Discurso durante a 188ª Sessão de Debates Temáticos, no Senado Federal

Sessão de Debates Temáticos destinada a discutir o conflito entre Israel e o Hamas.

Autor
Marcos Rogério (PL - Partido Liberal/RO)
Nome completo: Marcos Rogério da Silva Brito
Casa
Senado Federal
Tipo
Discurso
Resumo por assunto
Assuntos Internacionais:
  • Sessão de Debates Temáticos destinada a discutir o conflito entre Israel e o Hamas.
Publicação
Publicação no DSF de 12/12/2023 - Página 19
Assunto
Outros > Assuntos Internacionais
Matérias referenciadas
Indexação
  • SESSÃO DE DEBATES TEMATICOS, DISCUSSÃO, CONFLITO, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL, HAMAS.
  • CRITICA, POSIÇÃO, DIPLOMACIA, GOVERNO, APOIO, HAMAS, PREJUIZO, PAIS ESTRANGEIRO, ISRAEL.

    O SR. MARCOS ROGÉRIO (Bloco Parlamentar Vanguarda/PL - RO. Para discursar.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Senadores, quero saudar, com muita alegria, os que compõem a mesa, além do Presidente Senador Jorge Seif, a quem saúdo conjuntamente com o Senador Sergio Moro pela iniciativa desta importante sessão de debates destinada a discutir o conflito entre Israel e o Hamas.

    Saúdo com muita alegria o Embaixador de Israel, o Embaixador Daniel Zohar, também o Presidente da Confederação Israelita do Brasil, o Sr. Claudio Lottenberg, a Sra. Mary e a Sra. Hen, que fizeram uso da palavra aqui e que nos emocionaram com suas falas.

    Também cumprimento o Senador Jaques Wagner, que compõe a mesa neste momento.

    Senhoras e senhores, o Brasil é um país amigo de Israel. Nós nos unimos à dor e, sobretudo, na busca de resgatar aqueles que ainda permanecem sequestrados. Não relativizamos o que aconteceu no dia 7 de outubro, um ataque terrorista brutal, inaceitável e de consequências que vão além das fronteiras de Israel. Os conflitos ora vistos entre o Hamas e Israel vão muito além de uma disputa por território, fazem parte de uma política de extermínio dos judeus que remonta a milênios. O que os grupos terroristas querem – Hamas, Jihad Islâmica e Hezbollah e os demais inimigos do povo judeu – é varrer Israel do mapa.

    A primeira grande tentativa de extermínio dos judeus foi vista na Pérsia, ainda no século V a.C. com o decreto do Rei Xerxes, que permitia a matança dos judeus de todas as províncias do império. Nos séculos seguintes, os judeus seriam vítimas de inúmeros ataques. Jerusalém foi invadida e sitiada diversas vezes, culminando com sua destruição no ano 70 da Era Cristã. Na Idade Média, os judeus foram vítimas de muitas perseguições e conspirações, como a acusação de terem sido os responsáveis pela peste negra, a Inquisição Espanhola e as implacáveis perseguições religiosas por toda a Europa Ocidental e o Leste Europeu.

    O antissemitismo tem se revelado em três faces principais: antissemitismo religioso, antissemitismo racial e antissemitismo nacionalista. Os Pogroms, ocorridos na Rússia no final do século XIX e início do século XX, ataques gratuitos às comunidades judaicas, os guetos na Europa e o Holocausto de 6 milhões de judeus durante a Segunda Guerra Mundial são fatos muito eloquentes que deveriam nos conscientizar a todos da necessidade de atentar bem para a motivação dos ataques terroristas de que Israel tem sido vítima.

    Um antissemitismo velado, mas indisfarçável pode ser visto naqueles que se recusam a condenar os ataques do Hamas, a considerá-los como ato terrorista. (Palmas.) Pior que isso é comparar os atos brutais do Hamas às ações de guerra de Israel.

    Com sua postura diplomática, o Governo brasileiro está revelando uma profunda ignorância. Não falo de ignorância bíblica, não falo de ignorância espiritual, falo apenas de ignorância política, histórica e factual. Ficar contra Israel na guerra declarada ao Hamas é acintosamente um equívoco abissal e absurdo, talvez o maior erro do Governo brasileiro até o momento, com ênfase muito forte na postura do Presidente Lula, que, com suas palavras nada acertadas, flerta abertamente com o terrorismo, cometendo – escrevam – um ato que pode vir a se tornar um crime contra a segurança interna do Brasil. Não se brinca com o terrorismo.

