Discurso durante a 170ª Sessão Especial, no Senado Federal

Sessão Especial destinada a comemorar o Dia da Educação Profissional e Tecnológica.

Autor
Izalci Lucas (PSDB - Partido da Social Democracia Brasileira/DF)
Nome completo: Izalci Lucas Ferreira
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Educação, Homenagem:
  • Sessão Especial destinada a comemorar o Dia da Educação Profissional e Tecnológica.
Publicação
Publicação no DSF de 14/11/2023 - Página 12
Assuntos
Política Social > Educação
Honorífico > Homenagem
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO ESPECIAL, COMEMORAÇÃO, Dia Nacional da Educação Profissional e Tecnológica, COMENTARIO, IMPORTANCIA, UNIÃO, FAVORECIMENTO, ENSINO SUPERIOR, NECESSIDADE, INCENTIVO, ENSINO PROFISSIONAL.

    O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF. Para discursar.) – Sr. Presidente, Srs. e Sras. autoridades aqui da mesa, cumprimento, de forma muito especial, o nosso Senador Astronauta Marcos Pontes, que é também um guerreiro.

    Não é fácil lutar por educação, ciência e tecnologia. Aqui, a coisa é difícil. No discurso, é uma maravilha, mas, na prática, a luta é muito grande.

    Cumprimento o Getúlio Marques, representante da Secretaria de Educação Profissional do Ministério da Educação; o nosso Diretor Geral do Senai, Sr. Felipe Esteves Pinto Morgado; André Vicente de Sanches, que é o nosso Diretor do Senar; e também a representante geral do Senac, a Sra. Kelly Teixeira.

    Quero cumprimentar todos os professores, alunos, convidados.

    Eu tive o privilégio ainda de estudar numa escola pública de qualidade, nos anos 70; e, naquela época, você podia escolher se você queria fazer o científico ou o técnico. Então, quantos jovens naquela época se fizeram realmente técnicos, coisa que depois praticamente foi eliminada aqui no Brasil?

    Hoje nós temos uma grande geração nem-nem, que não estudam e não trabalham. São apenas 18% dos jovens que conseguem entrar nas universidades, nas faculdades. São 72% dos jovens que estão por aí, sem oportunidade, com o mercado precisando de técnicos – que é o mais importante: você tem espaço, e não tem realmente os profissionais para ocuparem esses espaços.

    Eu tive a oportunidade, por duas vezes, de ser Secretário de Ciência e Tecnologia, e, quando, da minha gestão, eu trouxe para a ciência e tecnologia a educação profissional.

    Brasília não tinha nenhum instituto federal aqui. Nós federalizamos Planaltina, e, depois, abrimos espaço e trouxemos... Hoje nós temos 11 institutos federais.

    Comigo na secretaria, nós tínhamos três escolas técnicas: Ceilândia; aqui no Areal, a Escola Técnica de Brasília; e Planaltina. Passou a ser "a escola", porque, quando ela está ligada à Secretaria de Educação, ela é mais uma. Das 500, 600 escolas, você tinha três. Então, não tinha o tratamento diferenciado.

    Acho que é um desafio ainda, Presidente Senador Marcos Pontes, trazer realmente para a ciência e tecnologia, talvez, a educação profissional, porque na educação ela não será, nunca, prioridade; porque tem a educação básica, e ela fica sempre no segundo plano.

    Então, se não fosse hoje, sinceramente, o Sistema S – seja o Senac, seja o Senar, seja o Sesi, o Senai e outras –, nós estaríamos com sérias dificuldades.

    Eu, aqui no Congresso, fui Presidente da Comissão do novo ensino médio, e achei que nós íamos dar um grande passo para a formação profissional; mas, infelizmente, no Brasil, você não tem políticas de Estado, aquelas que, independentemente de quem seja presidente, quem seja governador, tenham continuidade. Aqui, a gente tem políticas de governo, e cada governo que entra faz questão de acabar ou arruinar tudo aquilo que foi feito no governo anterior. Você não tem uma sequência.

(Soa a campainha.)

