Os nomes de Franklin Távora, Austregésilo de Athayde, muitas vezes Presidente da ABL, Álvaro Lins, Gilberto Osório, Gilberto Freire, Marco Maciel, entre outros, muitos se consagraram nacionalmente, tornando-se imortais dessa Academia Brasileira de Letras (ABL), a qual citei agora há pouco.

    Sras. e Srs. Senadores, refletindo sobre a trajetória do jornal, eu vejo que uma das grandes virtudes do Diário de Pernambuco foi a de não só informar Pernambuco, mas, sobretudo, formar Pernambuco. Nos 198 anos do jornal, ele foi e é uma testemunha privilegiada de nossa história. O Diário não foi também só mera testemunha privilegiada dessa história, mas o Diário deu voz e ouvido às mentes pernambucanas e levou a perspectiva do estado para o resto do Brasil. Esse é um legado relevante, muito relevante!

    Hoje em dia, o Diário de Pernambuco tem acompanhado as mudanças na imprensa e no mercado com a excelência de sempre. Foi agraciado com os principais prêmios do jornalismo brasileiro. Recebeu seis condecorações do antigo Prêmio Esso de Jornalismo nas categorias regional, de informação científica e de melhor contribuição à imprensa. Também venceu três edições e recebeu onze menções honrosas do Prêmio Herzog, nas categorias jornal, arte, fotografia e site.

    Os dias atuais apresentam uma conjuntura desafiadora para os órgãos de imprensa. Nós temos um mercado concentrado, em que há muita concorrência, inclusive ferrenha e com novas tecnologias, mas a verdade é que a importância de um jornal como o Diário de Pernambuco nunca foi tão grande, por guardar a sua história e por estar tão presente nos dias de hoje. Nós vivemos um mundo e um tempo em que predominam as escolhas dos algoritmos, nós vivemos um tempo em que as pessoas são desinformadas, nós vivemos um tempo em que as pessoas são confundidas por fake news, por redatores anônimos, por robôs. Mais do que nunca, existe demanda por uma imprensa livre. Mais do que nunca, existe demanda por integridade jornalística, por informação confiável e de qualidade. Mais do que nunca, existe demanda por um jornalismo competente, dedicado, humano e atento aos interesses da população. Os leitores do Diário de Pernambuco sabem disso, e é assim que o jornal completa seus 198 anos de serviços a Pernambuco, ao Nordeste e ao Brasil.

    Eu quero então concluir esse discurso, Sr. Presidente, parabenizando mais uma vez o Diário de Pernambuco pela excelência do trabalho, pela sua longevidade, pelos seus colaboradores, jornalistas, que nós congratulamos aqui desta tribuna sagrada.

    Quero cumprimentar o Presidente do jornal, Sr. Carlos Frederico Vital, a Diretora de Jornalismo, uma amiga militante do jornalismo sério e correto, Maria Paula Losada, e o Diretor de Redação, Sr. Augusto Maia Leite. A todos esses profissionais, eu dirijo, em nome de Pernambuco, em nome do Brasil, em nome do Senado Federal, da Casa da Federação brasileira, o nosso agradecimento, o nosso muito obrigado.

    Sr. Presidente, Sras. Senadoras, peço mais um minuto da atenção de vocês para comunicar que protocolei um requerimento de voto de congratulações ao Diário de Pernambuco pela passagem dos seus 198 anos de fundação, uma singela, mas justa homenagem a um jornal que tanto fez e tanto faz pelo estado, pelo Nordeste e pelo Brasil.

    Presidente Izalci, muito obrigado a V. Exa.


Este texto não substitui o publicado no DSF de 07/11/2023 - Página 30