    Eu quero aqui, ao fazer essa fala, sublinhar uma diferença de postura. Aqui o Líder do Governo falou agora há pouco, com clareza e honestidade de sentimentos, um homem público que respeito, mas a postura dele aqui não traduz o sentimento do Governo lá, infelizmente. Jaques é um grande homem público e eu o respeito. Ele tem o respeito da base governista e daqueles que fazem parte da oposição pelas posições que faz aqui – e muitas vezes contraria até o Governo lá –, mas eu não posso deixar de registrar aqui a minha posição em relação à postura do Governo Federal.

    Vejam, senhores e senhoras, que, quando alguns do espectro da direita radical intentaram algumas ações de violência aqui em solo brasileiro, nós do PL e dos partidos de direita, aqui neste Senado e na Câmara dos Deputados também, fomos abertamente contrários a atos de violência, atos de vandalismo, inclusive deixando clara a nossa posição no âmbito da CPI que recentemente aconteceu aqui. Repudiamos com veemência. Não se brinca com violência, não se brinca com o terrorismo nem aqui nem lá, embora não se possa classificar o que aconteceu no Brasil como ato terrorista. É uma ofensa àqueles que são vítimas do terrorismo mundo afora querer classificar o que aconteceu aqui como terrorismo.

    O Governo brasileiro, repito, distribui afagos ao terrorismo. Lamentamos as posições do Governo brasileiro. Lula fala do que não conhece, manifesta posição ideológica não discernindo o papel de Chefe de Estado. Perdoem, ele não sabe o que faz, age como um sociopata. Ao comparar a ação de guerra de Israel ao brutal e inaceitável ato terrorista do Hamas, me parece faltar equilíbrio, discernimento ao Presidente. Ao dizer que Israel escolhe matar crianças, mulheres e civis, ignora o modus operandi dessa organização criminosa chamada Hamas. Lula não fala pelos brasileiros. Repito, os brasileiros amam Israel, são solidários com esse momento de dor e sofrimento e se unem em orações pela paz em Israel e, sobretudo, pela libertação dos reféns.

    Mas é certo que não haverá paz na região enquanto o Hamas continuar atuando e fazendo vítimas como faz cotidianamente. A falta de uma postura firme do Presidente da República e de nossa atual diplomacia com o grupo terrorista Hamas deve ser rechaçada com muita veemência. Mas, Sr. Presidente, não posso deixar de reconhecer que a diplomacia brasileira e o Governo agiram com acerto ao dar apoio aos brasileiros, ao resgatar os brasileiros que estão na Faixa de Gaza. Digo mais: e com as cautelas que o tema exige.

    Esperamos que o nosso país não venha jamais a ser alvo desses grupos terroristas, que, infelizmente, têm células espalhadas por boa parte do planeta. As autoridades brasileiras devem considerar, contudo, se a leniência pública corrobora ou não para atrair terroristas para o nosso país. Não é demais dizer que alguns países europeus que também sempre tiveram setores que recusam admitir a verdadeira face do terrorismo passaram a ser assombrados com seus ataques e alguns deles têm suas populações vivendo constantemente sob esse fantasma.

    Condenar os grupos terroristas e todo tipo de regime ditatorial é também ficar ao lado das populações locais, indefesas, que vivem sob o terror. Sempre que esses modelos extremistas caem, a população celebra. Não podemos imaginar que os palestinos estejam realmente a favor de um regime ditatorial como o do Hamas, que governa pela violência. E aqui se faz distinção, sim. Não se trata de pensamento de oposição ou de governo, que têm posições ideológicas diferentes, mas há que se separar, sim, o que é o povo palestino e o que é esse grupo terrorista chamado Hamas. Não podemos imaginar, portanto, que esse modelo tenha o apoio dessa população.

    E concluo: a luta contra o terrorismo é um dever de todos. Relativizar os atos dessa organização terrorista criminosa chamada Hamas coloca os que assim o fazem como cúmplices da barbárie, como sócios de um genocídio, como desumanos. Nada pode justificar o apoio a essa organização criminosa.

    Nossa solidariedade a Israel e nosso repúdio aos covardes ataques do Hamas e de todos os grupos terroristas, e, de modo muito particular, nossa solidariedade àqueles que têm familiares neste momento sofrendo como reféns; aos reféns, sequestrados, que estão lá sofrendo; e às famílias que estão sofrendo com a privação da presença desses familiares.

    Que Deus abençoe Israel! Que Deus abençoe o Brasil!

    Muito obrigado. (Palmas.)


Este texto não substitui o publicado no DSF de 12/12/2023 - Página 19