    O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) – Então, estão aí as alterações propostas do ensino médio, que nem chegaram a funcionar direito, porque eram cinco anos para iniciar. Vários estados iniciaram, mas, ainda agora, com insegurança total. A responsabilidade do ensino médio, da educação profissional, é do Estado, não é da União, mas, infelizmente, no Brasil, você constrói a casa do telhado. O ente mais forte cuida do ensino superior, que é a União, que arrecada 80% dos recursos; depois, vem lá o estado, cuidando do ensino médio; e o município, que está quebrado, cuida da educação infantil, educação fundamental inicial, que é a base da educação. Você tem que fortalecer a base, e a gente não tem isso. Olha que eu aprendi aqui que sabedoria é reconhecer o óbvio, mas o óbvio não é fácil as pessoas reconhecerem.

    Então, educação profissional é o caminho. Nós precisamos disso. O mundo todo desenvolvido já está... Sessenta por cento dos jovens da Coreia e da Alemanha fazem curso técnico e, no Brasil, não chegamos ainda a 10%, se chegamos, deve ser a 10%, 11%, no máximo. Exatamente isso. Lançamos aqui o Pronatec e trabalhamos muito no Pronatec, mas mudou o Governo, mudou realmente a política...

    Então, eu quero falar aqui, aproveitando a paciência de mais um minutinho, principalmente para os jovens, quero dizer para vocês, de uma forma muito clara: quem não gosta de política vai ser governado por quem gosta. Essa omissão total da juventude – "Ah não quero saber, só tem ladrão, só tem corrupto" –, isso só faz beneficiar, realmente, quem não quer que o Brasil avance. Tem que participar, os professores precisam realmente incentivar os jovens. Não é ser partidário, não é questão de partido, é uma questão lógica, óbvia: onde é que nós queremos chegar? Que nação que nós queremos? E aí, participar.

    Está aí a reforma tributária. Agora, os empresários vão saber o que é isso. Por quê? Porque não participaram. Deixaram: "Ah, não vou mexer com isso não..." Está bom... Aí vem a resposta que nós estamos recebendo todos os dias, em todas as áreas.

    Então, eu não estou aqui... Eu quero elogiar muito vocês que estão aqui, que são guerreiros mesmo, para segurar essa peteca, essa bomba. Vocês são – principalmente o Sistema S – um exemplo para todos nós. É evidente que os institutos federais também fazem um bom trabalho, um excelente trabalho, mas sempre falta recurso, falta isso, falta aquilo.

    Eu quero aqui, mais uma vez, Marcos Pontes, parabenizá-lo...

(Soa a campainha.)

    O SR. IZALCI LUCAS (Bloco Parlamentar Democracia/PSDB - DF) – ... por essa iniciativa de trabalhar a questão da educação profissional, que é fundamental no Brasil, mas também quero dizer para vocês que nós temos aqui diversas frentes.

    O Congresso Nacional, hoje, funciona em função das frentes, não é mais das Comissões, porque as Comissões são partidárias, têm proporcionalidade, a questão muito ideológica, agora, as frentes, não. Aqueles que têm interesse naquela ação participam e decidem. Basta ver as últimas votações aí, não passa nada, nesta Casa hoje, sem passar pela FPA, que é a Frente Parlamentar da Agropecuária, pela Frente Parlamentar Mista do Setor de Serviços, pela Frente Parlamentar de Logística, mas as nossas frentes – o Marcos Pontes também participa da Frente Parlamentar de Ciência, Tecnologia, Pesquisa e Inovação – precisam, realmente, ter um apoio maior das instituições para a coisa funcionar.

    Então, parabéns! Hoje é o Dia da Educação Profissional e Tecnológica. Espero que, rapidamente, a gente possa voltar para o caminho da formação profissional e dar oportunidade para os jovens. Minha avó já dizia: "Cabeça vazia é oficina do diabo, não tem o que fazer, vai fazer o que não presta". Quando você não tem oportunidade, não tem formação, é isso o que acontece.

    Um bom dia e um abraço a todos vocês. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 14/11/2023 - Página 12